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Será que é possível perceber o equipamento em que é torrado o café?

Roaster Camp of Brazil 2019 respondeu essa e outras perguntas durante uma semana de curso no Centro de Qualidade do Café do IAPAR, em Londrina, Paraná

A Revista Espresso chegou ao Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR) – um dos mais importantes centros de pesquisa de café do Brasil – em uma sexta-feira (28/6) para acompanhar o Roaster Camp of Brazil. A turma de 40 alunos participantes do curso – já entrosada – preparava cafés em máquinas de espresso e métodos de infusão. Profissionais de diferentes lugares do Brasil e internacionais trouxeram seus cafés para trocar experiências sensoriais com os colegas.

Pelo segundo ano, o evento, realizado pela Capricornio Coffees, grupo com sede em Piraju (SP), promove o encontro de torrefadores do mercado em atividades de palestras, desafios, testes técnicos, provas de café e aulas com os finalistas internacionais do Campeonato Mundial de Torra, organizado pela World Coffee Events (WCE) e também mestres de torra renomados que são convidados para trazer conhecimento aos visitantes.

Com o slogan de quebra de paradigmas e “pense diferente” a empresa tem como foco mostrar pesquisas e referências de profissionais que acreditem nessa máxima. Anne Cooper, mestre de torra da Austrália, na Equilibrium Master Roastress, veio pelo segundo ano mostrar seus conhecimentos em vinte anos no café.

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Os primeiros participantes que conversei estavam impressionados com o teste que havia começado dias antes e que tinha como missão responder: será que é possível perceber o equipamento que é torrado o café quando se respeitam algumas fases do processo de torra? Essa pergunta foi feita por Anne Cooper.

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Depois de realizarem testes nos equipamentos Atilla, Carmomaq e Probat – os principais torradores presentes no mercado nacional – os alunos foram provar os cafés em mesas de cupping e o resultado foi surpreendente: ninguém percebeu a diferença entre os cafés.

Hugo Rocco, do Moka Clube, de Curitiba (PR), um dos participantes do curso, conta que era muito similar e que “impossível” encontrar diferença no sensorial dos cafés. A mestre de torra Anne pediu aos alunos para seguir o perfil de cor dos grãos, o primeiro crack (que é a reação de expansão do grão) em que é possível ouvir os “estalos” e finalizou com o mesmo tempo.

Desafio de Torradores
Nos três últimos dias de curso é realizada uma disputa entre quatro times na torra de um blend e um café de origem única. Devem ser apresentadas as curvas de torra e também as características sensoriais que serão encontradas pelo júri no preparo na French Press. Este ano os jurados foram Anne Cooper, o campeão mundial de torra, Vladimir Nenashev (Rússia), o segundo lugar, Yoshiyuki Nakamura (Japão), o terceiro lugar, Veda Viraswami (França), o décimo lugar, Emanuele Tomassi (Itália), o diretor da Capricornio Coffees, Luiz Saldanha, o membro do conselho da WCE, Bart Deprez, e o barista campeão nacional da França, Brice Robin.

Foi vencedor do desafio o grupo de Veda Viraswami (Le Café Alain Ducasse), Joshua Stevens (Café Cultura), Hugo Silva (Sensory Coffee Roasters), Abgail Paz (Blum’s Kaffee), Patricia Santoro (IAPAR), Gustavo Sera (IAPAR), Thamis Fontenelle (Café Fontenelle), Bruna Morais (Engenheira Agrônoma na Universidade Estadual de Maringá), Edson Yajima (Companhia Cacique de Café Solúvel) e Marcos Lima (Capricornio Coffees).

Além das disputas também foram realizadas palestras com profissionais de diferentes áreas como Lívia Mundim (Cropster), Fabiana Carvalho (The Coffee Sensorium) e Luiz Salomão (Bunn) que explicaram sobre o café dentro da perspectiva de cada um de trabalho.

A palestra de Luiz Saldanha, produtor da Fazenda Califórnia e diretor da Capricornio, apresentou uma linha de produtos da empresa que mostra a variedade mundo novo com diversos perfis sensoriais e uma assinatura diferente para cada microlote.

Segundo Edgard Bressani, diretor da Capricornio Coffees, e um dos organizadores do Roaster Camp of Brazil, o “evento foi muito interessante e reuniu pesquisadores, mestres de torra, exportadores, baristas, comerciantes de café, um grupo bem diverso, e espero que no ano que vem possamos trazer mais novidades e realizar em outro estado para que seja itinerante”.

O evento é realizado há dois anos no campus do IAPAR, em Londrina, no Paraná. Durante o Roaster Camp foi feita uma visita técnica ao Banco de Germoplasma de Café do local, de onde saem as principais pesquisas do estado na área de café. São mais de 1800 diferentes materiais genéticos com estudos voltados para qualidade, produção, resistência a pragas e outros tipos de intempéries climáticas. Gustavo Sera, pesquisador do IAPAR, apresentou a importância de realizar o trabalho para que variedades futuras possam estar nas lavouras do Brasil e do mundo com o objetivo de manter o cultivo de café.

Mais informações: www.roastercampofbrazil.com

 

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TEXTO Mariana Proença, de Londrina, Paraná • FOTO Mariana Proença/Café Editora

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