Barista

Barista taiwanês-brasileiro desenvolve coador de cerâmica e lança campanha de arrecadação

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Tony Chen nasceu em Taiwan, mas mudou-se para o Brasil quando tinha 15 anos. Formado em arquitetura e vivendo em São Paulo não gostava muito de café. A paixão veio tardia, quando provou um cappuccino “diferente”, que o despertou para descobrir o que havia ali de tão saboroso: “O primeiro gole já foi suficiente para me deixar sem palavras. Textura macia. Senti o perfeito equilíbrio dos sabores do café e do leite. Um sabor único, que eu nunca havia experimentado antes, mexeu tanto comigo a ponto dos meus olhos se encherem de lágrimas.”

Tony então buscou cursos de café, começou a estudar o tema e resolveu unir duas paixões: projeto e café.

A técnica do café coado sempre encantou mais ao barista. “Indo a fundo na prática e na teoria dessa técnica, encontrei diversos tipos de coadores no mercado. Como essa minha aventura pelo café era uma jornada individual, resolvi, porque não, criar um coador que refletisse essa minha busca. Que fosse funcional, com um desenho contemporâneo e material e produção artesanais. Decidi me matricular num curso de cerâmica e pôr em prática todas essas minhas ideias. Precisei de um tempo para aprender o método e produção da cerâmica.”

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Tony consultou muitos outros baristas amigos para o auxiliarem na parte funcional do coador. “Depois de muitos fracassos, muitos testes, e muitos protótipos, o coador “Z” nasceu”.

Para começar a produzir em escala, Tony deu início a uma campanha de arrecadação na internet. A contribuição vai de R$ 10 a R$ 4.000, e as cores desenvolvidas são preto, marrom ou verde. Para cada valor escolhido tem uma recompensa, dentre elas o próprio coador e até um suporte metálico com as três cores.

O coador “Z” tem ranhuras laterais e abertura no fundo que permite a passagem da água uniformemente, além de ser, porque não, uma peça de arte e design para o momento de preparar o café.

Quer contribuir? Acesse. Mas atenção, a campanha vai até dia 31 de agosto. Então, corre lá!

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TEXTO Mariana Proença • FOTO Divulgação

Mercado

Cafés especiais brasileiros são atração durante a Olimpíada do Rio

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Ações da BSCA promoverão grãos de 10 regiões produtoras. Os cafés especiais brasileiros serão servidos durante os Jogos Olímpicos e Paralímpicos do Rio de Janeiro. A Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA) coordenará trabalhos de promoção dos cafés especiais nacionais, no Espaço Arte do Café, dentro da Casa Brasil, no Píer Mauá.

A BSCA estima que o Brasil produzirá até 8 milhões de sacas de 60 kg de cafés especiais em 2016, o que representa uma fatia de 35,5% da demanda mundial pelo produto, projetada pela Organização Internacional do Café (OIC) em 22,5 milhões de sacas. O principal mercado para os cafés especiais do Brasil são os Estados Unidos, mas os maiores valores pagos pelo produto são obtidos nas vendas para Japão, Coreia do Sul, Austrália e Taiwan. A ação nos Jogos será viabilizada através de parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) e o Sebrae Nacional.

O Espaço irá abranger história, origens produtoras, características e métodos de preparo. “Serão realizadas apresentações individuais dos métodos de preparo e o café selecionado para cada demonstração será oferecido ao público presente. Trata-se do mesmo modelo que utilizamos na Expo Milão, na Itália, também em parceria com a Apex-Brasil, que foi muito bem sucedido”, explica a diretora da BSCA, Vanusia Nogueira.

Os cafés que serão apresentados são de associados da BSCA e dos pequenos produtores de cafés especiais apoiados pelo Sebrae. “Considerando a diversidade dos grãos, realizaremos apresentações distintas, com explicações sobre as características próprias da bebida e os produtos referentes a cada uma das regiões de produção e que estão à disposição no mercado”, completa. Veja, abaixo, as 10 regiões produtoras selecionadas:

Sul de Minas (MG): Características do café: Sudoeste – corpo médio, acidez alta, adocicado, com notas florais e cítricas; Montanhas – corpo aveludado, acidez alta, adocicado, com notas de caramelo, chocolate, amêndoa, cítricas e frutadas.

* Indicação de Procedência Mantiqueira de Minas (MG): Características do café: (i) Via úmida (cereja descascado/despolpado) – notas cítricas e florais, corpo cremoso e denso, acidez cítrica com intensidade média-alta, doçura alta, finalização longa; (ii) Via seca (café natural) – cítrico, floral, frutado, corpo cremoso e denso, acidez média-alta, doçura alta.

Matas de Minas (MG): a região surgiu para o mercado de cafés especiais após o início da produção dos grãos cerejas descascados. Características do café: corpo médio a encorpado, acidez média, doçura alta, com aroma achocolatado e sabor cítrico.

