Fala Café #6: Produtores apontam a importância da solidariedade e cuidados durante pandemia
Na última quarta-feira (27), o Fala Café, programa criado pela Revista Espresso e CaféPoint, que apresenta conteúdos e debates relevantes para ajudar na tomada de decisão dos profissionais do mercado com a atual pandemia, com transmissões ao vivo no YouTube, trouxe o tema: “Como Funciona o Passo a Passo da Cadeia do Café Especial na Pandemia: Produtores Explicam”.
Os convidados para esse debate foram:
– Paula Paiva, é de família de produtores em Machado, no Sul de Minas, na Fazenda Recanto;
– Renato Rodrigues precisou ajudar o pai, que adoecera, a cuidar da pequena lavoura de café em Piatã, na Chapada Diamantina (BA) e hoje segue a frente do negócio da família, o café da sua esposa Tainã Bittencourt foi campeão no Concurso Florada Premiada, promovido pela 3corações;
– Lucas Venturim fica em São Domingos do Norte, no Espírito Santo. Ao lado do seu irmão Isaac, toca a fazenda, que foi adquirida pelo seu pai, Bento, em 1980 e ali produzem grãos canéfora;
– Simone Aparecida Dias Sampaio é produtora no Sítio Jardim das Oliveiras, em Araponga, nas Matas de Minas. Filha de cafeicultor, se formou em nutrição e depois de trabalhar em grandes empresas, ela e seu marido João da Silva Neto, optaram por investir no sítio. Simone é uma das lideranças na região e exemplo de uma produção sem agroquímicos, apenas adubo e garante que tem baixa produtividade, mas alta qualidade;
– Anderson Minamihara, é a quarta geração da família Minamihara envolvida no cultivo do café. Se formou em Administração com a intenção de aprimorar a gestão e a produção nas fazendas. Ao lado do seu pai, Getúlio Minamihara, implementou o cultivo orgânico, hoje 100% da produção da fazenda, que fica em Franca, na Alta Mogiana;
– Ronaldo Bento é do município de Cacoal, em Rondônia. Tem tradição na produção de Robustas Amazônicos, na Chácara Rio Limão. Ganhou o primeiro lugar no prêmio de sustentabilidade do Concafé, concurso estadual, e ficou em segundo lugar no Coffee Of The Year, premiações que ocorreram no ano passado;
– Afonso Lacerda fica no Caparaó, em Dores do Rio Preto. Seus cafés são produzidos no seu Sítio Forquilha do Rio e é bicampeão, na categoria arábica, do concurso Coffee Of The Year.
O primeiro bloco foi um espaço reservado para que cada convidado contasse um pouco da sua história no café e como é sua produção!
Mariana Proença: Afonso, você é um dos produtores de destaque quando o assunto é café especial no Brasil. O Sítio Forquilha do Rio venceu duas vezes o concurso Coffee of the Year, realizado na Semana Internacional do Café e sua família é referência na Região do Caparaó – que é reconhecida por pequenas propriedades rurais. Para iniciarmos esse bate-papo, gostaria que você falasse para quem está nos assistindo há quanto tempo sua família está na região e quais foram as decisões mais importantes que vocês tomaram para entrar no mercado de café especial?
Afonso Lacerda: Minha família nasceu aqui, nós respiramos Caparaó, está no sangue. O café especial surgiu quando os preços da commodity começou a ficar ruim, não tínhamos lucro. Resolvemos inovar e buscar algo novo para continuarmos na cafeicultura. Não queríamos abandonar isso, pois é algo que passa de geração para geração. Foi aí que ouvimos sobre o café especial, buscamos aprender com quem já produzia e notamos como o preço era melhor. Foi em 2010 que demos o pontapé inicial e entramos para valer, começamos com o cereja descascado. Nos inscrevemos em concurso regional e ganhamos consequentemente até 2016. E daí vieram diversos concursos o que traz mais visibilidade para nosso café. O segredo é muito trabalho, dedicação e não desanimar!
Mariana Proença: Anderson, sua família é uma das mais antigas de imigrantes japoneses que mantém o plantio de café na região da Alta Mogiana. Conta para nós a sua história mais recente em relação ao foco na produção de café orgânico que chegou aliada ao café especial do Café Minamihara. É mais desafiador fazer essa mudança? Como foi essa imersão na produção e relacionamento com esse mercado?
Anderson Minamihara: Meu pai trabalhava como pesquisador e, há uns vinte anos atrás, estudou sobre a reação dos produtos químicos na plantação e notou que a produção estava diminuindo. Resolveu deixar o produto químico de lado e converteu a produção para o orgânico, sem saber que existia. Começou a aproveitar o abacate para sombrear o café o que deu um bom resultado. Nós já exportávamos para o Japão, mas nos anos 2000 era bem difícil ter essa valorização dos produtores e do café especial. A partir do momento que enxergamos um caminho de valorização das pequenas propriedades e de forma sustentável, nossa lucratividade aumentou. E hoje seguimos com áreas de sombreamento com pés de abacate. Atualmente, são mais de 50 variedades de café, sendo 80 hectares de cafés em produção e 40 de plantio em formação. A produção é 100% orgânica, auditada pelo IBD.
