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Exportação de café brasileiro atinge 3,4 milhões de sacas em fevereiro

O Conselho dos Exportadores de Café do Brasil, Cecafé, divulgou seu relatório mensal no qual as exportações brasileiras de café totalizaram 3,441 milhões de sacas de 60 kg de café em fevereiro de 2022, o que implica queda de 13,6% na comparação com as 3,983 milhões aferidas no mesmo mês do ano passado. Apesar do recuo na comparação anual, o volume apresenta avanço de 1,6% frente a janeiro, sinalizando uma leve melhora no cenário logístico do comércio marítimo global.

Segundo o presidente da entidade, Nicolas Rueda, por estarmos na entressafra de um ciclo menor na produção cafeeira do Brasil, o resultado do mês passado é positivo, não ficou distante do desempenho de fevereiro de 2021, que foi bastante significativo.

“Houve melhora no cenário logístico, o que contribuiu para a performance do mês passado. Contudo, estamos longe da normalidade, com bastante instabilidade, alternando semanas boas com outras ruins, pois a disponibilidade de contêineres e espaços nos navios continuam insuficientes para escoar o que estava represado no porto e embarcar as cargas que estão chegando para exportação, exigindo que os departamentos logísticos dos exportadores antecipem a confirmação de seus bookings para a consolidação de seus volumes”, comenta.

Nicolas Rueda informa, ainda, que a disparada nos preços do café, destacadamente da variedade arábica, ocasionou um rearranjo nos blends da indústria nacional. “Observa-se que o segmento industrial do país está com forte demanda pelos cafés conilons (robusta), o que, consequentemente, tem reduzido a participação dos canéforas nas exportações brasileiras”, completa.

Em receita cambial, os embarques nacionais do mês passado renderam US$ 782,6 milhões, apresentando substancial crescimento de 50% na comparação com os US$ 521,9 milhões em fevereiro de 2021. Dessa forma, o preço médio das exportações brasileiras de café chega a US$ 227,44 por saca, 73,6% superior na mesma comparação.

Conflitos

O desencadeamento da guerra entre Rússia e Ucrânia passa a gerar preocupações e acende a luz de alerta ao setor exportador do Brasil. “Além de todo o trágico fator humano que uma guerra implica, como lamentavelmente temos visto, a suspensão das atracações de navios nos dois países, por parte dos armadores, e a retirada de algumas instituições financeiras russas do sistema financeiro Swift criam dificuldades que podem refletir nos próximos embarques para a Rússia”, analisa o presidente do Cecafé.

Conforme ele, é prematuro, até o momento, fazer uma projeção sobre os reais impactos, uma vez que a base de informação é o certificado de origem da Organização Internacional do Café (OIC), requerido para amparar todas os embarques do país, e ainda não há números que permitam a realização de um diagnóstico preciso.

Em 2021, a Rússia importou 1,22 milhão de sacas de café do Brasil, gerando uma receita de US$ 177,1 milhões, o que colocou o país do Leste Europeu na sexta posição do ranking dos principais destinos do produto nacional. No primeiro bimestre deste ano, a nação segue como sexta colocada na lista, respondendo pela compra de 233.642 sacas, montante 14,4% maior do que o importado no primeiro bimestre do ano passado.

Adicione-se a isso os dados mais recentes disponibilizados pela OIC, que apontam que as importações conjuntas totais realizadas por Rússia e Ucrânia, de todas as origens, giram entre 7,5 milhões e 8 milhões de sacas. “Como é caraterístico nessas aquisições da região, uma fatia do consumo corresponde ao produto solúvel, sendo parte fabricada localmente e outra importada já industrializada”, conclui Rueda.

Ano safra

No acumulado dos oito primeiros meses da temporada 2021/2022, o Brasil remeteu 26,491 milhões de sacas ao exterior, o que representa um declínio de 18,2% na comparação com as 32,374 milhões exportadas de julho de 2020 ao final de fevereiro do ano passado. Por outro lado, a receita cambial com os embarques atuais avança 23,6%, saltando de US$ 4,044 bilhões para US$ 4,998 bilhões, o melhor desempenho nas últimas cinco safras.