** Denominação de Origem Cerrado Mineiro (MG): Apresenta clima seco durante o período da colheita, o que faz com que o café sofra menos com a umidade depois de colhido. Conquistou a Denominação de Origem em 2013 e foi a primeira de café do País a receber este reconhecimento.

* Indicação de Procedência Alta Mogiana (SP): Características do café: aroma marcante, frutado com notas de chocolate e nozes, corpo cremoso aveludado, acidez média e muito equilibrada e finalização prolongada, com uma doçura de caramelo e notas de chocolate amargo.

Média Mogiana (SP): Características do café: boa acidez, doçura média, corpo médio, notas de chocolate, castanha e nozes.

Planalto Baiano (BA): Muitas propriedades realizam a colheita seletiva (apenas grãos maduros), o que favorece a produção do café cereja descascado. Características do café: encorpado e aveludado, adocicado, com acidez cítrica, notas de nozes, chocolate e final prolongado.

Montanhas do Espírito Santo (ES): Características do café: encorpado e com acidez de média a alta, doçura e boa complexidade de aromas.

* Indicação de Procedência Norte Pioneiro do Paraná (PR): Características do café: corpo médio, doce, com acidez média e notas de chocolate e caramelo.

Rio de Janeiro (RJ): A produção estadual gira em torno de 350 mil sacas por ano. Características do café: os grãos do Estado possuem características diversas e servem de base para blends de diversos produtos no Brasil.

Serviço
Espaço Arte do Café na Casa Brasil
Local: Píer Mauá, Av. Rodrigues Alves, n° 10, Centro, Rio de Janeiro (RJ)
Quando:
– 06 a 21 de agosto: entre 10h e 20h
– 22 de agosto a 06 de setembro: entre 14h e 20h
– 07 a 18 de setembro: entre 10h e 20h
Mais informações: (35) 3212-4705 / 3212-6302 / exec@bsca.com.br

TEXTO Da redação • FOTO Guilherme Gomes e Tipuana Imagens Aéreas e Alexia Santi/Agência Ophelia - Café Editora

Mercado

KitchenAid entra de vez para o mercado de café e anuncia parceria com Suplicy

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A marca de produtos para casa KitchenAid completa 97 anos e começou a atuar no segmento de café neste ano de 2016. Após apresentar a cafeteira automática e a prensa francesa, a KitchenAid lança a Cafeteira de Sifão e o Moedor de Grãos e Temperos, que chegam como opções para consumidores de café de qualidade.

Segundo a gerente da KitchenAid, Renata Herz, a decisão foi tomada baseada em estudos sobre o mercado de cafés e pesquisas com o consumidor brasileiro que identificaram uma tendência de crescimento no consumo do grão e uso de produtos relacionados. “Estamos sempre atentos as necessidades do mercado e também dos nossos consumidores, que possuem diferentes costumes e gostos, por isso a ideia de apresentar novos modelos, além de trazer, com o Moedor de Grãos, a possibilidade de moer em casa, de forma mais artesanal e rápida, seu próprio café.”

Além dos lançamentos, a KitchenAid anuncia parceria com a Suplicy Cafés Especiais. “A iniciativa da KitchenAid de entrar nesse mercado vem em boa hora, porque o cenário é favorável para o segmento. A parceria está alinhada com perfil dos nossos consumidores, que estão cada vez mais interessados em produtos e cafés de qualidade”, afirmou Marco Suplicy, proprietário da marca, que tem 13 anos de mercado.

As marcas irão promover ações em conjunto nos pontos de vendas selecionados pela KitchenAid. Nessas ações, os consumidores que comprarem umas das cafeteiras da marca, levarão para casa um pacote de café Suplicy.

Lançamentos

 

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Cafeteira de Sifão
Opção para quem busca fazer um café com sabor complexo, de forma prática e fácil, com café feito a vácuo. Neste processo, usa-se moagem grossa-média para os grãos de café.

Características técnicas:
– tecnologia de sifão automático, que funciona a vácuo e sem necessidade de manter uma chama para esquentar;
– corpo todo em vidro para observar o processo;
– filtro de aço inox e filtro de pano inclusos e reutilizáveis;
– fechamento magnético;
– capacidade para 1,18L.
Preço sugerido: R$1.399,00

 

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Moedor de Grãos e Temperos
Permite moer em casa os grãos de café de maneira rápida e artesanal. Basta manter a tampa pressionada para alcançar o resultado esperado.

