Mercado

SCA anuncia revisão do modelo de associação e acesso ampliado a conteúdos

Neste ano, a SCA (Specialty Coffee Association) vai introduzir a primeira grande reformulação do seu programa de membros. O novo modelo, com novos preços e recursos mais elaborados, busca conectar a comunidade internacional em crescimento. 

Com as finanças alinhadas  – o capital da SCA é, atualmente, de US$12,5 milhões, em comparação ao capital negativo de US$1,8 milhões durante a pandemia –, há ainda a promessa de investimento intensivo na expansão de seu conteúdo a empresas e pessoas, a partir de uma nova plataformas e em diferentes idiomas. Segundo a SCA, a nova plataforma vai proporcionar experiências personalizadas a cada usuário. 

Essas são as principais questões alinhadas no relatório anual de 2023 da maior organização mundial de comércio de café, publicado no último dia 11 e que focou em modernizar ferramentas e revisar diretrizes seguindo a agenda de sustentabilidade no café. 

Em 2023, a SCA também desenvolveu a Avaliação de Valor do Café (Coffee Value Assessment ou CVA), uma atualização com base em pesquisas científicas atuais do seu tradicional protocolo de degustação (desenvolvido em 1984 e desde então, utilizado mundialmente), que direciona de forma “honesta”, segundo as palavras do CEO da instituição, Yannis Apostolopoulos, como o valor do grão é “gerado, capturado e distribuído” ao longo da cadeia do café especial.

Ainda segundo o relatório, o objetivo da associação em expandir seu alcance vai inseri-la em outras feiras e eventos no setor, como a World of Coffee Panama 2026, no Panamá, e na World of Coffee Busan 2024, na Coreia do Sul. 

TEXTO Cristiana Couto • FOTO Agência Ophelia

Mercado

Nova percepção de valor de um especial

O lançamento do novo protocolo de degustação da SCA, programado para 2025, promete transformar o mercado dos cafés de qualidade

Após três anos de pesquisa, a SCA (Specialty Coffee Association) desenvolveu um novo protocolo de avaliação de cafés especiais, o Coffee Value Assessment ou CVA (avaliação do valor do café, em português), previsto para ser lançado em 2025. O novo protocolo traz uma abordagem inovadora ao integrar métodos modernos de análise sensorial às descobertas da psicologia, do neuromarketing e de conhecimentos sobre o mercado consumidor.

O Coffee Value Assessment, ainda em fase beta (de testes), atualiza uma ferramenta crucial de avaliação de qualidade em café – o protocolo SCA – ao levar em conta a demanda do mercado de especiais. Vale lembrar que o protocolo SCA utilizado atualmente tem raízes em 1984, quando Ted Lingle escreveu o manual de degustadores de café e a roda de aromas.

Como instrutora autorizada da SCA, fiz em 2023 o curso sobre o CVA conduzido por Mario Fernandez Alduenda, técnico responsável pela divulgação do novo protocolo.

Pouco depois, ao dar uma palestra sobre o assunto em Belo Horizonte, na Semana Internacional do Café 2023, percebi inquietações na plateia. As alterações feitas em uma ferramenta tão sensível como é o protocolo de prova e degustação de cafés da SCA provocou apreensão naqueles que fazem uso dela, especialmente quando são informados de que atribuir pontuações a um café já não é mais o objetivo principal do novo protocolo.

Neste texto para a Espresso, faço meus comentários quanto ao CVA a partir de dois pontos de vista: o de pesquisadora e o de aluna. Como pesquisadora em neuromarketing gastronômico – disciplina que combina neurociência, psicologia e marketing para compreender o comportamento de consumidores e, assim, incrementar estratégias de marketing –, pude avaliar como o consumidor de café percebe a qualidade do grão na xícara e quais os fatores relevantes para o incremento dessa percepção. Em meu estudo, feito na Espanha em parceria com a fusiónLab, especialista em neuromarketing aplicado, utilizei ferramentas e técnicas bastante específicas.

Como resultado, descobrimos que consumidores habituais de café tradicional conseguem identificar a qualidade superior do café especial. Também demonstramos que, mesmo em recipientes feitos de diferentes materiais, a percepção de qualidade se mantém e que o storytelling da origem e do processamento do café é o principal fator na experiência do consumidor com especiais, elevando sua apreciação. Este é um resultado surpreendente, pois quebra a ideia de que o hábito não supera a
qualidade de um produto. E que, mais importante que o recipiente que acondiciona o café é o cuidado na sua apresentação.

