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Abertura da SIC 2022 reforça importância do evento e desafios dos cafeicultores
Desafios, novas formas de atuação dos cafeicultores e a importância da atuação integrada das instituições do setor, foram alguns dos temas que pautaram a abertura da 10ª edição da Semana Internacional do Café (SIC), além das conquistas e importância do evento no fomento do mercado nos últimos dez anos. A cerimônia, que contou com as participações de representantes do poder público e das principais instituições que atuam no setor cafeeiro, foi realizada na quarta-feira (16), às 13h30, no Expominas, em Belo Horizonte (MG).
Para o presidente do Sistema Faemg, Antônio de Salvo, “esta é a 10ª edição de um evento que faz, o que todos nós precisamos fazer, conectar o nosso público. E temos que seguir nesse caminho de trazer o produtor treinado, que aprendeu a agregar valor ao seu produto e dar visibilidade e espaço a ele. Minas Gerais é responsável por 68% do café exportado, sendo que 465 municípios do estado são produtores expressivos”, afirmou.
Caio Alonso Fontes, cofundador da Café Editora, destacou a importância do trabalho dos organizadores: “A parceria é o diferencial da SIC. Desde a primeira edição, conseguimos montar um time forte, que tem conduzido o evento com excelência. Sem eles, não conseguiríamos conquistar o reconhecimento e importância que temos atualmente. Os dez anos mostraram o quanto o café cresceu e a SIC também como plataforma de negócios, atualização e conhecimento”.
Os elogios também pautaram o discurso do Subsecretário de Política e Economia Agrária da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, João Ricardo Albanez, que representou o Secretário de Estado, Thales Almeida Pereira Fernandes. “Estávamos na primeira Semana Internacional do Café e sabemos o quanto foi difícil discutirmos a produção mundial de café, as tendências de mercado, as melhorias, as novas tecnologias, os instrumentos de financiamento para a manutenção do negócio. A ideia da SIC fez com o que os delegados da Organização Internacional do Café (OIC) conhecessem mais o nosso mercado. É um evento diferenciado”, disse.
Representando o Presidente do Sebrae Nacional, Carlos Meles, e também o presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae Minas, Roberto Simões, o diretor técnico da entidade, João Cruz, ressaltou que a busca pela qualidade do café tem que ser constante e tanto o evento quanto os realizadores propõem isso. “O trabalho que tem sido feito de agregação de valor, por exemplo, beneficia todos os produtores de uma região. Eu acredito que esse trabalho é fundamental e uma forma de conectar o território, os produtores, destacar as qualidades intrínsecas do produto”.
Já Ronaldo Scucato, presidente da Ocemg/Sescoop aproveitou a ocasião para reforçar o papel estratégico do cooperativismo na cafeicultura: “Passamos por um momento desagradável de chuvas e granizos, não conseguimos mensurar os estragos, mas cabe às entidades assistir os produtores de café que foram afetados por essa efeméride climática. Cheguei hoje da Suíça, onde participei da inauguração de um curso sobre cooperativismo, com o objetivo de proporcionar aprendizados de gestão e, com isso, trazer resultados positivos”.
O aspecto climático também foi tema da fala do Deputado Federal, Emidinho Madeira (PL-MG), que salientou a necessidade da defesa dos direitos dos cafeicultores e também a negociação de parâmetros mais simples com as empresas de seguros. “Quando o produtor fica dois ou três anos sem colheita, ele é muito prejudicado, porque tem prestações a pagar. Precisamos procurar as seguradoras para ter um seguro simplificado que auxilie o produtor. Ele precisa de melhores condições de pagamento”.
O Deputado Estadual, Antonio Carlos Arantes (PL-MG), representando o Presidente da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), Augustinho Patrus (PSD-MG) homenageou a nova geração da cafeicultura e destacou a importância do produto. “As mulheres e os jovens assumiram um protagonismo muito grande, que garante a continuidade dos negócios. O café eleva a autoestima, reúne as pessoas e o evento acontece em um momento propício para isso”.
Palestra Magna
A palestra “Projeções macro e micro da economia”, com o professor e economista Eduardo Giannetti, ganhou espaço após a abertura do evento. O especialista destacou o cenário internacional, o atual momento brasileiro e as projeções para os próximos quatro anos do ponto de vista dos desafios e encaminhamentos para que o país tenha um crescimento sustentado.
“A economia tem um agravante em relação às ciências naturais. Quem trabalha no campo não sabe se irá gear ou chover. A economia é uma espécie de meteorologia, em que a previsão do tempo afeta o próprio tempo. Se os agentes econômicos acreditam que o mundo será espetacular no futuro, eles investem e fazer o mercado girar. Mas se estão esperando um desastre, puxam o freio de mão, não investem, não gastam e o tempo ruim acontece. Quanto mais estudamos economia, percebemos como as expectativas, fundadas ou não, são determinantes”.
O especialista também falou sobre as oportunidades do crescimento sustentável brasileiro. “Nos últimos 70 anos, apenas 12 países, que podemos classificar em três grupos, venceram a chamada armadilha da renda média, aumentando a exportabilidade do seu PIB. No primeiro grupo, podemos citar Israel e os Tigres Asiáticos com exportação de produtos industriais; o segundo, formado por países europeus como Espanha, Portugal e Grécia, que aumentaram a exportabilidade de serviços; e o outro por Austrália, Nova Zelândia e Noruega que ampliaram a exportação de commodities. Mas, para ser competitivo, é necessário importar tecnologia, inovação. O Brasil tem como aumentar sua participação nas três frentes. Para isso, precisa melhorar o ambiente de negócios e com o sistema tributário”, explicou.