Coluna Barística por Mariana Proença

Experiências com café e sobre a profissão barista

No Curso

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Descobrir a origem das palavras para mim sempre foi um grande divertimento. Então, dia desses fui ao dicionário saber o significado de “curso”. Para minha surpresa, vieram muitas definições. Desde o ato de correr em si, um movimento contínuo, com rumo e direção, até um caminho percorrido por um rio, que segue seu curso. Ou ainda uma sucessão temporal, como um curso de acontecimentos ou de raciocínios. Uma palavra, tantos caminhos possíveis na nossa rica língua portuguesa.

Assim vejo hoje o nosso mercado de cafés. A cada dia surge uma cafeteria, uma microtorrefação, uma marca de café. Em todos os cantos do Brasil, no interior, nas capitais, há muitos empreendedores investindo na área. Porém, uma tendência que vem junto com essas inaugurações é o ato de oferecer cursos. Muitos novos negócios abrem no Brasil e junto com eles surge o braço educacional.

O fato é que os jovens empreendedores desse setor perceberam, já há algum tempo, que não há como conquistar um novo público consumidor de café especial sem educar, dar bases e parâmetros de aprendizado, ensinar e trocar experiências de degustação de café e outros produtos. Num momento em que há um crescimento do interesse dos jovens por produtos saudáveis, de procedência, origem e rastreabilidade é que entram as perguntas, as dúvidas e os aprendizes.

Por isso, em toda nova cafeteria ou microtorrefação há um curso básico começando, uma degustação comparativa, harmonização com outros produtos gastronômicos e, o mais importante, existe o público interessado. Cada vez mais pessoas estão a fim de conhecer algo novo e com isso compartilhar com amigos e familiares.

Dessa forma os novos espaços conseguem agregar valor ao local, incrementar a renda com ganhos extras de cursos e ainda fidelizar aquele cliente, que compra o café no estabelecimento e leva novos apreciadores para conhecer o lugar.

Entram também nesse rol de opções as fazendas que oferecem experiências de hospedagem e abrem cafeterias dentro das propriedades, tema já tratado por aqui em colunas atrás. Os consumidores estão ávidos por conhecer um pé de café, fazer uma colheita com as próprias mãos, provar do grão que teve a sua participação direta. Viver esses momentos únicos é o que cativa pessoas de todas as idades para que aprendam sobre café, uma bebida democrática, que atinge todas as camadas da nossa sociedade.

Não me canso de dizer que trabalho com café e de arrancar um sorriso do rosto da pessoa que perguntou. A pergunta sempre vem acompanhada de curiosidades sobre qual é o melhor café, as espécies, a produção, enfim, há um mundo de aprendizes buscando conhecimento a respeito da bebida mais consumida no Brasil e que poucos sabem de onde vem, poucos conhecem o curso pelo qual o fruto passa até chegar à nossa xícara.

São esses inúmeros cursos por que o café passa que todos querem saber. E é cursando essas histórias e experiências que conseguiremos construir um novo público consumidor, mais conhecedor, interessado e, claro, exigente com o que está tomando. Seguimos.

*Mariana Proença é jornalista. Em 2006 assumiu a direção de conteúdo da Espresso e, meses depois, o café já tinha virado uma paixão, que dura até hoje. Nesta coluna ela aborda diversos assuntos e experiências sobre o tema.
Fale com a colunista: mariana.proenca@cafeeditora.com.br

(Texto originalmente publicado na edição impressa da Revista Espresso – única publicação brasileira especializada em café. Receba em casa. Para saber como assinar, clique aqui).

ILUSTRAÇÃO Eduardo Nunes

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