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Caparaó conquista selo e se torna a terceira Denominação de Origem de café do Brasil

Mais uma região cafeeira conquistou o selo de Indicação Geográfica (IG) na modalidade Denominação de Origem: o Caparaó. O registro foi divulgado pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) nesta terça-feira (2). Com a novidade, o Brasil chega à marca de três Denominações de Origem, uma vez que as regiões da Mantiqueira de Minas e do Cerrado Mineiro já possuem o selo.

Denominação de Origem é um nome geográfico que designa produtos ou serviços cujas qualidades ou características se devam exclusivamente ou essencialmente a uma determinada região. Para solicitar a D.O., deve ser apresentada a descrição das qualidades e as características do produto ou serviço que se destacam, exclusiva ou essencialmente, por causa do meio geográfico, ou aos fatores naturais e humanos.

No caso do Caparaó, o selo de D.O. vale para os cafés da espécie arábica (grãos verdes, industrializados na condição torrado e/ou torrado e moído) cultivados nos 16 municípios que compõem a região: os capixabas Dores do Rio Preto, Divino de São Lourenço, Guaçuí, Alegre, Muniz Freire, Ibitirama, Iúna, Irupi, Ibatiba e São José do Calçado, e os mineiros Espera Feliz, Caparaó, Alto Caparaó, Manhumirim, Alto Jequitibá e Martins Soares.

A organização gestora da IG é a Associação dos Produtores de Cafés Especiais do Caparaó (Apec), sediada em Dores do Rio Preto (ES). A região Caparaó está localizada na divisa dos estados de Minas Gerais e Espírito Santo, na área do bioma Mata Atlântica, onde se localiza a Serra do Caparaó. A área abrange os terrenos nas imediações do Parque Nacional do Caparaó.

O processo

“A origem Caparaó começou num procedimento de investigação dos aspectos sensoriais de cafés em 110 propriedades rurais em 13 municípios dos 16 que viraram a Denominação de Origem”, explica o Profº João Pavesi, do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes). “No ano de 2013, o Ifes aprovou um projeto com o CNPq, com apoio da empresa de mineração Samarco, onde investigamos aspectos de cafés acima de 700 m até 1.400 m. Em 2014 o projeto já estava mostrando resultados e foi continuado até 2015, dois anos investigando para estabelecer se a IG seria uma Indicação de Procedência ou se buscaria uma Denominação de Origem defendendo um terroir”, completa.

De acordo com Pavesi, o projeto apresentou base para entrar direto no INPI como D.O. “É a primeira Denominação de Origem de café direta, pois o Cerrado Mineiro começou como Indicação de Procedência e depois mudou para Denominação de Origem. Mantiqueira de Minas também. As outras origens brasileiras de café são Indicações de Procedência”, comenta.

Após a solicitação, o Ifes, juntamente com os parceiros Sebrae, Incaper, Emater-MG, passou a organizar eventos cafeeiros municipais e regionais, além de realizar a inscrição de cafés do Caparaó em concursos nacionais. “O Caparaó começou a mostrar consistência e os produtores começaram a pegar o gosto da coisa”, destaca Pavesi.

TEXTO Gabriela Kaneto • FOTO Lucas Albin/Agência Ophelia

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