Café & Preparos

El Salvador: café de detalhe

El Salvador

El Salvador, um pequeno país na América Central, há muitos anos vêm se destacando como produtor de cafés especiais. O diminuto território coberto por vulcões e montanhas contribui com topografia e clima para abrigar muito bem os cafezais que ali produzem grãos exportados para o mundo todo.

El Salvador

As regiões cafeeiras têm nomes que remetem às origens dos povos Maia. São elas: Alotepec, El Bálsamo, Chichontepec, Tecapa, Cacahuatique e Apaneca. Tudo lá é muito colorido, o que alegra cenários muito simples e de grande esforço da população, que caminha pelas estradas por longos trajetos, principalmente na zona rural.

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O país saiu de uma guerra civil há 22 anos e hoje vive uma democracia. A moeda oficial transformou-se em dólar americano após o Cólon perder valor. O país faz divisa com Guatemala, Honduras e Nicarágua.

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A Revista Espresso esteve por lá em busca de cafeicultores que tem como foco a qualidade e as diferentes experiências com o grão, com objetivo de ter uma bebida saborosa e exótica e, consequentemente, vendida a preço maior que o mercado tradicional.

(Trecho da matéria “El Salvador: café de detalhe”, publicada na seção Fazendas, da Espresso#43. Leia a matéria completa na revista)

TEXTO Mariana Proença • FOTO Divulgação

Café & Preparos

Léo Moço – pesquisa e inovação

Léo Moço - barista

Torcedor do Flamengo, vaidoso e criativo, Léo Moço, de 34 anos, não é querido por todos. Suas opiniões polêmicas e a forma direta de se posicionar acabam por afastá-lo de colegas. Mas, apesar de parecer que sim, essa não é a principal característica desse carioca.

Quando se olha mais de perto, vê-se um barista pesquisador, cientista obcecado por oferecer um café de forma inovadora. E ele está conseguindo. Após trabalhar com eventos, cafeterias e fazendas, Léo Moço criou uma microtorrefação, o Café do Moço, focada em cafés de origem e hoje toca a Barista Coffee Bar, sua cafeteria em Curitiba (PR).

Como começou a trabalhar com café?
Em 2005, após desenvolver um plano de negócios para abrir um cybercafé. Fiz um curso de barista e avaliei que o mercado estava carente de profissionais.

Persistência é uma qualidade?
Sim, mas no meu caso foi pura teimosia. Me falavam que nunca ia ganhar o campeonato brasileiro, que meu café era fermentado demais, que sou muito polêmico. Falavam para desistir, mas isso era contra os meus princípios. Fui mais teimoso que persistente.

Como é a relação com os cafeicultores? E esses novos formatos de fermentação?
Tenho poucos fornecedores, a logística atrapalha muito no Brasil. Sobre a fermentação, ainda é algo misterioso e complexo. Tive grande apoio do Thiago Motta, da Fazenda Jatobá, no Cerrado Mineiro, indicação do Juliano Tarabal (marketing da Federação dos Cafeicultores do Cerrado). O Thiago é um produtor aberto a novas ideias e nos demos muito bem.

Qual a responsabilidade de ser um campeão e de representar o Brasil?
É uma sensação boa, mas estranha. O fato de o Brasil ser um país produtor com restrições comerciais para grãos do resto do mundo é uma desvantagem. Como ser campeão do mundo se provamos e consumimos apenas o nosso café? Por outro lado, ser barista do maior produtor mundial é grande vantagem, já que estamos próximos de todo o processo. Representar um país que produz 40 milhões de sacas, que tem quase 300 anos de tradição e todo um desenvolvimento histórico, social e comercial é missão para um superbarista. Como resumir tudo isso em 15 minutos? Acredito ser esse nosso grande desafio.

