Cafezal

Campeonato Brasileiro de Cup Tasters começa hoje em Varginha (MG)

O campeão brasileiro irá disputar a final em Genebra, Suíça, em junho de 2025

O Campeonato Brasileiro de Cup Tasters começa hoje (25) e vai até 27 de novembro no Centro de Excelência em Cafeicultura (Senar), em Varginha, Sul de Minas. O provador brasileiro campeão vai representar o país no mundial de 2025, que acontece entre 26 e 28 de junho, durante o World of Coffee de Genebra, na Suíça. 

Dionatan Almeida, atual campeão mundial, está como juiz principal da competição brasileira, que conta com 40 participantes. O campeonato avalia a habilidade dos provadores em distinguir diferentes cafés por meio de degustações às cegas, no menor tempo possível.  Cada competidor tem oito minutos para separar a xícara diferente em uma sequência de oito trincas de cafés. 

O brasileiro Dionatan Almeida na competição mundial de Cup Tasters

O evento faz parte das ações do projeto “Brazil. The Coffee Nation”, desenvolvido pela BSCA em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil). A competição está sendo transmitida ao vivo pela BSCA (@bsca_specialtycoffee).

O evento é gratuito e a grande final acontece no dia 27, às 18h30.

Saiba mais

Em 2023, o campeonato aconteceu de 22 a 24 de setembro. Dionatan Antunes de Almeida, provador das Fazendas Caxambu e Aracaçu, de Três Pontas (MG), sagrou-se campeão brasileiro ao superar 39 concorrentes, além de conquistar o título inédito para o Brasil ao vencer provadores de 33 países no Campeonato Mundial de Cup Tasters em abril deste ano, durante a Specialty Coffee Expo, em Chicago, EUA. Seu tempo para identificar corretamente as oito xícaras propostas foi de 2 minutos e 19 segundos, superando por 10 segundos a segunda colocada, a alemã Aurore Ceretta.

TEXTO Redação • FOTO Divulgação

Cafezal

Cafés da Fazenda Sertãozinho vencem as três categorias do 4º Concurso do Terroir Vulcânico

A Fazenda Sertãozinho foi o destaque do 4º Concurso do Terroir Vulcânico, que premiou os melhores cafeicultores da região no último sábado (9), em Botelhos (MG). A fazenda, propriedade da Orfeu Cafés Especiais, levou o primeiro lugar nas três categorias premiadas: natural, cereja descascado e fermentado – esta última, novidade da edição. 

Ao todo foram 12 municípios participantes e 65 amostras finalistas. “Este ano, a qualidade foi superior”, aponta Ulisses Oliveira, diretor-executivo da Associação de Produtores do Café da Região Vulcânica. “O concurso agrega para o produtor, abre mercado. Eles têm reconhecimento pelo trabalho feito”, afirma. 

Na categoria natural, a Fazenda Sertãozinho, de Botelhos, levou a melhor com um café de 89,5 pontos. Já nas categorias cereja descascado e fermentado, os cafés da propriedade obtiveram 86 e 87 pontos, respectivamente. 

Homero Teixeira, da Fazenda Recreio, do Vale da Grama, foi o segundo colocado na categoria natural, com um café de 87,75 pontos. Ele foi seguido por Luiz Augusto Dezena, da Fazenda Santa Maria, em Águas da Prata, que alcançou 87,25 pontos.

Quanto ao cereja descascado, o segundo e o terceiro lugares foram para o Vale da Grama, com o produtor Arnaldo Alves Vieira, da Fazenda Baobá, que pontuou 85,15 no seu café, e com a produtora Patrícia Guerra, cujo grão registrou 84,85 pontos.

Já na nova categoria fermentado, a Fazenda Baobá também levou a segunda colocação com grãos de 86,5 pontos, seguida por Eliandro Zanetti, da Agripoços (Vale da Grama), com 85,5 pontos.

TEXTO Redação • FOTO Agência Ophelia

Cafeteria & Afins

Aizomê Café mescla influências japonesas e brasileiras em cardápio na Japan House São Paulo

O Japão é um importante país consumidor de café. Além de ser berço de grandes referências de extração, como a hario v60 e a kalita, também está entre os dez maiores importadores de café do mundo. Quando o assunto é a produção brasileira, o país asiático é o quinto principal destino dos nossos grãos, responsável pela compra de 1,633 milhão de sacas entre janeiro e setembro deste ano, de acordo com o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé).

Em São Paulo (SP), a chef Telma Shiraishi conecta as duas culturas no cardápio do Aizomê Café, na Japan House, e num ambiente que oferece uma imersão no cotidiano nipônico, com detalhes de literatura e moda, por exemplo. A Espresso foi convidada para conhecer a cafeteria e provar este interessante mix no cardápio. 