Características técnicas:
– acompanha recipientes separados para moer café e triturar temperos, evitando a contaminação de odores;
– moagem rápida e prática dos grãos em casa, de forma mais artesanal;
– trava de segurança que só permite o funcionamento com a tampa encaixada, evitando acidentes;
– recipiente removível que auxilia o manuseio dos alimentos moídos, além de facilitar a limpeza do produto;
– além de moedor, vem acompanhado por uma tampa para temperar e duas tampas para armazenar, possibilitando guardar o que foi preparado para utilizar em outra ocasião;
– capacidade para preparar grãos de café para até 12 xícaras grandes ou 36 pequenas
Preço sugerido: R$ 649,00

 

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Cafeteira Automática
Para o preparo de um café coado. Neste processo, usa-se moagem média para os grãos de café.

Características técnicas
– com sua função Programar é possível agendar o horário de preparo do café, com até 24 horas de antecedência;
– possui controle de intensidade para controle do café com sabor médio ou forte;
– possui função Pausa que permite retirar a jarra da cafeteira e servir antes que o preparo completo seja finalizado. Uma válvula especial sela a saída de café e impede que caiam gotas por 30 segundos;
Outros benefícios:
– função 1 a 4 xícaras, para preparo de menores quantidades;
– jarra para 1,9L, que corresponde a até 36 xícaras de café;
– mantém o café aquecido por 2 horas;
– display digital em LED com relógio;
– filtro de água de carvão;
– filtro metálico permanente Gold Tone (pode ser substituído por filtro de papel descartável);
– tanque removível.
Preço sugerido: R$ 799,00

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Prensa Francesa
A prensa francesa é um método artesanal, onde o café e a água são misturados e depois separados por um filtro, empurrado por um êmbolo. Neste processo, usa-se moagem grossa para os grãos de café.

Características técnicas:
– com design patenteado, a Prensa Francesa da KitchenAid é a única com balança e timer integrados, garantindo proporção adequada de água e café e tempo correto de imersão do café;
– seu filtro possui revestimento de silicone para evitar a passagem de sólidos;
– design e construção em aço inoxidável com parede dupla garantem melhor retenção de calor, mantendo a temperatura e qualidade perfeitas do café por mais tempo.
Outros benefícios:
– capacidade de 740ml, que corresponde a 15 xícaras de café;
– funcionamento à pilha. A balança e o timer utilizam duas pilhas AAA (inclusas);
– alça confortável;
– filtro de malha metálica incluso.
Preço sugerido: R$ 699,00

Mais informações:
www.amo.kitchenaid.com.br

TEXTO Da redação • FOTO Divulgação

Café & Preparos

Gregorio Duvivier

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“Adoro sorvete e tiramisù de café, são meus preferidos.”

O café é um item indispensável em diversos momentos do dia do humorista do Porta dos Fundos. “Tomar café ao acordar é fundamental para mim. Além disso, não consigo terminar uma refeição sem sentir o gostinho final do café”, destaca. Para Gregorio, escrever e ensaiar também ficam mais divertidos quando há uma xícara de café à mão. Como se não bastasse tudo isso, ele é aficionado a guloseimas preparadas com a bebida. “Adoro doces com café”, confessa.

(Texto originalmente publicado na edição impressa da Revista Espresso – única publicação brasileira especializada em café. Receba em casa. Para saber como assinar, clique aqui).

TEXTO Leonardo Valle • FOTO Jorge Bispo

Cafezal

Grãos de altitude

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A cidade de Divinolândia, no interior de São Paulo, abriga pequenos produtores que construíram sua história, encravada nas montanhas de café.

Em uma altitude média de 1.300 metros, as estradas da zona rural do município de Divinolândia cortam inúmeras montanhas. Em São Paulo, mas próximo ao Sul de Minas Gerais, a cidade abriga propriedades que têm área entre 5 e 10 hectares, muitas dessas voltadas para a cultura do café.

A agricultura familiar é marcante e não se andam muitos quilômetros sem encontrar a casa seguinte, pintando com diferentes cores o mar de verde – parte cafezal, parte mata – da região. Foi com a imigração de europeus, na maioria italianos, entre o fim do século XIX e o início do século XX, que a cafeicultura no lugar começou a tomar corpo. Hoje, a cidade produz até 120 mil sacas por ano.

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Adalto Batista de Oliveira trabalha diariamente na lavoura do Sítio Recanto do Sonho, onde conquistou a primeira terra que pôde chamar de sua.

O clima das montanhas, mais ameno durante a noite, era ideal para o novo lar dos forasteiros e, somado ao relevo, também agradou aos cafezais, contribuindo para a maturação mais lenta dos frutos. A característica estende a colheita até agosto e, com o grande número de pequenos produtores, o processamento de café natural se tornou mais comum. Mas o ponto de virada desta história ainda estava por vir. Para que esses produtores se destacassem em um país com tradição cafeeira, no entanto, o conhecimento foi decisivo.