Já como aluna, fiquei curiosa em saber em que parâmetros o protocolo CVA difere dos métodos atuais de avaliação de cafés. De acordo com o CVA, as características de um grão têm impacto em nossa compreensão quanto ao seu valor tanto em termos de qualidade (intrínseco) como em relação a fatores externos, como a origem e a história da fazenda. Esse valor depende muito do mercado consumidor e de sua percepção do grão. O que define o CVA, portanto, é que a pontuação tradicional do protocolo SCA não tem mais o mesmo peso na avaliação de valor de um grão de qualidade.

O CVA baseia-se, assim, em atributos de sabor e de valor do café. Nessa nova avaliação, consideram-se duas classes de atributos: os intrínsecos e os extrínsecos. Os intrínsecos incluem perfil sensorial, torra, tamanho do grão e pontuação, enquanto os extrínsecos consideram a origem do café, as certificações que ele possui e a identificação da fazenda onde foi cultivado, assim como a do produtor e a da marca. Esses atributos, por sua vez, organizam-se em quatro pilares: avaliação física do grão, avaliação dos seus atributos sensoriais de sabor, avaliação afetiva de impressão de qualidade dos atributos de sabor e avaliação extrínseca – este último, embora já seja utilizado pelo mercado de especiais, agora tem a oportunidade de estar documentado como um fator de peso. Quanto mais atributos forem somados, mais especial será o café.

Portanto, são duas as grandes novidades do CVA: a separação entre avaliação sensorial descritiva e avaliação afetiva (impressão de qualidade do atributo sensorial) e a incorporação de fatores extrínsecos (que contribuem muito para o valor do café). A avaliação descritiva inclui a lista CATA (check all that apply, que significa “verifique tudo o que se aplica”). Já a avaliação afetiva serve para verificar a qualidade dos atributos registrados na descrição – se ela é positiva ou negativa. Assim, o CVA, a partir dessa reordenação, tornou-se mais fidedigno à análise sensorial moderna.

Durante minha palestra na SIC, os principais questionamentos do público diziam respeito ao fato de que o CVA não considera mais apenas a pontuação de um café para definir sua qualidade. Sim, é verdade. Isso, porém, não significa que este quesito vai ser eliminado, mas, sim, que ele vai ser diferente do que foi até agora (80 a 100 pontos), aproximando-o da pontuação utilizada na avaliação sensorial de vinhos (0 a 100 pontos). E será o mercado que irá definir quais os atributos que mais pesam na hora de determinar o valor de um lote. Essa adaptação visa atender a diferentes mercados consumidores, que desejam diferentes perfis de cafés, pois a pontuação já não define mais um lote.

Quanto à segunda novidade, mensurar os atributos extrínsecos do grão (que contribuem significativamente para o seu valor) fornece ao mercado uma visão holística das características do café, o que, por sua vez, permite que compradores e vendedores avaliem seu valor de mercado de forma mais abrangente. Ou seja, se avaliar a qualidade sensorial da bebida na xícara é fundamental para aqueles que apreciam cafés especiais, a decisão de compra dos grãos também leva em consideração os elementos extrínsecos.

Pesquisas recentes destacam o interesse cada vez maior dos consumidores em saber a origem do café e seus atributos relacionados à sustentabilidade, como práticas orgânicas de cultivo e certificações de comércio justo. A história do lote e da fazenda onde ele foi cultivado também interfere na percepção de qualidade e nas preferências de consumidores e mercados, influenciando as decisões de compra.

Vale reforçar que se trata de um protocolo em fase beta, o que significa que ele pode sofrer adaptações até seu lançamento. Além disso, colocá-lo em prática vai ajudar a SCA a fazer ajustes que, porventura, surjam pelo caminho. De qualquer modo, a inclusão dos atributos extrínsecos na valoração de um grão de qualidade irá melhorar a comunicação voltada aos consumidores, que conseguem identificar qualidade quando é informado a eles a história por trás daquela xícara. É fundamental, porém, que essa nova maneira de atribuir valor aos cafés chegue, também, aos produtores. Há cada vez mais pesquisas sobre o universo dos cafés de qualidade e, também, um consenso de que o produto evoluiu significativamente nos últimos 20 anos. Assim, o novo protocolo de degustação dos grãos especiais deve refletir essas novas conquistas.

