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Pandemia leva embora ponto ícone do café em São Paulo

La Marzocco

Apesar do café ser a mais resiliente das bebidas na pandemia e nosso companheiro para todas as horas, as cafeterias não podem dizer o mesmo. Tradicionais pontos de encontro nas cidades, locais de reuniões, bate-papos e uma pausa para o café, esses verdadeiros templos estão sofrendo muito com a pandemia do novo coronavírus (Covid-19).

Projetos foram adiados, sonhos e novos planos ficaram parados e muitos espaços precisaram fechar para sempre. Desta vez foi São Paulo que amanheceu mais amarga nesse início de agosto. Perdemos um dos pontos ícones do café especial: a cafeteria da Alameda Lorena. 1.430, do Suplicy Cafés Especiais, no bairro dos Jardins, em São Paulo (SP).

O que parecia improvável, já que a loja passaria por reforma, foi oficializado em nota nas redes sociais da marca no último dia 7 de agosto de 2020 (sexta-feira). A Suplicy comunica que entregou o ponto e fechou as portas no endereço que tanto movimentou o mercado do café – desde 2003 – quando o empresário Marco Suplicy – de forma pioneira – inaugurou uma das cafeterias mais charmosas e modernas de São Paulo e com foco totalmente em café de qualidade e na formação de baristas.

“No início do ano, nossos planos eram de reformar a unidade para que ela voltasse a ser nossa flagship, mas desistir deste sonho foi a forma que encontramos para manter os empregos do time de colaboradores da marca que, em sua maioria, segue em casa durante o cenário de pandemia”, escreve o fundador Marco Suplicy.

Marco Suplicy

“Foi triste porém necessário, vamos em frente!”, declarou Marco Suplicy, fundador da marca

A marca estuda abrir novamente no bairro, mas não há como falar de café especial no Brasil e não citar o Suplicy da Lorena, como carinhosamente é chamada pelos frequentadores, e também, claro, não falar de Marco Suplicy. Ele fazia questão de ir diariamente ao local e receber os clientes. Atitude que se tornou uma grande marca do espaço e uma verdadeira casa para os que ali chegavam por quase duas décadas. O auto-atendimento também foi um grande novidade na época. A fila no caixa para pedir, pagar e aguardar seu nome ser chamado não era nada comum em 2003, quando a cafeteria abriu e teve certa resistência dos clientes. “Aqui tem aroma de café e não de pão de queijo ou pão na chapa”, ele dizia nas entrevistas e a quem quisesse ouvir ao entrar pelo porta de vidro que emoldurava o grande “grão rosa”.

fecha lorena

Torrador rosa da unidade Lorena sai após 17 anos para novo endereço, no bairro do Cambuci, em São Paulo

Fiel escudeiro de Marco (como ele mesmo se define), o barista e gerente Richard Kumagai – que está desde o início, há 17 anos na empresa – conta como foram os últimos minutos da loja: “Sexta, estava finalizando a entrega da loja e acompanhava a retirada da logo, quando ouvi um grito chamando pelo meu nome. Quando olho para o lado uma de nossas clientes, me dando a última bronca.
– Richard, não acredito que estão fechando, não é possível, esse grão rosa é um ícone do bairro!
Na sequência outros clientes que estavam passando pararam para conversar e sempre tinham uma história que ficou marcada naquele lugar.”

Suplicy Lorena

Assim foi o Suplicy da Lorena. A notícia correu pelo mercado. Entre clientes desconhecidos do grande público e outros famosos, o post de Rita Lobo já conta com mais de 50 mil visualizações e mais de 900 comentários:

“Fecharam o MEU café, sem me consultar! Nos últimos 17 anos, poucos foram os dias em que, no trajeto para o escritório, não parei para tomar um café no Suplicy da Al. Lorena. Lá, conheci pessoas, fiz amizades profundas, tomei cappuccino, marquei reuniões, fiz e desfiz negócios, tomei macchiato, entrevistei pessoas, fui entrevistada, tomei latte e conheci meu marido. A notícia de que o meu café fechou trouxe uma tristeza profunda. Mas à medida em que fui lembrando tantos momentos especiais, a tristeza foi dando lugar a alegria e decidi escrever aqui umas palavras para celebrar as pessoas que fizeram o lugar existir. Querido Marco Suplicy, e toda a equipe, muito obrigada por tudo.

