Kyso Café – Munique (Alemanha)
Pessoas com roupa esportiva, prontas para pedalar, e outras vestidas casualmente se reúnem diante da fachada do Kyso Café, em Munique, no sul da Alemanha. Ao lado das bicicletas estacionadas, tomam um café, acompanhado ou não de um lanche. Para quem passa por ali, a cena pode sugerir que se trata de uma cafeteria voltada exclusivamente a ciclistas. Mas basta um olhar mais atento para perceber que o Kyso é, na verdade, um café de bairro acolhedor, aberto a todos que cruzam seu caminho.
Aberta em 2023 pelo barista Maksim Dubilej, que já passou por estabelecimentos especializados como a Man versus Machine, o Kyso está bem localizado no multicultural distrito de Giesing, a uma quadra da estação de metrô Silberhornstraße e em frente a uma movimentada ciclovia. Além de reabastecer a cafeína e o estômago, clientes podem também encher os pneus da bike com uma bombinha que fica logo na entrada do café. Tudo isto se encaixa bem numa cidade com mais de 1.200 km de ciclovias e que tem as duas rodas como elemento central de sua cultura e dia a dia.
O Kyso Café marca presença numa região que já hospeda diferentes opções de cafeterias de especialidade. Com uma fachada discreta entre gravuras de arte urbana e grafites, é um estabelecimento contemporâneo com referências familiares num ambiente aconchegante – numa boa representação da forte identidade cultural do estado da Baviera, que tipicamente mistura modernidade e tradição. E esta é uma cafeteria orgulhosa de sua origem, como a bandeira do tradicional time 1860 München pendurada no teto não deixa mentir.
A cafeteria tem um salão amplo, com três espaços que acomodam mais de 20 clientes em cadeiras ou banquetas que permitem apreciar o movimento da vida lá fora ou ler calmamente uma das revistas ou livros disponíveis no espaço. A trilha sonora ambiente no dia da visita era levemente animada e, num bom volume, não sequestrava a atenção.
A área interna da Kyso recebe bastante luz natural pelos largos painéis de vidro virados para a rua ou pela pequena claraboia bem acima do balcão. Há também um banco de madeira na parede externa; sentar para tomar um café e ver a vida passar parece ser um lema por aqui. Ao lado de um bom set-up de serviço – com uma La Marzocco Classic S e o compactador automático PuqPress, por exemplo – o ambiente possui várias plantas, decoração com ar retrô, móveis de madeira maçica e um balcão de azulejos brancos que parecem ter saído de uma cozinha da família.
A casa trabalha com cafés torrados pela Johannes Bayer, em Sulzemoos, perto de Munique. Dá pra levar pacotinhos não só dos grãos utilizados no balcão, como também de outras origens, além de acessórios para preparo de café em casa. Na operação, o Kyso Café trabalha com um espresso titular que é sempre do Brasil (presença constante nas cafeterias de especialidade alemãs) e há um segundo grão cuja origem muda periodicamente – no dia da visita era da Tanzânia.
O espresso do dia foi um bourbon amarelo de processamento cereja descascado da Fazenda Samambaia, em Minas Gerais, disponível também para levar no pacotinho em grãos ou moído na hora num Mahlkönig Guatemala. A bebida veio numa clássica xícara de porcelana branca, bem tirada, doce e fácil de beber, com corpo equilibrado e crema consistente. O sensorial entregava notas de chocolate, castanhas e passas, com acidez suculenta e elegante lembrando nibs de cacau.
O cardápio inclui bebidas com leite ou bebida de aveia, mas não há oferta de coados feitos na hora, apenas batch brew. No dia, o grão vinha do Quênia e trouxe um contraste interessante em relação ao espresso. A bebida estava saborosa, porém bem mais delicada e de corpo leve. Servido em xícara de vidro, o café veio um pouco mais frio que o esperado e estava doce, com acidez presente e brilhante, suculento, aroma floral e com notas de umami perceptíveis. O conjunto, apesar de muito agradável, sumia diante das comidas de sabor mais forte – aqui quem se saiu melhor com os lanches foi o espresso Brasil.
O cardápio, escrito à mão e fixado na parede, é conciso e as opções de comidinhas são dispostas na vitrine ou em cartazes no balcão. Dentre os itens estão salgados e doces como pastéis de nata, croissant, gugelhupf (bolo austríaco) vegano de banana com chocolate e alguns sanduíches, além de quitutes tradicionais da região como o franzbrötchen, um rolinho de canela alemão. As comidinhas são entregues em louças de porcelana pintada em cores leves, lembrando aqueles pratos que avós usam para servir o lanche da tarde.
O croissant não estava tão alveolado e veio pouco crocante, mas tinha massa leve, sabor amanteigado e dulçor desejado de caramelização. Outro folheado, o franzbrötchen, veio com ótimo recheio de canela e açúcar e doce na medida. O queijo quente, grande sucesso da casa, demorou um pouco para sair da chapa, mas a espera valeu a pena: ele chegou fumegante e amanteigado à mesa, com recheio generoso e saboroso, e tomou conta do paladar. A receita do Kyso leva queijos muçarela e cheddar com orégano num delicado pão de forma e vem acompanhada de maionese vegana apimentada. Há também a opção de pedir adicional de kimchi orgânico no queijo quente, a versão mais vendida da casa. Mas prepare o paladar: se a maionese apimentada é intensa, segundo a equipe, o kimchi é ainda mais.
Com cardápio enxuto, serviço ágil e amigável e um ambiente aconchegante, o Kyso Café entrega cafés especiais de qualidade e boas comidinhas na região de Munique. Vale a pena estacionar a bike por lá.
Nossa conta: € 20,82 (R$ 137,37*) + taxa de serviço
Espresso – € 2,20 (R$ 14,51)
Batch brew – € 2,80 (R$ 18,47)
Croissant – € 2,20 (R$ 14,51)
Franzbrötchen – € 2,90 (R$ 19,13)
Queijo quente – € 8 (R$ 52,78)
*O valor foi convertido levando em consideração a data da visita (€ = 6,59)
A equipe da Espresso visitou a casa anonimamente e pagou a conta.
Informações sobre a Cafeteria
| Endereço | Tegernseer Landstraße, 90 |
|---|---|
| Bairro | 81539 |
| Cidade | Munique |
| País | Alemanha |
| Website | http://www.instagram.com/kyso.cafe |







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