Importante elemento no menu – e o nosso principal interesse –, o café escolhido para ser servido na casa é do produtor Tomio Fukuda, que cultiva o fruto desde 1984 na Fazenda Baú, em Patos de Minas (MG). Com torra feita pela própria Baú, as opções no Aizomê são as variedades catuaí vermelho, bourbon vermelho e santa rosa, preparadas no espresso ou na v60. 

Em nossa visita, guiada pelos baristas Joel Sanka e Willian Matsuguma, escolhemos o catuaí vermelho no espresso (R$ 10), que entregou uma bebida de corpo médio, acidez alta, doçura equilibrada e com notas frutadas. Além dele, pedimos o santa rosa no filtrado na v60 (R$ 22), que estava bem extraído, suave e equilibrado, e foi servido em uma xícara que, apesar de não ter alça, estava em uma temperatura confortável para segurar.

Nosso pedido: bolo floresta verde, karepan, porção de moochese, café filtrado, espresso e drinque Midori Fizz

Para acompanhar os cafés, pedimos uma mescla perfeita entre a cultura brasileira e a japonesa: o “mocheese” (R$ 15), uma porção de minipães de queijo feitos com mochi (arroz glutinoso) e queijo canastra. O único defeito é não vir em um balde para comer de monte. Escolhemos também o karepan (R$ 18), um pãozinho frito recheado com carne e legumes ao curry. Apesar de frito, não é nada pesado e tem sabor delicado. Uma boa escolha para comer à tarde.

Ainda provando a combinação de influências, escolhemos o bolo floresta verde (R$ 29). Com inspiração no clássico floresta negra (um ícone dos anos 1980 nas confeitarias paulistanas), leva matchá na massa, ganache de chocolate branco, cereja amarena e cranberries marinadas no umeshu (licor de ameixa japonesa). Doce na medida certa, carrega um equilíbrio perfeito entre os ingredientes, e harmoniza muito bem com os cafés que pedimos.

Um dos pontos altos da casa no dia de nossa visita é o drinque autoral Midori Fizz (R$ 29). Feito com limão siciliano, xarope de açúcar, água tônica, matchá e folha de shisô (que lembra hortelã), a bebida gelada é refrescante e equilibrada – dá vontade de tomar litros e litros. 

Para finalizar nossa visita, o barista Willian Matsuguma preparou um matcha latte (R$ 20). O desenho de cavalo marinho, que ele disse estar treinando atualmente, rende uma bela foto no Instagram. Além disso, a combinação delicada entre o matcha e o leite torna o matcha latte uma bebida confortável, principalmente nos dias frios. Há, também, opção de leite de aveia.

Desenho de cavalo marinho desenhado no matcha latte, feito pelo barista Willian Matsuguma

Para quem passa pela avenida Paulista e busca uma boa experiência gastronômica, vale a pena a parada na Japan House e no Aizomê Café. É uma imersão, literalmente, deliciosa na cultura japonesa. 

Informações sobre a Cafeteria

Endereço Avenida Paulista, 52 Térreo
Bairro Bela Vista
Cidade São Paulo
Estado São Paulo
País Brasil
Website http://www.instagram.com/aizomerestaurante
Telefone (11) 2222-1176
Horário de Atendimento De terça a sexta, das 10h às 18h; Sábado, domingo e feriados, das 10h às 19h
TEXTO Gabriela Kaneto • FOTO Gabriela Kaneto

Cafeteria & Afins

Comandada pelo Fitó, cafeteria do Pina Estação traz opções de cafés especiais

Conhecido no mundo da gastronomia da capital paulista, o restaurante Fitó é o novo responsável pela cafeteria do Pina Estação, um dos edifícios da Pinacoteca de São Paulo, também localizado na região central, próximo à estação da Luz.  Agora, além de conferir as exposições artísticas do Museu, os frequentadores podem apreciar uma boa xícara de café especial. 

Foto: Divulgação

Com curadoria da cafeteria paulistana Pato Rei, a casa conta atualmente com duas opções de grãos: um de processamento natural, de perfil chocolate e caramelo, produzido pela Fazenda Morro Arto, do Grupo Eldorado, em Ibiraci (MG), e um fermentado, com notas mais exóticas de maracujá, cultivado pela Fazenda Jaguara, em São João Del Rey (MG). Ambos estão disponíveis no espresso, enquanto que o cold brew e o filtrado (batch brew) são preparados com o natural. Há, também, opções com leite animal ou vegetal (Nude), como latte, cappuccino e cortado.

Para comer, o Fitó Estação traz opções rápidas, como pão de queijo, misto quente, queijo quente (com ou sem cebola caramelizada), bolos de laranja e cenoura, e brigadeiro. Vale ressaltar que todas as comidinhas e bebidas prontas, como o cold brew e os chás, são preparadas na cozinha do restaurante Fitó. 

