Barista

Australiano vence o Campeonato Mundial de Barista em Milão

Em um palco que celebra a precisão e a paixão pelo café, o australiano Jack Simpson, da Axil Coffee Roasters, conquistou o título de Campeão Mundial de Barista 2025, durante a HostMilano, em Milão. A competição, realizada entre 17 e 21 de outubro, reuniu profissionais de mais de 50 países e colocou à prova inovação, técnica e criatividade, elementos que definem o futuro do café de especialidade.

O pódio foi seguido por Simon SunLei, da Marus Coffee (China), em segundo lugar, e Ben Put, da Monogram Coffee (Canadá), em terceiro. Representando o Brasil, Emerson Nascimento, do Coffee Five (RJ), encerrou sua participação em 19º lugar, após uma apresentação elogiada por sua consistência e performance.

Apresentação do brasileiro Emerson Nascimento no Campeonato Mundial de Barista 2025

Classificação final – Campeonato Mundial de Barista 2025

1º lugar Jack Simpson (Austrália)
2º lugar Simon SunLei (China)
3º lugar Ben Put (Canadá)
4º lugar Jason Loo (Malásia)
5º lugar Hiroki Ito (Japão)
6º lugar Christopher Sahyoun Hoff (Dinamarca)

A vitória de Simpson não surpreende quem acompanha a cena australiana. Melbourne, sua cidade natal, é reconhecida como uma das capitais mundiais do café e abriga a Axil Coffee Roasters, cafeteria e torrefação que detém o título nacional de barista há três anos consecutivos. Parte desse sucesso se deve justamente à Simpson, que acumula dois desses títulos e já havia sido vice-campeão mundial em 2024.

TEXTO Redação • FOTO Divulgação

Café & Preparos

Encontros e workshops movimentam a programação da SIC 2025

Painéis, seminários e atividades práticas refletem a diversidade da cadeia cafeeira em debates sobre inovação, sustentabilidade e novos mercados


Palestras, reuniões técnicas e atividades práticas movimentam os espaços da Semana Internacional do Café (SIC) 2025 dentro da atração Encontros & Workshops – um dos eixos que mais refletem a diversidade da cadeia cafeeira no evento, que acontece de 5 a 7 de novembro em Belo Horizonte. A programação conecta produtores, torrefadores, baristas, cooperativas e especialistas em painéis voltados à inovação, sustentabilidade e negócios.

O ano dos canéforas
Este ano, os cafés canéfora se destacam entre as atividades em espaços como a sala Inteligência de Mercado, que promove encontros e debates sobre tendências globais, estratégias de mercado e sustentabilidade, e a Cafeteria Modelo, voltada ao conhecimento prático do cotidiano de uma coffee shop.  

No dia 6, às 17h, haverá o lançamento de clones de conilon de altitude. Apresentado pelo pesquisador Fábio Partelli, da Universidade Federal do Espírito Santo, os novos clones revelam a adaptabilidade, o vigor e a produtividade desta variedade de canéforas em altitudes elevadas. No dia anterior, Leandro Paiva, do Instituto Federal do Sul de Minas, faz uma abordagem profunda sobre a torra dos canéforas (dia 5, às 13h). “Falaremos sobre as diferenças de torra entre arábica e canéfora, mas o mais importante é frisar a diferença entre os clones de robusta e conilon”, explica Paiva. “As diferentes densidades e formatos dos grãos dos clones é que trazem uma diferença significativa para os processos de torra.” 

A diversidade de sabores desta espécie serão, ainda, descortinados na palestra “Apresentando a roda de sabores do canéfora”, fruto de um estudo, divulgado este ano por cientistas brasileiros, que identifica 103 descritores sensoriais para a espécie com o intuito de promover seu valor no mercado de cafés especiais. 

No dia 6, às 17h30, os robustas amazônicos são tema do “COP na SIC: Robusta, a força sustentável do café na Amazônia”, um encontro de mais duas horas que revela o protagonismo desses cafés na região norte do país. A programação reúne especialistas, pesquisadores e produtores que vêm transformando (e espalhando) o cultivo de canéforas na região em termos de qualidade, inovação e sustentabilidade.