Para além dos clientes que frequentavam diariamente a cafeteria, o Suplicy da Lorena foi uma referência para os profissionais do setor. Lá se reuniram os melhores baristas do Brasil, dali saíram diversos campeões nacionais. Tudo isso fruto do investimento de Marco na categoria e em treinamento, em equipamentos de ponta só vistos ali, aulas com renomados baristas internacionais, provas de café da nova safra, máquina da italiana La Marzocco e o torrador rosa da marca Probat Leogap no fundo da loja que sempre exalou um aroma pelo bairro e chamava a atenção de todos que entravam para tomar um café.

suplicy lorena blend competition

Baristas renomados brasileiros no movimento dos cafés especiais no Brasil se formaram na loja da Lorena, como Priscila Souza, Yara Castanho, Bruno Ferreira, Rafael Godoy e, um pouco depois, em 2010, Daniela Capuano, todos eles incentivados por Marco a ir sempre mais longe nos estudos e treinar. Yara, hoje na Suécia, em 2010, chegou às semifinais do disputado Campeonato Mundial de Barista, feito que só foi alcançado novamente em 2019 pela barista Martha Grill, à época na cafeteria paulistana Octavio Café (que também fechou suas duas unidades na pandemia: a emblemática na Avenida Faria Lima e a outra no Shopping Cidade Jardim).

Em 2009, outro feito para o setor de cafés, a competição descontraída de Latte Art, o Thursday Night Throwdown (TNT) foi trazida por Marco e a barista Priscila Souza para o Brasil. Após visita aos Estados Unidos para o mundial da categoria, os dois conheceram o projeto na cafeteira Octane Coffee. O sucesso era tamanho que a competição na unidade da Lorena e também na Rua Renato Paes de Barros (Itaim-Bibi) mensalmente invadia as madrugadas com baristas de toda a cena de cafeterias da cidade vindo competir e trocar experiências.

Em 2012, a Suplicy Cafés Especiais anunciou a venda de 45% da empresa para o fundo TreeCorp. Entraram para a sociedade, dentre outros, os executivos Bruna Caselato e Felipe Braga. Em 2017, a marca abriu sua flagship na Vila Olímpia, no complexo de escritórios do São Paulo Corporate Towers. Dentre as novidades, um espaço com iluminação natural e com o serviço do Nitro Cold Brew – uma bebida extraída a frio, de café com nitrogênio.

Hoje a marca investe no e-commerce – e o frete é grátis neste segunda-feira (10/8) em agradecimento às mensagens de apoio dos clientes – e também mantém as lojas em vários pontos da cidade e na parceria com a Work Café Santander.

A Revista Espresso, que nasceu em 2003 – no mesmo ano do Suplicy Cafés Especiais – falou durante esses dois últimos dias com mais de 40 profissionais do mercado como uma forma de registrar aqui um pouco da história do Suplicy da Lorena. Deixe seu depoimento aqui!

Veja como está a repercussão e aguarde mais informações na próxima edição da Espresso, em setembro de 2020:

Suplicy Lorena Evento

Caio Alonso Fontes, diretor de planejamento da Café Editora e fundador da Revista Espresso e da Café Store
“Um dos pontos ícones do mercado de café especial em SP e no Brasil vai deixar saudade, não só pelo café mas por tudo que trouxe de inovação e conceito que ajudou a construir a cena de café especial no país.”

Eliana Relvas, consultora e especialista em café há 20 anos
“O café da Lorena foi um divisor de águas nos serviços e na qualidade dos cafés especiais! Virou um ponto de encontro e uma referência no setor. E pela situação atual espero que o amargor da pandemia passe e traga novamente a acidez brilhante e delicada e a doçura intensa dos seus cafés nas nossas xícaras! Fará muita falta!”

Luiza Fecarotta, jornalista, crítica e curadora gastronômica
“Marco revolucionou a ideia que tínhamos de cafeteria no Brasil ao imprimir um serviço autônomo com cafés de excelente qualidade. Fez escola aos profissionais da área e estimulou um novo olhar, mais contemplativo e respeitoso ao cafezinho nosso de cada dia.”