A Espresso visitou a cafeteria e nossa pedida foi o bolo de cenoura com cobertura de ganache de chocolate branco e raspas de limão, finalizado com uma calda de cenoura com lavanda. Além de visualmente bonito, harmonizou muito bem com o espresso feito com o café fermentado. “Nosso desafio é manter a identidade do Fitó, mas se adaptando aos espaços”, contou Renata Adoracion, líder de bar do Fitó.

Bolo de cenoura com ganache de chocolate branco, café filtrado e chai

A equipe também experimentou o filtrado, que é um café sem erro para quem quer uma bebida mais básica, o latte, feito de café, leite vegetal e xarope de especiarias brasileiras (cumaru, amburana, pimenta da Jamaica, canela, cravo da Índia e puxuri) e o chá de hibisco com cumaru, opção refrescante para os dias quentes.

Nossa última parada foi na unidade do restaurante Fitó que está localizada no prédio Pina Contemporânea, no parque ao lado da Pinacoteca. O espaço, agradável, tem decoração moderna e mesas do lado de dentro e na varanda. O atendimento inclusivo foi um ponto positivo em nossa passagem.

Aqui, almoçamos o Baião da Pina (arroz e feijão de corda cozidos, carne de sol feita pelo Fitó, queijo coalho, moranga assada com melaço e cheiro verde) e o PF com milanesa de carne, composto também por purê de cará, vinagrete de feijão fradinho e folhas verdes. Finalizamos a visita com uma fatia de bolo de chocolate coberto com paçoca de amendoim, um pudim de pão artesanal com especiarias e ameixa em calda e um espresso martini, que leva vodca, caramelo salgado de café (produzido na cozinha do Fitó à partir do café filtrado da cafeteria) e ristretto.

Para quem for conferir de perto as exposições dos prédios da Pinacoteca, vale a pena estender a visita para as unidades do Fitó – que, inclusive, irá inaugurar mais uma na própria Pinacoteca, em dezembro.

Informações sobre a Cafeteria

Endereço Largo General Osório, 66
Bairro Santa Ifigênia
Cidade São Paulo
Estado São Paulo
País Brasil
Website http://www.instagram.com/fitocozinha/
Horário de Atendimento De quarta a segunda, das 10h às 17h30
TEXTO Gabriela Kaneto • FOTO Letícia Souza

A capital latina dos cafés especiais

Se alguém contasse que a capital mais apaixonada por cafés especiais fica em um país que não planta café, você acreditaria? Claro, pois os primeiros palpites que vêm à mente poderiam ser, facilmente, Berlim, Amsterdã ou Viena, por exemplo. Mas, e se alguém dissesse que até mesmo entre países latinoamericanos esta lógica se repete? Dependendo dos quesitos considerados, a resposta é evidente: Buenos Aires é a capital latina dos cafés especiais.

Apesar da crise persistente e do descontrole inflacionário na Argentina, a capital do país assistiu, nos últimos anos, ao crescimento exponencial de estabelecimentos oferecendo grãos especiais. Esta coluna foi, então, conversar com baristas, clientes e donos de cafés para entender o fenômeno bonaerense, saber quais lições poderiam ser aplicadas ao Brasil e entender por que, apesar de tantas dificuldades econômicas, o café especial é mais respeitado na capital argentina do que nas grandes cidades brasileiras.

Antes de mais nada, é importante quebrar o primeiro preconceito relacionado ao consumo de café pelos argentinos: a suposta rivalidade com o mate. Café não é mate. Apesar das semelhanças, o consumo de mate muito raramente é feito em estabelecimentos comerciais. 

Existe uma diferença enorme entre pessoas se encontrarem para tomar mate e irem a um estabelecimento consumir mate. Além disso, o consumo do mate se dá em momentos específicos – antes do café da manhã, geralmente, ou no meio da manhã ou da tarde, quando as pessoas estão trabalhando ou estudando. Consome-se mate, também, no tempo livre, para contatos sociais, para compartilhar algum assunto. Por fim, a variedade de métodos de preparo de café, de origens dos grãos e de experiências oferecidas pelas cafeterias, diferem largamente da cultura do mate. 

Ao olhar para os indicadores econômicos e sociais, fica clara a vantagem da capital argentina em relação às outras no quesito educação. Com um ensino público acessível e de qualidade, as universidades locais recebem estudantes de vários países da América Latina, inclusive do Brasil. Pelo fato de ter um dos mais altos índices de IDH entre esses países, aconteceu em Buenos Aires o que geralmente ocorre em mercados com consumidores e mão de obra qualificados: os argentinos souberam, rapidamente, entender a importância da valorização da qualidade do produto. Mas, principalmente, aprenderam a identificar e consumir um produto de qualidade superior.

