Personagens do Café

Quantas histórias podem ser contadas em 18 anos? Em comemoração ao aniversário da Espresso, a matéria de capa da edição #72 destaca alguns personagens que, assim como nós, tiveram suas trajetórias de vida marcadas pelo café. Mas os relatos vão muito além das páginas impressas. Por isso, dedicamos este espaço para contar outros depoimentos de pessoas que vivem pelo e para o café. Produtores, torrefadores, pesquisadores, consumidores… Se você também tem uma história marcada por este fruto que nos conecta, conte pra gente!

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Personagens

Os novos passos de Luisa Arraes

A pandemia trouxe possibilidades artísticas inéditas para a jovem atriz, que se prepara para gravar o filme de Grande Sertão: Veredas e deseja adaptar seus próprios textos para o audiovisual 

Rio de Janeiro e Recife. Humor e drama. Escrita e atuação. Cinema e teatro. O background artístico da jovem atriz Luisa Arraes aparece inicialmente em duplas para se expandir em tantas outras possibilidades e manifestações. “Ser atriz é a minha profissão e sou completamente apaixonada por ela. Contudo, minha orientação para as artes sempre foi muito ampla, como ainda é nos dias de hoje. Eu gosto de atuar, escrever e dirigir. Fiz teatro durante toda a adolescência, mas, na faculdade, escolhi o curso de Letras. Além disso, a parte acadêmica me atrai”, explica ela, que hoje cursa um mestrado em Artes da Cena.  

Nascida no Rio de Janeiro (RJ), sua infância foi marcada pelas férias em Recife (PE), cidade natal de seus pais. Luisa é filha do cineasta Guel Arraes e da atriz Virginia Cavendish. “Contando o lado de pai e mãe, eu possuo nada menos do que treze tios. Consequentemente, tenho inúmeros primos também”, ressalta. “Como era filha única, estar no Recife era a oportunidade de brincar com outras crianças e viver essa coletividade. Um tempo prazeroso”, relembra. 

Por conta do trabalho de Guel e Virginia, as artes sempre estiveram na rotina da menina, que acompanhou a dupla por todos os lados durante a sua infância. “Meus pais realizaram diversos trabalhos juntos e eu nunca fui deixada em casa: estava sempre ao lado deles. Tanto que, ainda criança, eu fiz uma ponta nos filmes O Auto da Compadecida (2000) e Lisbela e o Prisioneiro (2003). Esse ambiente de set era algo natural para mim, além de também ser uma diversão”. Quando criança, ela também teve a oportunidade de acompanhar as peças da sua mãe, na plateia ou dentro da coxia. “Inclusive tinha uma caminha para mim no teatro, para eu dormir enquanto ela se apresentava”.  leia mais…

TEXTO Leonardo Valle • FOTO Jorge Bispo

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Camila Arcanjo: “As pessoas precisam saber quão diferente e especial são esses cafés”

Não gostava de café, mas trabalhava em um laboratório de análise sensorial, no ITAL, e recebíamos produtos variados, desde chocolates a molho de tomate, além de produtos de cuidado pessoal para serem analisados sensorialmente, com técnicas diversas, seja por especialistas, assessores treinados ou consumidores, e o café era um deles.

Minha professora Emilia Mori (sim, trabalhei no mesmo local em que me formei como técnica em alimentos), estava precisando que mais avaliadores de café fossem treinados. A partir daí, um elo muito especial foi se formando.

Alguns anos depois, sediamos um dos principais concursos de qualidade de café, o Cup of Excellence, e, por sorte, teve um workshop ministrado pelo George Howell e o grande professor Silvio Leite, com cafés de várias partes do mundo. Foi aí, provando algumas dessas amostras, que o elo se formou por completo. Pensei: “As pessoas precisam saber quão diferente e especial são esses cafés”. Levei várias amostras que sobraram para casa e chamei muitos amigos e a minha família para tomá-las. 

