Barista

Café no teste vocacional: Um bate-papo com a Campeã Mundial de Brewers

A Espresso conversou por e-mail com Shih Yuan Hsu, a Sherry, campeã da última edição do World Brewers Cup, e ela conta como se descobriu barista e seus planos para o futuro

Aquela ideia de vida sem filtro não faz o menor sentido para ela. A taiwanesa Shih Yuan Hsu, de 32 anos, mais conhecida como Sherry, dá ao filtro a atenção que ele merece: escalda e preenche com a quantidade certa de um café moído corretamente e escolhido a dedo pelas características organolépticas (de aroma e sabor) que ele deixa na xícara após a água passar.

Ela é a campeã da última edição do campeonato de Brewers, organizado pela Specialty Coffee Association, que ocorreu entre 27 e 30 de setembro de 2022, em Melbourne, na Austrália, e conversou com a Espresso por e-mail sobre sua carreira e sobre o campeonato!

Primeiro, parabéns pelo campeonato, Sherry! Conte pra gente como você começou no café e onde você trabalha hoje. 

Muito obrigada! Tudo começou quando eu participei de um treinamento vocacional relacionado ao café oferecido pelo governo de Taiwan. Lá eu descobri que gostava do tema e aproveitei a oportunidade para trabalhar na indústria cafeeira. Eu nunca mais pensei em fazer outra coisa desde então. Hoje eu trabalho na Coffee Lover’s Planet, uma cafeteria na Cidade de Hsinchu, em Taiwan. Lá temos cafés especiais e servimos os grãos em diferentes métodos de preparo.

Essa foi a sua primeira competição? Por que você decidiu entrar nesse mundo de competições?

Não foi a minha primeira competição, na verdade entrei no WBrC, em 2019. Eu tinha muita vontade de entender como me posiciono no mundo dos cafés, saber qual era o meu lugar entre os principais baristas do mundo e também sentia que devia e podia mostrar e compartilhar o meu conceito de preparo de café com outras pessoas.

Como foi seu treinamento e preparação para essa competição? E como você se sentiu quando seu nome foi anunciado como vencedora?

Foi bem trabalhoso! Três meses antes da competição, treinei intensivamente, passando muito tempo praticando minha rotina para garantir que lá, na hora H, eu não cometeria erros que pudessem comprometer toda essa dedicação.

Na hora em que anunciaram meu nome foi surreal, até agora eu ‘meio que’ não acredito que ganhei. Foi uma prova bastante competitiva, pois os outros concorrentes eram altamente qualificados.

Conte um pouquinho sobre suas escolhas para a sua apresentação: qual café você usou e por quê, os métodos e o que você acha que o tornou um vencedor?

Eu usei um café geisha natural da Colômbia, um Finca Mikava com maceração carbônica. Ele tem uma complexidade de sabores, alta doçura, corpo suave, limpo e é bastante redondo na boca. Usei diferentes pontos de moagem e diferentes temperaturas da água para criar um conceito do meu próprio blend. Minha intenção também foi apresentar um método de preparo que pudesse ser facilmente aprendido por outras pessoas.

Você tem planos de continuar participando de competições? 

Participar de competições é uma boa chance de melhorar minhas habilidades e estou muito feliz por conhecer muitas pessoas do café no mundo. Gostaria de participar de outras competições, como competidora ou como treinadora. O café é algo que deve ser divertido!

E, por último, mas não menos importante: você pode falar sobre seus sonhos no universo do café (ou qualquer outro sonho que queira compartilhar)?

Espero poder ter um lugar só meu para compartilhar experiências únicas de café de diferentes fazendas. E espero que um dia você e os leitores da Espresso possam passar por Taiwan e provar o café que eu preparo.

Siga a Sherry no Instagram! @shihyuanhsu 

TEXTO Cintia Marcucci • FOTO Divulgação

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