A capital argentina tem, hoje, dezenas de cafés relativamente bem espalhados pela cidade. A proporção é maior nas áreas de escritórios no centro da cidade, nas zonas ultra-turísticas de Palermo e Recoleta, e nas zonas residenciais, como Colegiales, Belgrano, Núñez e Chacarita. 

Foi justamente nesta última que o contexto dos cafés especiais começou a mudar. Cansados das hordas de turistas, dos preços surreais e da alta concorrência, muitos donos de bares e cafés deixaram Palermo e migraram um pouco mais para o oeste, para o bairro vizinho de Chacarita. O bairro, tradicionalmente de classe média, foi tomado pelos hipsters, pela gentrificação, e, claro, pelas torrefações de café de qualidade.

É evidente a influência dos bares de Palermo quando se visitam as cafeterias de Chacarita. Muitas delas parecem cervejarias artesanais, com música alta e ambiente alternativo, servindo diferentes métodos de preparo e uma ampla variedade de origem dos grãos. Mas existem, ainda, outros estilos de cafeterias que agregaram o café especial a um ambiente mais calmo, onde se pode ler, trabalhar e levar as crianças.

Por outro lado, até mesmo as redes tradicionais de café incorporaram elementos da quarta onda, ao trazerem informações detalhadas sobre a origem, o beneficiamento e o perfil da xícara – embora essas ofertas limitem-se apenas ao método espresso, e com grãos similares ou um pouco melhores dos oferecidos pelas redes comerciais brasileiras. 

É importante destacar que nestas cafeterias não se serve mate. As raras pessoas que são vistas tomando a bebida por ali já trazem tudo de casa ou pedem apenas água quente ao estabelecimento, que geralmente oferece sem custos, desde que o cliente esteja consumindo alguma coisa no local.

O sucesso também se deve ao apelo ao público jovem, que frequenta as cafeterias tanto como consumidores, quanto como baristas. Muitos destes jovens argentinos são estudantes universitários, mas há, também, a participação de imigrantes colombianos, venezuelanos e peruanos. O café especial ajuda estes imigrantes a se sentirem conectados aos seus países de origem, e também os valoriza pelos seus conhecimentos, já que muitos têm uma relação prévia com o café.

É evidente também que Buenos Aires e os argentinos tem um espírito ‘de rua’, de desfrutar a cidade e consumir algo fora de casa – seja para tomar ou comer algo entre amigos ou com parceiros. Em tempos de crise, sair para tomar um café acaba sendo muito mais econômico do que sair para jantar ou almoçar. Então, o café especial torna-se a alternativa viável para que o hábito de se conectar com pessoas queridas fora de casa não se perca.

Todos sabem das conquistas recentes do futebol argentino e da sua superioridade em relação à seleção brasileira. E todos conhecem a situação econômica e social do país nos últimos anos. Ou seja, os argentinos sabem fazer mais com menos recursos. Talvez o início da solução para nós, brasileiros, seja a humildade de aprender com eles e a maturidade de deixar de lado picuinhas nacionalistas infantis. Também vale revisitar ideias antigas como a de investimento em educação e integração de populações estrangeiras, bem como o hábito de chamar pessoas queridas para tomar um bom café.

Gustavo Magalhães Paiva é formado em relações internacionais pela Universidade de Genebra e é mestre em economia agroalimentar. Atualmente, é consultor das Nações Unidas para café.

TEXTO Gustavo Paiva

Cafeteria & Afins

Coffee Lab abre segunda unidade em Pinheiros, na capital paulista

No último fim de semana, a cidade de São Paulo ganhou mais um importante ponto para tomar uma boa xícara. Popular na cena de cafés especiais por seus cursos, o Coffee Lab, que conta com cafeteria em operação desde 2009 na Vila Madalena, abriu a segunda unidade no movimentado Largo da Batata, em Pinheiros. E é claro que a Espresso foi conhecer o lugar.

Instalada em uma espécie de galpão, a casa tem estilo rústico, com piso de cimento industrial, paredes de tijolos à vista e trilhos de iluminação. Poltronas, sofás, mesas com cadeiras e balcões com bancos mesclam-se em diferentes ambientes, sempre acompanhados de tomadas para carregar celulares ou plugar notebooks. De qualquer lugar é possível ver a sala de cursos, que é aberta e exibe um torrador. O foco da nova unidade é ser apenas cafeteria e escola, enquanto que a operação de torrefação continua no sobrado da Vila Madalena.

Sentamos no sofá e abrimos o cardápio, cuja grande estrela é o café – prova disso é a cozinha enxuta, que não prepara comidinhas no local. No dia da visita, eram quatro as opções de microlotes que podiam ser preparados na aeropress, cultivados no Espírito Santo e em Minas Gerais. 