Descobertas coletivas Com forte parceria com o Sindicato Rural de Divinolândia, surgiu, em 2005, a Associação dos Cafeicultores de Montanha de Divinolândia (Aprod). Unidos, os produtores enfrentaram as barreiras do mercado.

Com 52 associados, a Aprod completa dez anos de descobertas coletivas. “Hoje, a qualidade não está mais escondida. Com conhecimento, conseguimos preços mais altos para os melhores cafés”, revela Sergio Luis Riccetto, atual presidente da Associação. Entre as estratégias traçadas pela direção estão a certificação do café dos associados, como Fairtrade (selo de comércio justo que busca a sustentabilidade econômica e social para o desenvolvimento das cadeias produtivas), a organização de um concurso próprio e, por fim, a realização de um projeto de adequação ambiental.

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Francisco Sérgio Lange, secretário da Aprod e presidente do Sindicato Rural de Divinolândia, e Sergio Luis Riccetto, atual presidente da Associação.

A certificação já é uma realidade. O Concurso de Qualidade de Cafés de Divinolândia completa sua 10ª edição e o próximo passo é a busca por mais projetos voltados para o meio ambiente. O atendimento especializado ao produtor também está sendo posto em prática. Um técnico agrícola deve acompanhar o dia a dia dos cafeicultores, auxiliar na formação de uma rotina mais focada em qualidade e coletar dados da propriedade.

As metas se tornaram maiores e os produtores querem ter seu trabalho reconhecido. “A ideia é buscar a denominação de origem para o café de Divinolândia e que a venda seja feita de forma organizada, por meio da Aprod”, conta Francisco Sérgio Lange, um dos principais entusiastas da busca por uma identidade própria da região, que hoje se situa na Mogiana. Tido por muitos como louco no momento em que expôs suas primeiras ideias, Sérgio Lange colhe hoje os frutos da busca por uma produção mais rentável para o município.

Cafeicultor visionário Autodidata na cultura cafeeira, Francisco Sérgio Lange, ex-engenheiro eletricista, não resistiu aos encantos da produção e se tornou referência na cidade. “Conseguir pôr preço no nosso produto em uma pequena associação não é fácil. Não é para amanhã”, conta sobre a trajetória na qual ele encontrou a palavra-chave que rege hoje boa parte de seus discursos: qualidade. “Ele falava em café especial em Divinolândia e os outros achavam que ele era louco. Mas, na verdade, o Sérgio é um visionário”, conta Rute Aparecida Pereira Lange, esposa do produtor, que esteve em cada visita aos compradores para anunciar o nome e o potencial da cidade como produtora de café especial.

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Marluce Migoti, Carmen Costa, Rute Lange e Maryeli Zani. Entre o trabalho nos cafezais e conquistas como a do armazém, o Grupo das Mulheres ganha espaço e representatividade.

Inquieto, Sérgio Lange continua pesquisando e trazendo propostas. “Nossa meta é utilizar os cafés 84 pontos para o Fairtrade e aqueles acima disso, considerados especiais, para este mercado mais específico”, planeja, frisando que “todo mundo está produzindo lavado, mas o mercado de especiais está crescendo para o natural. Queremos visar esse diferencial”.

Todos os processos convergem para o objetivo de ver o café de Divinolândia em outro patamar nas gôndolas mundo afora. “Estamos fazendo o levantamento histórico da região. Precisamos demarcar o território e levantar as características, como a agricultura familiar e cafés certificados”.

Estrutura para qualificar Em 2015, a mais recente aquisição da Aprod somou-se ao mantra da busca por qualidade. Inaugurado em setembro deste ano, o armazém da Associação traz em sua estrutura maquinário para fazer a classificação dos grãos por tamanho e cor de maneira tecnificada. Mas, para buscar um diferencial, a estrutura traz ainda salas para conectar processos e negociações. “Queríamos ter um armazém com outro conceito. Assim, o cliente vai negociar diretamente com o produtor”, explica Sérgio Lange.

O foco é o mercado externo e os produtores apostam em frutos com concentração de açúcar e boa acidez. O prédio abrigará também um laboratório de torra, em fase de construção, que receberá compradores. “É um sonho que nós desenhamos, construímos e agora vimos nascer. Com ele, a gente vai ter mais chance de ter cafés de qualidade”, ressalta Carmen Silva de Ávila da Costa, que compõe o Conselho Fiscal da Associação.

Ocupação feminina A maioria das mulheres é ligada diretamente à produção. Colhem, desbrotam, fazem o manejo e secam. Independentemente do setor, existem as que se dedicam à direção e à administração das propriedades, mas o que as une, de fato, é a busca por integração dentro da cultura a que pertencem. Carmen foi uma das primeiras a frequentar a Associação. “Eu vinha sozinha às reuniões dos homens, porque queria aprender sobre o trabalho.”