Entre os destaques do encontro estão os painéis “Mercado e oportunidades para os cafés amazônicos” – conduzido por especialistas como o especialista em cafés especiais Silvio Leite, Aguinaldo Lima (Abics), Pedro Lima (Grupo 3corações) e Juan Travain, presidente da Associação de Produtores Associados da Região das Matas de Rondônia (Caferon) – e “Ciência e evolução dos robustas brasileiros”, que trata dos avanços em pesquisa, manejo e genética que têm redefinido o cultivo de canéforas no país. Deste último participam os cientistas Lucas Louzada (Mió Coffee Limited), Lívia Lacerda (UnB), Carlos Ronquim (Embrapa Territorial) e Enrique Alves (Embrapa Rondônia). O encontro ainda conta com o lançamento de um minidocumentário sobre os robustas amazônicos e encerra com degustação técnica e coquetel com produtos da Amazônia. 

Por uma cafeicultura mais sustentável
Durante os três dias da SIC (das 8h às 11h), o consórcio Ecoffee – iniciativa internacional de pesquisa pré-competitiva que reúne grandes empresas do setor, como illycaffè, Melitta e JDE Peet’s – promove três workshops para discutir sustentabilidade da cafeicultura, numa aproximação entre ciência e indústria. Os encontros serão restritos a convidados. “O objetivo deste workshop é atrair pessoas da área de sustentabilidade e promover a cooperação entre esses atores em torno da redução da presença de resíduos na cafeicultura”, diz Robert Weingart Barreto, fitopatologista da Universidade Federal de Viçosa, que lidera no Brasil as pesquisas do consórcio, criado em 2020 por iniciativa do Cirad, instituição pública francesa dedicada à pesquisa e à cooperação internacional em agricultura tropical. “Precisamos agir rápido para reduzir a dependência de insumos e tornar a produção de café realmente sustentável, em linha com as exigências cada vez mais rigorosas do mercado”, analisa Barreto. O pesquisador apresentará um diagnóstico sobre o uso de pesticidas na cafeicultura do Brasil, Vietnã, Nicarágua e México, além dos principais entraves e caminhos para reduzir sua aplicação.

Espírito colaborativo
Durante os três dias de SIC também marcam presença encontros que refletem o espírito colaborativo que move o setor, reunindo lideranças, produtores, jovens e mulheres em debates estratégicos sobre o futuro da cafeicultura. Na quinta-feira às 8h, o tradicional Encontro Internacional das Mulheres do Café — promovido pela IWCA Brasil — vai reunir profissionais de toda a cadeia para discutir desafios e conquistas que fortalecem o protagonismo feminino, enquanto às 15h, o Encontro dos Jovens do Café, em sua quarta edição, promoverá o diálogo entre novas gerações e o campo, estimulando a sucessão e a inovação na atividade. 

Já na sexta (7), às 8h, o Encontro Técnico ATeG abre a programação com foco em capacitação e troca de experiências entre técnicos e produtores atendidos pelo Sistema Faemg Senar (o evento é restrito a convidados). Das 13h às 14h30, a reunião do Departamento do Café da Sociedade Rural Brasileira trará, a convite da SIC e pelo segundo ano consecutivo, representantes dos principais elos da cadeia para discutir o rebranding dos cafés do Brasil sob diferentes perspectivas — da produção ao consumo. O encontro será mediado por Carlos Henrique Jorge Brando (P&A Marketing), e contará com Silas Brasileiro (CNC), Raquel Miranda (CNA), Vinicius Estrela (BSCA), Marcos Matos (Cecafé), Celírio Inácio da Silva (Abic) e Aguinaldo José de Lima (Abics). 

Workshops: de drinques com café a mercado emergente
Na Cafeteria Modelo & Barista Jam, patrocinada pelo Grupo 3corações, o público acompanha workshops práticos com baristas — como “Café em competição: sabores para um drinque campeão” (5/11, 10h30), “Matcha & café: sinergia no menu para aumentar vendas” (5/11, 15h30) e “Belo Horizonte na xícara: um papo sobre a cena local de cafés especiais” (7/11, 12h). 

