Exportações de café verde em janeiro caem 14,2% no mundo todo, diz OIC
Relatório aponta terceiro mês seguido de queda nas exportações globais; Vietnã lidera recuo, enquanto África cresce; já as exportações de arábica do Brasil recuam 1%
As exportações globais de café verde em janeiro somaram 9,72 milhões de sacas – queda de 14,2% em relação às 11,32 milhões de sacas exportadas no mesmo mês de 2024, diz o relatório mensal da OIC (Organização Internacional do Café), que analisa os eventos recentes na indústria global do café. Foi o terceiro mês seguido de retração, após 12 meses de crescimento (entre novembro de 2023 e outubro de 2024).
A queda recente se explica, diz a OIC, pelo crescimento, no ano cafeeiro 2023/24, de 12,3% das exportações (que atingiram 124,39 milhões de sacas) – o maior volume já registrado pela OIC e o maior aumento absoluto da história, com um acréscimo de 13,63 milhões de sacas.
Já as exportações totais de café (verde, torrado e solúvel) somaram 10,83 milhões de sacas no mesmo mês – uma redução de 13,3% em relação aos 12,49 milhões de sacas exportadas em janeiro de 2024, diz o relatório mensal de fevereiro da OIC (Organização Internacional do Café).
Este é o terceiro mês consecutivo de queda nas exportações globais desses cafés, depois de 13 meses seguidos de crescimento. O resultado disso, segundo o boletim, foi o decréscimo de 4,9% nas exportações acumuladas no ano cafeeiro 2024/25 (42,79 milhões de sacas contra 45,01 milhões no mesmo período do ano anterior), sendo a Ásia e Pacífico os principais responsáveis (27,1% nos 12 meses até janeiro de 2025).
A queda acentuada dos robustas
No mundo, a maior queda das exportações de janeiro foi entre os robustas, que recuaram 27,5% (de 5,1 milhões de sacas em janeiro de 2024 para 3,7 milhões de sacas em janeiro de 2025). Segundo a OIC, essa queda acentuada foi impulsionada pelo Vietnã – responsável por recuar 43,8%. Isso reflete um dado atípico de janeiro do ano passado, quando o Vietnã registrou seu maior volume mensal de exportação de grãos verdes já registrado.
Ajudando a compensar parte dessa queda dos robustas, Indonésia e Uganda tiveram um aumento de 230% (250 mil sacas) e 20,4% (80 mil sacas), respectivamente.
Já as exportações de arábica do Brasil caíram 1% (passando de 3,59 milhões para 3,55 milhões).
Também os estoques certificados de café robusta em Londres diminuíram 4,9% entre janeiro e fevereiro de 2025, fechando fevereiro em 720 mil sacas. Já os de arábica tiveram uma queda mais acentuada – 7,5% (ou 840 mil sacas).
PARA SABER MAIS
Em termos continentais, enquanto as exportações da América do Sul em janeiro caíram 4,2% (de 5,41 para 5,18 milhões de sacas, queda esta impulsionada pelo Peru, que recuou 58,9%), a África cresceu 7,1% (de 1,03 milhão para 1,1 milhão de sacas) e o México e a América Central, 10,9% (atingindo 1,1 milhão de sacas).
O crescimento do volume das exportações na África – o maior desde 1997, quando somaram 1,12 milhão de sacas – foi impulsionado pela Costa do Marfim e por Uganda (os dois maiores exportadores africanos de robusta), cujas exportações combinadas cresceram 28,1%.
Torrado cresce 1,4%
As exportações totais de café solúvel também caíram: o recuo foi de 5,2% em janeiro (1,05 milhão de sacas, em comparação com 1,1 milhão de sacas no mesmo mês em 2024). O mesmo não aconteceu com os cafés torrados, cujo aumento foi de 1,4%, atingindo 60.532 sacas.
O recorde do I-CIP
O I-CIP atingiu novos recordes em fevereiro – 354.32 centavos de dólar por libra-peso (preços nominais), um aumento de 14,3% em relação a janeiro –, com a maior média mensal já registrada e superando o recorde de março de 1977 (305,13). O I-CIP (Índice Composto de Preços da OIC) representa uma média ponderada dos preços diários dos cafés comercializados no planeta e serve como um indicador de referência para o mercado internacional.
A OIC deu duas possíveis razões para essa retração dos preços iniciada em meados de fevereiro: a primeira delas é que, em 10 de fevereiro, a ICE aumentou os requisitos de margem em até US$ 3.046 para contratos de arábica com vencimento em março de 2027. Isso pode ter levado alguns traders a liquidarem suas posições por conta do aumento dos custos operacionais. A segunda razão é que a divulgação de resultados negativos em pesquisas de negócios e confiança do consumidor feitas em fevereiro nos EUA e na União Europeia impactou negativamente a confiança dos consumidores.
Tudo isso pode ter desencadeado uma realização de lucros, levando a uma retração nos preços. Esse movimento, ainda, foi sustentado por fatores como fluxo de caixa (necessidade de liquidez e o aumento da demanda por créditos comerciais, que elevam os custos e riscos das operações), incertezas resultantes do anúncio de aumentos tarifários pelos EUA, estimativas preliminares aparentemente positivas da safra 2024/25 do Vietnã (que podem ter aliviado preocupações sobre um possível déficit de oferta) e clima favorável (espera-se que o fenômeno La Niña substitua o El Niño intenso de 2024).
Fonte: OIC (Organização Internacional do Café)
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