Ferramentas de neuromarketing

Existem várias ferramentas e técnicas utilizadas em neuromarketing para obter insights sobre respostas emocionais e cognitivas dos consumidores. Algumas delas são:

Ressonância Magnética Funcional (fMRI): Esta técnica de neuroimagem é usada para medir a atividade cerebral enquanto os participantes respondem a estímulos de marketing, como anúncios ou produtos. Ela oferece informações sobre áreas específicas do cérebro ativadas durante experiências diferentes.

Eletroencefalografia (EEG): O EEG registra a atividade elétrica do cérebro, proporcionando uma visão, em tempo real, das respostas cerebrais às diferentes estimulações. É frequentemente utilizado para medir atenção, emoções e níveis de envolvimento dos participantes de um experimento.

Eye Tracking (Rastreamento Ocular): Monitora os movimentos oculares para determinar para onde os
participantes estão olhando. Isso ajuda a identificar áreas de foco em anúncios, embalagens de produtos e outros elementos visuais.

GSR (Galvanic Skin Response): A GSR mede as mudanças na condutância da pele, indicando variações no nível de excitação ou estresse dos participantes diante de estímulos específicos.

Medição de Ritmo Cardíaco: A frequência cardíaca pode ser monitorada para avaliar o nível de excitação ou ansiedade em resposta a estímulos de marketing.

Técnicas de Resposta Emocional: Incluem métodos como o Facial Coding, que analisa expressões faciais para avaliar as respostas emocionais dos participantes.

Pesquisas Implícitas: Usam tarefas indiretas para capturar reações subconscientes, como associações
automáticas entre conceitos e emoções.

Realidade Virtual (VR) e Realidade Aumentada (AR): Permitem simular experiências de compra dos participantes ou sua interação com produtos em um ambiente controlado para captar essas reações.

Texto originalmente publicado na edição #83 (março, abril e maio de 2024) da Revista Espresso. Para saber como assinar, clique aqui.

TEXTO Josiana Bernardes é fundadora do Idcoffeelab, na Espanha, especialista em neuromarketing gastronômico e instrutora autorizada da SCA. • FOTO Agência Ophelia

Mercado

Orfeu lança microlote em homenagem a Oscar Niemeyer

Das curvas de grandes edifícios às embalagens de café, o novo microlote especial da Orfeu Cafés Especiais homenageia um dos principais arquitetos brasileiros: Oscar Niemeyer. A novidade, lançada na última quarta (3) durante a SP-Arte, na Bienal do Ibirapuera, em São Paulo (SP), é um blend das variedades bourbon amarelo e arara, colhidas de pés plantados em torno da capela Santa Clara, projetada pelo arquiteto no interior da Fazenda Rainha, em São Sebastião da Grama (SP). 

A ideia da edição limitada vem, justamente, da conexão entre esta construção e o cafezal. “É mais do que o lançamento de um produto, é uma retribuição a um presente que o Niemeyer deu aos funcionários da fazenda”, comenta Fábio Gianetti, diretor de marketing da Orfeu, referindo-se aos trabalhadores da propriedade, que desejavam um lugar para rezar. Foi assim que o arquiteto projetou a capela, em 2008.

Disponível no e-commerce da marca nas versões grão (250 g, R$ 33,50), moído (250 g, R$ 33,50), drip coffee (dez sachês, R$ 39,90) e cápsula compatível com Nespresso (dez unidades, R$ 33,50), o microlote chama a atenção pela embalagem criada pelo designer Pedro Cappeletti. “Em uma conversa com Ricardo Niemeyer, maquetista do Niemeyer, me caiu uma ficha”, lembra o designer. “Ele tinha que fazer em maquetes uma coisa muito parecida com o que eu ia ter que fazer com embalagens, que é transformar papel em curvas. Acho que este foi o insight que norteou todos os movimentos”, explica. 

Depois de meses de testes tentando curvar papéis para transformá-los em embalagens adequadas, Cappeletti chegou a quatro modelos finais. “O Niemeyer fez com os prédios, que eram retos e ele curvou, a mesma coisa que foi feita com as embalagens, que eram caixinhas retas e que foram curvadas. Então, tem este paralelo entre arquitetura e embalagens”, comenta Cappeletti.