No último dia da SIC, às 12h, três especialistas brasileiros, representantes internacionais da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), comandam o encontro “Oportunidades em novos mercados: China, Dubai e Singapura”, voltado a orientar produtores sobre caminhos para a exportação. A proposta é apresentar tendências, perspectivas e estratégias para ampliar a presença do café brasileiro em mercados emergentes. Antes disso, na quarta-feira (5), das 14h às 16h, cada um dos profissionais ministrará workshops específicos sobre exportação para os respectivos destinos. “A Semana Internacional do Café faz esse investimento com o objetivo de gerar mais oportunidades e ampliar o acesso a novos mercados, potencializando o comércio. São países com alto potencial de crescimento no consumo de cafés”, afirma Caio Alonso Fontes, diretor da Espresso&CO, uma das organizadoras do evento.

Outros grandes encontros
No dia 6, das 8h30 às 12h, o Sicoob e o Sebrae realizam o seminário “Sustentabilidade na Cafeicultura”, constituído por três painéis. O primeiro, às 9h30, aborda o “Impacto do reconhecimento de Indicações Geográficas (IGs) para os territórios”, com casos do Cerrado Mineiro, Matas de Rondônia e Canastra. Às 10h20, o segundo painel discute a “Contribuição da cafeicultura para o desenvolvimento econômico dos municípios”, com a participação de consultores e lideranças regionais, como prefeitos e representantes de conselhos municipais. Encerrando a programação, às 11h20, o terceiro painel destaca as “Contribuições do Sicoob e do Sebrae para a cafeicultura”, com especialistas das duas instituições apresentando iniciativas de apoio ao setor.

A Organização Internacional do Trabalho (OIT) realiza no dia 7, às 11h, o painel “Diálogo global para promover os direitos fundamentais da cadeia produtiva do café”. O encontro apresenta experiências e aprendizados do evento de Cooperação Sul-Sul (SSC), programado para acontecer na semana anterior com representantes do Brasil, Colômbia e Uganda, e busca promover o diálogo entre governos, empregadores e trabalhadores sobre o fortalecimento dos Princípios e Direitos Fundamentais no Trabalho (PDFT) no setor cafeeiro. Além da exibição de um curta-documentário, o painel traz um debate quanto a desafios, boas práticas e papel da cooperação internacional na promoção de trabalho decente nas cadeias globais de café.

Semana Internacional do Café 2025
Quando: De 5 a 7 de novembro de 2025
Onde: Expominas – Belo Horizonte (MG)
Quanto: R$ 75 (para o dia 7) e R$ 150 (com direito aos 3 dias)
Mais informações: www.semanainternacionaldocafe.com.br

TEXTO Redação

Cafezal

Três em um: estudo redefine o café libérica e revela novas espécies

Por Cristiana Couto

Pesquisa liderada pelo botânico Aaron Davis, do Royal Botanic Gardens, em Kew, no Reino Unido, revela que o café libérica, anteriormente considerado uma única espécie, deve agora ser separado em três espécies diferentes.

Publicado em julho na Nature Plants, o estudo analisou dados genômicos combinados à morfologia e à distribuição geográfica das plantas de libérica, e acrescentou ao gênero Coffea duas novas espécies além do C. liberica: Coffea dewevrei (anteriormente conhecida como excelsa) e Coffea klainei. O gênero, agora, contabiliza 133 espécies.

Para Davis, chefe de pesquisa em café no Kew Gardens e referência mundial em pesquisa sobre origem, diversidade e futuro das espécies de café, salvaguardar o futuro da cadeia global de fornecimento do grão é desafiador, especialmente porque a maioria dos cafeicultores são pequenos e dependem de seu cultivo como principal fonte de renda. 

Embora a produção mundial de libérica e excelsa ainda seja pequena — menos de 0,01% do mercado global —, essas espécies vêm ganhando espaço em países da África e Ásia, sobretudo por sua resistência a altas temperaturas e períodos prolongados de seca, em um cenário de mudanças climáticas que ameaça especialmente o arábica.

“Libérica e excelsa têm potencial importante para o desenvolvimento da cafeicultura em áreas inadequadas para arábicas ou canéforas, particularmente as de baixas altitudes em climas mais quentes e úmidos”, afirmam os pesquisadores.

