Barista

“Isso prova para mim mesmo que eu consigo”, comemora Leo Oliva, vencedor do Coffee in Good Spirits

Barista de Curitiba vence etapa nacional e representa o Brasil no mundial da categoria, marcado para acontecer em junho, na Suíça

Por Gabriela Kaneto

Ontem (6), a cidade de Florianópolis (SC) sediou a final do Campeonato Brasileiro de Coffee in Good Spirits. A competição, que julga os melhores preparos de bebidas alcoólicas com café, teve como campeão o “baristender” Leo Oliva, do Mykola Bar, de Curitiba (PR), que pautou sua apresentação nas semelhanças entre os processamentos do café e da cachaça. 

Competindo pela segunda vez consecutiva, Oliva levou a melhor após alcançar a terceira posição na edição de 2024. “É muito gratificante poder estar no pódio”, comemora. Agora, a disputa acontece em Genebra, na Suíça: o campeão nacional representará o Brasil no mundial de Coffee in Good Spirits marcado para junho, na World of Coffee.

Em entrevista à Espresso, Leo Oliva fala sobre as receitas que criou para o campeonato e seus próximos passos. 

Espresso: Qual é a sensação de ganhar, pela primeira vez, o Coffee in Good Spirits?

Leo Oliva: Eu estou em choque até agora, com cara de choro de felicidade. É muito gratificante poder estar no pódio ao lado de dois caras que tenho como inspiração e referência há tempos [os baristas Daniel Munari e Emerson Nascimento]. Mas, acima de tudo, isso só prova pra mim mesmo que eu consigo. Que eram apenas vozes da minha cabeça que diziam outras coisas. Deu certo!

E: Sobre o drinque gelado, como foi o desenvolvimento da sua receita e o que te fez escolher o café que você usou?

LO: Como era um coquetel em que queria falar sobre a fermentação da cachaça através do café, eu já tinha dois ingredientes obrigatórios, o café e o caldo de cana. A partir daí, pesquisei e provei muitas bebidas que tivessem fermentação para poder contar essa história. E, claro, foram muitos erros e acertos até finalmente achar as melhores combinações.

Neste drinque, extraí um espresso utilizando grãos da variedade arara, fermentados, da Fazenda Nossa Senhora Aparecida, de Ibiraci (MG), na Alta Mogiana, e torrados pelo Lucca Cafés Especiais. Para esta receita, busquei um café no qual a acidez brilhasse, para equilibrar com os ingredientes mais doces.

Além dos drinques quentes e frios de criação própria, Leo Oliva apresentou também sua versão do irish coffee

E: Sobre o drinque quente, como você chegou à receita final e por que escolheu ela para apresentar aos juízes?

LO: No meu coquetel quente, eu precisava falar sobre a destilação da cachaça. É nesta etapa que a cachaça passa a existir. Por isso, busquei as melhores cachaças para essa história. Um dos meus ingredientes eu queria muito que, de alguma forma, fosse destilado por mim, até que lembrei de uns estudos e testes de destilação a frio em cajuína que estive desenvolvendo. Ela foi perfeita para amarrar tudo o que faltava. Sinceramente, foi o meu drinque favorito.

Usei um catuaí vermelho IAC 99, de fermentação natural, cultivado pelo produtor Gabriel Nunes em Patrocínio (MG) e também torrado pelo Lucca Cafés Especiais. Quando provei este café, eu e a Amanda Albuquerque [coach de Leo Oliva na competição] nos olhamos e falamos: “é esse!”. Ele entrega todo o corpo e a doçura que eu precisava, juntamente com as notas tártáricas.

E: Quais são suas expectativas para o campeonato mundial em junho?

LO: Confesso que não parei muito para pensar nisso, mas comecei a me preparar no mesmo dia. Com certeza o Brasil será bem representado e vai ser incrível.

Clique aqui e assista à apresentação final de Leo Oliva, no Campeonato Brasileiro de Coffee in Good Spirits.

TEXTO Gabriela Kaneto • FOTO Divulgação

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