Nossa pedida foi o topázio natural do produtor Tomio Fukuda, da Fazenda Baú, de Patos de Minas (MG), e o catuaí vermelho do cafeicultor Rodrigo Mazzoco, um cereja descascado do Sítio Mazzoco, em Vargem Alta (ES). As xícaras foram preparadas na própria mesa pelo barista da casa. O primeiro apresentou notas de frutas secas, frutas vermelhas e melaço de cana, enquanto o segundo tinha sensorial de flor de café, frutas vermelhas e bergamota. Espresso, bebidas com leite e coados disponíveis na Bunn (refil para quem vai passar mais tempo no local) também são opções.

Para acompanhar, fomos de pão orgânico na chapa com manteiga, uma boa pedida para começar o dia, e o sanduíche de carne, servido frio (essa informação não está especificada no cardápio, o que causa certa estranheza). O lanche é feito de pão de forma recheado com carne desfiada cozida em molho de café, cenoura em cubos e ervilha. A carne e o molho combinam bem, e dispensam os vegetais. Experimentamos também o bolo fofo de leitinho da vovó (creme de baunilha), molhadinho e geladinho na medida certa e bom companheiro dos cafés. 

O menu segue o da matriz: tostex com pão orgânico e queijo, bolinho de queijo (com manteiga ou doce de leite), sanduíche de homus, brigadeiro de café, sagu de café (com creme de baunilha), arroz doce (que pode ser de leitinho da vovó ou de creme de café), bolo de milho, sorvete de café, affogato e rosquinha de pinga são outras opções do menu.

Assim como a recepção dinâmica e didática para visitantes de primeira viagem: a experiência com cafés, que tem como objetivo ensinar que o mesmo grão pode se comportar de maneiras diferentes dependendo do recipiente em que é servido. Para isso, o barista preparou dois espressos do mesmo blend* de grãos e na mesma proporção, porém servidos em copos americanos de 45 e 190 ml. 

O resultado, comprovamos, são duas bebidas distintas. No copo maior, a acidez é destacada no café de corpo médio, notas frutadas e finalização curta. Já no copo pequeno, o espresso é encorpado, mais intenso e mais longo, com notas fechadas que remetem a castanhas.

Na nova unidade do Coffee Lab, bonita, agradável e aconchegante, os cafés continuam a se destacar pela alta qualidade e ótimo atendimento, pontos que já compensam a visita. A água da casa, vale pontuar, é gratuita e pode ser consumida à vontade.

*O blend utilizado nos espressos da experiência é composto por dois cafés cereja descascado capixabas: o catuaí 81 vermelho do produtor Elzio Sartori, do Sítio Raio de Luz (Castelo) e o catucaí 2SL de Sidney Grunewald, do Sítio Grunewald (Tarana).

Informações sobre a Cafeteria

Endereço Rua Fernão Dias, 682
Bairro Pinheiros
Cidade São Paulo
Estado São Paulo
País Brasil
Website http://www.instagram.com/coffeelab_br
Horário de Atendimento Todos os dias, das 9h às 18h
TEXTO Gabriela Kaneto • FOTO Letícia Souza

Mercado

Design e tecnologia do espresso ganha exposição no Museu do Café

Mostra internacional temporária apresenta evolução das máquinas de italianas e sua conexão com a imigração no Brasil

A partir de 1º de outubro, o Museu do Café, em Santos, recebe a exposição “Passione italiana: l’arte dell’espresso”, que celebra o design e a inovação das icônicas máquinas de café espresso italianas. A mostra, organizada pela IMF Foundation e pelo EP Studio, traz 60 máquinas de café para uso doméstico e profissional, além de xícaras e utensílios, destacando a relevância da cultura do café na Itália e sua ligação histórica com o Brasil.

Com curadoria de Elisabetta Pisu, a exposição tem duas vertentes principais: a evolução técnica das máquinas e a dimensão cultural do café, que vai além da bebida. Equipamentos históricos, como o Snider Insuperabile (1920) e a Gaggia Tipo Spagna, que revolucionou o espresso ao criar a famosa camada de crema, são destaques. As peças fazem parte do acervo do Museu MUMAC, de Milão.

O vínculo entre Brasil e Itália também ganha protagonismo. A imigração italiana, que completou 150 anos em 2024, foi essencial para o desenvolvimento da cafeicultura no Brasil. “O café se tornou um elo permanente entre as duas culturas”, afirma Domenico Fornara, cônsul-geral da Itália em São Paulo, referindo-se ao milhão e meio de italianos que desembarcaram em território brasileiro a partir de 1870. 

A exposição, que vai até 4 de fevereiro de 2025, segue depois para o Museu da Imigração, em São Paulo.