De acordo com o artigo, o sudeste asiático consome cafés libérica desde o final do século XIX e agora está “testemunhando seu renascimento, particularmente na Malásia, na Indonésia e em Fiji”. Já os cafés excelsa têm sido cultivados em Uganda, no Sudão do Sul e na Guiné, por sua tolerância a temperaturas mais elevadas e a períodos sem chuva se comparada ao canéfora. Na Índia e na Indonésia, sua produção também vem crescendo.

As análises do grupo de Davis mostraram que cada uma das três espécies tem distribuição geográfica particular e características agronômicas únicas. A espécie libérica (C. liberica) ocorre na África Ocidental (Serra Leoa, Libéria, Costa do Marfim, Gana e Nigéria) e se adapta a estações secas mais longas, suportando variações de precipitação.

A excelsa (C. dewevrei) cresce em regiões de clima mais variado na África Central (República Democrática do Congo, Camarões, Uganda e Sudão do Sul). É mais produtiva, com frutos menores e sementes semelhantes às do arábica, o que facilita o processamento e a torna uma alternativa aos canéforas em áreas quentes. Já C. klainei, a menos estudada das três, restringe-se a florestas da África Centro-Ocidental (Camarões, Gabão, Congo e Cabinda/Angola) e é geneticamente mais próxima da da espécie libérica.

Segundo Davis, esse “redesenho taxonômico” permite separar com clareza as características agronômicas, genéticas e climáticas das três espécies, abrindo caminho para avanços em programas de melhoramento do café e novas estratégias de cultivo. “O uso de qualquer uma dessas espécies em programas de melhoramento interespecífico com outras espécies pode ser promissor”, complementam os autores.

Ao mesmo tempo, o estudo expõe a urgência da conservação do gênero Coffea, já que aponta para a vulnerabilidade do café libérica devido à perda de habitat em grande parte de sua área de ocorrência natural.

TEXTO Cristiana Couto

Mercado

Parlamentares dos EUA querem apresentar projeto para excluir café do tarifaço

Proposta bipartidária tenta barrar sobretaxa de 50% sobre café brasileiro, que encareceu o produto para consumidores nos Estados Unidos, informa o jornal Washington Post

Parlamentares dos Estados Unidos apresentaram nesta sexta-feira (19) um projeto de lei para excluir o café das tarifas de 50% impostas pelo governo Donald Trump a produtos brasileiros. A medida, de caráter bipartidário, é liderada pelo republicano Don Bacon (Nebraska) e pelo democrata Ro Khanna (Califórnia), informou o Washington Post.

O texto propõe retirar da lista de sobretaxas o café torrado, o descafeinado, as cascas e peles do grão, além de outros substitutos que contenham o grão. O objetivo, segundo os autores, é aliviar a pressão inflacionária sobre consumidores americanos, que já enfrentam alta nos preços de alimentos.

As tarifas sobre o Brasil foram anunciadas em julho e atingiram praticamente todas as exportações do país para os EUA, exceto uma lista reduzida de produtos. No caso do café, os preços internacionais dispararam desde então, com alta estimada em cerca de 50% nas cotações de arábica negociadas em Nova York.

Embora a proposta reflita insatisfação dentro do Congresso, sua aprovação não é considerada certa. A maioria republicana na Câmara tende a apoiar o endurecimento comercial de Trump, e o texto ainda precisará ser votado no Senado.

O governo brasileiro, por sua vez, já levou o caso à Organização Mundial do Comércio e contratou um escritório de advocacia nos EUA para contestar as tarifas, segundo a Reuters.

TEXTO Redação

Mercado

“Já está faltando a origem Brasil nas cafeterias dos Estados Unidos”, diz Marcos Matos, do Cecafé

Declaração foi feita após audiência em Washington; executivo cita disparada nas bolsas, queda de 47% nas vendas aos EUA e avanço da Alemanha como principal destino do café brasileiro

Após a audiência pública na investigação comercial 301 aberta pelo USTR em Washington na quinta-feira (4), o diretor geral do Cecafé, Marcos Matos, advertiu que a tarifa de 50% imposta pelos EUA ao café brasileiro ameaça agravar a escalada dos preços internacionais. Ele lembrou que o contrato C da bolsa de Nova York saltou de 284,20 para 380 centavos de dólar por libra-peso entre julho e agosto – uma alta de 35%. “O cenário internacional já mostrava preços recordes em Nova York e Londres, e a imposição dessa tarifa de 50% só tende a agravar a situação”, disse, em entrevista a veículos brasileiros.

