Encontro da Cafeicultura do Cerrado Mineiro traz painéis com estudos de melhorias na produção
Na quarta-feira, 20 de maio, ocorreu o primeiro dia do 5º Encontro de Inovação e Tecnologia para a Cafeicultura do Cerrado Mineiro, que desta vez, por conta da pandemia foi de forma online. O evento é realizado pela Federação dos Cafeicultores do Cerrado, por meio da Fundaccer e em parceria com a Epamig.
A transmissão aconteceu no Youtube através do Fala Café, projeto criado em conjunto pela Revista Espresso e pelo portal de notícias CaféPoint, que busca apresentar conteúdos e debates relevantes para ajudar na tomada de decisão dos profissionais do mercado com a atual pandemia.
Nesta primeira etapa quatro especialistas se reuniram para apresentar e debater suas pesquisas para a melhora na produção do café especial.
O primeiro a se apresentar foi o pesquisador da Epamig, Gladyston Rodrigues Carvalho, com o tema: Produtividade das Cultivares no Projeto Unidades Demonstrativas. O projeto contou com a avaliação da microrregião de Patrocínio e do Carmo do Paranaíba e o objetivo era entender alternativas para mudar o padrão sensorial e genótipo do local. Foi analisado o comportamento regional de novas cultivares e comparadas com o catuaí vermelho e borboun amarelo. Além da avaliação das características sensoriais dos cafés produzidos pelas cultivares e o potencial de melhoria para o Cerrado.
Segundo Gladyston a expectativa é construir com precisão uma recomendação de cultivares para as microrregiões do Cerrado Mineiro, com base nos dados acumulados “O produtor poderá anotar sobre como se comporta a sua produção e iremos gerar um software com entrada de condições climáticas, dados da fazenda, gerando as melhores opções de cultivares. A eficiência da ciência, aliada a tecnologia da informação”.
Segundo Juliano Tarabal, Superintendente da Federação dos Cafeicultores do Cerrado, essa é uma alternativa para que os produtores tomem uma decisão pautada e segura.
O segundo bloco contou com a apresentação de Denis Henrique Silva Nadaleti – Pesquisador INCT Café – UFLA/ EPAMIG, com o tema: Cafés Exóticos do Banco Ativo de Germoplasma de Minas Gerais: Variedades Potenciais para o Cerrado Mineiro. O Banco de Germoplasma guarda e preserva uma extensa coleção de recursos genéticos utilizados nas pesquisas de melhoramento e para a obtenção de cultivares cada vez mais produtivos. No caso da pesquisa do Denis o objetivo é buscar um potencial na produção de microlotes de café especial, com um perfil sensorial exótico.
Segundo ele a coleta de material genético constitui num vasto acervo genético de grande importância para programas de melhoramento genético visando desenvolvimento de cultivares de café com alto potencial produtivo. Foram 1596 acessos do gênero coffea e 272 acessos provados em 3 anos diferentes. A pesquisa contou ainda com uma comparação das variedades no preparo em métodos como o coado tradicional, espresso, hario v60 e prensa francesa, em que pode ser visto como cada grão se comportou nas xícaras e qual atraia mais o consumidor.
Denis acredita que no futuro pode ser criado variedades conforme o terroir, “um dos passos da pesquisa de qualidade seria o estudo do terroir, como um braço da qualidade”.
“Próxima etapa é analisar como será a disseminação destes acessos nas diversas regiões produtoras de café”, completa Denis.
O mediador do evento, Juliano Tarabal, acredita que o foco da pesquisa para a qualidade do café é essencial e tem sido muito debatido pelas academias e instituições de pesquisas, o que, segundo ele reflete diretamente na xícara.
O bloco 3 foi conduzido pelo pesquisador da Bayer, Rodolfo San Juan, que abordou o tema Inovações Bayer para a Cultura do Café: Curbix e Verango Prime. A apresentação focou nos lançamentos da marca com produtos para combater a broca do café e os nematóides.
Segundo San Juan o portfólio da Bayer é bem completo e passou por uma transformação, retirando produtos antigos e lançando os novos. O Curbix é baseado na molécula ethiprole e tem um perfil toxicológico favorável e a dica de San Juan para controlar a broca é o momento da aplicação. “O segredo é fazer o corte antes do mês de dezembro, não adianta usar o produto para matar a broca hoje e amanhã, porque ela sai aos poucos desses frutos remanescentes, continuar matando é a chave, já que a broca vive em média cinco meses e pode produzir aproximadamente 75 ovos”, ou seja, a dica é aplicar em dezembro (assim que encontrar o inseto andando) e cerca de 30 dias depois.
Já o Verango Prime é um nematicida que tem ação fungicida para alguns gêneros de fungo e também, traz um perfil toxicológico favorável e deve ser aplicado nas estações chuvosas, como outubro, novembro e no máximo em dezembro. Sua ação é inibir seletivamente a cadeia respiratória mitocondrial na mitocôndria dos nematóides.
Para saber mais sobre os novos produtos acesse o site da Bayer.
O último bloco da noite ficou por conta do Doutor Diego Siqueira, especialista em solos e inovação para o campo, pesquisador associado Quanticum, com o tema Mapeamento de Terroir Via Qualidade das Argilas para Caracterização da Qualidade de Bebida: Resultados do Segundo Ano de Validação. Diego analisou os solos tropicais e sua interação com a argila e como ela pode interferir positivamente para a produção do café especial.
Segundo ele, é a saída de uma agricultura 1.0 que já era eficaz para um agro 4.0 falando nas diferentes qualidades da argila que leva a um comportamento diferente no solo, em mais de dez anos de estudo.
Em uma das pesquisas foram analisadas 234 amostras de café em 2018 e 2019, e o uso da argila em dois anos seguidos, resultou em notas de frutas tropicais, floral e baunilha. A recomendação, segundo Diego, é que o produtor ganhe mais eficiência ao adubar sua lavoura, considerando cada tipo de argila. “Estamos sempre ancorados pela ciência e na busca de como aplicá-la no campo”. A apresentação completa está disponível no Youtube. (Fala Café – Episódio 3 – Encontro de Inovação e Tecnologia para a Cafeicultura do Cerrado Mineiro)
Nesta quinta-feira, 21 de maio, ocorrerá a segunda parte do Encontro de Inovação e Tecnologia para a Cafeicultura do Cerrado Mineiro com o tema: Estratégia de Colheita e Mercado em Tempo de COVID-19. Estarão presentes Guilherme Morya, da Rabobank, com um panorama geral do mercado; Nelson Carvalhaes, do Cecafé, abordando as exportações do café brasileiro; Pedro Malta Campos, da Nestlé, sobre demanda do mercado interno e Georgia Franco, do Lucca Cafés Especiais, que falará sobre o mercado de cafés especiais. O evento será às 18h30, no Youtube. (Fala Café – Episódio 4 – Encontro de Inovação e Tecnologia para a Cafeicultura do Cerrado Mineiro)
O Encontro de Inovação e Tecnologia para a Cafeicultura do Cerrado Mineiro é uma realização da Federação dos Cafeicultores do Cerrado, por meio da Fundaccer e em parceria com a Epamig e conta com a transmissão através do Fala Café, projeto criado em conjunto pela Revista Espresso e pelo portal de notícias CaféPoint, que busca apresentar conteúdos e debates relevantes para ajudar na tomada de decisão dos profissionais do mercado com a atual pandemia.
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