Serviço
Passione italiana: l’arte dell’espresso
Onde: Museu do Café (rua XV de Novembro, 95 – Centro Histórico – Santos (SP)
Tel.: (13) 3213-1750) | não há estacionamento
Quando: até 4/2/2025 | ter. a sáb., das 9h às 18h; dom., das 10h às 18h
Quanto: R$ 16 e R$ 8 (meia-entrada);  grátis aos sábados e, todos os dias, para crianças até 7 anos

TEXTO Redação • FOTO Divulgação

Mercado

3ª edição do São Paulo Coffee Festival traz palestras e workshops com especialistas

A 3ª edição do São Paulo Coffee Festival tem aulas e workshops de dar água na boca, além de um público maior. O evento, que acontece nos dois pisos da Bienal de São Paulo entre sexta (21) e domingo (23), deve reunir mais de 15 mil pessoas para assistir, entre outras atrações, painéis, aulas e degustações em que o café especial é protagonista. 

Seguindo o formato original – criado em Londres há mais de dez anos –, há espaços específicos e gratuitos para a bebida, como o Latte Art ao Vivo, onde baristas apresentam ao público técnicas de vaporização e desenhos com leite. Entre as atrações estão o campeão mundial de barista, o brasileiro Boram Um, e os campeões brasileiros Daniel Vaz e Emerson Nascimento.

Importantes nomes do universo do café comandam discussões interativas no O Laboratório, também aberto a quem estiver passeando pelo festival. Há desde bate-papos com os criadores dos métodos Bruta, Pressca e Aram, como com grandes indústrias e redes de cafeterias, como Orfeu Cafés Especiais, 3corações e The Coffee. Conversas sobre as diferenças entre as espécies arábica e canéfora, com os produtores Paula Paiva (Fazenda Recanto, MG) e Lucas Venturim (Fazenda Venturim, ES), e uma conversa sobre terroirs no vinho, no café e no cacau, com Tuta Aquino (Chocolates Baianí – SP), Ariel Kogan (Tão Longe, Tão Perto – SP), e Thiago Furlaneto (Federação do Cerrado Mineiro – MG) engordam a programação.

Outro destaque é o Sensory Experience, que acontece em duas salas,  cada uma delas para até 15 pessoas. Temas como sons do café e aromas, respectivamente explorados por Ana Argenta (Argenta Cafés) e a especialista em cafés Letícia Paiva, além de uma degustação de cafés diferentões do IAC (Instituto Agronômico de Campinas), com o pesquisador da instituição Gerson Giomo, e de grãos fermentados, com a mestre de torra Silvia Magalhães (SM Cafés – SP), enriquecem a experiência sensorial de baristas e interessados. Outros ingredientes aliados do café – como o leite de aveia, apresentado por Pedro Lisboa (Nude – SP), e o drinque Espresso Martini, a cargo de Marco De la Roche (Mixology News – SP) – também estarão em cena. 

Os ingressos, disponíveis na plataforma Ticket360, custam R$ 80 (diário), R$ 160 (passaporte três dias) e R$ 170 (VIP diário). 

Serviço
São Paulo Coffee Festival 2024
Quando: 21, 22 e 23 de junho
Horário: das 14h às 21h (sexta) e das 10h às 18h (sábado e domingo)
Onde: Fundação Bienal de São Paulo (Av. Pedro Álvares Cabral, s/n – Vila Mariana, São Paulo – SP)
Mais informações: www.saopaulocoffeefestival.com.br 

TEXTO Redação • FOTO Agência Ophelia

Barista

Inscrições para a 8ª Copa Barista abrem no dia 3 de maio

A Copa Barista está chegando! As inscrições para a 8ª edição abrem às 10h do dia 3 de maio e as vagas são limitadas aos primeiros 20 inscritos. O formulário será divulgado no site da Espresso e no nosso Instagram (@revistaespresso). O regulamento já está disponível aqui.

A competição acontece durante a programação do São Paulo Coffee Festival, evento que celebra a cena de cafés especiais na capital paulista de 21 2 a3 de junho, na Bienal do Ibirapuera, em São Paulo (SP). 

Como funciona a disputa

A prova conta com as etapas classificatórias, oitavas de final, quartas de final, semifinais, disputa de terceiro e quarto lugares e a final. Divididos em chaves, por meio de sorteio, os baristas têm 12 minutos para apresentar aos juízes sensoriais dois cappuccinos, dois espressos e dois cafés filtrados no coador Melitta, patrocinadora da Copa Barista.

Dois juízes sensoriais provam os três estilos de bebida, e dão notas individualizadas para cada uma delas. Uma nota única é dada pelo juiz técnico da estação do barista concorrente. Ao final da apresentação, os juízes sensoriais escolhem a melhor bebida de cada estilo.

Premiação

O barista vencedor leva para casa R$ 6 mil como prêmio e um cupom de R$ 500 em vale-compras no e-commerce Café Store. O segundo lugar ganha R$ 3 mil e um cupom de R$ 400. Para o terceiro colocado, são  R$ 1 mil e um cupom de R$ 300.