Alex Pereira, barista e empresário, proprietário da Bio Barista
“Eu vivi lá vários momentos legais na minha trajetória no café, mesmo nunca tendo trabalhado lá como barista, eu sempre tive o Suplicy como referência de escola de barismo. Sempre muito bem equipada a loja e com profissionais muito bem treinados até mesmo por baristas internacionais que o Marco trazia de fora!
Sem contar os inúmeros encontros para as noites de TNTs que aconteceram por lá, é uma pena. Defino o Suplicy Lorena como escola e local de exemplo para todos nós de como deveria ser uma cafeteria e torrefação.”

Vanusia Nogueira, diretora-executiva da Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA)
“Suplicy foi, é e sempre será nossa referência no pioneirismo dos cafés especiais no Brasil. Sou muito grata a todos os ensinamentos que recebi e experiência que tive na Lorena.”


Richard Kumagai, barista e gerente da Suplicy Cafés Especiais
A primeira loja do Suplicy, até então eu nem sabia que existia cafés além do pretinho tradicional. Para mim essa loja representava muito, fez parte da minha vida, lá conheci o café especial, produto apaixonante. O começo foi um trabalho árduo de apresentar um produto super conhecido do brasileiro, mas de uma outra perspectiva. Mudar os costumes sempre muito difícil, mas compensador em ver como esse produto é levado a sério e por tantas pessoas e várias vertentes como hoje.
Muitas risadas, muitas histórias, clientes que viraram amigos, fornecedores parceiros, funcionários que viraram família e a minha família também construí nesse ambiente, lá conheci minha esposa.
Estou triste sim, mas por outro lado feliz por saber que a marca não morreu, o grão rosa, ou a “vulva incandescente dos jardins” como foi apelidada por uns clientes na abertura da loja; o grão/coração rosa, ainda pulsa, foi transplantado, mas continua batendo forte!
Espero voltar logo ao bairro onde nascemos e onde recebemos tanto carinho e parceria de amigos clientes por todos esses anos.
Fica a lembrança, a saudade, mas feliz pela marca continuar e esperamos retornar em breve e chamar todos eles novamente para tomarmos um café juntos.”

Eder Hilário, barista e colaborador do Suplicy Cafés
“Local referência em qualidade de café e, por muito tempo, o centro dos melhores baristas do Brasil! Umas das melhores lembranças no início da minha carreira os encontros para o TNT, reunia todos os profissionais da área em noites engraçadas e inesquecíveis!”

Danilo Lodi

Danilo Lodi, juiz e consultor de cafés há mais de 15 anos
“O Suplicy da Lorena foi um marco na história do café de São Paulo. Um lugar onde os baristas e profissionais de diversas empresas se reuniam para tomar café, conversar e dar risadas. Um local onde excelente memórias foram construídas e que me trouxe amizades para toda a vida. Vai fazer falta”

Luiz Salomão, diretor da BUNN, máquinas para cafés
“O Suplicy da Lorena demonstrou para o mercado que o investimento em cafés de qualidade gerava frutos e atraia interessados; que existia sim um mercado interno quase inexplorado mas com grande sede por consumir produtos de qualidade.
Foi um dos ícones que ajudou a divulgar nosso café especial e até hoje é símbolo de empreendedorismo, visão estratégica e segmentação de marca.
O local, que foi frequentado por todos os apaixonados por café, desde os aspirantes até os mais entendidos no assunto, ficará na nossa memória pra sempre.”

Edgard Bressani, empresário e sócio da Capricornio Coffees e autor do Guia do Barista
“Ainda me lembro como se fosse hoje da inauguração da loja da Lorena e da boa conversa com Filomena Matarazzo. Um espaço lindo e moderno, com maravilhosos cafés, baristas treinados pela renomada Sherri Johns e também casa de grandes campeões brasileiros. Marco investiu em qualidade, equipe e esta loja foi cartão postal da cidade por todos estes anos. Sempre foi uma cafeteria para eu levar meus clientes do exterior e mostrar o avanço dos cafés especiais no Brasil. Tenho certeza que isso é momentâneo. O bairro pede uma Suplicy e, em breve, passada a tempestade desta pandemia, organizados os planos, Marco abrirá um espaço tão legal quanto este e nós poderemos guardar na memória a loja da Lorena, espaço que foi um dos pioneiros em São Paulo.”

