Café & Preparos

Desvendando as embalagens de café especial

Você é novo no universo dos especiais e ainda não sabe como escolher seu café? Nós vamos ajudar você a entender esses pacotinhos preciosos que carregam, além de bons grãos, muito amor, cuidado e história!

Ilustração: Eduardo Nunes

De uns anos para cá, o Brasil presenciou a onda de cafeterias e torrefações que foram pipocando de norte a sul. Para muitos, tomar café deixou de ser apenas um hábito corriqueiro de manhã ou depois do almoço, e passou a ser um momento de apreciação, uma pausa no dia a dia, seja em num local especializado, seja em casa. 

O consumo de cafés especiais cresce a todo momento e o produto se torna mais acessível. É possível comprar pacotinhos de diversas marcas, torrefações e origens em cafeterias, e-commerces e até em alguns supermercados. Com esse movimento, novos apreciadores surgem e com isso a dúvida: “O que querem dizer todas essas informações encontradas nos pacotes de café especial?”. Reunimos algumas dicas que podem ajudar você nessa escolha! 

Onde foi cultivado?

Fique de olho: é importante que o pacote estampe a região produtora daquele grão! Muitas regiões possuem atributos geográficos (solo e vegetação), meteorológicos (clima) e humanos (cultivo) específicos que determinam quais características (sabor, aroma, corpo) podem ser encontradas na bebida final. Para isso, você pode prestar atenção se há algum selo contido na embalagem, como o de Indicação de Procedência ou o de Denominação de Origem. Há também os que são de qualidade, como UTZ, Rainforest e o da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), que dão confiabilidade ao produto.

Arábica ou canéfora?

As duas espécies de café são bem diferentes na xícara. Basicamente, o arábica resulta em uma bebida mais suave, com maior acidez e doçura, enquanto o canéfora conta com acidez e doçura mais sutis, mas é mais encorpado. Vai do gosto de cada um. Experimente os dois e veja qual agrada ao seu paladar!

Foto: Agência Ophelia

Quem produziu?

O cafeicultor é uma das peças-chave no processo dos cafés especiais. É na fazenda que começa a qualidade, o carinho com os grãos. Portanto, busque sempre comprar cafés que valorizam essa origem! Cheque se na embalagem há os nomes do produtor e da fazenda responsáveis por aquele produto. É importante saber quem são as pessoas por trás do que consumimos. Você também pode conferir qual foi o processamento usado pelo produtor no pós-colheita, como cereja descascado, natural e fermentado. Todos eles contribuem para o resultado final do café. 

Quem torrou?

Assim como o cultivo, a torra é uma etapa importante na cadeia. É quando será apresentado, na xícara, todo o trabalho de uma família que cuidou do grão, desde o tratamento do solo até  a entrega ao torrefador. Por isso é uma grande responsabilidade ser um mestre de torra. É preciso atenção e cuidado nessa etapa, já que é possível colocar esse café no topo da pirâmide, ou mascarar o potencial da matéria-prima. Esse profissional, além de estudar para entender a ação de cada variável, deve provar muito bem o café. O nome dele, ou da torrefação, deve estar presente na embalagem. Vamos dar valor às mãozinhas responsáveis pelo nosso produto!

Como será a bebida?

Algo que pode auxiliar na hora de escolher um novo café é a descrição do sensorial da bebida. As embalagens de cafés especiais normalmente trazem informações sobre quais notas de sabor, aroma, acidez, entre outras, você vai encontrar na xícara. Mais doce? Ácido? Toque cítrico? Quais características você busca? É uma referência de como aquele café pode se comportar depois de pronto, mas, é claro, o resultado também pode variar de acordo com a receita usada e o método de preparo escolhido.

Moído ou em grãos?

Diferentemente dos tradicionais, os cafés especiais muitas vezes são vendidos em grãos. Isso tem uma explicação! Os grãos de café possuem óleos voláteis, que sofrem oxidação com facilidade, principalmente depois da moagem. Se o café for moído muito antes do preparo, ele vai perder atributos de corpo, doçura e aroma que são encontrados dentro dos grãos. O ideal é que você moa seu café no momento do preparo, mas, caso não tenha um moedor em casa, você pode levá-lo a uma cafeteria para que ele seja moído na granulometria certa para o seu método.

O café está fresco?

A data de torra é um dos fatores mais relevantes na hora de comprar um café. Ela está diretamente ligada ao frescor da bebida. Quanto mais recente for a data em que o café foi torrado, melhor! Esse é um ponto que necessita de atenção, principalmente se você for comprar on-line, já que o prazo de entrega é maior. 

Foto: Felipe Gombossy

Torra clara, média ou escura?

Essa informação ainda consta em algumas embalagens para explicar a intensidade da torra do grão, mas vale lembrar que não necessariamente está ligada à intensidade da bebida. Segundo a mestre de torra Regina Machado, a cor do grão é apenas um dos fatores levados em consideração no processo da torra, não o único. Nem sempre a torra clara, por exemplo, está ligada à qualidade. Ela pode estar subdesenvolvida, ou seja, o café ainda estava cru, o que vai resultar em um sabor não muito agradável na xícara. No processo de torra, são controladas diversas variáveis, então não se apegue apenas à cor descrita no pacote.

Para que serve a válvula?

Após o processo de torra, por conta das reações químicas, o grão começa a liberar naturalmente CO2. A válvula encontrada em alguns pacotes tem como objetivo fazer com que este CO2 continue a sair sem que a embalagem estufe e se danifique. Seu filtro também impede que o oxigênio entre e diminua a vida útil do produto.

TEXTO Gabriela Kaneto

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