E se Oscar Niemeyer projetasse xícaras de café?

Com essa pergunta em mente, a equipe da Orfeu, em parceria com a família Niemeyer, desenvolveu um trio de xícaras de cerâmica inspiradas na obra do arquiteto brasileiro. Neste projeto, houve o treinamento de Inteligência Artificial para alcançar ao máximo o estilo de Niemeyer. As peças, esculpidas manualmente pelo artista plástico Lair Uaracy e pelo ceramista Fernando Aidar, do Estúdio Caboco, estão expostas na cafeteria da marca, na SP-Arte, e depois irão para centros culturais. A ideia é que, futuramente, elas sejam comercializadas. 

TEXTO Gabriela Kaneto • FOTO Divulgação

CafezalMercado

Nespresso quer gastar US$ 20 milhões para desenvolver cafés no Congo

A Nespresso anunciou hoje (27/3) que pretende gastar US$ 20 milhões entre compras de café e fornecimento de assistência para a República Democrática do Congo, na África. Quer, também, ajudar na arrecadação da mesma quantia  para apoiar o setor cafeeiro na região leste do país. O compromisso faz parte do programa contínuo da Nespresso, “Revivendo Origens”, que assiste áreas produtoras afetadas por desastres naturais ou questões sociais. 

Já houve auxílio da empresa na região em 2021, por meio de aliança financiada pela USAID, a Aliança do Café Gorila. Nessa nova iniciativa, os parceiros, além da USAID e outras instituições, incluem cafeicultores de Kivu, principal área produtora de arábicas, no leste do país. 

Os US$ 20 milhões serão destinados a compras de café cru, a prêmios financeiros relacionados à qualidade e sustentabilidade (AAA da Nespresso) e a projetos em comunidades produtoras de agricultura regenerativa, acesso à água limpa e assistência médica, por exemplo.

TEXTO Fonte: Daily Coffee News • FOTO Daniel Fontes

Mercado

Louis Dreyfus vai adquirir 100% da brasileira Cacique

A Louis Dreyfus Company (LDC), conhecida operadora no setor de commodities agrícolas, anunciou nesta terça (26) a formalização de um contrato para adquirir integralmente a Companhia Cacique de Café Solúvel (Cacique), em comunicado conjunto das empresas, informa Reuters e Nasdaq. Reconhecida pela como uma das principais produtoras e exportadoras de café solúvel do mundo, a Cacique opera com duas instalações de processamento no Brasil e emprega cerca de mil pessoas.

A aquisição pretende fortalecer a posição da LDC no mercado de solúvel, setor no qual ingressou, recentemente, por meio de uma parceria no Vietnã. Além disso, busca expandir suas operações no comércio de café verde brasileiro.

Parte de uma estratégia mais ampla para diversificar as atividades, a LDC tem buscado aproximar-se do consumidor final no setor de alimentos, a fim de reduzir sua dependência das flutuações do mercado de commodities.

Embora detalhes financeiros da transação não tenham sido revelados, o fechamento da compra está condicionado à obtenção das devidas aprovações regulatórias.

TEXTO Fontes: NASDAQ / REUTERS • FOTO Felipe Gombossy

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“Se a EUDR melhora o meio ambiente, ela terá enormes impactos sociais”, diz Andrea Illy

Afirmação do presidente da illycaffè sobre regulamentação europeia antidesmatamento foi dada em coletiva na manhã desta quinta (21), em São Paulo 

Andrea Illy/Divulgação

No Brasil para a cerimônia de premiação do 33º prêmio Ernesto Illy na noite de quinta (21), o presidente da torrefadora italiana illycaffè participou, pela manhã, de entrevista coletiva para jornalistas do setor. 

Depois de um breve panorama da atuação da empresa no país, Andrea Illy afirmou movimentar-se para criar um fundo de bilhões de dólares ao ano para auxiliar países produtores do grão, reforçou os benefícios e a necessidade da adoção de práticas agrícolas sustentáveis e afirmou que o Brasil é o país mais preparado para as mudanças climáticas

A seguir, os principais trechos da conversa com jornalistas, no Hotel Renaissance, em São Paulo.

