Mercado

Novos negócios de café surgem durante pandemia de Covid-19

Dados divulgados em julho pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que a pandemia de Covid-19 afetou 1,25 milhão de empresas. 28,2% do total das empresas ainda abertas informaram que o efeito da pandemia foi pequeno ou inexistente e 27% que o efeito foi positivo.

Já o Boletim Quadrimestral Mapa das Empresas 2020, do Ministério da Economia, apresenta que nos quatro primeiros meses de 2020 foram abertas 1.038.030 empresas, o que representa um aumento de 1,2% em relação ao último quadrimestre de 2019 e queda de 1,1% quando comparado com o primeiro quadrimestre de 2019.

No mesmo período, foram fechadas 351.181 empresas, uma queda de 6,6% no quantitativo de empresas fechadas, quando comparado com o último quadrimestre do ano passado, e uma queda de 12% em relação ao mesmo período de 2019.

O relatório apresenta que, nos primeiros meses de restrições à circulação de pessoas, houve uma desaceleração na criação de firmas, por conta de uma cautela maior dos empreendedores ao se deparar com a pandemia. Mesmo com números elevados, especialistas apontam que ainda é cedo para avaliar os impactos da pandemia na atividade empreendedora.

Historicamente, em momentos de crise, ideias geniais surgem. Muitas vezes sem saída para salvar o negócio, é a hora exercitar a criatividade. “Quando não se tem para onde ir, normalmente são tomadas medidas drásticas. O problema, por assim dizer, é quando está tudo bem, porque as empresas perdem o interesse de mudar”, explica Marcelo Nakagawa, professor de Empreendedorismo do Insper e diretor de empreendedorismo da FIAP.

Um clássico exemplo de criação no café em momento de crise foi o Nescafé. No início dos anos 30, a procura pelo café caiu consideravelmente em todo mundo e o Brasil passou a ter muito café sem um lugar para venda. A pedido do governo brasileiro, a Nestlé teve a ideia de transformar o seu produto em pó, com o intuito de tornar uma bebida mais durável.  O produto foi lançado em 1938, na Suíça, mas em 1939 começou a Segunda Guerra Mundial e o produto passou a ser um alimento básico para as forças dos Estados Unidos, pois era rápido e fácil de fazer. Depois da guerra, o Nescafé foi exportado para a França, Grã-Bretanha e os EUA, e as tropas americanas tornaram-se embaixadoras da marca, que segue firme até hoje.

Pandemia e os empreendimentos

No período de quarentena, as cafeterias tiveram que fechar as portas, se reinventar com o e-commerce, delivery, e algumas já estavam prontinhas para inaugurar, mas recuaram.

E, no meio disso, se reinventar? Abrir as portas nesse momento de incerteza? Realmente tanto tempo em casa nos faz pensar em muitas coisas e novos projetos. Aqui selecionamos empreendimentos que surgiram nessa pandemia e alguns já estão funcionando!

Amigos e café

Já falamos sobre o lançamento da microtorrefação Royalty Quality Coffee, em Curitiba (PR). Agora, os jovens baristas Daniel Munari, Daniel Busch, José Luiz Dominico e Luis Fernando Machado trazem mais uma novidade: em outubro irão inaugurar um novo espaço na cidade.

No Centro Histórico de Curitiba, com um toque rústico, eles irão reunir, em um mesmo local, torrefação, cafeteria, coquetelaria e cursos. “Nossa ideia é trazer algo moderno e um respiro para o curitibano apreciar bons cafés. Pensamos em ter um espaço no começo do ano, a pandemia travou as negociações e neste período fomos ganhando, cada vez mais, visibilidade no mercado, e encontramos o local ideal, foi o timing certo. Agora é seguir na reforma e abrir em breve seguindo as recomendações necessárias para o momento”, explica Daniel Munari.

Mais informações: www.instagram.com/royaltyqcoffee

Da união entre marcas surge uma novidade

Na semana passada, a 55 Coffee Hub, consultoria comandada por Daniel Carvalho que tem o foco no hábito do consumo, experiências sensoriais e negociação com os produtores de café, e a cafeteria de Sorocaba (SP) Bendita Cafeína, criada por Mia Machado, anunciaram a união e criação do projeto 15 Coffee Company.

