Cafezal •
Através da agricultura regenerativa, illycaffè visa cultivo de café neutro em carbono até 2023
A produção de café – a principal fonte de receita de mais de 25 milhões de famílias em 50 países – está agora seriamente ameaçada pelo aquecimento global. De acordo com estimativas, grande parte da área atualmente utilizada para o cultivo de café não será mais adequada até 2050.
A descarbonização se tornou uma prioridade absoluta, não apenas para o café, mas para todo o setor agrícola, responsável por mais de 25% da emissão de gases de efeito estufa. A busca por rendimentos cada vez maiores, típica da agricultura convencional, levou a solos mais pobres e à perda de biodiversidade.
Esse ciclo vicioso pode se inverter e se tornar virtuoso com o desenvolvimento de um modelo produtivo regenerativo que sequestra o carbono do ar e regenera o solo com matéria orgânica, tornando-o mais fértil e potencializando suas defesas naturais. Esta é a abordagem experimental, baseada na aplicação da agricultura regenerativa do ecossistema, que a illycaffè está implementando na Guatemala e na Etiópia, para torná-la um modelo escalável.
“Se passarmos de um modelo de agricultura convencional para um não convencional, virtuoso e regenerativo, a agricultura pode até se tornar negativa em carbono, sequestrando carbono em vez de emiti-lo”, diz Andrea Illy, presidente da illycaffè. “O solo tem três vezes mais potencial de absorção de carbono como o da atmosfera enquanto o fertilizante orgânico alimenta o microbioma do solo, aumentando assim as defesas naturais das plantas, tornando o solo mais fértil e resiliente às mudanças climáticas, o que reduz sua dependência de fertilizantes e outros produtos químicos. Um solo mais saudável torna as plantas mais saudáveis e, como resultado, alimentos mais saudáveis para os humanos”, complementa.
Nas plantações de café com emissão zero do Jardines de Babilonia, na Guatemala, e Kokkere, na região de Oromia, na Etiópia, a illycaffè está aplicando os princípios da agricultura regenerativa. Graças ao uso das melhores práticas agrícolas selecionadas pelos agrônomos da illy, o equilíbrio do ecossistema é restaurado com o plantio de árvores e proteção do solo, ao mesmo tempo em que aumenta a biodiversidade. Ao enriquecer o solo com matéria orgânica, esse modelo ajuda a aumentar a eficiência do carbono. Os benefícios adicionais incluem maior fertilidade, maior biodiversidade, conservação de água e redução da dependência de fertilizantes e pesticidas.
Na plantação da Guatemala, com 140 hectares a uma altitude de 1.600 metros, localizada entre as terras baixas e as encostas do vulcão Jumai, no departamento de Jalapa, a illy produzirá, até 2023, o primeiro café idillyum neutro em carbono.
Na plantação Kokkere, na região de Oromia, a empresa italiana e o produtor de café Ali Legesse já colocaram 100 dos 360 hectares disponíveis para cultivo de café. As técnicas de agricultura regenerativa praticadas na plantação também foram transferidas para a população local, que está envolvida no projeto desde o início, para que as possam colocar imediatamente em prática. Ao mesmo tempo, Legesse forneceu 70 mil pés de café a três novas associações de cafeicultores, que os cultivarão usando as melhores técnicas agrícolas disponíveis para obter um produto de alta qualidade. Kokkere, uma área rural com cerca de 2 mil pessoas vivendo na pobreza, já está se transformando em uma nova área de cafeicultura onde os pequenos agricultores poderão vender seu café para a illy, ingressando em sua cadeia de valor sustentável. Isso criará valor agregado nas áreas locais, proporcionando empregos e renda para a população local, evitando a migração para as cidades ou outros países em busca de uma vida melhor.
Na Etiópia, a agricultura experimental está sendo realizada em colaboração com o Coffee Training Centre Ethiopia, graças a uma parceria entre Associazione Italiana Cooperazione e Sviluppo Addis Abeba, UNIDO Addis Abeba, Fondazione Ernesto Illy, illycaffè e a Ethiopian Coffee and Tea Authority para promover o adequado processamento e exportação do café. No futuro, esse instituto pode expandir suas atribuições e se tornar um centro de difusão de know-how para pequenos agricultores.
A circularidade deste modelo de agricultura regenerativa, se devidamente apoiada pela disseminação do conhecimento, poderia se tornar um exemplo para toda a Etiópia, e ser replicado em grande escala no continente africano.
“Fico feliz em compartilhar os primeiros resultados de um projeto em que acredito muito e que representa uma solução concreta para todo o mundo do café, no Dia Mundial da Sustentabilidade”, comenta Andrea Illy. “Pretendemos nos tornar uma empresa carbono livre até 2033 e queremos alcançar isso de forma circular, sequestrando carbono em nossa própria cadeia de valor, eliminando emissões por meio do uso de energia sustentável e reduzindo o impacto de todos os elementos do campo produtivo”, completa.
Deixe seu comentário