O executivo defendeu que o café seja reconhecido como recurso indisponível nos EUA, condição que permitiria manter a tarifa zero. “O Brasil é responsável por mais de 30% do café consumido nos EUA, e qualquer restrição impacta diretamente o consumidor americano”, afirmou. Matos também comentou que o café foi “o produto que melhor se estruturou para defender o Brasil da lei 301”.

Matos destacou que as exportações para os EUA caíram 47% em agosto, enquanto, no mesmo período, os embarques para a Alemanha aumentaram 55%, colocando o país europeu na liderança das compras. “A Alemanha tem ampliado suas compras e assumido o posto de principal destino do café brasileiro. Isso mostra a importância da diversificação: não podemos depender de um único mercado, por maior que ele seja”, disse.

E fez um alerta sobre a presença do Brasil no varejo americano: “Já está faltando a origem Brasil nas cafeterias dos Estados Unidos.”

Café & Preparos

Nestlé demite CEO após investigação

Laurent Freixe (à esquerda) será substituído interinamente por Philipp Navratil (à direita)

A Nestlé anunciou, na última segunda (1º), a saída de Laurent Freixe do comando global da empresa após investigação interna concluir que ele manteve um relacionamento romântico não declarado com uma subordinada, em violação ao código de conduta da companhia, informou o The Guardian.

O executivo, no cargo desde 2024, será substituído interinamente por Philipp Navratil (na foto), presidente da Nespresso

TEXTO Redação

Mercado

Presidente dos EUA implementa tarifa de 50% e não isenta o café

A medida entra em vigor em sete dias, e exclui de taxação quase 700 itens

O presidente dos Estados Unidos, Donald J. Trump, assinou nesta quarta (30), dois dias antes da data prevista de 1 de agosto, a ordem executiva que implementa a tarifa adicional de 40% sobre o Brasil – elevando o valor total da tarifa para 50%, conforme comunicado da Casa Branca publicado hoje. O café será taxado e a medida entra em vigor em sete dias.

O decreto isenta 694 itens – mas não o café, que será tarifado. Entre os alimentos, não serão cobradas taxas apenas sobre a castanha-do-pará, o suco e a polpa de laranja.

A medida usa como base jurídica a Lei de Poderes Econômicos de Emergência Internacional, de 1977. O comunicado afirma que o tarifaço imposto ao Brasil está “defendendo empresas americanas da extorsão, protegendo cidadãos americanos da perseguição política, salvaguardando a liberdade de expressão americana da censura e salvando a economia americana de ficar sujeita aos decretos arbitrários de um juiz estrangeiro tirânico”, numa referência ao ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes, acusado de perseguir o ex-presidente Jair Bolsonaro, citado nominalmente no comunicado.

As tarifas haviam sido anunciadas por Trump em 9 de julho, e são as maiores entre as anunciadas para outros países que exportam para os EUA.

O setor recebeu a notícia com preocupação. Em nota, o Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil) afirmou que seguirá em tratativas com parceiros locais, como a National Coffee Association (NCA), para que o café entre na lista de exceções da nova política. “Entendemos que se faz necessária a revisão da decisão de taxar os cafés do Brasil – ato que implicará elevação desmedida de preços e inflação, uma vez que esses tributos serão repassados à população americana no ato da compra”, afirma o texto.

A BSCA, também em comunicado, disse que “reitera a necessidade de diálogo na tentativa de reverter a taxação apresentada ao produto, de forma que sejam preservados empregos, renda e uma parceria construída ao longo de décadas entre os atores das duas nações”.

Café & Preparos

Espírito Santo do Pinhal (SP) sedia evento dedicado a cafés, vinhos e gastronomia

Evento, que reúne feira de agronegócios e festival gastronômico, acontece entre quarta (30) e sábado (2) e celebra a singularidade da região, capaz de produzir vinhos e cafés lado a lado

Por Cristiana Couto

A cidade paulista de Espírito Santo do Pinhal sedia, de hoje (30) a sábado (2), o evento TurisAgro: Festival de Inverno e Feira de Agronegócios. O evento reúne tanto feira e sessões de palestras dedicadas ao agronegócio quanto um festival, que começa na sexta (1) e explora a degustação de vinhos, cafés e comidas locais ao som de muita música. Ao todo, serão 124 estandes e 38 vinícolas presentes. 