Uma microtorrefação, cafeteria e escola de café na cidade, com o intuito de apresentar e explicar ao consumidor todos os processos do café especial, com experiências e unindo todo o setor, do grão a xícara. O local já está em reforma e a expectativa é de abertura em setembro. Inicialmente os cafés servidos serão da Fazenda Coqueiros, localizada em Coqueiral (MG).

Mais informações: www.instagram.com/15coffeeco

De um ano sabático para cafeteria

A história do Café Hotel Espresso Bar, localizado em São Paulo, começa com o publicitário Sérgio Barros desenvolvendo peças para um projeto de café e se envolvendo com o tema. Então, optou por mudar sua vida e se aprofundar no universo dos grãos. Em 2018 viajou por diversos países e a se aperfeiçoar cada vez mais no café. Um aliado ao projeto ele já tinha, seu amigo Caio Tucunduva, e passaram a analisar e criar todo o projeto com o conceito de hotel, ou seja, um espaço para hospedar grãos de diferentes produtores.

Até que a união com Marcello Nazareth e Rafael Berçot, também sócios do Guilhotina Bar, traz um espaço com café, torra, bar e comidinhas comandadas por Juliana Dabbur. O Café Hotel Espresso Bar iria inaugurar em março de 2020, estava tudo pronto, com uma experiência do processo do café, completa para o consumidor, até que veio a quarentena.

Sérgio conta que estavam com a reforma finalizada, estoque de café e então foi a hora de pensar em novos planos para liberar os grãos e funcionar, de uma forma diferente, enquanto não poderiam abrir a cafeteria. Criaram diversas ações, contataram os amigos e passaram a vender o primeiro lote, café ROOM 071, um blend de grãos na Chapada Diamantina. Anunciaram um prato fixo diferente por dia, boxe com ações para Dia das Mães, Namorados e dos Pais e, com muita criatividade e conexões, seguiram comercializando os produtos.

Agora finalmente puderam abrir as portas. Sergio afirma que tem sido uma experiência desafiadora: “estamos seguindo todos os protocolos para deixar o cliente o mais confortável e seguro possível. A pandemia trouxe a oportunidade de inovar, trazer novos produtos e agora estamos trazendo o cliente para o nosso espaço”.

O Café Espresso Bar funciona atualmente de quarta a domingo, das 10h às 17h, na Rua Amaro Cavalheiro, 22, em São Paulo (SP).

Mais informações: www.instagram.com/cafehotelespressobar

Um lugar para ir…

O publicitário Eduardo Salgado já atuou em diversas áreas e conta que duas coisas sempre fizeram parte do seu cotidiano: café e pessoas. “Sou apaixonado pelo conceito de cafeteria, mais ainda do que sou pelo café. Gosto do clima, pessoas, comidas e a união disso me fez ter a vontade de abrir o meu espaço, o Amar.go”, comenta.

Eduardo explica que quis mudar os ares e se dedicar a algo novo. Era 13 de março quando alugou o ponto e logo veio a quarentena. “Imaginei que ficaríamos 30 ou 40 dias em casa, que seria o tempo para fazer a reforma e acompanhar o retorno do mercado”, conta.

A abertura oficial foi no dia 23 de julho, com todos os protocolos exigidos. Eduardo explica que foi adaptando o seu planejamento financeiro, acompanhando o mercado, realizou contratações estratégicas, cortou alguns investimentos e equipamentos, negociou com fornecedores e iniciou com o contato com o cliente para que ele se sentisse confortável em conhecer e tomar um café.

O café usado foi desenvolvido pela Spot Coffee Roasters, comandada pela mestre torra Regina Machado e Nayra Caldas. Eduardo está pensando nas novas ações para o cardápio e possíveis contratações. “Confesso que a procura tem sido bem maior do que eu imaginei. O bairro de Pinheiros nos abraçou e agora é arregaçar as mangas e trabalhar muito”, finaliza.

A Amar.go está aberta de segunda a sábado, das 9h às 18h, e fica na Rua Francisco Leitão, 120 – Pinheiros – São Paulo (SP).

Mais informações: www.instagram.com/amar.gocafe

TEXTO Natália Camoleze • FOTO Divulgação

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