A partir daí, minha dedicação foi praticamente com pesquisas na área de análise sensorial. Graduei em Química e meu mestrado é em Análise Sensorial, ambas na Unicamp. Passei por várias áreas dentro da cafeicultura. Hoje coordeno o laboratório de avaliação de cafés e produtos com café e o Campus Training SCA do Sindicafesp. Ainda divido meu tempo como pesquisadora no Instituto de Física da USP (Embrapii). 

Temos um período curto de aprendizado, nunca saberemos muitas coisas de um único assunto, mas o importante é começar e jamais estancar o aprendizado. 

Camila Arcanjo, pesquisa e avaliação de cafés no Sindicafé – Campinas (SP) @camila_archanjo 

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KJ Yeung: “Aprendi a respeitar a diversidade da cadeia de valor do café brasileiro”

Sempre fui um curioso sensorial. Isso me levou a procurar o curso profissionalizante de cozinheiro por indicação de uma amiga, em 2012. Durante o curso, tive meu primeiro contato com o “café profissional”. Ao descobrir que a instituição na qual estava estudando oferecia o Curso de Formação de Barista, não hesitei, e fiz uma campanha na minha turma, conseguindo convencer mais 5 colegas a fecharem uma turma comigo. O curso em si, mesmo longo, ofereceu um conhecimento básico, longe da “nova onda” que me acertaria em cheio meses depois.

Ainda durante o curso, fui convidado no Facebook, em Janeiro, a participar de um evento, a Semana Internacional do Café (SIC), que falaria só sobre café em setembro. Achei muito longe e só confirmei presença para ter registrado no meu calendário, pois tinha certeza que iria esquecer. E foi o que aconteceu.

Uma semana antes do evento, o Facebook teve que me informar sobre um “upcoming event”. Eu não sabia na época, mas o fatídico 13 de setembro de 2013 foi o dia que tudo mudou na minha vida. Ao atravessar os portais do Expominas para a SIC, eu mergulhei em um desconhecido e apaixonante mundo sem passagem de retorno. Nos próximos 3 dias, tive uma overdose de cafeína – no sentido literal e figurado. E desde então, o café ainda continua a causar falta de ar e palpitações no coração – no sentido literal e figurado.

De lá para cá, “provei” muitos cafés. Provei até virar Q-Arabica Grader. Estudei até virar Técnico em Cafeicultura, queimei as mãos e cafés até virar um mestre de torras. Mas a minha atividade favorita ainda é a contemplação da jornada do grão, com um mug de um café natural na mão, e, quando possível, com uma câmera na outra, para dividir com os outros um pouco do meu fascínio.

Larguei tudo por paixão, e acabou transformando-se em amor (ufa!). Nesta caminhada, conheci pessoas maravilhosas, e outras nem tanto. Mas todos vieram no seu tempo certo, com o propósito de me ensinar algo. Tive muita sorte na minha caminhada, pois não apenas conheci, como me tornei amigo de muitas pessoas que são consideradas “famosas” no meio, cada uma, autoridade em seu campo de atuação. E, com isso, aprendi com os melhores – na produção, na torra, na prova, no preparo. Mas o mais importante, aprendi que aprender é um exercício diário, e no café (assim como na vida), todo dia há algo novo para sorver.

Aprendi não apenas a provar cafés como um profissional, mas também aprendi a respeitar a extensão e a diversidade da cadeia de valor do café brasileiro. Temos produtores de todos os tamanhos e de todas as qualidades. Temos produtos para todos os gostos. Temos filtros de todos os tipos. Temos vários países produtores dentro de um só, cada um com a sua característica, cada um com um sabor e aroma, com um terroir. E tudo bem gostar de todos eles. Pois todos temos um amor em comum.

Kwong Jork Yeung, avaliação sensorial e projetos visuais – São Paulo (SP) @_kj.yeung

FOTO Cafeinação

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Jack Robson Silva: “Sou apaixonado por café, mas, principalmente, pelo café especial”

Iniciei minha história neste maravilhoso mundo do café no dia 1 de julho de 1998, como estagiário de Engenharia Química na empresa Café Bom Dia Ltda. Inicialmente, achava que ia ficar apenas dois meses, ou seja, o período do estágio, mas estava muito enganado. 