Ano civil

O desempenho dos embarques no primeiro bimestre de 2022 é similar, com recuo em volume, mas evolução em valor. O país exportou 6,829 milhões de sacas em janeiro e fevereiro deste ano (-10,6% na comparação com o mesmo intervalo de 2021), as quais renderam uma receita cambial de US$ 1,522 bilhão (+52,7% ante primeiro bimestre do ano passado).

Principais destinos

Os Estados Unidos permanecem como os principais importadores do café brasileiro no primeiro bimestre deste ano, com a aquisição de 1,350 milhão de sacas, volume 5,4% inferior frente às 1,428 milhão de sacas adquiridas no mesmo intervalo em 2021. Esse volume representa 19,8% das exportações totais do Brasil até o momento.

A Alemanha, com representatividade de 17,2%, importou 1,174 milhão de sacas (-15,9%) e ocupou o segundo lugar no ranking. Na sequência, vieram Bélgica, com a compra de 774.207 sacas (+17,6%); Itália, com 565.154 sacas (-4%); e Japão, com a aquisição de 344.582 sacas (-14,3%).

Como citado acima, ainda sem sentir os impactos da guerra, as importações russas de café brasileiro se destacam positivamente no primeiro bimestre, com o país tendo adquirido 233.642 sacas, alta de 14,4%, e se mantendo como sexto principal destino dos embarques nacionais.

Destacam-se, ainda no acumulado de janeiro e fevereiro, os crescimentos de 34,7% nas remessas para Espanha (197.605 sacas), de 20,3% ao Reino Unido (160.948 sacas) e 42,2% para a Coreia do Sul (150.397 sacas), respectivamente oitavo, nono e 10º lugares no ranking.

Espécies

O café arábica foi o mais exportado em janeiro e fevereiro de 2022, com o envio de 5,985 milhões de sacas ao exterior, o que corresponde a 87,6% do total. Já o café solúvel teve o embarque do equivalente a 611.686 sacas, respondendo por 9% do total. Na sequência, vem o canéfora (robusta + conilon), com a exportação de 226.540 sacas (3,3%), e o produto torrado e torrado e moído, com 6.154 sacas (0,1%).

 Cafés Especiais

Possuem qualidade superior ou algum tipo de certificado de práticas sustentáveis responderam por 16,4% das exportações totais brasileiras do produto no primeiro bimestre de 2022, com o envio de 1,120 milhão de sacas ao exterior. Esse volume representa crescimento de 9,2% na comparação com as 1,026 milhão de sacas embarcadas pelo país no mesmo período do ano antecedente.

O preço médio desse produto foi de US$ 300,54 por saca, proporcionando uma receita de US$ 336,5 milhões nos dois meses, o que corresponde a 22,1% do obtido com os embarques totais. No comparativo anual, o valor é 93,7% maior do que o aferido em idêntico intervalo anterior.

No ranking dos principais destinos dos cafés diferenciados no primeiro bimestre, os Estados Unidos estão na ponta, com a aquisição de 287.496 sacas, o equivalente a 25,7% do total desse tipo de produto exportado. Na sequência, vêm Alemanha, com 167.880 sacas e representatividade de 15%; Bélgica, com 114.877 sacas (10,3%); Itália, com 92.457 sacas (8,3%); e Japão, com 52.159 sacas (4,7%).

Portos

O complexo marítimo de Santos (SP) permanece como o principal exportador dos cafés do Brasil em 2022, com o envio de 5,718 milhões de sacas, o que corresponde a 83,7% do total. Fechando o top3, vêm os portos do Rio de Janeiro, que responderam por 13% dos embarques ao remeterem 888.891 sacas no primeiro bimestre, e Paranaguá (PR), com a remessa de 52.600 sacas ao exterior (0,8%).

O relatório completo das exportações de café, em fevereiro de 2022, está disponível no site do Cecafé.

TEXTO Redação/Cecafé • FOTO Agência Ophelia

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