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Café colombiano Juan Valdez chega ao mercado brasileiro
A marca de café da Colômbia, Juan Valdez, entra formalmente este mês no mercado brasileiro para continuar sua estratégia de expansão internacional. A cafeicultura colombiana ganhou destaque mundial com a figura do senhor de chapéu e seu bigode bem aparado que, sem perder a pose, puxa seu burrico carregado de sacas de café. O personagem Juan Valdez há mais de 50 anos é um dos grandes responsáveis pela popularização do Café de Colômbia e está realmente em toda a parte do país e hoje em mais 16 outros. A partir deste mês de novembro de 2016, os produtos Juan Valdez podem ser encontrados nas lojas Pão de Açúcar, no Brasil. Inicialmente, estarão disponíveis em 108 pontos de venda, com um potencial de mais de 2.100 estabelecimentos. O Grupo Pão de Açúcar (GPA), de propriedade do francês, Casino Guichard-Perrachon, com presença no mercado brasileiro desde 1945, é a companhia que se encarregará de comercializar os produtos da marca colombiana. O Grupo Pão de Açúcar é o maior varejista do Brasil, com 2.181 lojas em todas as regiões, além do comércio eletrônico.
O portfólio de produtos oferecidos serão cafés de origem 100% colombianos das regiões de Huila (balanceado), Tolima (suave) e Sierra Nevada (forte), com diferentes perfis de xícara. Todos serão vendidos torrado e moído em pacotes de 125 gramas nas versões lata (R$ 19,90) e pacote com válvula aromática (R$ 15,90). “O Brasil é um mercado dinâmico e diverso. Por ser um país produtor, faz com que sua população se interesse pela variedade do produto e em aprender sobre ele. Acreditamos que nossa chegada ao país será um êxito, pois os brasileiros se interessam cada vez mais pelos cafés especiais”, informa María Paula Moreno, vice-presidente internacional da Procafecol, empresa que opera a marca e a cadeia de lojas, Juan Valdez Café.
Panorama da Colômbia
Em reportagem de 2011, da Revista Espresso, estive na Colômbia para visitar propriedades locais. Foi preciso se embrenhar por diferentes fincas, as fazendas, para conhecer as peculiaridades dos cafeicultores colombianos. A maior parte das propriedades tem de 3 a 40 hectares de extensão, sendo as menores, em maior quantidade, 70%. A colheita na Colômbia é seletiva, quando os apanhadores passam pelos pés de café retirando apenas os frutos maduros da planta. Essa técnica garante uma seleção inicial dos melhores cafés, porém é antes de tudo algo necessário numa maturação desuniforme. Na Colômbia, num mesmo cafeeiro, é possível ver flor, chumbinho, verde, maduro e passa. Como a quantidade não é o destaque da maioria das fazendas, a colheita seletiva é uma questão de sobrevivência para o cafeicultor local. O beneficiamento do grão é feito exclusivamente no método lavado, em que os frutos são colocados dentro de um tanque cheio de água. O processo é todo ele artesanal, o fruto bom que fica no fundo do tanque é levado a uma tolva (grande funil), que direciona os frutos a um despolpador. Novamente no tanque cheio, os grãos maduros fermentam por até 18 horas. Sem a mucilagem eles vão ao terreiro secar. No Brasil esse processo é pouco utilizado, por ter gasto elevado de água e necessidade de uma estrutura de muitos tanques. Mas na Colômbia ele funciona muito bem e dá ao café o perfil de corpo leve, destaca a acidez do grão e é uma seleção precisa, em que poucos grãos com defeito chegam à fase final de beneficiamento. Em 2011 o parque cafeeiro do país passou por uma renovação de variedade. A caturra, que estava em quase toda parte das zonas produtoras, foi sendo substituída pela castillo, que é resistente à ferrugem, praga do cafeeiro que foi responsável pela grande queda na produção do país em 2010.
Investimento planejado
Durante os Jogos Olímpicos, no Rio de Janeiro, a marca Juan Valdez esteve presente na Casa Colômbia, servindo cerca de 6.000 bebidas diárias. A estratégia teve grande aceitação, o que foi importante para a familiarização dos brasileiros com os produtos Juan Valdez. “O Brasil é o segundo país onde mais se consome café no mundo, superado pelos Estados Unidos, e se encontra entre os países com maior consumo per capita, alcançando 5,1 quilos de café por ano, o que o torna um país muito atrativo para o negócio”, destacou María Paula Moreno. O plano de crescimento internacional da marca, atualmente com 118 lojas Juan Valdez Café fora da Colômbia, localizadas em 16 países: Equador, Chile, Peru, Bolívia, Paraguai, Panamá, El Salvador, Costa Rica, México, Aruba, Estados Unidos, Espanha, Kuwait, Malásia, Curaçao e Bahrein. Na Colômbia, há 244 lojas em operação e o consumo vem aumentando no país, com 1,85 kg de consumo per capita/ano.
Os produtos Juan Valdez são distribuídos em 23 países além da Colômbia, sendo o Brasil o país mais importante para a chegada da marca em 2016. A Federação de Cafeicultores da Colômbia representa mais de 500 mil famílias de pequenos produtores de café do país. O Café de Colômbia tem a Denominação de Origem e há menos de dez anos vem investindo em mostrar também as regiões e seus diferentes perfis de bebida. E o início dessa história data de 1730, quando as primeiras sementes chegaram à Colômbia. A Colômbia é dividida em 32 desses departamentos, como os nossos Estados. Desses, 20 são produtores de café, que produzem 13,5 milhões de sacas de café, contra 43,2 milhões do Brasil. Por isso, a economia local gira muito em torno do produto, que internacionalmente é conhecido como Café de Colômbia e ocupa o terceiro lugar na produção mundial, atrás de Brasil e Vietnã.
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