Mariana Proença: Lucas, você sabe que nunca vou esquecer quando você e um grupo de produtores de conilon me procuraram na Semana Internacional do Café para contar a história de vocês na produção do conilon especial. Desde esse ano de 2016 quando começamos a premiar os melhores grãos do canéfora muito já mudou da visão do mercado sobre essa espécie. Como você avalia a evolução e relaciona também com o trabalho que vocês da Fazenda Venturim realizam no Conilon Capixaba do Norte do Espírito Santo?
Lucas Venturim: Nosso projeto com o café especial começou em 2007, focamos na produção. Começamos com o despolpado, ganhamos alguns prêmios, porém não sabíamos o gosto do nosso café, porque vendíamos ele verde, não torrávamos. Quando visitei a Semana Internacional do Café (SIC) notei que os produtores conversavam com baristas, torrefadores e queríamos isso. Em 2018 a Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA) visitou a região, conheceu o trabalho e a qualidade do conilon, já que este, no passado era usado mais pela grande indústria e muitos criaram uma fama de que não eram grãos de qualidade o que dificultava quando queríamos apresentar o grão para as pessoas. Com a BSCA e concurso voltado para o canéfora, podemos reconstruir essa impressão errada. Isso nos motivou a abrir a torrefação e conhecer melhor nosso produto, provar como ele aparecia na xícara, aprimoramos o conhecimento sobre a torra específica para o conilon e abordamos as pessoas de uma maneira diferente, apresentando o conilon fino. Passamos a frequentar toda a cadeia, com contato com baristas, mestre de torra, assim, conseguimos um feedback para saber o que podemos melhorar.
Mariana Proença: Paula, a Fazenda Recanto tem uma história centenária do café e a região do Sul de Minas é uma das mais reconhecidas na produção de café. Gostaria que você falasse para nós quais são os principais desafios que como a quinta geração da fazenda você vem enfrentando nesse mercado de café especial? Que mensagem você daria para as novas gerações que querem permanecer no campo e investir na carreira dentro do café?
Paula Paiva: Nasci e cresci na fazenda, sou a quinta geração da família de produtores. Meus pais se formaram em agronomia e vieram tomar conta da fazenda. Tive pouco contato com meu avô, mas pelo que falam ele era apaixonado por café, se formou em agronomia. Era uma pessoa que pensava fora da caixa, e aproveitou a oportunidade que poucas pessoas tinham na época, quer era de fazer uma faculdade. Meus pais foram persistentes e conseguiram preservar 40% da área total, depois de 30 anos vemos a fazenda com corredores ecológicos interligados, em 2006 fomos certificamos pela Rainforest. Em relação a produção do café, meu pai sempre foi muito dedicado no pós-colheita, caprichovo, mesmo quando não falava nisso, ele já organizava microlotes e assim fomos conquistando algumas premiações. Com 14 anos me mudei para Belo Horizonte para estudar e minha intenção sempre foi voltar e agregar mais valor ao produto. Eu vendia café torrado para os pais dos meus colegas e professores, era conhecida como a “Paula do Café”. Me formei em Comércio Exterior pensando em entender as dificuldades do mercado, maneiras de exportação. Aprendi a provar café, sou Q-grader, busquei certificados para me tornar juíza de concursos como o Cup of Excellence, assim me aprimorei a entender os perfis dos nossos cafés.
Mariana Proença: Renato, você está em uma região premiada de café que é a Chapada Diamantina, na Bahia. Conta para gente quais são as características dessa origem e como Piatã se destacou nesse cenário do café especial? Também fala um pouco da história da sua família no café, da Fazenda Vista Alegre, e por que você tão jovem resolveu se profissionalizar no mercado de café?
Renato Rodrigues: Aqui cada município tem a sua peculiaridade e o clima que nos ajuda muito na produção do café. Eu comecei com um café em 2014, ano em que percebi o gás que o especial tomou no mercado. Busquei conhecimento sobre a produção e me assustei com o alto custo da produção e o baixo preço que o mercado commodity apresentava. Comecei a vender os cafés em uma feira da cidade e quando visitei a Semana Internacional do Café (SIC), conheci um outro mundo do café, em que todo o setor estava conectado. Na Rodada de Negócios consegui vender o café por R$ 1500 e fiquei impressionado com isso, me trouxe uma nova visão do mercado. Piatã está distante do “centro do café”, mas buscamos produzir com qualidade e apresentar ao Brasil o nosso café.
