A cosmopolita Dubai
Nos Emirados Árabes Unidos tudo é grandioso, das obras aos cafés
Pense em Dubai. Agora pense de novo. A ideia não é te levar ao mais alto prédio do mundo, o Burj Khalifa. Nem a passeios milionários. Tampouco ao maior shopping do planeta. Mas não se preocupe, não faltam opções de lugares mais em conta para visitar!
Embora tenha muita fama por si só, Dubai não é um país. É um dos sete emirados que formam uma federação, os Emirados Árabes Unidos. Aula de geopolítica à parte, essa região é conhecida por seus “mais mais” do mundo. O prédio mais alto. O maior shopping. Uma cidade erguida em meio ao deserto!
É tudo grandioso, inclusive a quantia que você vai desembolsar por um café. São cerca de 30 dirhams, aproximadamente R$ 30. Dubai está recheada de cafeterias que trabalham com grãos especiais. Seguindo uma das linhas do metrô e, vez ou outra, pegando táxi, é possível conhecer algumas dessas casas. Antes de sair, a dica de ouro é levar um lenço. Nos Emirados Árabes a temperatura pode chegar a 49 graus. Com todo esse calor, em qualquer lugar em que você entre haverá um ar-condicionado com temperatura extremamente oposta. Assim, o lenço é um trunfo para não congelar em ambientes fechados.
Para descobrir quais caminhos com café seguir, eu pedi dicas à barista saudita Sara Alali, que conheci na Semana Internacional do Café de 2018. Ela falou de cara: “A melhor cafeteria de Dubai é a The Espresso Lab, do barista Ibrahim H. Al Mallouhi”. Ele disputou o campeonato mundial aqui no Brasil no mesmo ano em que conheci Sara.
A The Espresso Lab fica no bairro Dubai Design District, um lugar com lojas bacanas, grafites e instalações de arte entre uma calçada e outra. Na minha visita à cafeteria, lá estava Ibrahim, em seu ambiente moderno e com muitos métodos, de drinques que levam café a filtrados e extraídos a frio. Os grãos são comprados e torrados por ele. Entre cafés do Equador e da Colômbia, encontrei café do Brasil, da fazenda brasileira Paraíso, da região do Cerrado Mineiro. A cafeteria também vende pacotes a quem quer preparar café em casa.
Um local que vale a pena conhecer é a vila Al-Fahidi Historical Neighbourhood, onde estão algumas das construções mais antigas. Dubai é uma cidade fundada recentemente, mas as tradições árabes são milenares.
Preservados, os prédios abrigam hoje galerias, museus e cafés. Entre eles o Museu do Café de Dubai. Fundado por um emiradense, o museu é enxuto, mas tem espaço para salas abarrotadas com itens antigos de moagem e preparo. Os espaços são tipicamente árabes e uma das salas conta com decoração etíope, onde as famílias costumam consumir o café. Na entrada do museu é oferecida uma degustação, em que você pode escolher o preparo, entre árabe, etíope ou turco!
Do mesmo empreendedor do museu, há o Bayt Al Khanyar Coffee Shop. O café fica na mesma vila e se dedica aos grãos de qualidade e a métodos que vão de aeropress a hario v60. Além disso, oferece tortas e bolos que são preparados no local! A Bayt foi a única cafeteria voltada para cafés especiais que encontrei na Al-Fahidi.
Mas, para quem procura pela cultura raiz, é imperdível provar os preparos tradicionais, como o árabe e o turco, na cafeteria mais antiga do emirado: a Arabian Tea House Café. Com sua arquitetura típica, fica logo na entrada da vila Al-Fahidi, onde funciona desde 1997.
O restaurante tem pratos deliciosos – e bem servidos! – de comida árabe. Os trajes dos atendentes, assim como a decoração, cheia de tendas feitas de tecido branco e muitas plantas, têm o objetivo de manter viva a tradição árabe. O cardápio da Arabian Tea House Café é bem servido: além do café, há refeições, sucos e chás.
Se a ideia é apreciar um bom café em um cenário luxuoso, o Mokha 1450 pode ser a melhor opção. A cafeteria tem uma unidade lounge instalada dentro da Golden Mile Gallery, shopping que fica no complexo de ilhas artificiais de Palm Jumeirah – as ilhas que foram construídas em formato de folhas de palmeira!
O Mokha 1450, por sua vez, homenageia com seu nome o mais antigo porto a levar café dos árabes para o mundo. Direto do Iemên, o porto de Moca iniciou a exportação do grão em 1450. Hoje a cafeteria segue conectando-se ao país que homenageia, e agora o faz por meio do microlote da variedade local sabri, produzida por uma cooperativa composta de setenta mulheres iemenitas, a Talok Women’s Coffee Association. Além desta varidade, a cafeteria torra e vende outros microlotes em suas duas casas em Dubai. Um dos mais recentes é o Jamaica Blue Mountain. Para acompanhar as xícaras dos café filtrado, há doces vendidos na casa e tâmaras.
Abu Dhabi
Achou que já conhecia a capital dos Emirados? Errou! O emirado de Abu Dhabi é esse lugar. A apenas uma hora de carro, ou ônibus, de Dubai, Abu Dhabi tem a maior mesquita dos Emirados. Um deslumbrante ponto turístico! Há ainda o Louvre Abu Dhabi, uma filial do museu parisiense. Prepare-se: o Louvre aqui fica em uma ilha. A água chega a adentrar algumas partes do museu e o pôr do sol é indescritível, ainda mais se for acompanhado de um bom cold brew, não é mesmo? Sim, em frente ao Louvre Abu Dhabi uma placa convida: “Great Coffee? This way”. Ali fica a Aptitude Café. Lanchinhos, bolos e grãos especiais de todo o mundo. Todo o mundo em um lugar, como de praxe nos Emirados.
(Texto originalmente publicado na edição impressa da Revista Espresso referente aos meses setembro, outubro e novembro de 2019 – única publicação brasileira especializada em café. Receba em casa. Para saber como assinar, clique aqui).
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