Coluna Café por Convidados Especiais

Do campo à xícara, profissionais convidados refletem sobre o setor

Café, cafeína e saúde

O café é uma das bebidas mais consumidas no mundo, abrangendo praticamente todas as idades, principalmente a partir da adolescência. Por isso, tem sido amplamente estudado há anos por seus possíveis benefícios à saúde.

De vilão a protetor da saúde, não faz muito tempo, os médicos orientavam as pessoas a tomar menos café e até proibiam seu consumo por indivíduos que já tivessem doenças cardíacas, por considerarem maléficos os efeitos estimulantes da cafeína.

Quando se pensa em café, a maioria das pessoas o relaciona à cafeína, esquecendo-se das inúmeras outras substâncias presentes na bebida. É uma bebida rica em antioxidantes naturais (ácidos clorogênicos e polifenóis), contém magnésio, potássio e vitamina B3 (niacina). O principal componente psicoativo do café é, sem dúvida, a cafeína (1,3,7- trimetilxantina), que promove efeitos comportamentais notáveis como a melhora na performance cognitiva e psicomotora do indivíduo (melhoria do estado de alerta, da energia, da capacidade de concentração, do desempenho em tarefas simples, da vigilância auditiva, do tempo de retenção visual e diminuição da sonolência e do cansaço). Observa-se também os efeitos positivos da cafeína no processamento de informações, memória e raciocínio lógico.

As evidências científicas recentes também têm mostrado que o consumo moderado de café (3 xícaras de aproximadamente 50 ml por dia) poderia auxiliar a memória e evitar o declínio cognitivo. Tais efeitos se devem a cafeína que aumenta a serotonina e a acetilcolina, estimulando o cérebro e ajudando a estabilizar a barreira hematoencefálica. Ademais, os antioxidantes do café, como os polifenóis, também previnem as ações dos radicais livres nos tecidos, bem como o bloqueio dos vasos sanguíneos cerebrais. Igualmente, a atividade antioxidante mostra a redução do risco de desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis, como neoplasias malignas, modulação da glicose e metabolismo de gorduras.

Entretanto, sabe-se que doses elevadas de cafeína podem induzir efeitos negativos, tais como taquicardia, palpitações, tremores, dores de cabeça, náuseas e insônia. Há indivíduos que consomem café durante a noite e estimulam a vigília, o que não é recomendado, pois o sono desempenha um papel importante no aprendizado e na consolidação da memória. Assim como qualquer substância em excesso pode fazer mal, a cafeína também tem suas contraindicações.

Vale ressaltar que o café puro possui um baixíssimo valor energético e quando consumido de forma moderada, não engorda. Porém, deve-se ficar atento a quantidade de açúcar que se utiliza para adoçar a bebida. Outros acompanhamentos como mel, chantilly, chocolate, leite, óleo de coco e leite condensado também adicionam muitas calorias ao café e em excesso podem contribuir para o ganho de peso.

TEXTO Marcia Nacif, docente do curso de Nutrição da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM) • FOTO Esteban Benites

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