$ para o café

“Estamos tentando criar um fundo de resiliência para países produtores com objetivo de melhorar e renovar as plantações. Idealmente, ele deve ter bilhões de dólares por ano. A dificuldade é criar um modelo para ele. Vai ser um milagre se conseguirmos”.

Fundo para o Brasil?

“Devemos considerar que o Brasil é bem financiado por recursos do Estado e se há necessidade de mais investimento privado”.

Economia circular

“2/3 das emissões de carbono vêm da agricultura e a solução é a agricultura regenerativa. Quanto à indústria, a saída é a economia circular”.

By 2050

“Até 2050, 50% das terras adequadas para o café deixarão de ser devido às alterações climáticas”.

Agricultura Regenerativa

“Desde 2018, a illy tem um protocolo do que chama de agricultura virtuosa, que envolve não só sustentabilidade como também saúde. Os princípios: enriquecimento do solo com carbono orgânico, que nutre a microbiota do solo que, por sua vez, desenvolve serviços sistêmicos, como fixação de minerais e lutas microbiológicas contra doenças, resultando na diminuição do uso de defensivos e fertilizantes minerais”.

“A agricultura virtuosa permite que não só nos adaptemos às mudanças climáticas como mitiguemos seus efeitos, com hidratação do solo, aumento de biodiversidade e, acima disso, melhora na qualidade dos cafés”.

EUDR

“É uma ótima proposta. Mas quando se normaliza uma lei, é difícil considerar a complexidade do sistema. Países produtores, por várias razões, não são capazes de ter rastreabilidade de seus cafés para se adaptar a essa lei antidesmatamento. Os problemas serão enormes, principalmente para os países africanos. Se a lei melhora o meio ambiente, ela também terá enormes impactos sociais”.

Brasil e mudanças climáticas

“O Brasil, com diferentes ecossistemas, é o país mais adaptável aos desafios climáticos. No Cerrado Mineiro, além da mecanização, a política é renovar os cafezais a cada 12 anos. Há ainda o fato de que existem 80 milhões de ha de terras degradadas por pastagens, e 2 milhões de ha de cafezais”.

O valor de uma xícara de café

“A regra do jogo é não só aumentar o prazer na xícara mas também diversificar a qualidade, com diferentes origens e métodos de processamento, que tornam o café mais do que um complemento funcional, mas uma experiência sensorial e intelectual”.

2024 e o mercado

“Há eleições presidenciais em três grandes blocos: EUA, Europa e Rússia, que podem mudar o cenário mundial”.

2024 e os preços 

“Difícil falar de preço do café porque falta transparência no mercado. Segundo a OIC, houve um surplus de 1,2 milhões de sacas em 2023 e a expectativa para 2024 é de 4,5 milhões”.

Sobre a La Niña, que já vem

“Ela já é um efeito das mudanças climáticas. Para o Brasil, ela tipicamente traz mais chuva e diminui a temperatura. Mas é difícil prever, de um modo viável, como eventos climáticos podem impactar financeiramente o valor do café”.

Evolução do consumo

“50% do consumo mundial está no norte do mundo ocidental. A penetração nos países ricos já é elevada e, portanto, difícil aumentar esse consumo. Embora autocrático e mais fechado, a China tem enorme potencial de crescimento. Já a Índia tem altas taxas de importação para o café e não aposto que, na próxima década, o país seja um gigante de consumo”.

Inteligência Artificial na agricultura

“Todos os nossos processos são embasados em IA. Sistemas agroecológicos são complexos, e os de saúde, mais ainda. O maior desafio é criar bancos de dados que possam, por sua vez, criar modelos de IA com coerência. Esperamos que a Inteligência Artificial Generativa acelere esse processo”.

TEXTO Por Cristiana Couto

CafezalMercado

Minas Gerais leva a melhor no 33º Prêmio Ernesto Illy de Qualidade Sustentável do Café para Espresso

A noite da última quinta-feira (21) foi de festa para a illycaffè. A empresa italiana realizou, em São Paulo (SP), a cerimônia de premiação do 33º Prêmio Ernesto Illy de Qualidade Sustentável do Café para Espresso, que contou com a inscrição de 760 amostras vindas de diferentes regiões do país. 

