Barista

Agnieszka Rojewska, primeira barista campeã no Mundial

Aga trabalha há mais de dez anos no mundo do café. Engana-se quem pensa que ela parou um dia e pensou: vou trabalhar com isso. “Eu não decidi trabalhar com café, estava apenas procurando uma ocupação de férias no verão em uma lanchonete na estação ferroviária de Poznań, na Polônia. A ideia era que, com o término do verão, eu deixasse aquele trabalho, mas nunca o fiz”, conta.

Tudo na vida de Aga foi por acaso. Sua entrada nos campeonatos foi através de um gerente da cafeteria em que trabalhava. Ele a encorajou, e desde 2011 ela tem participado de diversas competições. “Se não fosse esse incentivo, eu nunca teria começado a disputar. Era muito tímida para estar no palco, isso me tirou da zona de conforto”. O ano de 2018 não foi o primeiro ano que Aga participou de um Campeonato Mundial de Barista. Em 2015, em Seattle, ela ficou em 34º lugar, e, no ano seguinte, em Dublin, ficou na mesma posição. Deu uma pausa em 2017, para voltar em 2018 como campeã.

Foram dois meses de preparação para o Nacional e o Mundial. “Contei com a ajuda das minhas colegas de equipe, Paula e Kamila, e dos meninos do Project Origin e ONA Coffee, Yanina, Sasa, Sam, Hugh, Matthew, Gus”. Sam Corra, que faz parte da equipe de treinamento de Aga e da empresa ONA Coffee, conta que foi um prazer trabalhar com ela.

“Agnieszka foi quem transformou sua performance vencedora. Nós éramos apenas um meio para ela ter sucesso e mostrar seu talento”. Na competição, Aga optou por um café da Etiópia, que, segundo ela, foi o melhor que pôde escolher, com característica intensa de frutas amarelas e doçura. O café foi torrado pela ONA Coffee.

Aga, ao receber o troféu de Campeã Mundial de Barista: “Eu não tenho uma memória muito clara daquela hora, só lembro que olhei para o meu time nos bastidores e eles estavam pulando de alegria. Na minha cabeça havia apenas: o quê? Eu ganhei?”

Em sua apresentação, Aga foi minimalista, com poucos objetos, e mostrou aos jurados como ajustar o estilo de serviço ao nível de experiência que o cliente tem com cafés especiais, compartilhando apenas as informações certas sobre a bebida. “Eu queria oferecer um bom atendimento e, para isso, precisava de uma excelente conexão com meus clientes – também conhecidos como juízes. Para fazer isso, optei por estar na frente deles a maior parte do tempo, não lhes virar as costas e não correr para outras mesas. Acho que é bom durante a apresentação incorporar elementos criativos, desde que se tenha um motivo”.

Aga afirma que não tem como controlar o nervosismo durante uma competição. “Você só precisa saber como seu corpo se comporta sob o estresse. O jeito é repetir o treino, repetir e repetir”. Já no quesito bom profissional, Aga acredita que manter a hospitalidade e as habilidades no atendimento ao cliente, além de sempre aprender coisas novas, é fundamental. “Nós, como baristas, precisamos do mais importante: educação com nossos clientes e um serviço extraordinário, que proporcionará conhecimento e uma grande experiência no momento da degustação do café”.

Sobre o Brasil

Aga participou do Barista Farmer de 2016, que aconteceu na Fazenda do grupo O’Coffee, em Pedregulho, na Alta Mogiana (SP), e confirma a qualidade altíssima dos cafés brasileiros. “Acredito que algumas pessoas subestimam o café brasileiro. Para mim são cafés que trazem uma tendência de sabores em uma direção diferente. No Barista Farmer fiz ótimas amizades”.

(Texto originalmente publicado na edição impressa da Revista Espresso referente aos meses setembro, outubro e novembro de 2018 – única publicação brasileira especializada em café. Receba em casa. Para saber como assinar, clique aqui).

TEXTO Natália Camoleze • FOTO Jeff Hann para a WCE

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