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Entenda aumento do consumo de café no Brasil e perfil do consumidor através da pesquisa da ABIC

A Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC) realizou, na tarde desta quarta-feira (6), uma coletiva de imprensa on-line para apresentar os Indicadores da Indústria – Consumo Interno 2021 e também a pesquisa “A identificação do perfil do consumidor de café que busca por qualidade”. 

Celírio Inácio da Silva, diretor executivo da ABIC, foi quem conduziu a apresentação. A pesquisa é realizada desde 1989 e apresenta os dados de consumo interno através dos associados. Entre novembro de 2020 e outubro de 2021, os números mostram que foram consumidos 14 milhões de café, um crescimento de 2,77% quando comparado com o mesmo período do ano anterior. 

O diretor executivo destaca um crescimento constante no consumo desde 2018, sendo que, em 2021, o aumento foi um dos mais elevados, chegando a 1,71%. A pesquisa mostra que, entre os associados da ABIC, o consumo foi de 72,9%, e entre os não associados, foi de 27,1% de café em grãos ou moído. 

Os números revelam ainda que o Brasil manteve, no ano passado, a posição de segundo maior consumidor de café do mundo. A diferença para o primeiro lugar, ocupado pelos  Estados Unidos, é de 4,5 milhões de sacas. Seguimos como o maior consumidor de cafés  nacionais.

Quando analisado o consumo per capita, observa-se que, em 2021, foi de 6,06 kg por ano de café cru e 4,84 kg por ano de café torrado. O bom desempenho na mesa do consumidor teve  impacto direto na indústria: as empresas associadas à ABIC registraram um crescimento de 2,77%  no período. 

Atualmente, as indústrias associadas respondem por 72,9% da produção do café torrado em grão e/ou moído e representam 85,4% de participação (share) no mercado. A ABIC registra, em seu banco de dados, mais de 3.000 produtos certificados. 

“Com tudo que foi noticiado no ano passado, geada, problemas com o clima, o café navegou e se saiu bem. Conseguimos superar as expectativas. O mercado dizia que iria faltar café e hoje temos grãos, talvez não na quantidade desejada, mas ainda muitos da safra passada. Com a expectativa do mercado desfeita, isso resultou nas oscilações dos preços. Em relação a produção deste ano, as chuvas vieram no momento certo, o que beneficiou as lavouras e uma esperança de melhoria nesta safra. Teremos menos dificuldades que ano passado. Sobre os fertilizantes, os produtores devem começar as compras em setembro. Espero que até lá o conflito entre Rússia e Ucrânia seja solucionado e, assim, os preços voltem ao normal”, destaca Ricardo Silveira, presidente da ABIC. 

Variáveis que influenciam o preço final da bebida 

Grandes supermercados e atacarejo representam 84% do canal de venda do café. Sudeste e Sul destacam a compra de pacotes de 500 gramas, já o Nordeste compram embalagens de 250 gramas. 

Os consumidores sentiram o aumento significativo dos preços do café. São muitos os  fatores que impactam no preço final encontrado na gôndola, tais como: o câmbio em alta, o  aumento nos custos dos insumos, o volume da safra, o clima e a continuação da pandemia. 

Segundo um estudo feito pela ABIC, no período de dezembro/2020 até dezembro/2021, a matéria prima ficou, em média, 155% mais cara, e o aumento na média ponderada dos demais insumos como  matéria-prima, embalagem, salário-mínimo, energia elétrica, óleo Diesel e gasolina foi de 107,30%. Porém, nas prateleiras, o reajuste de preço do café atingiu a média de 52% para o mesmo período. 

A variação de preços por categoria de qualidade foi, em média, de Extraforte (39,3%), Tradicional  (40,3%), Superior (28,1%) e Gourmet (20,8%), sendo que a região Nordeste teve o maior reajuste nas  categorias Extraforte e Tradicional e a Região Sul nas categorias Superior e Gourmet. 

Durante a coletiva também foi apresentado a pesquisa “A identificação do perfil do consumidor de café que busca por qualidade”, que trouxe a visão de 5.460 apreciadores e apreciadores de café sobre o produto, com mais de 180 mil respostas e teve o intuito de entender os movimentos do consumidor no último ano. 

Realizada no segundo semestre de 2021, a pesquisa englobou o consumo de café em 14 municípios brasileiros, revelando a força do produto em todas as regiões do país. As cidades participantes foram: São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ), Belo Horizonte (MG), Recife (PE), Brasília (DF), Curitiba (PR), Belém (PA), Uberaba (MG), Petrolina (PE), Feira de Santana (BA), Novo Hamburgo (RS), Caxias do Sul (RS), Maringá (PR) e  Blumenau (SC).

O grupo foi dividido em três perfis de graus de conhecimento do café – o geral: 83% que consomem o café tradicional e extraforte; entusiastas: que compram cafés diferenciados, e consomem as categorias tradicional, gourmet e especial e representaram 12% entre os entrevistados e os especialistas: que entendem sobre o tema, possuem cursos na área e verbalizam sobre o assunto de maneira técnica. Consomem prioritariamente cafés gourmets e especiais e representaram 5% dos entrevistados.

Em relação a como é comprado o café, o público se dividiu da seguinte forma:  

Moído: é o tipo mais consumido, por todos os grupos, já comprados assim;

Moído na hora em cafeteria: entusiastas e especialistas costumavam visitar cafeterias e pedir o café moído na hora, levando então para consumo domiciliar;

Grãos: mais usados por especialistas e por alguns entusiastas, especialmente, em São Paulo, MG e Curitiba;

Cápsula: consumido, pontualmente, por entusiastas. Tem ainda uma visão “premium” perante entusiastas de Belém, Brasília, Recife e Rio de Janeiro.

Um dos objetivos da pesquisa foi apresentar os sentimentos do consumidor com o café. A conclusão foi de que a bebida é um produto versátil, gerando uma variedade de sensações como: do despertar ao relaxamento, do coletivo ao individual, entre muitos outros.

Em relação a adoçar o café, os entrevistados surpreenderam, já que cerca de 34% do público geral (aquele que conhece menos sobre o produto) apontou que não adoça a bebida (diante de 39% que preferem café com açúcar). Entre os entusiastas, essa média chega a 49% (e 28% tomam com açúcar) e, entre os especialistas, chega a 81% (apenas 16% bebem com açúcar).

Em resumo, os entrevistados passaram a consumir mais café na pandemia e/ou estudar sobre café. O café foi um aconchego para todos durante esse tempo e há uma preocupação com a sustentabilidade. O tema aparece em destaque para todos os perfis de consumidores, estando entre os quatro atributos mais importantes quando se pensa em qualidade e, ainda, são decisivos na compra de um café.   

Com essa pesquisa, a ABIC teve o intuito de aprofundar a investigação, traçando uma radiografia precisa do consumo de café no Brasil por meio de metodologias de pesquisa qualitativa, em grupos de discussão e entrevistas com os diferentes perfis, e uma pesquisa quantitativa, em questionários com 25 perguntas nos 14 municípios, realizada em parceria com a Humanas Insights e o São Paulo Coffee Hub. 

TEXTO Redação • FOTO Café Editora

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