TEXTO Redação • FOTO Agência Ophelia

Café & Preparos

Como recipientes moldam a experiência de provar cafés?

As pessoas têm uma xícara favorita para tomar café? Vale beber café em taça de vinho? Há diferenças na degustação de um mesmo café numa cafeteria preferida ou no modelo para viagem, quando ele é servido em copo de plástico ou papel encerado? Será que existe o copo certo para cada café, como as tampas dos potes plásticos de cozinha?

Para esta última pergunta, talvez não haja uma única resposta. “A experiência de beber algo depende da integração multissensorial dos atributos da própria bebida, bem como das características do recipiente e do ambiente no qual se está.” A frase, que resume bem a complexidade do tema, abre o artigo The shape of the cup influences aroma, taste, and hedonic judgements of specialty coffee (a forma do recipiente influencia o aroma, o sabor e a percepção hedônica dos cafés especiais, em tradução livre), escrito pela neurocientista brasileira Fabiana Carvalho. Fabiana, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), coordena o projeto The Coffee Sensorium, em colaboração com Charles Spence, professor de psicologia experimental na Universidade de Oxford, Inglaterra.

Fato é que, seja para descobrir coisas novas, seja para movimentar um cenário, tem sempre gente testando ideias, e sempre tem modas surgindo. No ramo das bebidas, pode-se falar, por exemplo, daquele famoso copo que mantém a temperatura do líquido por horas a fio, e dos cafés servidos em xícaras diferentes ou em taças de vinho, como apareceu na capa da última edição da Espresso. Afinal, nunca se sabe quando um eureca pode surgir, e o “não funciona” todos já têm. Mas vale saber o que as pesquisas apontam sobre a influência dos itens para servir café e o que já foi estudado em relação à formação da percepção humana dos alimentos.

Em boa parte das vezes, a escolha do recipiente ideal para uma bebida começa do modo objetivo, com questões como se o item acomoda pedras de gelo ou se mantém bebidas quentes sem que o bebedor queime as mãos, por exemplo. A escolha começa, também, pela afetividade: gostar mais de uma caneca ou de um copo, seja pelo motivo que for, tem muito valor. E não é frescura ou coisa da imaginação notar diferenças na percepção de alguém quando este bebe o mesmo café em uma xícara diferente.

“A composição química de um café não muda se ele for consumido em uma xícara pequena de louça branca, em um copo alto de vidro transparente ou em uma taça de vinho”, explica Verônica Belchior, doutora em ciência de alimentos e Q-Grader. “A não ser que seja um material que solta resíduos”, considera. Porém, destaca ela, fatores extrínsecos não são desprezíveis na percepção de sabor de um café.

O gosto em suas três etapas

Antes de explicar o que apontam os (ainda) poucos estudos científicos sobre a influência dos recipientes na percepção sensorial da bebida café, é preciso explicar o que a neurociência e os estudos em alimentação levam em conta ao investigar a percepção dos alimentos. O primeiro aspecto, considerado mais objetivo, trata das sensações de olfato, paladar e tato, ou seja, dos aromas, sabores e sensações de textura e de temperatura de um alimento degustado.

O segundo aspecto reúne fatores ambientais, que incluem não só o local onde o indivíduo se alimenta (se está iluminado ou escuro, se é calmo ou descontraído, de lazer ou de trabalho, se faz calor ou frio) mas os recipientes onde o alimento é servido.

O terceiro, mais subjetivo, diz respeito à situação, aos afetos e às experiências de uma pessoa e é denominado percepções hedônicas e culturais. Alguém pode estar bebendo um café relaxadamente, tendo uma conversa gostosa ou estar em um momento de tensão. E existem, ainda, aquelas considerações já estabelecidas, como a de uma comida que lembra a infância e a que desperta memórias boas ou ruins. Tudo isso faz diferença, e foi preciso fazer esse percurso para justificar porque não há certo ou errado, em termos absolutos, nas respostas das pessoas sobre qual item é o mais adequado para servir cafés.

Isso tudo é tão importante que é capaz de explicar tanto os conceitos explorados à exaustão na gastronomia quanto a ideia da comida de afeto (em inglês, comfort food) e de “experiências”. Existe, até,
um livro intitulado O gosto como experiência, do italiano Nicola Perullo, que aborda como as pessoas percebem alimentos e bebidas e que serviu de fonte para esta reportagem.

Foto: Amin Hasani

O que dizem as pesquisas em café 

Comparativamente às análises e aos conhecimentos sobre vinhos e cervejas, ainda há poucos estudos que envolvem os materiais de que são feitos os recipientes para servir cafés. E, entre essas pesquisas, a maior parte concentra-se em cerâmicas e porcelanas, por serem materiais de melhor qualidade para acomodar a bebida.