A singularidade do evento (confira alguns destaques da programação ao final da reportagem) está na alta qualidade dos vinhos e cafés produzidos em ES do Pinhal e arredores, dois produtos cujo cultivo simultâneo, num mesmo território, seria impensável anos atrás em qualquer lugar do mundo. 

O segredo da produção de vinhos numa área antes considerada inadequada, por causa das chuvas de verão – Espírito Santo do Pinhal fica na Serra da Mantiqueira, na divisa entre São Paulo e Minas Gerais –, foi o manejo inovador das videiras, uma técnica conhecida como dupla poda, que permite que as uvas sejam colhidas no inverno e não no verão, como acontece tradicionalmente nas regiões vitivinícolas brasileiras. 

Esse manejo permitiu a instalação de vinícolas, há cerca de 15 anos, em cidades como Espírito Santo do Pinhal, que já tinha tradição (centenária) na produção de cafés e que, recentemente, dedica-se aos grãos de alta qualidade – ao lado de outros sete municípios, ES do Pinhal compõe a Região do Pinhal, que tem selo de Indicação de Procedência para cafés desde 2016 (confira aqui reportagem sobre a produção de vinhos por cafeicultores brasileiros).

Com terroir adequado para ambas as culturas (dias ensolarados, noites frias e solos secos no outono e no inverno), Espírito Santo do Pinhal compõe, ao lado de Amparo, Jacutinga e Santo Antônio do Jardim, a região denominada Serra dos Encontros. Esta, por sua vez, reúne 81 projetos vitivinícolas e firmou-se como uma das mais promissoras regiões vitivinícolas do país ao receber prêmios relevantes por seus vinhos, como as 18 medalhas angariadas no Decanter World Wine Awards 2025, prestigiada competição internacional de vinhos organizada pela revista britânica Decanter

O que curtir

  • dia 30, às 17h30 – Painel: Mercado de Cafés Especiais de Origem (com Juliano Tarabal, Jean Faleiros e Marcos Kim)
  • dia 31, às 10h – Painel: Viticultura de precisão (Luis Henrique Bassoi, da Embrapa) 
  • dia 31, às 11h30 – Painel: Cafeicultura e viticultura sustentáveis: agregando valor e reduzindo riscos (Jeferson Adorno da Toca do Kaynã, Maria Rita, da Viviens Brasil, e Edvar Silva, da Reversa do Brasil)
  • dia 1, às 16h – Palestra Princípios técnicos de harmonização (Paulo Brammer, Vinícola Guaspari) 
  • dia 2, às 16h – Painel: Cozinha Viva “Regional” (com chefs da região Paulinha Piazentino, Matheus Ramalho e Lúcia Sequeira) 

TurisAgro: Festival de Inverno e Feira de Agronegócios
Quando: 30 de julho a 2 de agosto, a partir das 9h
Onde: Clube de Campo Caco Velho (Rodovia Campinas-Águas da Prata, s/n – Zona Rural, Espírito Santo do Pinhal – SP)
Quanto: gratuito, mediante cadastro e doação de 1 kg de alimento (para a feira de agronegócio) | R$ 150 (festival de inverno)
Informações sobre a Feira do Agronegócio neste link
Programação do Festival de Inverno neste link 

TEXTO Cristiana Couto • FOTO Divulgação

Mercado

Brasil toma o centro das atenções e dos desafios do café global no primeiro dia do Coffee Dinner & Summit 2025

Produtividade brasileira, estoques apertados, geopolítica e exigências de sustentabilidade pautam discussões em Campinas

Vanusia Nogueira, da OIC, em palestra de encerramento do primeiro dia do Coffee Dinner&Summit, em Campinas

Por Cristiana Couto

O primeiro dia do 10º Coffee Dinner&Summit colocou os cafés do Brasil no centro das discussões. Elogiada de várias maneiras, a cafeicultura brasileira também foi destacada como uma produção que deve ter suas responsabilidades no cenário global. 