Só na Café Bom Dia fiquei 12 anos. Neste período, me tornei responsável por todo o controle de qualidade, além da parte de relacionamento com produtores e cooperativas. No ano de 2007, finalizei o mestrado em Ciências dos Alimentos na Universidade Federal de Lavras (UFLA). 

Em 2009, foi o ano de uma mudança radical, pois recebi o convite da NUCOFFEE para poder fazer parte da equipe e ajudar a empresa a estruturar todo o controle de qualidade. Fiquei com a NUCOFFEE até 2014. 

A partir de 2014 montei a Justcoffee, uma empresa focada na educação, desenvolvimento e controle de qualidade de produtos. Em 2016, me tornei o primeiro brasileiro credenciado como Q Arabica Instructor pelo CQI. Sou apaixonado por café, mas, principalmente, pelo café especial, seja pelo produto em si, como por todo o universo em torno, produtores, mestres de torra, baristas, enfim, todo o universo. 

Jack Robson Silva, controle de qualidade e mestre de torra na Justcoffee – Varginha (MG) @jackrobsoncoffee

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Daniel Coli: “Nos envolvemos cada vez mais com a cadeia de uma forma geral, do pé à xícara”

Me envolvi com este universo apaixonante quando comecei a trabalhar com aquele que hoje é meu sócio na Oficina do Espresso, o Nirjano. Abandonei o Direito para mexer com máquinas de café. No início éramos apenas uma empresa prestadora de serviços de manutenção. Posteriormente iniciamos a venda de equipamentos e não demorou muito para comercializarmos os primeiros pacotes de café.

Com o passar dos anos nos envolvemos cada vez mais com a cadeia de uma forma geral, do pé à xícara. Nos aprofundamos incessantemente na questão técnica que envolve as máquinas e nos especializamos na bebida. Me tornei colunista do jornal Estado de Minas, na coluna sobre cafés especiais. Viramos a empresa oficial dos Campeonatos Brasileiros de Barismo.

Hoje habitamos um Hub de experiências com café em Belo Horizonte chamado Achega, onde temos uma microtorrefação de grãos especialíssimos; uma instrutora SCA ministrando cursos e realizando a curadoria de experiências e eventos, a Helga Andrade; uma loja de máquinas e acessórios em geral para o universo do café; cafeteria para solenidades e acontecimentos; além de, claro, um laboratório referência em manutenções.

Atualmente sou instrutor titular do Sindicafé SP para o módulo avançado de barismo sobre as máquinas e tenho experimentado, incansavelmente, uma honrosa participação neste mercado que, para mim, é o melhor que tem para se trabalhar. Cultivo intensa paixão pelas pessoas e histórias do café, e fiquei lisonjeado em contar essa trajetória para este veículo de comunicação cafeeira que é a Revista Espresso. Faço parte, orgulhosamente, da comunidade do café e aproveito para agradecer à Espresso pelo trabalho primoroso que vem realizando há 18 anos (!!) em prol do nosso seguimento.

Daniel Coli, manutenção de máquinas na Oficina do Espresso e microtorrefação no Achega Café – Belo Horizonte (MG) @danielcoli82

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Thiago dos Santos: “Me diziam que era fantástico trabalhar com café”

Sempre fui enlouquecendo por bebidas de todos os tipos. Com 16 anos comecei a trabalhar em buffet fazendo sucos e batidas. Com 17 fiz um curso de bartender e me mudei para São Paulo, pois queria ter mais oportunidades. Aos 19, em uma casa noturna que trabalhava, vários baristas frequentavam e sempre me diziam que era fantástico trabalhar com café.

Eu não tomava café na época e um dos amigos me convenceu a ir fazer um teste em uma cafeteira. Foi maravilhoso! Construí amizades maravilhosas e um desejo de conhecer este universo fantástico do café. Participei de cursos, de campeonatos como o de Barista, Coffee in Good Spirits e Copa Barista.

Fiz parte de três edições desta Revista que tanto amo. Trabalhei para algumas torrefações, fiz muitas consultorias, fui co-fundador do maior evento de Mixologista no Brasil, o Mentes Brilhantes.

