Barista

Dos poucos cafés no restaurante ao pódio do Campeonato Mundial de Barista

A Espresso bateu um papo por e-mail com Anthony Douglas, o australiano que levou o último World Barista Championship

Anthony Douglas, 31, trabalhava em um restaurante espanhol quando descobriu o quanto era legal tirar um espresso da máquina que tinha por lá. “Sempre que eu trabalhava na delicatessen do restaurante, tirava alguns cafés e foi assim que me apaixonei por todos os processos que levam o café para a xícara”, conta.

Hoje ele trabalha na cafeteria Axil Coffee Roasters em Melbourne, Austrália, e conta um pouco do seu passado, presente e futuro no café, agora marcado com o primeiro lugar no World Barista Championship (WBC), que ocorreu exatamente em Melbourne, entre 27 e 30 de novembro de 2022. Na competição, os 50 baristas precisam preparar 4 espressos, 4 bebidas com leite e 4 bebidas de assinatura em 15 minutos.

Você pode acompanhar o trabalho do Anthony pelo seu perfil no Instagram @anthony_jdouglas

Confira o bate-papo:

Você contou que se apaixonou por café enquanto trabalhava em um restaurante. O que exatamente despertou sua paixão?

Foram os processos de fazer café que me encantaram, todos os detalhes. Conforme eu ia progredindo, ficava mais interessado nos sabores e nas variáveis todas que envolvem a extração do espresso e de outros métodos de preparar café.  

Parabéns pelo campeonato! Essa foi a primeira vez que você competiu? 

Não, a minha primeira competição foi em 2015, então lá se vão sete anos de campeonatos. Eu decidi fazer isso para aprimorar minhas habilidades.

Conte como você se preparou para essa competição e como se sentiu ao ouvir seu nome anunciado?

Foi definitivamente o ano em que eu mais treinei até hoje. Não deixei pedra sobre pedra, nada sem testar, eram quase 60 horas por semana de treinamento e preparação. E você pode imaginar que me senti muito recompensado quando ouvi meu nome ser anunciado como campeão, afinal, são sete anos de trabalho reconhecido e que valeram a pena. 

Quais foram suas escolhas para a apresentação, qual café usou, como era seu drinque de assinatura e o que você acha que fez a diferença para você ganhar?

Um grande foco da minha apresentação foi ser capaz de entregar o que eu descrevia na xícara. Por isso escolhi o café El Diviso que tinha sabores muito claros e definidos. Este café é um sidra natural anaeróbico da fazenda El Diviso, na região de Huila, na Colômbia, produzido por Nestor Lasso. Minha bebida de assinatura era uma combinação de xarope de maracujá fermentado, xarope de tâmara, chá de hibisco feito a frio e mel colombiano. Usei um agitador magnético e uma pistola de espuma para preparar a bebida. Acho que o que me tornou um vencedor foi o fato de não deixar passar nenhum detalhe em nossa preparação. Isso me deu total confiança ao subir no palco e, além disso, trabalhei muito para desenvolver um estado mental forte.

Quais são suas impressões sobre este evento? Você tem planos de continuar participando de competições? 

Sempre pensei que as competições de café fornecem uma infinidade de benefícios para os concorrentes. Eles são uma plataforma para melhorar suas habilidades de preparar o café, aprendi habilidades importantes para a vida e conheci alguns profissionais realmente incríveis de todo o mundo. Neste momento, não tenho mais planos de competir, gostaria de dar um passo diferente e treinar outras pessoas para competições.

E, por último, mas não menos importante: você pode falar sobre seus sonhos no universo do café?

Ao longo da minha carreira tive altos e baixos, e sei como pode ser difícil algumas vezes, especialmente quando estamos em competições. Também recebi apoio de muitas pessoas, inclusive da empresa em que trabalho. Gostaria de ajudar, apoiar outros baristas e concorrentes a alcançar seus objetivos no futuro.

TEXTO Cintia Marcucci • FOTO Divulgação

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