Minas Gerais se destacou por ser a origem dos três primeiros lugares. Os vencedores nacionais da vez foram Décio Bruxel, de Varjão de Minas, Cerrado Mineiro; Flávio da Costa Figueiredo, de Cabo Verde, Sul de Minas; e Matheus Lopes Sanglard, de Araponga, Matas de Minas.  

Da esquerda para a direita: Flávio Figueiredo, Matheus Sanglard e Décio Bruxel – Foto: Divulgação

A ordem entre eles será divulgada apenas no 9º Prêmio Internacional de Café Ernesto Illy e reúne os melhores cafeicultores dos países que fornecem grãos para a illy. Além de diplomas e de passagens para a premiação internacional, os ganhadores nacionais foram consagrados com R$ 10 mil cada.

Para selecionar as amostras finalistas, a comissão julgadora da illy analisou quesitos como cor, aspecto, seca, tipo, peneira, teor de umidade, torração e qualidade da bebida. Com início em 1991, a premiação já reconheceu mais de 1.500 produtores brasileiros, destacando a qualidade, a sustentabilidade e o comprometimento na cafeicultura do Brasil. 

Além dos vencedores nacionais, a edição também premiou os destaques nas categorias Regional e Classificador do Ano:

Categoria Regional

Centro-Oeste
Márcio José Gremonesi – Catalão (GO)
Gelsi Zancanaro – Cristalina (GO)

Cerrado Mineiro
Décio Bruxel – Varjão de Minas (MG)
Eduardo Pinheiro Campos – Presidente Olegário (MG)

Sul
Luiz Roberto Saldanha – Jacarezinho (PR)

Sul de Minas
Flávio da Costa Figueiredo – Cabo Verde (MG)
Renato Assis Moreira – Cabo Verde (MG)

São Paulo
Agropecuária da Pedra – Torrinha (SP)
João de Deus Tranquillini – Caconde (SP)

Chapada de Minas
Maria Cacilda Arroyo – Ninheira (MG)
Luís Manuel Fachada Martins da Silva – Angelândia (MG)

Matas de Minas
Matheus Lopes Sanglard – Araponga (MG)
Raimundo Dimas Santana – Araponga (MG)

Classificador do Ano
Luiz Evandro Ribeiro – Cooxupé – Matas de Minas
Edenilson de Oliveira Cabral – Matas Estate Coffee – Matas de Minas
Ricardo Nogueira Coelho – Origem Corretora de Café – Cerrado Mineiro

TEXTO Gabriela Kaneto • FOTO Gabriela Kaneto

Mercado

Ingressos disponíveis para o São Paulo Coffee Festival 2024

Depois de receber mais de 13 mil pessoas em três dias e servir cerca de 80 mil cafés, o São Paulo Coffee Festival volta à Bienal do Ibirapuera para mais uma edição. Neste ano, o evento, realizado pela Espresso&CO em parceria com a Allegra Group, está marcado para os dias 21, 22 e 23 de junho. Os ingressos estão disponíveis aqui

Ao lado de degustações, diferentes agentes do setor – cafeterias, microtorrefações, fazendas, marcas de equipamentos, acessórios, etc. – estarão presentes com estandes e exposições de produtos e novidades. Palestras, workshops gastronômicos e harmonizações também fazem parte da grade gratuita de atrações, que busca apresentar diferentes experiências ao público.

Opções e valores* de ingressos:

Diário

  • R$ 60 (sexta-feira, 21/6)
  • R$ 80 (sábado ou domingo, 22 e 23/6)

Passaporte

  • R$ 160 (para os três dias de evento)

VIP

  • R$ 170 (diário – sexta, sábado ou domingo)
  • R$ 500 (para os três dias de evento)

*atualizados na quarta-feira, 13 de março

Serviço
São Paulo Coffee Festival 2024
Quando: 21, 22 e 23 de junho
Horário: das 14h às 21h (sexta-feira, 21/6) e das 10h às 18h (sábado e domingo, 22 e 23/6)
Onde: Bienal do Ibirapuera – Avenida Pedro Álvares Cabral, s/n – Vila Mariana – São Paulo (SP)
Informações e ingressos: www.saopaulocoffeefestival.com.br 

TEXTO Redação • FOTO Agência Ophelia

Mercado

8 de março: O café sempre foi um assunto de mulheres

Se você buscar na memória, é provável que tenha lembranças acerca da bebida e envolvendo um parente próximo – uma mãe ou avó –, que preparava o café para a família pela manhã, enquanto arrumava todos para irem à escola. Ou, até mesmo, de um lanche em torno da mesa, combinado com biscoitos, pães, cadernos para fazer lição e muito jogo de cintura para manejar a rotina – muitas vezes solitária e sobrecarregada. 

