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Após completar 300 anos, cafeteria histórica pode encerrar suas atividades
Um dos principais pontos turísticos da cidade italiana de Veneza, o Café Florian, que completou 300 anos em dezembro de 2020, corre o risco de encerrar suas atividades em breve. O motivo é a pandemia de coronavírus, que acabou afetando drasticamente o movimento de turistas no local.
Localizado na Praça São Marcos, o espaço foi fundado em 1720, por Floriano Francesconi, e sua popularidade já fez com que recebesse celebridades como Charles Dickens, Marcel Proust, Andy Warhol, Friedrich Nietzsche, Charles Chaplin, Margaret Tatcher, entre outros.
Apesar de ter sobrevivido a outros momentos históricos, como as guerras mundiais e a gripe espanhola, outro fator que abalou o funcionamento da cafeteria foi a enchente de novembro de 2019, que custou mais de 1 bilhão de euros (aproximadamente R$ 6,4 bilhões) de prejuízo para a cidade. O ano de 2020 serviria para recuperar o estrago nos cofres, porém a Covid-19 afastou os clientes e diminuiu os lucros do local.
De acordo com o jornal argentino La Nación, em 2019, o Café Florian teve um faturamento de 8,5 milhões de euros (aproximadamente R$ 54,5 milhões), apesar dos problemas. Porém, em 2020, o total arrecadado despencou para 2,5 milhões de euros (cerca de R$ 16 milhões).
Em uma entrevista para a revista americana Architectural Digest, Marco Paolini, gerente do local, comentou que o aluguel de um ano do espaço custa cerca de 1 milhão de euros (aproximadamente R$ 6,4 milhões), pagos para uma empresa privada e para o Estado.
Ele conta que a empresa perdoou metade da dívida, mas o governo italiano não aliviou em impostos, aluguel ou ajuda de custo, uma vez que os auxílios financeiras para a crise do coronavírus foram destinados apenas às empresas que tiveram um faturamento menor que 5 milhões de euros (cerca de R$ 32 milhões) em 2019, o que não é o caso da histórica cafeteria.
“Não sobrou ninguém em Veneza. Na Praça de São Marcos não há estabelecimentos abertos. Os museus estão fechados. No verão, poderíamos lidar com 20 ou 30% do faturamento normal. Mas agora nem abrimos, porque não há absolutamente nenhuma alma na cidade”, disse Paolini à revista americana.
Segundo o jornal argentino, 65% da população local de Veneza se dedica às atividades turísticas. “Essa crise não é apenas econômica, mas histórica, já que o Café Florian é um pedaço da história italiana conhecida em todo o mundo”, lamentou o gerente.
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