As produtoras tiveram um primeiro contato com a Aliança Internacional das Mulheres do Café (IWCA) ainda na primeira reunião do grupo, durante o Espaço Café Brasil, e se inspiraram. “Conhecemos a Josiane Cotrim, da IWCA, e ela nos visitou e entusiasmou a mulherada!”, lembra Carmen. Assim, em 2011 o Grupo das Mulheres da Aprod foi fundado oficialmente. Hoje, as reuniões gerais têm a participação de um número maior de mulheres para discutir os assuntos de interesse de todos. “Até então, a mulher era só mão de obra. Aqui, ela adquire capacitação e descobre que tem voz e poder”, analisa a produtora Marluce Zanetti Migoti, que há três anos descobriu o universo da cafeicultura e decidiu se dedicar à atividade por completo.

Por serem parte de várias gerações de cafeicultores, as mulheres já conheciam a paixão pela cultura e ocupam, agora, seu lugar de forma mais socialmente ativa. “Todos diziam que amavam o cafezal, mas ninguém sabia como cuidar”, afirma Carmen. Entre as formas de incluir a voz feminina na Associação, contam elas, o Concurso de Qualidade de Cafés de Divinolândia passou a receber o nome das produtoras nas inscrições e, dentro da Diretoria, o Conselho Fiscal é composto dessas mulheres. “Acredito que uma delas pode chegar, sim, à presidência da Aprod. Qualquer pessoa pode fazer qualquer coisa com conhecimento. Por que não?”, declara Marluce.

 Alfredo Mengali cultiva a história da cafeicultura local, perpetuando o que começou ainda com seus avós imigrantes. Ao lado, Regiana, José Clovis e o filho Douglas Henrique em dia de trabalho no Sítio Gruta São Francisco

Regiana, José Clovis e o filho Douglas Henrique em dia de trabalho no Sítio Gruta São Francisco. Alfredo Mengali cultiva a história da cafeicultura local, perpetuando o que começou ainda com seus avós imigrantes.

Doce por natureza Tudo está em família na propriedade vencedora do X Concurso de Qualidade de Cafés de Divinolândia – Safra 2015. “Não coloco mais nada de açúcar no café”, anuncia Regiana de Souza Borges, enquanto serve as xícaras. A produtora, ao lado do marido, José Clovis Borges, e do filho Douglas Henrique Borges, é dona dos cafés naturais que venceram a premiação local e o 13º Concurso Estadual de Café de São Paulo, em 2014. No primeiro, o café recebeu características sensoriais de chocolate, floral e mel.

Para chegar a esse resultado, a colheita do Sítio Gruta São Francisco, realizada entre o final de julho e setembro, deixa a família ocupada. “Na época da ‘panha’ a gente se dedica só ao café”, diz. Regiana também toma a frente no terreiro de cimento, além de assumir a varrição e fazer desbrota quando preciso. “Sempre fiz tudo, mas com conhecimento foi depois de entrar na Associação”, conta.

Integrante do Grupo das Mulheres, ela explica que, além do curso de prova, busca novas informações sobre os processos de produção. “Temos aprendido muito. Tirar a umidade do café era uma coisa para a qual não dávamos atenção. Hoje, sabemos como preparar amostras para os compradores.”

Foi ainda nas palestras do Grupo que ela aprendeu a observar cada detalhe da lavoura, com 7 mil pés distribuídos em 3 e 4 hectares. “Aprendi que existe diferença entre os talhões e que não se deve misturar os cafés.” A propriedade tem dois terreiros e o rendimento anual é de uma média de 300 sacas, que a família busca aproveitar ao máximo. “Antes, nós vendíamos pelo preço que o comprador queria. Hoje, nós sabemos o valor na hora de vender. Nós é que dizemos quanto tem que ser pago”, afirma.

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Maria da Graça e Luiz Bertolini sempre viveram no campo e hoje buscam o auxílio de maquinário para tornar o trabalho mais rápido.

Vale dos italianos Cecília e Alfredo Mengali, 71 e 77 anos, respectivamente, estão completando bodas de ouro. As décadas vividas juntos foram de superação desde o início. “Quando nos casamos não tinha energia elétrica e banho era só de caneca. Eu sofri bastante”, revela Cecília, que era moça da cidade, mas hoje não troca o Sítio Laranjal por nada.

O capricho e a força de vontade da produtora roubam a cena quando a casa cheia de detalhes se aproxima. Cecília sobe e desce a propriedade ligada à dos três filhos e ainda tem fôlego para ir até a lavoura apreciar os 80 mil pés de café divididos entre a família, que resultam em uma média de mil sacas/ano.