PAPO ESPRESSO
O profissional: estudioso
Início de carreira: a chance
Campeonato dos sonhos: aquele justo, que promova o ser humano que se dedicou, estudou, ralou, ganha pouco e é apaixonado
Especialidade: questionar
Método preferido: espresso
Teoria: fermentação é o futuro
Fazenda: Santa Terezinha, em Paraisópolis (MG), do mestre Paulinho Almeida
Marco importante na vida: a morte do meu primeiro filho em 2005, que me levou ao café
Estou bebendo: um conilon de Rondônia
Meu café: aquele que transmite emoção
Maior invenção: a La Marzocco Strada
Maior qualidade: confiança
Maior defeito: não ser falso
Gulodice: pão doce
Outra profissão que teria seguido: militar
Um barista: se eu tivesse que escolher um para ir à guerra, levaria o carioca Emerson Nascimento, um dos melhores baristas do Brasil em atividade
Primeira pessoa que ofereceu um café (gourmet): deve ter sido minha vó
Recado para outros baristas: descubram seus pontos fracos e criem motivação para melhorar cada vez mais
Onde encontrar: no www.cafedomoco.com.br, e no Barista Coffee Bar, em Curitiba.

TEXTO Giuliana Bastos • FOTO Guilherme Gomes

Café & Preparos

Lucas Salomão – compartilhar e aprender sempre

Lucas Salomão - barista

Simpático, atencioso e escoteiro (provavelmente desde que nasceu), o paulistano Lucas Salomão, de 29 anos, é querido por todos. Mas essa não é sua principal característica. Irmão de Luciano Salomão, outro grande barista, não se acomodou na posição de coadjuvante, foi guerreiro e buscou seus próprios caminhos. Hoje, ambos fazem parte de uma nova geração de baristas brasileiros que estudam muito, compartilham informações, promovem testes abertos e, acima de tudo, se esmeram em encontrar, torrar e preparar cafés de alta qualidade com rigor técnico. Vencedor do 3º Campeonato Brasileiro de Preparo de Café, conquistou o certame com um catuaí vermelho peaberry da Fazenda Portal da Serra, preparada na V60 Decanter da Hario, método que deve utilizar também no Mundial.

Como começou sua trajetória no café?
Comecei lavando louças no Santo Grão, em São Paulo. Após três meses, fiz o curso de barista e não parei mais de estudar. Fiquei lá por quase três anos, depois passei três semanas na Venezuela (em 2009) dando cursos. Ao voltar, fui convidado pelo Léo Pasquali para fazer parte da equipe da Libermac, onde estou como barista consultor. Atualmente, o café é a minha vida. Com 10 anos, já tomava muito, hoje é meu ganha-pão.

Como você vê o mercado de baristas hoje?
Faltam profissionais no mercado. Dos que já existem, poucos se interessam em estudar para se aperfeiçoar.

É importante que o barista domine diferentes preparos? Por quê?
O barista não é o carinha que maneja a máquina de espresso, vai muito além, devemos saber o máximo possível sobre métodos de preparo, pouco importa se é coado, feito na máquina de espresso ou na superautomática.

Como vê a responsabilidade de ser um campeão e de representar o Brasil?
Penso que não fui e não sou campeão sozinho. A minha vivência e o meu interesse me tornaram capaz disso. Mas sempre participo de discussões e testes sobre café com outros baristas e amigos. Isso contribui muito para o nosso aprendizado.

PAPO ESPRESSO
O profissional: bem interessado
Início de carreira: sempre difícil
Campeonato dos sonhos: o Mundial 2014
Especialidade: me esquecer de tudo
Método preferido: V60 decanter
Maior conquista: tudo o que tenho
Teoria: bom barista, bom café!
Fazenda: a primeira visita a gente nunca esquece
Uma mania: cheirar o copo antes de por o líquido
Marco importante na vida: Marco De La Roche
Estou bebendo: provando muita coisa para o campeonato
Meu café: tem que ser limpo na xícara
Maior invenção: a arapuca que faço pro meu cachorro não chegar até a porta
Maior qualidade: ver o lado bom das coisas
Maior defeito: ver o lado ruim das coisas
Gulodice: chocotone recheado e coberto com brigadeiro caseiro
Outra profissão que teria seguido: trabalhar no resgate
Primeira pessoa que ofereceu um café (gourmet): Luciano Salomão
Recado para outros baristas: vamos estudar, trocar opiniões sem guardar “segredinho”, vamos nos unir e ser amigos. Só assim iremos contribuir de fato para a difusão dos cafés especiais
Onde encontrar: Libermac, Rua Araritaguaba, 140, Vila Maria.

TEXTO Giuliana Bastos • FOTO Guilherme Gomes