Josiane Cotrim, jornalista, co-fundadora da Aliança Internacional das Mulheres do Café (IWCA)
“Recuar também exige coragem. Ainda quero voltar à Alameda Lorena, sentar na porta do Suplicy e firmar parcerias ao sabor de um espresso bem tirado. Foi ali, há quase 10 anos, que a semente da IWCA Brasil (Aliança Internacional das Mulheres do Café) encontrou solo fértil durante o encontro com Caio Fontes e Mariana Proença.”

Isabela e BrunoIsabela Raposeiras, barista campeã brasileira, mestre de torra e empresária no Coffee Lab
“A loja Suplicy Lorena inaugura a possibilidade da gente não fazer o serviço na mesa. Muito importante. Foi a primeira que as pessoas tinham que ir no caixa e isso é fundamental para café especial e para a sobrevivência de cafeteria. Quebrou paradigma!”

Concetta Marcelina, diretora da Consulthar e professora do Senac e autora do Sou Barista
“Muito triste receber esta notícia. O Suplicy da Lorena foi uma das primeiras cafeterias de São Paulo a trabalhar com excelência o café especial, ainda produziu vários campeões de Barista: Priscila, Yara e tantos outros. Uma cafeteria que ganhou por anos como a melhor cafeteria de São Paulo. Um lugar lindo, bem localizado, de gente bonita, que sempre colocou o café como estrela principal do lugar. Marco Suplicy, às vezes a gente tem que dar um passo para trás para poder continuar de pé e mais forte! Tenha fé e receba nosso carinho neste momento”.

Georgia Franco de Souza, barista, mestre de torra e empresária no Lucca Cafés Especiais
“O Suplicy da Lorena foi um “Marco” histórico na jornada dos cafés especiais no Brasil, o mercado não seria o que é sem as atitudes de inovação e profissionalismo provocadas por esta loja.”

Eduardo Carvalhaes, sócio no Escritório Carvalhaes
“Uma pena! Essa cafeteria do Suplicy na Alameda Lorena faz parte da história dos cafés especiais no Brasil, junto com a Cafeteria do Museu, que abrimos em 2000, com o primeiro torrador indoor do Estado de São Paulo, ajudou a formar as primeiras gerações de brasileiros consumidores de cafés especiais brasileiros. Com essas primeiras cafeterias com torradores indoor os brasileiros começaram a saber o que era um barista. Começamos a falar em mestres em torra e nas diversas origens existentes em um país continental como o Brasil. Os brasileiros puderam saber que o Brasil produz cafés tão finos como os melhores da América Central e Colômbia. Foi o início de uma revolução na maneira dos brasileiros tomarem café.”

Silvia Magalhães, barista, tricampeã brasileira e proprietária da SM Cafés
“O Suplicy da Lorena marcou o universo dos cafés especiais, a sociedade passou a conhecer o conceito dos cafés de qualidade e a profissão barista de forma mais ampla e democrática. Me lembro do Marco Suplicy sempre apoiando os profissionais e impulsionando o mercado de cafés… um grande exemplo para todos.”

Leo Moço, barista, tricampeão brasileiro e proprietário do Café do Moço
“O Suplicy da Lorena era uma loja à frente do seu tempo e com os melhores baristas que já vi trabalhar até hoje.”

Tuca Dias, produtora de café na Fazenda Santa Alina
“A Lorena sem Suplicy Café não será a mesma. O Santa Luzia vai sentir saudades, a cor rosa da máquina de torrar cafés vai mudar de endereço depois de 17 anos, trazendo café de qualidade, educando e transformando o mundo do café. A Lorena, os vizinhos, o Jardins, a Fazenda Santa Alina honram este espaço que acolheu seres humanos, produtores, xícaras, baristas e o mestre orquestrando todo silêncio e música: Marco Suplicy. São os ciclos!”

