Ásia avança no consumo e pode faltar café
Um movimento que começou há alguns anos na Ásia vem ganhando cada vez mais força com o consumo de café. O crescimento da população urbana e o aumento da renda fez com que o crescimento anual chegasse a quase 5%, e que milhões de sacas fossem consumidas em países como Japão, Taiwan e Coreia do Sul. Calcula-se que esse mercado está avaliado em cerca de US$ 10 bilhões anuais e que o volume de consumo passou de 8,4 milhões de sacas de 60 quilos em 1990 para 19,5 milhões
de sacas em 2012. De acordo com o relatório da Bureau de Inteligência Competitiva do Café, programa desenvolvido na Universidade Federal de Lavras (UFLA) “O Japão já é um grande consumidor. China e Índia caminham na mesma direção, bem como o Vietnã. Isso pode criar oportunidades para o Brasil, que poderia exportar cada vez mais para esses mercados.” Ainda segundo análise do relatório: “As principais empresas de torrefação e redes de cafeterias já estão no continente asiático e lutam para ganhar mercado. A inovação garante às indústrias vantagens competitivas que auxiliam no acesso a novos mercados, aumento do faturamento e nas margens de lucro. Por esse motivo as grandes torrefadoras oferecem novas maneiras de beber café, além de introduzirem no mercado diferentes equipamentos que mudam o hábito dos consumidores, a fim de proporcionar maior conforto e qualidade a seus clientes. Mesmo nas economias desenvolvidas, tradicionais consumidoras de café, o momento é bom para a indústria. A inovação tecnológica das cápsulas criou um novo segmento de mercado que agradou aos consumidores. O produto possui grande valor agregado e suas vendas crescem num ritmo elevado. Apesar das grandes empresas dominarem o mercado, várias pequenas e médias torrefadoras estão obtendo lucros com a venda de cápsulas.” Há ainda análises de que, com a retração de produção do Brasil e o grande aumento de consumo, o café possa faltar em alguns anos. Segundo opiniões de Heather Perry, sócia da Klatch Coffee, “se o consumo no Extremo Oriente continuar crescendo nas proporções que cresce hoje, no futuro, o mundo não conseguirá ofertar o que será demandado.” Ela ainda acredita que a solução adotada pelas empresas será o aumento da oferta de chá. Ações recentes Como prova de que este movimento está acentuado, neste ano, entre os dias 30/1 e 1/2, foi realizado o primeiro Campeonato Iraniano de Barista. Com a participação de 34 baristas, número maior do que no Brasil, o campeão Mehran Mohammad Nezhad, da Yasi Café, vai poder representar o país no Campeonato Mundial de Barista, em abril, em Seattle, Estados Unidos. O atual campeão mundial é o barista japonês Hidenori Izaki, que foi o primeiro profissional da Ásia a alcançar o topo da competição. O evento do Irã foi organizado pelo IBG (Iranian Barista Guild), que tem como fundador Mohammad Khani. Nos Emirados Árabes, em Dubai, a maior feira da região no setor de alimentos, a Gulfood, tem uma área dedicada ao café. A feira começou nesta semana, em 8 de fevereiro, e trará como novidade o lançamento da
primeira fábrica de cápsulas de Dubai, a Mood Espresso. Quem está à frente do projeto é a barista brasileira, Cleia Junqueira (ex-Sindicafé), que comunicou ao mercado que serão quatro tipos de cápsulas com blends de cafés de origens Brasil, Guatemala, Costa Rica, India, Uganda, Etiópia. A Mood Espresso terá sistema de cápsulas compatíveis ao Nespresso, mas também máquinas próprias com design compacto e bem colorido.
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