Análise por Caio Alonso Fontes

O poder transformador do cooperativismo

Em tempos de rápidas mudanças globais, em que desafios complexos exigem retornos inovadores e colaborativos, o cooperativismo é uma resposta poderosa e necessária. A declaração da ONU de 2025 como o Ano Internacional das Cooperativas, sob o tema inspirador “Cooperativas constroem um mundo melhor”, nos convida a redescobrir um modelo há muito defendido como um bastião de desenvolvimento sustentável e de crescimento socioeconômico. No Brasil, essa declaração ressoa de maneira especial, pois o café está profundamente enraizado na tradição do cooperativismo nacional.

A dimensão global do cooperativismo é impressionante. Mais de 1 bilhão de pessoas ao redor do mundo estão associadas a cooperativas, uma rede que gera milhões de empregos e sustenta economias em todos os continentes. No Brasil, o impacto é marcante, com mais de 23,4 milhões de associados em 2023, criando um efeito cascata positivo no agronegócio. No café existem em torno de 104 cooperativas que, juntas, respondem por cerca de 55% da produção total de café no país, evidenciando o impacto colossal deste modelo de negócios no setor.

O café tem uma cadeia de produção e comércio dinâmica e multifacetada, e o cooperativismo no setor tem papel fundamental. É por meio delas que pequenos produtores têm acesso a recursos indispensáveis, desde assistência técnica especializada até crédito com juros competitivos, todos elementos críticos para sustentar a qualidade e a robustez do café brasileiro.

Enquanto o cooperativismo continua a promover um desenvolvimento econômico e social harmonioso, torna-se cada vez mais premente que olhemos para o futuro com criatividade e determinação. Conferências globais, como a Aliança Cooperativa Internacional, realizada em Nova Delhi em novembro de 2024, e a COP30, prevista para novembro deste ano em Belém, são plataformas essenciais para discutir e explorar como as cooperativas podem utilizar tecnologias emergentes e práticas sustentáveis para enfrentar os desafios do século XXI. Este é um compromisso compartilhado que demanda nossa atenção contínua.

O Ano Internacional das Cooperativas serve como um convite à celebração e, ainda, como um impulso renovado para ações concretas. Para o setor cafeeiro, essa designação oferece uma oportunidade única de reafirmar compromissos com a inovação e as práticas sustentáveis, e de assegurar a resiliência diante de um cenário global dinâmico e, muitas vezes, volátil. Fortalecer redes de parcerias e ampliar a coesão cooperativa serão essenciais para gerenciar esses desafios.

Que 2025 seja um marco de renovação e crescimento, e que inspire novas iniciativas e solidifique as bases para o futuro. O cooperativismo, com sua capacidade inata de unir e transformar, nos oferece a oportunidade de redefinir o papel do café brasileiro na economia global, transformando sua história em um legado duradouro de progresso e solidariedade. Enquanto nos juntamos em cooperação, temos não só a chance de impactar a nossa geração como, também, as futuras.

Que cada xícara de café seja uma prova do poder do cooperativismo em promover mudanças positivas, ecoando histórias de cuidado, dedicação e visão compartilhada para um mundo melhor. É essa combinação de esforços coletivos que garantirá um futuro forte e sustentável para o café, o Brasil e o mundo.

Caio Alonso Fontes é formado em administração de empresas e é cofundador da Espresso&CO. Coluna publicada na Espresso #87 (março, abril e maio de 2025).

TEXTO Caio Alonso Fontes • FOTO Eduardo Nunes

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