Daniela Capuano, barista e mestre de torra premiada com o título de Melhor da França
“Sobre a Lorena, para mim é um lugar muito especial. O Marco foi juiz do primeiro campeonato de barista realizado em Minas Gerais, que eu participei. Depois quando fui ao campeonato brasileiro em São Paulo, foi a primeira cafeteria que fui visitar. Ele me apresentou todo mundo. Todos os anos, quando eu chegava em Sampa pro campeonato, eu chegava na Lorena… com a mala laranja cheia de tranqueira de campeonato. O Marco me via e gritava: “a mineira chegou!” Depois que voltei de Londres, em 2010, decidi que eu queria trabalhar no Suplicy por um ano, porque tinha entendido que aquele lugar era a melhor escola de barista… e os baristas eram diversos. Quando cheguei fui falar com o Marco. Ele me disse: ‘tá bom, vc quer começar que dia?’ Dia 8 de setembro, eu disse. Ele: ‘Richard, a Dani começa dia 8 de setembro na Lorena!’ Pronto. E assim foi um ano cheio de trabalho, aprendizados, encontros maravilhosos e muitas muitas risadas e histórias que marcaram a minha vida, pessoal e profissionalmente.”

Marco Kerkmeester, empresário na cafeteria Santo Grão, fundada em 2003
“Há pessoas na vida com quem ficamos melhores. Negócios são iguais. Eu e o Santo Grão somos melhores por causa de Marco Antônio e Suplicy Cafés Especiais. Marco e eu estudamos café juntos, aprendemos torrar e degustar juntos. Trocamos ideias e concorremos juntos. O Suplicy da Lorena pode estar fechando – estamos numa pandemia – mas vamos ouvir muito mais de Suplicy. Admiro, respeito e agradeço.”

Gelma Franco, empresária na cafeteria IL Barista Cafés Especiais, fundada em 2003
“O ano era 2003 e três cafeterias de cafés especiais surgiam em São Paulo. O IL Barista em janeiro, Suplicy em julho e o Santo Grão, em agosto. E, embora, hipoteticamente, fossemos  concorrentes, e eu fosse mulher, não vi preconceito e tinha muito orgulho de fazer parte dessa revolução na forma de se tomar café no Brasil, junto com esses dois. Os anos foram passando, cada um ao seu estilo, fomos marcando território e conquistando fãs para os cafés de qualidade. O Suplicy com aquele jeitão americano de ser e aquele baita grão rosa na fachada chamava a atenção de todos. E sempre era uma delícia se largar naquelas poltronas de couro. Marcos, a Lorena se foi, vamos sentir saudades, mas novas lojas e formatos virão!  Você é um player que respeito muito e que gosto de ver no jogo. Além do que, eu tenho muita admiração pelo o que construiu no setor. Conte comigo.”

Luciana Melo, empresária e proprietária com Joshua Stevens, do Café Cultura
“Marco foi um dos precursores das cafeterias especializadas em café especial no Brasil. Somos da mesma época (o Suplicy nasceu um ano antes do Café Cultura) e sempre admiramos o trabalho que eles desempenharam. Fiquei muito triste com o fechamento da loja no Jardins. Era uma referência da marca e dos amantes do bom café. Muito nos inspirou e era parada obrigatória nas viagens a São Paulo. Desejo força ao Marco e família Suplicy Cafés. É um momento difícil para todos, porém tenho certeza de que vão superá-lo. A bela história e trabalho ninguém apaga.”

Eder Ferreira Delfino, barista e bicampeão nacional de Latte Art
“O que eu tenho a dizer sobre o Suplicy da Lorena. Era prazeroso chegar lá e ser recebido por Richard e Marco Suplicy. Me recordo de uma frase do Marco Suplicy: ‘Eder, já que veio até aqui, aproveita pra tomar bons cafés’. Era maravilhoso chegar lá. O Richard pulava para dentro do bar e fazia questão de servir café pra gente. O que eu falaria é gratidão. Gratidão pelos bons cafés servidos, gratidão por troca de experiências e ensinamentos”.

Henrique Sloper, produtor na Fazenda Camocim
“É muito emocionante ver a nossa referência do café especial brasileiro, o pioneiro, corajoso que enfrentou muitos desafios, fechar essa loja. Todo o café especial brasileiro deve à Lorena e ao Marco. É muita emoção a gente fechar essa referência.
Para mim perder a Lorena é muito importante. Para nós do café especial é como perdermos nossa Torre Eiffel, nosso Pão de Açúcar e nossa Pedra Azul. Tomara que a gente consiga construir uma coisa nova juntos. Uma pessoa que vive da paixão como o Marco, é o que desejo.”

