Café & Preparos

Pesquisas analisam como a borra de café pode reduzir as emissões de gases de efeito estufa

Alivia Mukherjee, candidata ao doutorado em engenharia química da Universidade de Saskatchewan, investiga como o pó de café pode ser usado para reduzir as emissões de gases de efeito estufa, agregando valor a um produto residual canadense.

O café é uma das bebidas e fontes de cafeína mais consumidas no mundo. Mais de 70% dos canadenses provavelmente tomaram uma xícara de café nas últimas 24 horas. “Um dia, sentado em um Tim Hortons local, vi os funcionários descartando os resíduos em enormes sacos plásticos. Comecei a fazer um brainstorm para entender como sobras de matéria orgânica – borra de café de uma das maiores cadeias de café do Canadá – pode ser valorizada para produzir produtos de valor agregado”, destaca Mukherjee.

Quando um produto residual, como borra de café, é depositado em um aterro, o processo de decomposição produz metano, que tem 21 vezes mais efeito de gases de efeito estufa do que o dióxido de carbono.

Mukherjee e sua equipe de pesquisa têm o objetivo de encontrar estratégias sustentáveis ​​para reutilizar e reciclar resíduos orgânicos no Canadá, em vez de enviá-los para aterros sanitários. No caso dos resíduos moídos de café, a substância residual tem o potencial de servir como uma armadilha para o dióxido de carbono.

Usando a tecnologia síncrotron da Fonte de Luz Canadense (CLS) da Universidade de Saskatchewan, Mukherjee tratou a borra com calor para alterar as características da superfície dos grãos de café. Tratar os resíduos dessa maneira permite que se tornem mais eficazes no armazenamento de carbono. “Com essas descobertas, podemos ajustar ainda mais para ajudar a melhorar a interação com o dióxido de carbono em um cenário de pós-combustão”, disse Mukherjee.

O trabalho da engenheira pode ser aplicado ao conceito de captura e armazenamento de carbono. Esta técnica de redução de emissão de carbono se concentra em capturar as emissões antes que sejam lançadas na atmosfera e contribuam para o aquecimento global.

A questão de como ser ecologicamente correto e ao mesmo tempo estimular o crescimento econômico global tem sido um debate público de longa data, e o projeto de Mukherjee poderia servir como um exemplo de uma possível solução. “Acredito que vai animar o público ao saber que beber café não se limita apenas a um prazer cotidiano que contribui para a economia, mas também que os resíduos gerados podem ter um impacto significativo no meio ambiente”, comentou.

Mukherjee estima que os resíduos de café fisicamente alterados que resultam do tratamento térmico podem ser vendidos por até dois dólares por libra como um novo produto para uso em indústrias emissoras de alto carbono.

Ela disse que um dos benefícios do processo é que ele pode ser facilmente adaptado às indústrias existentes, como usinas de energia e químicas, para ajudar a reduzir as emissões de carbono.

“O elemento único da minha pesquisa está no fato de que estou explorando os resíduos gerados na indústria do café que não são apenas abundantes e baratos, mas também vêm com atrativos traços físicos e químicos inerentes. Além disso, os resultados podem ser usados ​​para valorizar as frações orgânicas nos resíduos do chá”, disse Mukherjee.

O projeto é supervisionado pelo professor da Faculdade de Engenharia, Dr. Ajay K. Dalai (PhD), que atua como Presidente de Pesquisa de Bioenergia e Processamento Químico Amigável ao Meio Ambiente do Canadá desde 2001, e co-supervisionado pela Dra. Catherine Niu (PhD).

A próxima etapa da pesquisa será investigar formas de tornar o processo mais econômico e eficiente para as indústrias implementarem em suas operações. Após a conclusão de seu programa de doutorado, Mukherjee planeja trabalhar como cientista do clima para buscar soluções potenciais para o aquecimento global.

“Quando vejo que minhas palavras impactam e tocam tantas vidas, sinto-me motivada. Sinto-me entusiasmada por saber que isso pode contribuir de alguma forma para controlar as mudanças climáticas”, contou.

A pesquisa foi financiada pelo Conselho Nacional de Ciências e Engenharia do Canadá, pelo programa Canadian Research Chair e pela BioFuelNet Canada, e com o apoio científico do CLS e do Saskatchewan Structural Sciences Center.

TEXTO As informações são do Saskatoon Starphoenix / Tradução Juliana Santin • FOTO Devin Avery

Deixe seu comentário