Em 2014, pesquisadores da Austrália e do Reino Unido (George H. Van Doorn, Dianne Wuillemin e o
já citado Charles Spence) fizeram três experimentos utilizando canecas de vidro e de cerâmica transparentes, brancas e azuis. Os resultados mostraram que a cor pode influenciar a percepção sensorial da bebida. Se não houve diferença significativa entre as canecas transparente e azul, o mesmo não aconteceu com a caneca branca, na qual os participantes afirmaram perceber mais a doçura da bebida. A hipótese dos pesquisadores é a de que a cor marrom do café destacou-se na xícara branca.

A pesquisa de Fabiana e Spence, citada no início desta reportagem e desenvolvida em 2018, demonstrou o profundo impacto do formato da xícara de café na percepção de consumidores, tanto amadores quanto especialistas. O material usado foi a cerâmica em três formatos: uma xícara tulipa, outra com a boca mais aberta e a terceira com a boca também larga e uma curvatura na metade da peça. No terceiro modelo, os consumidores perceberam mais notas de doçura e de acidez no café, enquanto que na xícara em estilo tulipa os aromas sobressaíram.

Já um experimento de neuromarketing analisou a percepção do consumidor quanto às qualidades intrínsecas e extrínsecas do café. Ele foi feito pela mestre em tecnologia de alimentos e nutrição Josiana Bernardes em parceria com o fusiónLab, instituto de neurociência e neuromarketing da Espanha.

Utilizando ferramentas avançadas como o eletroencefalograma e a análise da dilatação pupilar, os pesquisadores conduziram o estudo para investigar as reações de consumidores não especializados em três cenários distintos. No primeiro cenário, cujo objetivo foi verificar a diferença na percepção de qualidade entre um café tradicional e um café especial, ambos servidos em recipientes idênticos,
os participantes identificaram uma qualidade superior no último produto.

No segundo cenário, o café especial foi apresentado em recipientes de diversos materiais – vidro com um design específico, cerâmica e papel. Neste caso, o recipiente de vidro destacou-se por gerar uma impressão mais positiva nos consumidores. No terceiro e último cenário, os participantes foram informados sobre a origem dos cafés, incluindo detalhes das famílias produtoras e da produção dos grãos.

Essas informações adicionais tiveram um impacto maior e mais positivo na experiência dos consumidores se comparadas ao resultado da mudança de recipientes. “Isso mostra que o café depende de cultura, de hábitos, ou seja, são muitos os fatores que mudam a percepção de uma bebida e é muito difícil analisá-los isoladamente”, conclui Josiana.

O café de três jeitos

O que esperar de cada recipiente de material inerte (vidro ou porcelana) quando um café, com a mesma extração, é servido neles.

Copo de vidro transparente Americano ou Lagoinha
Comporta 190 ml, e foi criado em 1947 por Nadir Figueiredo. É de vidro transparente, liso por dentro e com listras em relevo por fora, que garantem segurança a quem o pega. Por ser transparente, revela a cor do líquido e das diferentes torras e extrações – se são torras claras ou escuras, se a extração resulta numa bebida mais límpida ou turva. É resistente ao calor e confortável para segurar, principalmente se não estiver completamente cheio. Porém, não mantém a temperatura por muito tempo. Tem forte valor afetivo por estar presente na maioria dos bares, padarias e casas brasileiras.

Xícara de porcelana branca tradicional
Com opções que comportam 80 ml (a pequena) e 180 ml (a grande), foi desenvolvida pelo designer italiano Matteo Thun, em 1991, sob encomenda da illycaffè, e está entre as mais comuns em cafeterias. Tem o fundo arredondado para que as gotas de café espresso, ao baterem na xícara, girem em torno do seu próprio eixo e auxiliem a formação da crema. Mantém por um bom tempo a temperatura do café e, a não ser que tenha sido muito aquecida, é confortável nos lábios, sem queimá-los. A asa permite manuseá-la com segurança. A cor branca, opaca, ressalta a cor marrom do café e a percepção de corpo da bebida.

Taça de vinho Borgonha 
Criada na região de Borgonha, França, é ampla e com a boca mais aberta, para que o vinho tinto tenha uma área maior de respiro. A curva da taça ajuda a “prender” os aromas por tempo suficiente para a degustação. É preciso servir o café em temperatura não tão alta, pelo risco de quebrar a taça, que esfria rapidamente a bebida. O formato da taça favorece a concentração dos compostos voláteis do café e
condensa os vapores nas suas paredes. O fato de o vinho habitar um lugar no imaginário geral relacionado ao luxo e à exclusividade pode influenciar tanto positiva quanto negativamente quem degusta o café numa taça.

Texto originalmente publicado na edição #83 (março, abril e maio de 2024) da Revista Espresso. Para saber como assinar, clique aqui.

TEXTO Cíntia Marcucci • FOTO Daniel Ozana/Studio Oz