Essa história começou ainda com os avós italianos de Alfredo, que vieram para o Brasil para a colheita. “Tudo o que meu pai conseguiu na vida foi com o café.” Com esse exemplo em casa, Alfredo começou a trabalhar aos 13 anos. “Quando comecei o café era o ouro do Brasil”, conta ele, que ainda trabalha no secador junto aos filhos, que permaneceram no bairro, carinhosamente chamado de Vale dos Italianos.

No total, o casal teve cinco filhos homens que criou com o rendimento que a cafeicultura lhe deu. “Você tem que saber escolher também”, afirma Cecília, que, ao lado de Alfredo, selecionou o produto para enviar ao concurso deste ano. “Você faz a catação e pensa que já está bom, então deixa descansar e, quando volta, encontra mais cafés que podem ser retirados para que fique realmente com qualidade”, analisa.

Já Maria da Graça e Luiz Bertolini moram em outro bairro, mas dividem com os Mengali a descendência italiana. O casal aposta na tecnologia para levar à frente os cuidados com a lavoura que hoje é tocada pelos filhos Marcos e Daniel. “Eu continuo nos trabalhos de secagem, mas, desde que utilizo a moto para rodar o café, consegui economizar um bom tempo”, conta Maria. Já Luiz é conhecido por outra característica marcante nas pequenas localidades: a fé. O produtor faz muitas orações na igreja próxima e na produção cafeeira não é diferente: “A boa safra que tivemos no ano passado foi uma bênção”, conta.

 Maria de Lourdes sempre incentivou a Associação e, assim que teve a oportunidade, passou a participar ativamente dos trabalhos ao lado do marido, Adalto

Maria de Lourdes sempre incentivou a Associação e, assim que teve a oportunidade, passou a participar ativamente dos trabalhos ao lado do marido, Adalto.

Terra própria No meio do Bairro Mombuca, Maria de Lourdes Cunha de Oliveira e Adalto Batista de Oliveira viveram a conquista de seu primeiro sítio. O casal tem cinco filhos. Dois moram no Sítio Recanto do Sonho e auxiliam a família no dia a dia da produção.

A família decidiu guardar seus investimentos para adquirir uma terra para chamar de sua. “Quando nos mudamos, o Adalto disse que ia deixar o café de lado e comprar umas vaquinhas. Não passou nem um mês e começamos a cultivar um talhão de novo. Nunca vi amar tanto o café”, conta Lourdes.

A produtora lembra que no início da Aprod já acreditava no potencial da iniciativa. “Na primeira reunião eu não entrei, porque só havia homens. Mas o Adalto queria desistir e eu briguei com ele para comparecer”, conta ela, que participa ativamente do Grupo de Mulheres.

As mudanças refletiram na produção e em 2015 o café do Sítio Recanto do Sonho alcançou 84,13 pontos no concurso local. O terreiro fica aos cuidados de Lourdes, que observa a boa carga de flores na lavoura e acredita: “Quanto mais você aprende, melhor o café é”.

Ficha técnica

Fazendas visitadas Sítio Gruta São Francisco, Sítio Laranjal, Sítio São Luiz, Sítio Recanto do Sonho Localização Divinolândia (SP) Região Mogiana Altitude média 1.300 metros Colheita manual Processamento natural Secagem terreiro de cimento e secador mecânico

(Texto originalmente publicado na edição impressa da Revista Espresso – única publicação brasileira especializada em café. Receba em casa. Para saber como assinar, clique aqui).

TEXTO Thais Fernandes • FOTO Lucas Albin / Agência Ophelia

Mercado

Apps

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Ferramentas que prometem te ajudar no preparo e na degustação do café:

1. Angels Cup
O app permite provar quatro amostras distintas de café simples, sem saber a marca nem a região, e comparar as notas dadas por você e por roasters (profissionais da torra de café) para tentar adivinhar sua origem. A experiência de degustação desenvolve a prática para conhecer diversos sabores da bebida.
Mais informações angelscup.com

2. Aeropress Timer
É uma ótima companhia para a aeropress. O app permite explorar a versatilidade do equipamento, com um passo a passo cuidadoso de receitas. Dois diferentes pacotes dão acesso a preparos extras, com nove apresentados no Campeonato Mundial de Aeropress 2014 e outros sete de algumas das melhores torrefações do mundo.
Mais informações aeropresstimer.com

3. SPRO
O app pretende ser um guia para a xícara perfeita, seja para você que é novo no mundo do café, seja para um coffee lover veterano. Por meio de instruções passo a passo de catorze bebidas essenciais à base de espresso, como cappuccino, latte, macchiato, flat white, entre outras, o software apresenta também a história e a pronúncia de cada drinque.
Mais informações
www.sproapp.com

4. Guia de Cafeterias
O Guia de Cafeterias do Brasil (Café Editora) tem a sua versão digital. O app apresenta mais de 230 lugares em oitenta cidades brasileiras, além de conteúdo completo com Top 20 Cafeterias, lista de Cafeterias Revelação e todas as informações que você precisa para escolher qual espaço visitar. Para facilitar a vida dos apreciadores de café, o guia digital traz a opção da busca por proximidade ou avaliação. É possível checar também os diferentes métodos de preparo de café oferecidos pelo estabelecimento. O aplicativo está disponível para os sistemas Android e iOS, no valor de US$ 0,99 nas lojas on-line.
Mais informações www.guiadecafeterias.com.br/app

(Texto originalmente publicado na edição impressa da Revista Espresso – única publicação brasileira especializada em café. Receba em casa. Para saber como assinar, clique aqui).

