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Especialistas debatem sobre o mercado de café pós Covid-19 em Encontro do Cerrado Mineiro
Nos dias 20 e 21 de maio a Federação dos Cafeicultores do Cerrado, por meio da Fundaccer e em parceria com a Epamig realizou a quinta edição do Encontro de Inovação e Tecnologia para a Cafeicultura do Cerrado Mineiro.
Neste ano, por conta da pandemia da Covid-19, o evento aconteceu on-line e a transmissão foi através do Fala Café, projeto criado em conjunto pela Revista Espresso e pelo portal de notícias CaféPoint, que busca apresentar conteúdos e debates relevantes para ajudar na tomada de decisão dos profissionais do mercado com a atual pandemia.
O segundo dia contou com o tema Perspectivas de Mercado do Café Pós Covid-19 e contou com a participação de Nelson Carvalhaes, do Cecafé; Guilherme Morya, do Rabobank; Pedro Malta, da Nestlé e Georgia Franco, do Lucca Cafés Especiais.
O Superintendente da Federação dos Cafeicultores do Cerrado iniciou o debate comentando sobre as práticas no Cerrado e o avanço com o selo de origem e qualidade, o que promoveu um crescimento de 40% no volume de café. “Hoje vejo produtores com perfil empreendedor, boa gestão e buscando cada vez mais se captar no meio digital”, aponta.
O primeiro a apresentar seu ponto de vista sobre o momento atual em que o café passa foi o presidente do Conselho dos Exportadores do Café do Brasil (Cecafé), Nelson Carvalhaes. O tema foi Panorama das Exportações. Segundo ele estamos em um momento que não pensamos em vivenciar e surpreendeu o mundo todo.
Nelson aponta que até o momento a exportação do café brasileiro ainda não foi prejudicado, com a pandemia, como ocorreu com outros produtos. No mês de abril o país exportou 3,3 milhões de sacas de café, considerando a soma do café verde, solúvel, torrado e moído.
O presidente do Cecafé acredita em bom ano, já que o Brasil segue em um ritmo forte nas exportações, mesmo com a safra baixa do ano passado, “contamos com estoques remanescentes e uma boa performance”.
A expectativa de exportação ainda é alta para a Ásia e são os primeiros locais a reabrirem no momento, o Brasil é responsável por cerca de 10% do café que a China importa. Então o foco é se atentar para os países que estão retornando com suas atividades e que provavelmente consumirão cada vez mais café.
Outro ponto apresentado por Nelson é o processo que o café passa até chegar ao consumidor, com qualidade e segurança, respeitando todas as regras da Organização Mundial da Saúde (OMS). “Hoje temos pessoas mais interessadas em consumir produtos sustentáveis e vão querer entender como o café é produzido. Por isso o Cecafé conta com programas com o intuito de melhorar o trabalho dos produtos, responsabilidade social e questão ambiental”, completa Nelson.
Guilherme Morya da Rabobank, foi o segundo a se apresentar com o tema: Panorama geral do mercado. Ele trouxe dados de mercado em que apresentava o aumento das pequenas marcas, o que levou a uma leve queda dos grandes players.
Segundo a pesquisa o Brasil aumentou cada vez mais o nível de consumo de cafés especiais fora do lar, assim como em países como Japão e Coreia do Sul. Dentre as inovações o consumidor passou a levar a experiência em cafeterias para dentro de casa, com a compra de equipamentos.
Segundo Guilherme de repente a pandemia chegou, causando um grande impacto, com o fechamento de food service, cafeterias, restaurantes e a mudança para o lar, o que aumento a compra no varejo, pela busca de opções mais baratas e acessíveis. E a dúvida que ele afirma existir é como será a retomada, como o consumidor irá reagir? Seguirá no e-commerce, cafeterias devem investir no take away, delivery?
A Rabobank traz uma visão positiva para a safra brasileira de 2020/2021, de 67,5 milhões, o que será bom para a exportação dos grãos e consumo interno. Uma possível quebra da América Central, como por exemplo queda nas exportações da Colômbia neste ano; Honduras com queda nas exportações desde outubro do ano passado, pontos que são favoráveis para o Brasil.
Guilherme encerrou sua apresentação com os seguintes pontos:
- Demanda ainda é incerta, importante monitorar a recuperação dos países consumidores segunda linha e solúvel ganharam espaço;
- Grandes empresas ganham Market share e o varejo e e-commerce cresce cada vez mais;
- Cafeterias independentes podem perder espaço;
- Estoque menor e incertezas na oferta dão suporte aos preços do café
- A depreciação do real favorece as cotações do café em moeda local, o que pode travar custos e vendas futuras, gerando maior previsibilidade ao negócio.
A terceira apresentação ficou por conta de Pedro Malta Campos, da Nestlé, que tratou o tema: Demanda do mercado interno. Segundo ele a Nestlé realizou uma pesquisa interna em que 90% das pessoas declararam que o café não pode faltar. 50% aumentaram o consumo; 80% querem experimentar novas marcas e 50% estão dispostos a pagar mais.
Pedro apresentou que as buscas no Google aumentaram muito por assuntos como meditação, exercícios, saúde, receita de pão e café. O que mostra que a bebida está na rotina das pessoas e ganha cada vez mais relevância neste momento desafiador e o solúvel ganhou destaque.
Segundo ele a Nestlé segue as tendências de consumo e exigências do mercado e se conecta cada vez mais ao produtor, através do programa Cultivado com Respeito. Assim leva ao consumidor a origem e rastreabilidade de cada produto.
A última a se apresentar foi Georgia Franco, proprietária do Lucca Cafés Especiais, cafeteria localizada em Curitiba (PR) e de maneira emocionante apresentou sua história e como a cafeteria e torrefação foi impactada com o novo coronavírus.
Georgia apresentou sua trajetória no café e como após sanar suas dívidas e ter um ano positivo em 2019, chegar a um plano de sobrevivência para 2020, com férias para grupo de risco; fechamento do atendimento em 20 de março; férias para 70% dos colaboradores; delivery de café e pão; negociação dos aluguéis; e reforço do e-commerce; cursos à distância. Ela aponta que a cafeteria é o elo mais frágil da cadeia, “é difícil sobreviver 30 dias com a porta fechada”.
Ela reforça a importância do elo da cadeia, apoio aos produtores, a Covid-19 não pode abalar a sustentabilidade da cadeia!
“Ninguém sabe o que vem pela frente, mas quem sabe o Brasil não possa ser o precursor da 4ª onda do café. Criamos um projeto junto com a equipe do Mundo Café, que fica em Uberlândia (MG), para a adoção de uma microtorrefação, uma ação para unir cada vez mais a cadeia e seguirmos com o compromisso de servir cafés especiais do Brasil, para os brasileiros”, finalizou.
O Encontro completo, com as discussões sobre o futuro do café pós pandemia, está disponível no Youtube. Clique aqui para assistir ao Fala Café #4. A apresentação completa do primeiro dia, em que especialistas apresentaram suas pesquisas para o melhoramento da produção do café, também está no Youtube. Clique aqui para assistir ao Fala Café #3.
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