Hoje em dia desenvolvo um trabalho para a Kerry do Brasil, no desenvolvimento para clientes na área de bebidas. Tentei fazer uma versão bem resumida de uma caminhada de 20 anos de história, vitórias, derrotas e muitos cafés. Esta Revista faz parte de minha história e da história moderna no café do Brasil.

Thiago dos Santos, desenvolvimento de novos produtos com café – Vinhedo (SP) @thiago_nego12

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Tatiana Nakamura: “Poder realizar experiências sensoriais com o café é incrivelmente delicioso”

Vim da Hotelaria e sempre trabalhei em cozinhas de hotel. Entrei no mundo do café sem querer, após uma oportunidade de emprego para trabalhar como assistente de cozinha na Boutique Bar da Nespresso, que ficava nos Jardins.

Comecei na cozinha fazendo as preparações para acompanhar os cafés e acabei conhecendo um pouquinho a cada dia dessa bebida incrível. Depois de dois anos, me tornei coordenadora da cafeteria. Pude participar da construção do Nespresso Expertise Center, onde pudemos contar toda história do café, preparar cursos e experiências para os consumidores.

Todo dia aprendendo e nas horas vagas visitando cafeterias. Depois de alguns anos, tive a oportunidade de cuidar da área de Patrocínios e Eventos, onde estou atualmente, dentro do Marketing da Nespresso.

Poder realizar experiências sensoriais com o café é incrivelmente delicioso. Conhecer as pessoas de toda a cadeia, produtores, agrônomos, traders, degustadores, baristas é tão rico. Hoje sou apaixonada pela bebida, pelos processos, pelas pessoas desse mundo.

Ao café, só tenho a agradecer por fazer parte da minha vida há 12 anos e me proporcionar momentos extraordinários.

Tatiana de Cassia Nakamura, marketing na Nespresso – São Paulo (SP) @tatinakamura16

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Jonas Ferraresso: “Todo o conhecimento que adquiri da porteira para fora me ajuda a preparar os cafeicultores”

Descendente de imigrantes italianos, sou a 4ª geração nos campos de café. Os primeiros Ferraressos iniciaram suas vidas nas lavouras de café do Circuito das Águas Paulista. Dos pioneiros de minha família até este que vos fala, todas as gerações se ligaram aos campos de café, de lavradores, pequenos proprietários e agrônomos. Filho de pequeno produtor de café, quando criança sempre andava nas lavouras pensando “como essa frutinha vira café?”.

Em 2007 iniciei meus estudos na UNESP Botucatu para me tornar um engenheiro agrônomo e passar a entender mais dessa cultura tão fascinante. Meus estudos sempre foram focados em café e a sustentabilidade da cultura, pensando sempre em soluções para o campo e os produtores. Em 2011 tive a oportunidade de morar e fazer um intercâmbio cultural nos Estados Unidos, local onde conheci toda a cultura que existia além dos campos. Em Nova York conheci cafeterias, torrefações, pessoas de todos os cantos do mundo que me deram uma nova visão sobre o que deveria trazer para dentro das propriedades e para os produtores.

Em 2012 realizei meu estágio em um armazém de café. Neste local aprendi sobre mercado de commodities, exportação, benefício, preparo de café, qualidade, cupping, certificação e muito mais! Em 2013 fiz meu primeiro curso oficial de classificação de café e, em 2014, comecei a trabalhar oficialmente com café, apesar de já ajudar na propriedade de meu pai desde sempre. Durante este período, estudei sobre manejo, controle de contas, torra de cafés especiais, pós-colheita, barista skills e muitos outros detalhes desta cadeia infinita!

Em 2019, vendo a falta de informações que estrangeiros tinham sobre a realidade nos campos brasileiros, a importância de nossa pesquisa e iniciativas pioneiras do café em nosso país, comecei a trabalhar como articulistas para diversas revistas e sites internacionais de café por todo o mundo, entre elas a 25 SCA Magazine, Daily Coffee News, Roast Magazine, Barista Magazine e muitas outras. Trabalho que gosto de produzir e faço até hoje.

