Café & Preparos

Conheça a história e os processos do café solúvel

No ano de 1972 foi criada a Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel (Abics), com o intuito de representar institucionalmente a indústria do café solúvel brasileiro. Hoje ela conta com cinco indústrias associadas entre as sete em operação no País: Cacique, Café Iguaçu, Cocam, Realcafé e Café Campinho. Nossa equipe teve a oportunidade de visitar a fábrica da Cocam, situada em Catanduva (SP), para entender melhor sobre o processo por que o café passa até chegar a solúvel.

O Brasil é líder na exportação de café solúvel desde os anos 1960 e a Abics busca expandir o mercado com melhorias de qualidade, sustentabilidade e inovação tecnológica. Dados do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) apontam a exportação pelo País de 34 milhões de sacas de café, de janeiro a outubro, considerando-se a soma de café verde, solúvel e torrado & moído. Esse volume é 22,8% superior ao mesmo período de 2018.

A receita cambial gerada pelos embarques em outubro deste ano, quando foram exportados 3,4 milhões, foi de US$ 441,1 milhões, decréscimo de 14,7% em relação ao mesmo mês do ano passado. Já o preço médio foi de US$ 128,9/saca de café, 1,8% inferior a outubro de 2018.

O café solúvel representou 9,4% das exportações, com 321 mil sacas exportadas. De janeiro a outubro de 2019, a exportação do café solúvel aumentou 9,4% (3,3 milhões de sacas).

Mas quando ele surgiu?

Segundo a Abics, o café solúvel nasceu em 1901, quando um químico japonês, Satori Kako, radicado em Chicago (EUA), criou um pó instantâneo e o vendeu durante a Exposição PanAmericana de Nova York. Anos depois, esse produto foi adaptado por um químico americano, que criou o solúvel refinado, possível de ser comercializado em maior escala.

Com a crise mundial de 1930, o Brasil estava com excesso de café e era preciso dar vazão aos grãos, quando então se pensou em uma maneira de transformar o café estocado em “cubos” que mantivessem a qualidade da bebida por um longo período. A demanda foi para empresas suíças, que passaram a estudar as possibilidades.

Em 1937, o químico Max Morgenthaler, da Nestlé, desenvolveu uma solução que podia ser dissolvida na água e que mantinha características similares às do café fresco. A Nestlé então financiou a fabricação do produto, lançando, em 1938, o Nescafé, muito utilizado por soldados americanos durante a II Guerra Mundial, por causa da sua  praticidade e facilidade no preparo.

Foi apenas em 1953, porém, que esse café chegou ao Brasil. Na década de 1960 começaram a surgir as fábricas de solúvel no País, e foi quando a maioria das empresas associadas da Abics foi criada.

Como ocorre o processo?

A fabricação do solúvel envolve equipamentos tecnológicos de última geração e passa pelas seguintes etapas:

Matéria-prima – os grãos do café são enviados para as indústrias e homogeneizados de acordo com a especificação de matéria-prima predeterminada e enviada para a torra.

Torra – é o contato do café com ar quente, que causa alterações químicas nos grãos, como mudança de tamanho, cor e peso. É a principal etapa para a definição das características da bebida.

Granulação –o café (já torrado) é quebrado em partes uniformes para que se produza uma superfície de contato entre a água quente e o grão torrado, obtendo-se uma extração dos sólidos solúveis.

Extração – aqui são removidos os sólidos solúveis, e se produz um extrato de baixa concentração.

Centrifugação – possíveis sólidos insolúveis são removidos do extrato.

Evaporação – durante a concentração quente, aproximadamente metade da água existente no extrato é eliminada, o que aumenta a sua concentração. A água contida no extrato evapora a uma temperatura inferior à do ponto de ebulição da água à pressão ambiente, evitando a perda excessiva de aromas do café.

Concentração a frio – é quando se eliminam 40% do conteúdo inicial de água do extrato e os cristais de gelo são removidos.

Tipos de solúvel

Freeze Dried ou liofilização

É o resultado da desidratação do extrato de café. A tecnologia da liofilização elimina a água por meio do congelamento a 42 graus negativos  e da sublimação (passagem direto do estado sólido para o gasoso). Ao final o produto permanece com umidade entre 2% e 3%. Por conta das baixas temperaturas, o aroma e o sabor são preservados. Os grãozinhos de café ficam parecendo de chocolate.

Spray Dried

O extrato de café é desidratado em  um secador em cuja câmara ele  é pulverizado, e, em contato com o ar quente, a água se evapora em aproximadamente trinta segundos. O café fica se transforma num pozinho bem fininho.

Aglomerado

O processo se dá pela junção de café tipo spray dried, extrato de café e vapor. O resultado é a união das partículas, alcançando-se a granulometria desejada, é o mais tradicional.

TEXTO Natália Camoleze • FOTO Felipe Gombossy

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