Desses momentos em família, muita coisa pode surgir. Não é raro relatos de baristas que conectam suas histórias de vida para justificar a escolha profissional. Talvez como uma forma de retornar às origens, talvez como uma maneira de elevar a experiência do “servir ao outro”.

Mas, para além desses momentos de afeto, é importante dizer: as mulheres estão presentes em toda a cadeia produtiva do café. Em um nicho dominado por homens, elas são empreendedoras, baristas, produtoras, competidoras, mestres de torra, professoras, atendentes ou gerentes. 

Para ressaltar e reverenciar a participação feminina no mercado de cafés, neste 8 de março, Dia Internacional das Mulheres, conversamos com algumas profissionais cujo trabalho merece sua atenção.

Patrícia Rigno, proprietária da Cafeteria Rigno, em Vitória da Conquista (BA) 

A empresária Patrícia Rigno, ao centro, e suas filhas Júlia, à esquerda, e Valentina, à direita.  – Foto: Sávio Bello

Ela já trabalhou com moda, foi funcionária pública, mas se encontrou no café. Patrícia vem de uma família de produtores premiados da Bahia. Há oito anos, ela, seu marido e as filhas  mudaram-se para Vitória da Conquista para abrir uma cafeteria – que hoje conta com duas unidades. E ela ainda arranja tempo para administrar um restaurante.

Patrícia conta que, durante sua trajetória, enfrentou algumas dificuldades em ser creditada por suas opiniões: “Sempre tiveram aqueles que preferiam ouvir meu esposo e não a mim. Eu lido com um pulso firme, mostrando meu valor e minha capacidade”, comenta. “Hoje posso falar que estou muito bem colocada no meu lugar de liderança e que ser mulher só agrega valor ao meu objetivo. Assim, consigo inspirar e impulsionar outras mulheres”.

Quem trabalha em restaurante já deve ter ouvido a frase: “Quero falar com o dono”, quando um cliente está insatisfeito. Automaticamente, projetamos uma figura masculina, mas que pode ser quebrada ao recebermos Patrícia Rigno. Ela conta que essa situação tem se tornado menos frequente: “Acredito que ainda há aquela surpresa inicial, mas que hoje já se tornou muito mais comum”, diz ela, ao se referir a mulheres na liderança, como Gabriela e Karina Barretto, no Futuro Refeitório, e Isabela Raposeiras, no Coffee Lab, restaurantes reconhecidos e premiados na cidade de São Paulo.

Quando inquirida sobre se o mercado de café está mais feminino, Patrícia diz: “Tenho visto cada vez mais mulheres em lugares de destaque. Reforço, aqui, o Projeto Florada, conduzido pela 3corações, que deu voz a diversas mulheres que trabalham na produção de cafés em diversos lugares do Brasil”, reflete. “Acredito que elas sempre estiveram na cadeia produtiva, pois cresci vendo as ‘apanhadeiras de café’ fazerem toda a diferença na colheita em Piatã (BA) e minha mãe costurando pacotes de cafés para vendermos nosso produto”, completa Patrícia, que, hoje em dia, tem orgulho de estar nessa posição e de poder ver, cada vez mais, mulheres conquistando respeito e notoriedade. “O futuro do café é feminino!”, arremata ela.

Carolina Xavier, barista na Versado Café, em Recife (PE)

A barista Carolina Xavier – Foto: Felipe Ramos

Por meio da gastronomia, Carolina teve acesso ao mundo dos cafés e, desde então, não parou de aprender. Atualmente, trabalha no Versado Café, em Recife (PE).

A barista conta que o cenário de cafés na cidade é vibrante. Com a abertura de novas cafeterias e torrefações, a bebida tem alcançado novos públicos. Por lá, Carolina observa que os balcões destes espaços têm cada vez mais mulheres. Mas ela faz um alerta: “Infelizmente, nos cargos de gerência, esse cenário diminui bastante. Pouquíssimas mulheres ocupam essas posições, principalmente mulheres negras. Mesmo que elas tenham experiência, são lugares com maior participação masculina”, conclui.