Mariana Proença: Seu Ronaldo, a sua família está sendo pioneira na produção de robustas amazônicos na região de Rondônia, mais precisamente na cidade de Cacoal. Como começou a história da sua família na produção de café e em que época? Ano passado o senhor conquistou o segundo lugar no Coffee of the Year na categoria canéfora. Quais são os desafios principais em produzir café no Norte do País?
Ronaldo Bento: Estamos bem distantes das grandes capitais, produzo o café Robusta Amazônico, que são grãos bem diferenciados. Meus pais começaram com a produção, aqui sempre foi muito difícil, mas não desanimamos, pois estamos em uma terra fértil e muito produtiva. De cinco anos para cá vimos tudo mudar em Rondônia, ganhamos cada vez mais destaque. Em 2016 tivemos o primeiro concurso na região, o que foi totalmente inesperado, optei por participar no ano seguinte e já ganhei o prêmio de sustentabilidade, o que só comprovou o cuidado que temos a anos na nossa produção. O apoio de Sebrae, da Emater e Embrapa aprimorou muito os produtores de Rondônia e fomos incentivados a produzir cada vez mais com qualidade, e que faz sim a diferença!
Mariana Proença: Simone, você está em Araponga, município que pertence a região das Matas de Minas. Cercada pela natureza e pela Serra do Brigadeiro, a sua produção já foi premiada em dezenas de concursos regionais de Minas Gerais e também no Prêmio Ernesto Illy. Tive o prazer de conhecer a sua propriedade e constatar a forma artesanal como os pequenos produtores da região trabalham. Como é para você realizar esse trabalho de qualidade no Jardim das Oliveiras e ser uma das líderes das Matas de Minas nessa mudança de paradigma?
Simone Sampaio: Sou neta e filha de cafeicultor, meu pai trabalhou a vida toda com o café arábica e sustentou doze filhos assim. Fiz nutrição em Viçosa (MG), morei em vários lugares do Brasil e no exterior, quando meu pai faleceu minha mãe me deu um pedacinho de terra e resolvi começar a implantar o café ali. Nossa primeira colheita foi em 2011, bem pequena, mas mandei esse café para um concurso estadual da Emater e ficamos em terceiro lugar, ali percebi que havia algo de especial nesse terreno. Assim investimos em qualidade, informações, certificações. Não usamos agroquímicos, construímos nossa pequena propriedade artesanalmente, pensando na sustentabilidade na economia de luz, de água e contribuindo com o meio ambiente.
No bloco 2, os convidados comentaram sobre a pandemia do novo coronavírus e como está sendo a colheita em meio a tudo isso.
Mariana Proença: Lucas vocês já começaram a colheita na sua propriedade? Quais estão sendo as principais preocupações da região com a pandemia do Conoravírus e como vocês vêm atuando para minimizar os riscos?
Lucas Venturim: Assim que o isolamento social começou, nós tivemos uma preocupação em divulgar cartilhas e orientar os produtores. Aqui recebemos muita gente de fora durante a colheita, a produção é intensa e só a mão de obra local não daria conta. Sabíamos que seria complicado, a nossa colheita sofreu um atraso por conta das chuvas de verão, mas começamos em maio a colher e os casos de pessoas com coronavírus aumentaram. Seguimos com uso de máscara, hábitos de higiene, mas nossa preocupação é que vai o inverno está se aproximando e pessoas passam a ter sintomas de outras gripes. Seguimos conversando com nossos parceiros, sabemos como está difícil, mas vamos passar por isso juntos da melhor maneira e vamos nos adaptar a essa nova situação.
Mariana Proença: Ronaldo, o senhor também vem realizando esses mesmos cuidados? Vocês trabalham em família na propriedade e compraram um torrador recentemente para fazer a comercialização do café. Como está vendo que a pandemia pode afetar nesse momento?
Ronaldo Bento: Aqui na região trabalhamos em produção familiar, o que é bom, pois evita o fluxo de novas pessoas. A epidemia está mais na capital, aqui na região segue bem controlado. Seguimos com os cuidados e orientações, evitando aglomerações. Logo isso passará e estaremos juntos comercializando mais e mais cafés!
Mariana Proença: Simone, vocês com uma cafeicultura de montanha e com a necessidade de mão de obra, quais estão sendo os cuidados na lavoura? Mudou a orientação para a colheita dos cafés especiais? Como você avalia esse cenário na sua propriedade?
Simone Sampaio: Aqui não temos nenhum caso, a colheita já começou em alguns lugares, mas a minha será para o final do mês de junho com colaboradores e família. Vou deixar o grupo maior para colher no final de julho para evitar a movimentação de pessoas, por enquanto. Estamos respeitando as orientações da vigilância sanitária e Organização Mundial da Saúde, e torcemos para ninguém da região se contaminar, já que aqui não temos hospital e teríamos que ir até Viçosa. Temos que seguir com solidariedade sempre!