Luiz Pereira, fundador da Arte Inventos e Levedura Beer
“A loja da Lorena do Suplicy foi um marco na história do café no Brasil. Estávamos todos aprendendo com o mercado e chegou aquela loja linda e moderna no coração do Jardins.”

Bruno Lobo de Mesquita, barista, afinador de máquinas e colaborador na SM Cafés
“O Suplicy da Lorena é parte fundamental da história do café especial. Sempre foi uma memória maravilhosa e confortável ir até a loja. Sempre fui a loja para recarregar as baterias. Foi nessa loja que eu comprei o meu primeiro tamper, que eu vi o primeiro torrador e que vi a primeira Marzocco da minha vida. Adorava ver o Marco sacudindo as pessoas pelo braço e dar risada do cabelo do Richard.”

Sergio Parreiras Pereira, Pesquisador Científico do Instituto Agronômico (IAC)
“Com certeza a loja da Lorena é um ícone dos cafés especiais, e com o encerramento das atividades fica um vazio. O torrador, os TNT´s, os encontros, as pessoas que trabalharam e frequentaram. Perde-se uma conexão com a gênese da história moderna dos Cafés do Brasil, o lado de fora da porteira.”

Lucas Salomão, barista campeão brasileiro de Preparo de Café (Brewers Cup) e bicampeão da Copa Barista
“Essa unidade do Suplicy formou muito barista bom. Me lembro que o encontro de fim de ano dos baristas de São Paulo era lá no TNT. Uma pena que fechou. São Paulo perdeu um dos pontos da rota do café de São Paulo. O Marco Suplicy trazia baristas de fora para treinar a equipe e ele foi a primeira pessoa a investir nos funcionários competidores.
Todo o barista dessa época vai ter uma boa lembrança no Suplicy da Lorena. Muitos encontros. Suplicy trouxe boas amizades e bons cafés. Vai deixar saudade!”

Katia Nassuno, proprietária e fundadora da Flavors Brasil
“O grão rosa… pioneiro e visionário. Suplicy da Lorena foi o ícone dos cafés especiais quando o Brasil bebia café, mas não sabia o que realmente era um café especial.”

Alexx Noga, empresário na Vizo Holding
“Confesso ter me emocionado ao ler essa notícia; essa loja, a Alameda Lorena 1.430 é um marco do café especial criado por Marco Suplicy. Quantos cafés, quantas reuniões, quantas idas até o Empório Santa Luzia para ver as gôndolas de cafés, enfim, como o Marco já me disse, é vida que segue, segue, mas que entristece, entristece.”

Regina MachadoRegina Machado, barista, mestre de torra e empresária no Spot Coffee Roasters
“São tantos pensamentos conflitantes e, dentro deles, pensamentos de como faremos para passar por tudo isso e continuarmos bem! Mas ver essa notícia, de uma marca que quando comecei nesse universo do café já era uma referência para mim, mexe com todos os meus sentidos. Torço para vocês e todos nós que estamos no mesmo barco que continuemos a velejar nesse mundo.”

Leonardo Pasquali, empresário na Pasquali Máquinas
“É difícil resumir o que o Suplicy Lorena representa para tantos de nós. Um início fulminante, decisivo, certeiro, sem bebida alcoólica, sem serviço de mesa. Café e ponto. Foi o choque que o café brasileiro precisava e do qual tanto se beneficiou. Impossível enumerar tudo o que aconteceu ali. Associativismo. Liderança. Laços verdadeiros que não se desfazem.”

Yara Thais Castanho, barista e bicampeã brasileira pelo Suplicy Cafés
“Quebrou meu coração também! Ainda tenho sonhos constantes trabalhando ali atrás do balcão. Marco, que venham lojas novas, lindas e muito sucesso!”

Ensei Neto, consultor de cafés há 20 anos e especialista no The Coffee Traveler
“Praticamente conheci o Suplicy Café quando ainda era uma inspiração do Marco, numa viagem pelo Oregon e Washington. É pena ver quando um ciclo se encerra antes de nós.”