TEXTO da Redação • FOTO Divulgação

Barista

Copa Barista será realizada na Semana Internacional do Café, em BH

Arte alusiva às logomarcas usadas nos quatro anos da Copa Barista

Arte alusiva às artes usadas nos quatro anos da Copa Barista.

Depois de cinco anos, a Copa Barista está de volta! A Semana Internacional do Café comunicou hoje que sediará, de 21 a 23 de setembro, pela primeira vez em Belo Horizonte (MG), o tradicional duelo entre baristas que foi realizado entre os anos de 2008 e 2011, no Espaço Café Brasil, em São Paulo (SP), e que já teve como campeões os baristas Leonardo Moço (2008 e 2010), Eder Ferreira (2009) e Lucas Salomão (2011).

A Copa Barista premia os melhores colocados na preparação de espressos, cappuccinos e cafés filtrados e tem como objetivo valorizar o profissional que prepara o café, mostrar aos visitantes do evento a importância e a habilidade do barista, promover a educação por meio da competição entre profissionais dando-lhes projeção nacional. A competição coloca frente a frente dois baristas, em chaves eliminatórias, e os profissionais recebem as notas dos juízes logo após o término da apresentação, o que faz o torneio ser bem emocionante. Os profissionais que passam as próximas fases, enfrentam-sem em chaves, até a grande final, que será realizada no dia 23 de setembro.

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A decisão pela realização da Copa Barista foi tomada após a informação recente comunicada pela Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA) e a Associação Brasileira de Café e Barista (ACBB) da impossibilidade de realização do Campeonato Nacional de Barista, do Campeonato de Preparo de Café (Brewers) e do Campeonato de Prova de Café (Cup Tasters) durante a Semana Internacional do Café.

Os realizadores da SIC optaram por realizar a Copa Barista para dar a oportunidade dos profissionais poderem participar de um campeonato e manter a tradição do evento que, há onze anos, realiza competições destinadas aos baristas.

As regras e as inscrições serão informadas em breve no site oficial do evento e nas redes sociais. Mais informações: www.semanainternacionaldocafe.com.br

TEXTO Redação • FOTO Divulgação

Café & Preparos

O que é Trifecta?

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É uma máquina para extração personalizada de café filtrado desenvolvida pela Bunn. Pode até parecer uma máquina de café espresso, mas está longe de ser uma, pois funciona por meio de basicamente três etapas: enchimento de água (com controlador automático de pausas e pressão); extração (o ar é injetado em uma câmara pressurizada para agitar o pó de café e criar uma extração uniforme e sabores especí cos) e hidrólise (o ar pressiona a bebida por meio de uma tela de metal para filtrar o borra de café, ao mesmo tempo preservando os óleos essenciais e aromas).

Fontes: www.bunnathome.com e www.coffeegeek.com

(Texto originalmente publicado na edição impressa da Revista Espresso – única publicação brasileira especializada em café. Receba em casa. Para saber como assinar, clique aqui).

TEXTO da Redação • ILUSTRAÇÃO Luciano Veronezi

Cafezal

Caparaó recebe seminário sobre Indicação Geográfica de Cafés

Alto Caparaó

O evento, que começa hoje, apresentará a indicação geográfica como estratégia para o desenvolvimento da cafeicultura, que é a principal atividade agrícola com 40% de participação no Estado do Espírito Santo.

Quem promove o Seminário de Indicação Geográfica de Cafés é o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Espírito Santo (Sebrae ES),  uma iniciativa do Projeto de Cafés Especiais do Sebrae ES.

O evento será realizado no município de Dores do Rio Preto voltado aos produtores de café, parceiros da cafeicultura e líderes das regiões das origens de cafés no Estado.

De acordo com o diretor de atendimento do Sebrae ES, Ruy Dias de Souza, o objetivo do Seminário é criar um ambiente favorável para a promoção dos cafés no Espírito Santo. “O evento busca mostrar as tendências nacionais e internacionais do produto. Além de identificar e valorizar as origens de produção. O objetivo é agregar maior valor aos cafés de qualidade produzidos no Estado”.