Mariana Proença: Anderson como você avalia que nesse momento poderá continuar a sua venda tentando encontrar soluções para esse cenário que estamos vivendo?
Anderson Minamihara: A maioria dos nossos clientes são do Japão, Europa e Estados Unidos, estamos em contato para entender qual será a necessidade dos cafés nos países. Na região seguimos com os protocolos de segurança, o que sentimos é que normalmente recebíamos compradores internacionais para visitar a fazenda e esse ano não teremos isso. Mas vamos encontrar novas formas de enviar as amostras para eles, novas formas de cupping online. Vamos ajudar uns aos outros, enxergar as dificuldades e criar novas inciativas.
Mariana Proença: Afonso, vocês são uma região turística que estão próximos ao Pico da Bandeira. Quais foram as principais atitudes que tomaram frente à pandemia e como você está vendo esse ano em relação à comercialização dos seus cafés. Tem conversado com seus compradores, com as torrefações e cafeterias?
Afonso Lacerda: Estamos em uma região turística e a logo que iniciou a pandemia, a primeira medida a ser tomada foi fechar a parte turística e nossa cafeteria, assim diminuímos o fluxo de pessoas por aqui. O café é o nosso carro chefe da região, não podíamos prejudicar a colheita e produção, devemos começar a colher no final da semana que vem e não contratamos ninguém de fora. A venda dos cafés é uma preocupação grande, mas estamos conversando com nossos parceiros para encontrar uma melhor maneira de enfrentar tudo isso. Vamos superar juntos e não prejudicar ninguém, criar novas estratégias e manter o vínculo é muito importante.
Mariana Proença: Renato, logo no início da pandemia você gravou um vídeo nas suas mídias sociais mostrando seu apoio às cafeterias e torrefações e pedindo que as pessoas consumissem café especial. Você como produtor como vem conversando com seus compradores também e como vocês se preparam no Sítio Vista Alegre para esse momento tão incerto?
Renato Rodrigues: Temos algumas peculiaridades na região que é não trazer ninguém de fora para a colheita, o que impede o fluxo de pessoas. Mas quem colhe são vizinhos, então temos que orientar sobre os cuidados. Fico imaginando nas grandes capitais como está difícil, torrefação e cafeterias que estão fechadas. Aqui meu refúgio é olhar a produção e ver o café se desenvolvendo, às vezes, esqueço o que está acontecendo no mundo, mas quando volto para casa vejo a realidade em que estamos e dá uma tristeza. Mas vamos seguir em frente de uma maneira nova, aqui toda a região se envolve com a colheita do café, muitos deixam seus trabalhos por dois ou três meses para se dedicar a esse período. Vamos encontrar formas de não prejudicar ninguém e que todo mundo siga com saúde!
Mariana Proença: Paula, vocês tem a marca própria da Fazenda Recanto e fazem a venda on-line dos cafés também. Quais foram os principais desafios no início e como agora você vê as vantagens e desvantagens de já estar nesse meio digital para atender ao consumidor? E ainda, como acha que podemos aproximar ainda mais o que vocês fazem no campo para que o apaixonado por café possa conhecer?
Paula Paiva: É um momento bem difícil, novo e desafiador para todo mundo. A internet acabou sendo o nosso canal principal de venda dos cafés. Estamos produzindo conteúdos para criar um vínculo cada vez maior com o nosso consumidor!
O último bloco foi de mensagens de esperança para o futuro e o que os convidados disseram em comum acordo é manter a esperança, ao invés do medo, aponta Anderson. Ronaldo ressaltou a importância de não desanimar e seguir com o trabalho com responsabilidade. Para Paula devemos manter o foco em condições seguras de trabalho, fortalecer parcerias e não abandonar torrefação e cafeterias, “importante entender o lado de cada um”, completa.
Lucas acredita no otimismo sempre que isso vai passar e vamos atravessar a crise e fortalecer parcerias. Simone ressaltou que o café é o produto que ajudará a recuperar a economia, “fortalecer os elos, pensar no próximo e em novas oportunidades com esse momento que estamos passando”, completa.
Afonso diz sentir falta das pessoas circulando na região, mas é o momento para trabalhar com responsabilidade e seguir em frente, sempre ajudando o próximo. “O produtor tem que lembrar que se ele não produzir vai prejudicar um parceiro e toda a cadeia, não vamos desistir e sim trabalhar cada vez mais”, finaliza Afonso. Por último Renato falou sobre a solidariedade com o outro, “é a hora de fortalecermos as parceiras, estarmos cada vez mais conectados e juntos para superar esse momento”.
O episódio completo do Fala Café está disponível no YouTube. Clique aqui para acessar. Fique atento às nossas mídias sociais para saber quais serão os temas dos próximos programas!
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