Com os anos me tornei consultor em café atuando nos campos, dando suporte a produtores sobre manejo, adubação, certificação, cafés orgânicos, especiais, verticalização de produção, torra, etc… Trabalho aproximando torrefações, cafeterias, clientes e amantes do café a estes produtores, fortalecendo vínculos sem intermediários. Faço gestão de campo em um experimento do IAC em Serra Negra, onde estudamos 23 variedades de Coffea visando produtividade, qualidade e adaptação para novas condições climáticas.

Todo o conhecimento que adquiri da porteira para fora me ajuda a preparar melhor os cafeicultores para seus verdadeiros clientes, os consumidores de café.

Jonas Leme Ferraresso, consultoria em café – Serra Negra (SP) @jonascoffeeagronomist

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Johnny Ferreira: “Senti sabores que jamais imaginei sentir em um café”

Comecei no café no ano de 2003, nos meus 17 anos de idade, na Exportadora de Café Guaxupé, onde tenho admiração enorme por todos e agradecimento pela oportunidade dada. Não tinha ideia de como era o mundo do café e foi uma descoberta incrível, tudo era novidade e tudo me motivava a aprender mais.

Comecei como faxineiro no armazém, ajudando na limpeza e organização após descargas e embarques. Nessa mesma empresa, onde passei por alguns setores, aprendi a classificar e a provar. Passados alguns anos, saí dessa empresa e minha jornada de conhecimento aumentou ainda mais. Trabalhei em uma Corretora de Café e em uma Cooperativa. Aprendi muito na parte de rebenefício, ainda mais na parte comercial, classificação e degustação, onde também entrou em minha vida o café especial (grata surpresa).

Em 2015 me tornei Q-Grader e senti sabores que jamais imaginei sentir em um café. Sim, é possível, algo realmente incrível. Hoje estou no Garça Armazéns e a cada dia eu aprendo mais. O café sempre nos proporciona inúmeras surpresas e aquele que estiver mais bem preparado com certeza irá se sair melhor.

Conhecimento nunca é demais. Em vários eventos que já participei como árbitro, pude aprender e trocar experiências com cada profissional da área que lá estava, de várias regiões produtoras. Gosto de desafios, isso desperta o melhor de mim e da minha paixão pelo café. Quando se faz algo com imenso prazer, os resultados são sempre positivos. Café nunca será só café, ele também é amor, amizade, carinho, trabalho e por aí vai.

Johnny Henrique Ferreira, Q-Grader e supervisor de qualidade no Garça Armazéns – Garça (SP) @johnnyhfcoffee

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Juliana Ganan: “A cadeia do café especial é uma oportunidade para trazer práticas justas aos envolvidos”

Meu pai era produtor de café commodity, que sempre foi o ganha-pão da nossa família. Depois que ele faleceu, arrendamos a fazenda e eventualmente cada filho seguiu seu rumo. Entrei em contato com o mundo dos cafés especiais quando morava fora, nos Estados Unidos, e desde então não parei de estudar, provar e voluntariar em assuntos relacionados à área.

Trabalhei como barista em uma torrefação de Amsterdã, na Holanda, e fiz curso de torra em Berlim, na Alemanha. Depois voltei para o Brasil, em 2016, para fundar a Tocaya Torradores de Café, onde torramos cafés especiais (em sua maioria da Mantiqueira, onde estamos localizados), mas também de outras regiões, como Caparaó e Montanhas Capixabas.

Acreditamos que informação é poder e toda compra é um ato político, por isso, procuramos sempre trazer a história por trás dos cafés que comercializamos até o consumidor, para que ele também se sinta parte do processo como um todo.

Acredito que o café é uma das ferramentas que temos para trazermos luz aos sistemas que gerem a cadeia produtiva de alimentos do nosso país. E, mais especificamente, a cadeia do café especial – quando gerida por pessoas que realmente querem fazer a diferença e têm senso de empatia e escuta voltados para os outros elos da mesma cadeia – é a oportunidade que temos para trazer à tona práticas comerciais, ambientais e laborais mais equitativas e justas para os atores envolvidos. Além de ser muito gostoso, claro.

Juliana Ganan, torrefadora na Tocaya Torradores de Café – Itajubá (MG) @atocaya