Jonathan Silva, primeiro barista do Brasil, nos anos 2000
“Quando eu dava curso de barista e fazia consultoria em Recife, as pessoas chegavam com uma ideia do que era inovação, mas mudavam totalmente seus conceitos quando visitavam a loja Suplicy da Lorena. Para mim era de grande importância que aquelas pessoas, prestes a abrir uma cafeteria, entendessem claramente o que significava tornar o café, na prática, a principal atração de uma cafeteria. E assim, durante o tempo que morei lá, vi algumas cafeterias nascerem inspiradas no jeito de ser Suplicy. Uma perda para a história do café no Brasil.”

Bruno Ferreira, barista do Suplicy Cafés Especiais de 2004 a 2010
Obrigado Suplicy Lorena por todos os anos de aprendizado e amizades que tive a oportunidade de desenvolver. Me marcou muito, considero parte da minha família do café. Os cinco anos que trabalhei nessa empresa me marcaram muito e considero o Suplicy Cafés parte do meu desenvolvimento pessoal e profissional. Posso dizer que, após trabalhar anos com algumas das maiores cafeteiras aqui na Europa, garanto que nunca encontrei cafeterias com tal calibre como do Suplicy, tamanho o pioneirismo da Lorena. Torrei café, conquistei títulos, fiz amizades que formaram parte de quem eu sou hoje. Eu não estaria aqui na Irlanda se não fosse por essa loja, que foi o cenário de muitas histórias do mundo cafeeiro e da revolução dos cafés especiais.
Obrigado pelos momentos mágicos, incríveis amizades e profissionais que essa casa trouxe. Indiscutivelmente o Suplicy Lorena fará parte do legado de muitos que ali passaram. Obrigado Marco Suplicy por ter me acolhido como parte do time e saiba que nunca deixei a casa do grão rosa. Meus sentimentos aos profissionais envolvidos e afetados pelo fechamento da cafeteria.  E sempre lembre do poema icônico:

Nero come la notte

Forte come un peccato 

Dolce come L’amore

Caldo come L’inferno

 

Comunicado Oficial do Suplicy Cafés Especiais:
No último dia 31 de julho, completamos 17 anos de história do Suplicy Cafés nos Jardins, endereço certo de tantas histórias, encontros e cafés especiais.

Na última sexta-feira, entregamos o ponto e fechamos as portas deste mesmo endereço, certos de que tomamos a melhor decisão frente ao momento que estamos vivendo. No início do ano, nossos planos eram de reformar a unidade para que ela voltasse a ser nossa flagship, mas desistir deste sonho foi a forma que encontramos para manter os empregos do time de colaboradores da marca que, em sua maioria, segue em casa durante o cenário de pandemia.

A famosa torra que ficava dentro do endereço, foi levada para o novo centro de distribuição da marca, e seguirá proporcionando os cafés especiais em todo seu frescor aos nossos clientes do e-commerce e nossas outras lojas que, aos poucos, vem retomando seu funcionamento.

Seguimos fortes e apaixonados por café, como em 2003, quando chegamos pioneiros ao lado de poucos, no trabalho diário de fomentar o café especial no Brasil.

Vamos em busca de uma oportunidade de voltar ao jardins e esperamos ter em breve novas histórias para compartilhar.

Agradecemos a todos os clientes que nestes 17 anos, construíram com a gente uma linda história que segue, sempre com uma boa xícara de café,

Marco Suplicy e todo o time Suplicy Cafés

Marco Suplicy

Nota da autora: O que mais me impressionava no Suplicy da Lorena era a extrema confiança que o Marco tinha nos baristas e a energia contagiante que tomava conta daquele lugar. Arrisco a dizer que foi um dos grandes responsáveis por eu ter me apaixonado por cobrir, como jornalista, esse setor do café. A cada pauta, cada TNT, cada mil litros de leite e gramas de café e a cada bate-papo com o Marco éramos, literalmente, empurrados a gostar mais de café. O Suplicy Lorena tinha um imã, um diferencial, um algo mais que fazia a gente querer morar naquele lugar. E aquele aroma de café, a efervescência de ideias e todas as possibilidades que abria para as pessoas que ali frequentavam mostram que o Marco e a equipe construíram e continuarão a construir uma linda história. Aguardemos os próximos capítulos. Obrigada, Lorena. Obrigado, Marco!

Mariana Proença, diretora de redação da Revista Espresso e da Café Editora

TEXTO Mariana Proença • FOTO Felipe Gombossy/Café Editora

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