Foram discutidos também os desafios econômicos enfrentados por produtores de café no mundo, as estratégias ESG para garantir acesso sustentável ao mercado europeu e manter a competitividade do país no setor e a necessidade de reforçar o diálogo entre governo, setor e representantes do mercado para fortalecer ações integradas na cafeicultura.

No painel “CEO’s & Lideranças do Agronegócio Café Global”, que abriu o primeiro dia (3) de palestras do evento realizado pelo Cecafé e que termina nesta sexta (4) em Campinas (SP), foram discutidas questões como produção, níveis de estoque do grão e seu consumo. Para os painelistas, a reposição dos estoques de café pelo mundo não vai ser feita nos próximos doze meses, e o consumo, na Ásia e no Leste Europeu, vai continuar a crescer. “Entre 2020 e 2024,  houve de 20 a 25 milhões de sacas de déficit, uma pequena safra vietnamita”, dimensionou Ben Clarkson, chefe da Plataforma de Café da Louis Dreyfus Company. “E isso vai continuar pelos próximos 12 meses. É difícil estimar o nível de estoques futuro, pois este é o mais baixo dos últimos 20 anos”, analisou o empresário. 

Quanto ao Brasil, depois de elogios dos painelistas quanto à alta produtividade dos cafés e à dignidade que o Brasil conferiu aos seus cafeicultores, surgiram questões. Para David Neumann, CEO do grupo Neumann, o Brasil facilmente alcançará a marca das cem milhões de sacas de café. “Porém, a pergunta é: é inteligente o país chegar a cem milhões”, indagou ele, referindo-se à preocupação que o maior produtor do mundo já é para outros países produtores do grão.

Em “Geopolítica Global”, temas prioritários para a cadeia cafeeira emergiram diante das incertezas político-tarifárias contemporâneas, como segurança alimentar, mudanças energéticas e alterações climáticas. Para um dos palestrantes, o empresário e economista Ingo Plöger, presidente da Ceal e conselheiro de várias empresas nacionais e internacionais, a sustentabilidade é uma condição global que veio para ficar, mas “não se pode ter sustentabilidade social e ambiental sem sustentabilidade econômica”. Para ele, também, o Brasil vai ter ressonância global em temas como energia e segurança alimentar. “Há sinais de novas demandas que vamos poder atender”, disse. Outros assuntos em pauta foram a manutenção dos preços elevados no café e o crescimento do consumo. Luís Rua, Secretário de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura e Pecuária, defendeu que é preciso manter os mercados tradicionais de café, mas também diversificar a pauta exportadora brasileira. “Há espaço para o café estar mais presente no mundo. É preciso acessar mais mercados”, disse ele, lembrando que a China importa apenas 3% do que a União Europeia compra do Brasil. 

No painel “Organizações Globais do Café: EUDR e Novas Regras em Tempos de ESG”, Eileen Gordon, Secretária Geral da Federação Europeia do Café, lembrou a posição estratégica dos cafés brasileiros para a União Europeia – 44% das importações são de café brasileiro – e a necessidade de simplificação das regras da EUDR. Também comentou outros desafios, como a geolocalização, problemática nos países africanos, a dificuldade na documentação e comprovação da rastreabilidade dos cafés e da devida diligência, ou seja, comprovar que a UE está em conformidade com as leis de outros países e a questão do café solúvel, que não está no escopo da EUDR. Há, ainda, o temor de os EUA comprem todo o café brasileiro. “A cada dia, tudo muda, então temos que continuar nos comunicando”, alertou ela. 

No painel de encerramento, sobre “Futuro da Cafeicultura Sustentável”, a palestrante Vanusia Nogueira, diretora-executiva da Organização Internacional do Café (OIC) lembrou a história da entidade, uma das mais antigas entidades de commodities criadas no mundo e cujo lema de sustentabilidade econômica e social sempre estive em seu escopo, implicita e explicitamente. “Temos hoje uma base de preços confortável para o Brasil, mas não está bom para todos, porque muitos produtores em muitos países produtores, continuam a receber 30% do preço FOB”, argumentou. Vanusia também citou desafios como tamanho da terra – de 0,4 hectares para muitos cafeicultores. “Uma renda digna para o produtor está ligada a preço e produtividade”, disse, lembrando a discrepância entre os países produtores. “Temos que pensar em modelos de negócio, senão a conta não fecha”. “É preciso ajudar os países menos adiantados, somos ponte para isso, para facilitar esse diálogo”.  

