Barista

Fazedora de Café

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Regina Machado, barista e mestre de torra do Sofá Café, inspira jovens profissionais com conhecimento e paixão pelo grão

Ela é barista, mestre de torra da cafeteria Sofá Café e coordenadora do projeto que capacita jovens de baixa renda e os insere no mercado de trabalho, o Fazedores de Café. Regina Machado, que em 2016 completa dez anos dedicados ao grão, não deixou que a paixão pela profissão se perdesse com o tempo. Pelo contrário, sua energia com o café contagia alunos, colegas de trabalho e clientes que têm a sorte de ser servidos por ela no Sofá. Regina gosta do que faz e isso se reflete na xícara. Aproveitamos uma pausa entre uma de suas aulas para conversar sobre carreira, desafios e o futuro da profissão.

Por que o café? Eu sempre gostei de café. Quando eu era pequena, minha mãe guardava uma sobra da bebida para minha irmã e eu fazermos uma mistura de café com leite e pão. Essa é minha lembrança de infância. Eu me formei em Biomedicina e trabalhei na área até 2005, quando saí da empresa em que estava devido à política de redução de custos. Fiquei um tempo desempregada e comecei a catar reciclado e fazer faxina para manter as despesas. Um dia, conversando com minha terapeuta, eu falei sobre quanto gostava de café e ela me disse: “Vai trabalhar com isso, então”. Dois dias depois, estava sentada na Academia de Barismo, como se chamava a escola da Isabela Raposeiras naquela época (hoje Coffee Lab), fazendo curso com ela.

Foi aí que tudo teve início? A questão profissionalização começou com a Isabela. Com ela aprendi muito. Eu não tinha experiência e ela confiou em mim e me ensinou a dar aulas, a torrar café, a operar a cafeteria. Ela é muito forte na minha vida. Na verdade eu comecei na Livraria Sobrado, em Moema, depois fui para o Havanna Café, por indicação da dona Rita, da Fazenda Pessegueiro, e foi lá que comecei a, realmente, trabalhar como barista. Depois de um ano e seis meses lá, cheguei a supervisora de loja, mas eu queria mais café. Estava sedenta por informação e sentia que precisava me aprofundar. Foi quando eu fui pedir emprego para a Isabela. Ela me aceitou e foi aí que alavanquei meu conhecimento. Fiquei no Coffee Lab um pouco mais de cinco anos, até 2013.

Como tem sido a experiência com o projeto Fazedores de Café? Eu vim para o Sofá Café para tocar esse projeto do Diego (Gonzales, sócio-proprietário da cafeteria). Ele tinha essa ideia em mente desde 2013 e precisava de alguém com experiência mais voltada para a área educacional e foi aí que eu comecei a trabalhar no Fazedores de Café, que ensina a profissão de barista a jovens de baixa renda, para que eles possam ter uma oportunidade no mercado de trabalho. Até o momento, criamos três turmas e formamos dez fazedores. Nove deles estão trabalhando na área. Eu tenho uma sede de tornar o meu dia mais significativo e isso, para mim, é formar um fazedor, é capacitar um barista. Ou comprar café e fazer perfil (de torra). Eu também estou bastante ligada à torrefação. Tudo isso me deixa muito feliz.

O que faz um bom barista? A primeira coisa é vontade de estudar. O café é muito exigente. Você precisa se dedicar ao café, ter vontade de estudar e ter disciplina.

Nesses dez anos trabalhando com café, o que você acha que mudou no mercado? O mercado tem evoluído muito, tanto em relação à bebida quanto a informações. Hoje temos profissionais que se dedicam mais e o fato de algumas cafeterias terem trazido a torra para dentro desse ambiente possibilitou uma evolução de conhecimento para a cadeia. A alavancada do café especial está fazendo com que a indústria melhore o seu grão; os consumidores estão buscando entender mais sobre a bebida. A mudança é grande, e para melhor.

Como gostaria de ver a profissão de barista daqui a alguns anos? Qual a evolução que poderemos ver nesse sentido? Na mente do barista tem que haver o pensamento: “Eu não estou sozinho”. Isso aqui é uma cadeia, então ele tem que deixar o ego de lado, estudar e ter contato com pessoas no lugar onde tudo começa que, para nós, é na lavoura. Se nós trabalharmos nesse contexto, daremos um grande impulso à profissão e o café especial se beneficiará disso. Essa é a energia que tem que fluir. É um trabalho com o produtor e todos os elos da cadeia. É um desafio em equipe.

(Texto originalmente publicado na edição impressa da Revista Espresso – única publicação brasileira especializada em café. Receba em casa. Para saber como assinar, clique aqui)

TEXTO Hanny Guimarães • FOTO Guilherme Gomes

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