Léo Moço – pesquisa e inovação
Torcedor do Flamengo, vaidoso e criativo, Léo Moço, de 34 anos, não é querido por todos. Suas opiniões polêmicas e a forma direta de se posicionar acabam por afastá-lo de colegas. Mas, apesar de parecer que sim, essa não é a principal característica desse carioca.
Quando se olha mais de perto, vê-se um barista pesquisador, cientista obcecado por oferecer um café de forma inovadora. E ele está conseguindo. Após trabalhar com eventos, cafeterias e fazendas, Léo Moço criou uma microtorrefação, o Café do Moço, focada em cafés de origem e hoje toca a Barista Coffee Bar, sua cafeteria em Curitiba (PR).
Como começou a trabalhar com café?
Em 2005, após desenvolver um plano de negócios para abrir um cybercafé. Fiz um curso de barista e avaliei que o mercado estava carente de profissionais.
Persistência é uma qualidade?
Sim, mas no meu caso foi pura teimosia. Me falavam que nunca ia ganhar o campeonato brasileiro, que meu café era fermentado demais, que sou muito polêmico. Falavam para desistir, mas isso era contra os meus princípios. Fui mais teimoso que persistente.
Como é a relação com os cafeicultores? E esses novos formatos de fermentação?
Tenho poucos fornecedores, a logística atrapalha muito no Brasil. Sobre a fermentação, ainda é algo misterioso e complexo. Tive grande apoio do Thiago Motta, da Fazenda Jatobá, no Cerrado Mineiro, indicação do Juliano Tarabal (marketing da Federação dos Cafeicultores do Cerrado). O Thiago é um produtor aberto a novas ideias e nos demos muito bem.
Qual a responsabilidade de ser um campeão e de representar o Brasil?
É uma sensação boa, mas estranha. O fato de o Brasil ser um país produtor com restrições comerciais para grãos do resto do mundo é uma desvantagem. Como ser campeão do mundo se provamos e consumimos apenas o nosso café? Por outro lado, ser barista do maior produtor mundial é grande vantagem, já que estamos próximos de todo o processo. Representar um país que produz 40 milhões de sacas, que tem quase 300 anos de tradição e todo um desenvolvimento histórico, social e comercial é missão para um superbarista. Como resumir tudo isso em 15 minutos? Acredito ser esse nosso grande desafio.
PAPO ESPRESSO
O profissional: estudioso
Início de carreira: a chance
Campeonato dos sonhos: aquele justo, que promova o ser humano que se dedicou, estudou, ralou, ganha pouco e é apaixonado
Especialidade: questionar
Método preferido: espresso
Teoria: fermentação é o futuro
Fazenda: Santa Terezinha, em Paraisópolis (MG), do mestre Paulinho Almeida
Marco importante na vida: a morte do meu primeiro filho em 2005, que me levou ao café
Estou bebendo: um conilon de Rondônia
Meu café: aquele que transmite emoção
Maior invenção: a La Marzocco Strada
Maior qualidade: confiança
Maior defeito: não ser falso
Gulodice: pão doce
Outra profissão que teria seguido: militar
Um barista: se eu tivesse que escolher um para ir à guerra, levaria o carioca Emerson Nascimento, um dos melhores baristas do Brasil em atividade
Primeira pessoa que ofereceu um café (gourmet): deve ter sido minha vó
Recado para outros baristas: descubram seus pontos fracos e criem motivação para melhorar cada vez mais
Onde encontrar: no www.cafedomoco.com.br, e no Barista Coffee Bar, em Curitiba.
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