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“Se a EUDR melhora o meio ambiente, ela terá enormes impactos sociais”, diz Andrea Illy

Afirmação do presidente da illycaffè sobre regulamentação europeia antidesmatamento foi dada em coletiva na manhã desta quinta (21), em São Paulo 

Andrea Illy/Divulgação

No Brasil para a cerimônia de premiação do 33º prêmio Ernesto Illy na noite de quinta (21), o presidente da torrefadora italiana illycaffè participou, pela manhã, de entrevista coletiva para jornalistas do setor. 

Depois de um breve panorama da atuação da empresa no país, Andrea Illy afirmou movimentar-se para criar um fundo de bilhões de dólares ao ano para auxiliar países produtores do grão, reforçou os benefícios e a necessidade da adoção de práticas agrícolas sustentáveis e afirmou que o Brasil é o país mais preparado para as mudanças climáticas

A seguir, os principais trechos da conversa com jornalistas, no Hotel Renaissance, em São Paulo.

$ para o café

“Estamos tentando criar um fundo de resiliência para países produtores com objetivo de melhorar e renovar as plantações. Idealmente, ele deve ter bilhões de dólares por ano. A dificuldade é criar um modelo para ele. Vai ser um milagre se conseguirmos”.

Fundo para o Brasil?

“Devemos considerar que o Brasil é bem financiado por recursos do Estado e se há necessidade de mais investimento privado”.

Economia circular

“2/3 das emissões de carbono vêm da agricultura e a solução é a agricultura regenerativa. Quanto à indústria, a saída é a economia circular”.

By 2050

“Até 2050, 50% das terras adequadas para o café deixarão de ser devido às alterações climáticas”.

Agricultura Regenerativa

“Desde 2018, a illy tem um protocolo do que chama de agricultura virtuosa, que envolve não só sustentabilidade como também saúde. Os princípios: enriquecimento do solo com carbono orgânico, que nutre a microbiota do solo que, por sua vez, desenvolve serviços sistêmicos, como fixação de minerais e lutas microbiológicas contra doenças, resultando na diminuição do uso de defensivos e fertilizantes minerais”.

“A agricultura virtuosa permite que não só nos adaptemos às mudanças climáticas como mitiguemos seus efeitos, com hidratação do solo, aumento de biodiversidade e, acima disso, melhora na qualidade dos cafés”.

EUDR

“É uma ótima proposta. Mas quando se normaliza uma lei, é difícil considerar a complexidade do sistema. Países produtores, por várias razões, não são capazes de ter rastreabilidade de seus cafés para se adaptar a essa lei antidesmatamento. Os problemas serão enormes, principalmente para os países africanos. Se a lei melhora o meio ambiente, ela também terá enormes impactos sociais”.

Brasil e mudanças climáticas

“O Brasil, com diferentes ecossistemas, é o país mais adaptável aos desafios climáticos. No Cerrado Mineiro, além da mecanização, a política é renovar os cafezais a cada 12 anos. Há ainda o fato de que existem 80 milhões de ha de terras degradadas por pastagens, e 2 milhões de ha de cafezais”.

O valor de uma xícara de café

“A regra do jogo é não só aumentar o prazer na xícara mas também diversificar a qualidade, com diferentes origens e métodos de processamento, que tornam o café mais do que um complemento funcional, mas uma experiência sensorial e intelectual”.

2024 e o mercado

“Há eleições presidenciais em três grandes blocos: EUA, Europa e Rússia, que podem mudar o cenário mundial”.

2024 e os preços 

“Difícil falar de preço do café porque falta transparência no mercado. Segundo a OIC, houve um surplus de 1,2 milhões de sacas em 2023 e a expectativa para 2024 é de 4,5 milhões”.

Sobre a La Niña, que já vem

“Ela já é um efeito das mudanças climáticas. Para o Brasil, ela tipicamente traz mais chuva e diminui a temperatura. Mas é difícil prever, de um modo viável, como eventos climáticos podem impactar financeiramente o valor do café”.

Evolução do consumo

“50% do consumo mundial está no norte do mundo ocidental. A penetração nos países ricos já é elevada e, portanto, difícil aumentar esse consumo. Embora autocrático e mais fechado, a China tem enorme potencial de crescimento. Já a Índia tem altas taxas de importação para o café e não aposto que, na próxima década, o país seja um gigante de consumo”.

Inteligência Artificial na agricultura

“Todos os nossos processos são embasados em IA. Sistemas agroecológicos são complexos, e os de saúde, mais ainda. O maior desafio é criar bancos de dados que possam, por sua vez, criar modelos de IA com coerência. Esperamos que a Inteligência Artificial Generativa acelere esse processo”.

TEXTO Por Cristiana Couto

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