Porteira para dentro: 7 invenções brasileiras no café
Santo de casa faz milagre, sim! Ciência, tecnologia e muita criatividade mudaram os rumos do café no Brasil e no mundo. A Espresso traz o destaque para diversas criações que contribuem até hoje para que o País seja referência no setor.
Juta com os dias contados?
Nossos belos e queridos sacos de juta, símbolo de uma era da cafeicultura, podem estar com os dias contados. A nova tecnologia de embalagem, feita de papel com alta barreira e a vácuo, tem se mostrado mais eficiente ao manter a qualidade do café durante longos períodos de armazenamento.
Conduzida pelo professor Flávio Meira Borém, da Universidade Federal de Lavras (UFLA-MG), a pesquisa contou com a parceria da empresa de embalagens Klabin, da Brazil Specialty Coffee Association (BSCA), da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex), da Videplast, da Bourbon Specialty Coffees e da CarmoCoffees. O estudo avaliou oito tipos de embalagens para dois tipos de cafés especiais nos mercados nacional e internacional (natural e cereja descascado) pelo período de dezoito meses.
Segundo a análise, os sacos de juta não apresentaram bons resultados de armazenamento. Tanto que muitos importadores indicam as embalagens de papel como a melhor opção para guardar a safra.
Descasca a seco
Foi lá no Campus de Machado (MG), da IFSULDEMINAS, que o projeto do descascador a seco nasceu, com o objetivo de reduzir custos e, ao mesmo tempo, ser sustentável. Depois de um ano e meio de desenvolvimento, o projeto submetido ao CNPQ partia para sua patente e comercialização.
O descascador horizontal cereja só foi possível com a parceria público-privada com a empresa Pinhal Máquinas, e seu lançamento oficial aconteceu em 2015. Com a função de usar zero de água, ele pode ser encontrado atualmente em dois tamanhos: 3 mil e 6 mil litros.
Sem água, com café
Já imaginou despolpar todos os cafés de uma safra inteira sem uma única gota de água?! Além da praticidade, essa tecnologia representa uma economia considerável para a produção, ajuda o meio ambiente e ainda separa os grãos verdes dos maduros.
Lançado em 2016, O Eco Super, da Pinhalense, surgiu como a alternativa mais moderna entre outros produtos da mesma empresa. “Em 2012, o Econoflex substituiu a linha anterior de despolpadores, trazendo um grande aditivo: consumir 62,5 l de água para despolpar o equivalente a uma saca de café. Em 2005, o equipamento mais moderno dessa linha gastava 10 mil litros de água no processo de despolpa de 100 sacas de café, equivalente a uma piscina doméstica de 10 metros cúbicos de água”, explica relatório da empresa.
Se cobrir, vira circo
Nem universidade, nem empresa, nem representante do setor privado. O terreiro em formato de circo foi desenvolvido pelo produtor da cidade de Cabo Verde, Minas Gerais, Sebastião Lino Correia, para otimizar esforço, trabalho, tempo e custo.
Feito no formato de uma estrutura de circo, ele é coberto por uma lona de plástico transparente e conta com um braço rotativo movido à base de energia elétrica. O volume de 40 mil litros de café pode ser seco de uma só vez com a ajuda do calor do sol em muito menos tempo. Segundo o criador da engenhoca, o café que levaria 25 dias para secar fica seco em oito dias. O melhor de tudo é o valor do equipamento, R$ 1 mil.
Fermentado mesmo
Técnicas de fermentação controlada têm chamado a atenção de toda a cadeia do café, principalmente de produtores. O processo defende a melhoria do perfil sensorial da bebida final graças às reações enzimáticas de leveduras naturais da propriedade ou de outras que são introduzidas.
Por isso, o uso de caixas de alvenaria, sacos de plástico e até caixas-d’água está se popularizando para manter cafés cerejas por algumas horas (entre dez e trinta horas) com ou sem água. A busca por melhoramento sensorial e, consequentemente, por valorização do produto final está difundido a técnica em diversas propriedades brasileiras.
O mesmo artifício já é usado há anos por alguns países da América Central, porém, com um propósito diferente: produzir cafés lavados de forma mais eficiente. Depois que o Brasil iniciou a corrida por cafés fermentados, a função dessas caixas está mudando também em outros países produtores.
É CD!
O café ‘cereja descascado’, ou também chamado carinhosamente de CD, é uma nomenclatura criada e divulgada por brasileiros. O sistema também usado na América Latina e na Central é mais conhecido como “honey processed” ou “pulped natural” em outras partes do mundo.
O nome CD popularizou-se à medida que o descascador, desenvolvido pela empresa Pinhalense, começou a ser usado em diversas fazendas do Brasil. Por meio desse equipamento, a separação entre cafés cereja e verde ficou mais fácil e eficiente. Além de o cereja descascado resultar em um café sem casca, mas que preserva a mucilagem para a seca no terreiro.
67 tipos de café
Sim, você leu certo! O Instituto Agronômico de Campinas desenvolveu 67 cultivares que não existiam na natureza antes. Obatã, tupi, mundo novo, catuaí e seleções de bourbon são alguns exemplos de resultados do Programa de Melhoramento do Cafeeiro do Centro de Café do IAC.
Graças ao grande banco de germoplasma de plantas vivas provenientes de outros países, inclusive da Etiópia, esses estudos foram possíveis. Biotecnologia, socioeconomia, agroclimatologia, fitopatologia, química e qualidade dos grãos e bebida são algumas das áreas que trabalham de forma colaborativa no projeto. Incluindo, obviamente, outros departamentos do instituto e de outras instituições estaduais e federais, universidades, empresas e institutos de pesquisa, além de produtores.
Você sabia que o Brasil também é o responsável por várias invenções “porteira para fora”? Clique aqui para conhecer seis criações brasileiras muito usadas pelo mundo!
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