Com as palestras “Apresentação das Regiões de Origens do Café do ES”, “Indicação Geográfica como estratégia para o Desenvolvimento Regional” e “Experiência da Indicação de Procedência do Café de Alta Mogiana” o Seminário busca levar ao público de produtores, na sua maioria, conhecimento técnico especializado. Além disso, haverá um debate, momento em que os participantes poderão levantar questões e tirar suas dúvidas.

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O palestrante Gabriel Fabres Beliqui do Instituto Inovates acredita que “o objetivo é demonstrar os benefícios da Indicação Geográfica (IG) para o café e dar o panorama das regiões produtoras no Espírito Santo. A palestra mostra o potencial de se estruturar estas Indicações Geográficas em nosso estado”.

A região do Caparaó vem buscando conquistar a Indicação Geográfica e contempla em torno de 13 munícipios produtores de café, nos Estados de Minas Gerais e Espírito Santo, a maioria deles com pequenos produtores.

Serviço
Seminário de Indicação Geográfica dos Cafés do ES
Data: 27 de julho de 2016, das 8h30 às 15h
Local: Pousada Macieira, Pedra Menina – Dores do Rio Preto
Inscrições: No local do evento

TEXTO Da redação • FOTO Alexia Santii/Agência Ophelia e Divulgação A Cafeteria (Sítio Santa Rita)

Da arte de admitir um erro

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Não sei que horas são neste exato momento em que você lê este texto. Mas posso apostar uma coisa: você já cometeu algum erro hoje. (A menos, claro, que você não seja um ser humano.)

Sim, você errou. Eu também errei. Nós erramos. E daí?

Há erros e erros, bem sei. Alugar um filme que já assistimos por engano, colocar açúcar no lugar do sal e acabar com o prato principal, e virar à direita mesmo com o GPS apitando que era à esquerda, por exemplo, são erros pequenos.

Mas acho que um erro coletivo dos seres humanos é fingir que não erram – ou não admitir o erro, o que dá quase na mesma.

Não estou falando aqui de erros grandes (Nosso aniversário de casamento era hoje? Putz), mas dos pequenos. Se pisamos no pé de outra pessoa, se esquecemos o aniversário de uma pessoa querida, se esquecemos de devolver o CD que ela pediu… Em vez de simplesmente pedirmos desculpas, quantas voltas damos para que não percebam que houve um erro?

“Não esqueci do teu aniversário… Meu celular estava sem crédito!” (Culpa do coitado do objeto.)

“Olha, eu ia chegar na hora, mas o trânsito, viu, nunca imaginei que ia ter trânsito assim em São Paulo!” (Culpa da cidade em que se mora há anos e que, pelo visto, ainda não se conhece.)

“Não, não fui mal-educado. É o meu jeito: sou sincero, autêntico. As pessoas é que não me entendem.” (Culpa do universo. Está todo mundo errado, menos eu.)

Tem também a tática de tentar se transformar de “sujeito que pratica a ação” em “sujeito que sofre a ação” (método eternizado pelo filósofo Homer Simpson e sua frase “a culpa é minha e eu a coloco em quem quiser!”).

“Eu ia te devolver, mas a faxineira arrumou a casa e sei lá onde ela enfiou. Semana que vem eu pergunto para ela e te entrego.” (Culpa da coitada da faxineira.)

“Olha, vou ser sincero: não perdi o seu chaveiro. Ele que desapareceu.” (Culpa de forças ocultas – teoria da conspiração?)

“Te acordei? Mas você também dorme até tarde, hein?” (Culpa sua! Quem mandou dormir até a hora que quer?)

E, claro, se o pior cego é aquele que não quer ver, o pior mentiroso é o que finge que acredita nas próprias desculpas.

“Eu ia à academia. Aí lembrei de uma coisa importante e fiquei em casa.” (É…)

“Segunda, ah! Segunda eu começo a dieta.” (É…)

“Só mais cinco minutos. Aí desligo a TV e vou trabalhar.” (É…)

Acho que deveríamos perder a vergonha de errar. Já perdemos a vergonha de tanta coisa muito pior: de ser egoístas no trânsito; de esquecer em quem votamos; de chegar meia hora atrasados para o que quer que seja. Por que não perder o medo de errar?

Isso não quer dizer, claro, desencanar completamente e chutar o pau da barraca… Apenas, talvez, tentar evitar que o primeiro erro (inevitável – afinal, somos humanos) vire um segundo (a mentira).

Este texto inteiro, claro, pode ter sido um erro. Se foi, você me desculpa?

(Texto originalmente publicado na edição impressa da Revista Espresso – única publicação brasileira especializada em café. Receba em casa. Para saber como assinar, clique aqui).

TEXTO Pedro Cirne • ILUSTRAÇÃO Eduardo Nunes