Para Marcos Mattos, diretor geral do Cecafé (Conselho de Exportação do Café Brasileiro), o evento reuniu os principais temas da cafeicultura mundial. “Queremos que todas as pessoas que estiverem discutindo assuntos do mercado global de café busquem por informações. Tenho sempre em mente que o Brasil, que é o país maior produtor, maior exportador e segundo maior consumidor da bebida, é também o que promove o evento mais importante da cafeicultura global”.

O evento, que acontece a cada dois anos, reuniu lideranças de diversos países, como Alemanha e EUA, entidades brasileiras, como Cooxupé, Embrapa e Sebrae, imprensa e atores do setor. 

TEXTO Cristiana Couto

Café & Preparos

São Paulo Coffee Festival bate recorde de público e prepara expansão para América Latina

 edição do evento recebeu mais de 16 mil pessoas e 150 expositores e já tem data para 2026

A Espresso&CO, realizadora do São Paulo Coffee Festival em parceria com a empresa inglesa Allegra Events, anunciou que vai expandir a franquia Coffee Festival para outras capitais na América Latina. A previsão é que os novos países, ainda não divulgados, comecem a receber o festival em 2026. Na capital paulista, o evento já tem data confirmada para o ano que vem – nos dias 26, 27 e 28 de junho. 

A 4a edição do evento, que aconteceu entre 27 e 29 de junho, trouxe para o pavilhão da Bienal do Parque Ibirapuera 150 expositores – 15% a mais do que em 2025 – e mais de 16 mil pessoas, um recorde. “O São Paulo Coffee Festival impulsiona o consumo de cafés especiais ao aproximar o público de quem produz e transforma. Ao movimentar a cadeia e ampliar a demanda por qualidade, o festival gera valor para o mercado e fortalece a posição do Brasil como referência global”, analisa Caio Alonso Fontes, CEO da Espresso&CO.

Espaço Sensory Experience

Além de grandes marcas de cafés, torrefações, acessórios e outros produtos relacionados à bebida, a edição deste ano destacou-se por atrair um número maior de pequenos produtores do grão e de marcas de chocolate bean to bar, além de promover o encontro do público com diversas origens brasileiras do café, celebradas no estande do Sebrae – que compareceu com oito regiões cafeeiras de São Paulo e Minas – e no espaço dedicado às Rotas do Café de SP. 

Ao mesmo tempo, o público disputou lugares nas diversas atividades, como workshops e palestras, além de curtir boa música e ter à disposição uma área com diversos restaurantes. No espaço dedicado a experiências sensoriais com café, o destaque foi a atividade “O invisível revelado: uma jornada pelos sentidos do café”, uma dinâmica com duas experiências sensoriais que explorou a diversidade olfativa dos cafés de qualidade e os sabores de uma mesma bebida em diferentes contextos, para mostrar como diferentes situações de consumo podem alterar a percepção da bebida. 

O evento também reforçou sua conexão com a arte: o painel de abertura e da rampa da Bienal foram pintados ao vivo por Felipe Risada e Mauro Neri (na foto), artistas urbanos que propuseram um diálogo criativo entre café, cultura e cidade.  

O festival ainda apresentou a 9ª edição da Copa Barista, que premiou os melhores competidores na preparação de espressos, cappuccinos e filtrados. Daniel Vaz, da Five Roasters (RJ), foi bicampeão na competição (confira detalhes aqui). 

O São Paulo Coffee Festival, realização Allegra Events e Espresso&CO, tem patrocínio café master de 3corações e Café Orfeu, patrocínio Oster e Sebrae, apoio de A Tal da Castanha, Café Store, Nescafé, Nespresso, Philips Walita, Prima Qualitá, Senac e União, água oficial Fonte Platina e apoio Institucional da Prefeitura da cidade de São Paulo por meio da Secretaria Municipal de Turismo.

TEXTO Redação