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Reino Unido: haverá mudanças no consumo de café pós-pandemia?

Foto: Matt Hoffman

O Reino Unido conta com uma cultura forte de cafeterias, com cerca de 26 mil em todo o país. Porém, com a chegada da pandemia de Covid-19 na reta final de março, muitas foram fechadas ou abertas apenas para entrega. Estima-se que até 92% das cafeterias tenham fechado em algum momento durante o bloqueio, uma vez que não era viável, ou possível, continuar apenas para viagem.

Em setembro de 2020, muitas cafeterias foram reabertas, mas cerca de um terço ainda permanece sem funcionar, com algumas nunca podendo reabrir. O esquema Eat Out To Help Out, que deu grandes descontos aos clientes, impulsionou as vendas em agosto. Mas o valor consumido em cafeterias continua significativamente reduzido, com gastos com bebidas quentes para viagem ainda em 50% dos níveis de 2019.

Os cafés se tornaram lugares importantes na vida de muitas pessoas. Para alguns, um espaço para obter um café no caminho para o trabalho, para outros, um lugar para se reunir, encontrar amigos ou até mesmo trabalhar. A pandemia forçou os cafés a fechar ou mudar seus negócios para um foco maior nas vendas para viagem e on-line. Os consumidores, com muito mais tempo em casa, também mudaram seus padrões de consumo.

Beber café durante o bloqueio

Estão sendo realizadas algumas pesquisas com consumidores para descobrir como seus padrões de consumo mudaram ao longo do bloqueio. Até agora, uma pesquisa com mil pessoas que visitavam regularmente cafeterias antes da pandemia oferece alguns insights sobre o que o futuro reserva para a indústria do café.

Não é novidade que, durante a quarentena, as pessoas compraram mais café para beber em casa, bem como equipamentos para o preparo. Relatórios detalham como as vendas de café dispararam nos supermercados, assim como diretamente nas torrefações de café. A pesquisa indica que os equipamentos mais populares para compra incluíam moedores, máquinas de café espresso, de cápsulas e equipamentos, como hario v60 e aeropress.

Foto: Di Bella Coffee

Em termos de compra, cerca da metade dos entrevistados disse que comprou mais café do que o normal no supermercado, mas mais de 30% também comprou on-line de torrefações. Um em cada dez entrevistados reconheceu que precisava de um fluxo constante de café e iniciou uma assinatura do produto, percebendo que o retorno ao normal não era provável que acontecesse tão cedo.

Para os consumidores que compravam equipamentos, geralmente havia também o interesse em aprender como preparar melhor o café, sendo o YouTube uma fonte popular de informação. Com o conhecimento e o equipamento do café recém-descoberto, algumas pessoas indicaram que, no futuro, teriam menos probabilidade de comprar a mesma quantidade de café nas lojas, em parte porque haviam investido dinheiro para prepará-lo em casa.

Um retorno às cafeterias?

Embora haja incentivo do governo para voltar ao escritório, um grande número de pessoas no Reino Unido ainda trabalha em casa. Isso tem implicações significativas para as cafeterias, cuja base de clientes é composta por trabalhadores em trânsito e escritórios. Não é de surpreender que mesmo as grandes redes de cafeterias estejam tendo que considerar seu futuro. A Costa Coffee afirmou que até 1.650 empregos estão em risco, enquanto que a Pret a Manger está fechando 30 pontos de venda, além de cortar cerca de 2.900 funcionários.

Para muitas redes de cafeterias existe a opção de reorganizar, reestruturar e reduzir as atividades enquanto as incertezas permanecem. Mas, para os independentes menores, essas opções não estão necessariamente disponíveis.

Uma pesquisa do analista do setor de café Allegra revelou que, depois que as restrições de bloqueio diminuíram, 55% dos entrevistados havia visitado uma casa de café. Quando as cafeterias começaram a reabrir, houve cenas de longas filas em lojas e drive-thru.

Mas isso não representa necessariamente uma imagem precisa do que o futuro reserva. Embora as pessoas estejam visitando os cafés novamente, não é mais com tanta frequência como antes. É improvável que isso mude enquanto o trabalho em casa continua prevalecendo e enquanto o risco de Covid-19 permanece presente.

Foto: Joshua Glass

Uma pesquisa feita pelo Daily Coffee News afirma que cerca da metade dos entrevistados pretendiam visitar cafeterias com a mesma frequência de antes, mas apenas quando voltassem ao padrão de trabalho “normal”. Cerca de 20% indicaram que visitaria menos, principalmente por causa de preocupações sobre o vírus.

Cerca de um terço dos entrevistados dizem que pretendem visitar mais as cafeterias. Eles explicaram que isso acontecia porque queriam apoiar as empresas locais e também porque se sentiam mais conectados às suas comunidades desde o bloqueio.

Isso levanta a questão de saber se o futuro da indústria de cafeterias está menos ligado às áreas ao redor de escritórios e centros de transporte, mas mais às áreas residenciais onde as pessoas agora estão passando mais tempo.

TEXTO As informações são do Daily Coffee News / Tradução Juliana Santin

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