Ao perguntarmos se ela já sofreu algum preconceito relacionado ao seu gênero, Carolina diz: “Já vivenciei diversas experiências negativas por ser mulher e trabalhar com café. Os homens se sentem um parâmetro para a validação da fala de mulheres, o que acaba criando um ambiente onde nós precisamos provar, em tempo integral, o valor do nosso trabalho”.

Por isso, ela discorda de que o café está recebendo mais mulheres: “Apesar de encontrarmos muitas mulheres trabalhando em cafeterias atualmente, sinto que ainda não se pode dizer que o nicho é feminino. As mulheres sempre foram vistas como preferíveis para trabalhos de colheita na fazenda, algo que acontece até hoje”, conta. “É como se fossemos aptas apenas para atividades como servir ou que exijam um caráter menor de complexidade”, completa.

Cássia Novaes, mestre de torra no Café Por Elas, em São Paulo (SP)

A mestre de torra Cássia Novaes – Foto: João Fenerich

O Café Por Elas tem um time exclusivamente feminino e trabalha apenas com produtoras mulheres. A profissional, que tropeçou no mundo dos cafés por acaso, teve oportunidade de aprender, do zero, a delicada tarefa de torrar os cafés da marca. 

Ser um – ou uma – mestre de torra exige responsabilidade, organização e bastante estudo. Esse cargo, inclusive, é frequentemente atribuído a uma figura masculina. “Existem muitas profissionais no mundo do café que gostariam de mudar de área”, diz ela. “É importante que existam oportunidades no mercado de trabalho e que as empresas invistam em qualificar ainda mais essas mulheres”, pondera.

E, para se destacar nesse nicho, com muito jogo de cintura, a mestre conta que as mulheres são vistas como “desqualificadas”, quando, na verdade, não tem escuta. “A minha autoestima me ajuda a ter clareza da minha capacidade e do meu próprio valor”.

Dora Suh, sócia-proprietária do Manana Cafés, em Curitiba (PR)

A barista e empresária Dora Suh – Foto: Pedro Mamore

A barista e sócia do Manana Cafés, em Curitiba, veio do mundo das artes. Formada em design gráfico, ela trabalhou como atendente e teve seu primeiro contato com café ao entrar como funcionária de uma cafeteria. Lá, conheceu Vitor Coelho, seu parceiro na vida e nos negócios.

Perguntamos para Dora como é ser uma jovem mulher (de apenas 27 anos) com tantas demandas: “Ser mulher e ocupar um cargo de liderança é um desafio”, conta ela, que, no início, tinha inseguranças por ser sócia do negócio e ter múltiplas responsabilidades. “Ainda que eu tenha sorte com o público incrível do Manana, as pessoas ficam surpresas quando digo que sou a proprietária”, reflete ela. “Já rolaram situações em que fui questionada por  clientes e até profissionais da área sobre escolhas quanto à minha própria marca. Ficava abalada mas, agora, consigo defender minhas ideias”, pontua.

Dora embarcou no mundo das cafeterias e conseguiu unir suas paixões. “Comecei a carreira no café a partir do design. Lá no Manana, uma coisa não existe sem a outra. Não é só sobre a bebida, mas sobre arte, design e o sonho de alcançar mais pessoas com uma xícara de qualidade”, revela. Para ela, o design gráfico é uma ferramenta de comunicação, que propaga informações. “Nesse nicho, ele abre portas e comunica o que só o café especial, sozinho, não seria capaz”.

Aline Codo, sócia-proprietária da 15 Coffee Company, em Sorocaba (SP)

A cafeicultora e empresária Aline Codo – Foto: Luma Faria

A engenheira Aline escolheu o interior de São Paulo para mudar de vida. Sua trajetória começou quando decidiu fazer uma transição de carreira e ir pra roça. “Visualizei nesse espaço uma oportunidade de aplicar tudo que vivenciei na minha carreira, aliado a experiência da minha família em produzir café por quatro gerações”, explica. A 15 Coffee Company, que é cafeteria, torrefação e escola de barista, surgiu como um caminho para uma transformação do setor na região. “Procuramos educar o consumidor e apresentar a cultura do café, sempre protagonizando quem o produz”. 

A empreendedora tem contato direto com outras produtoras, e acredita que a bebida está, aos poucos, dando voz a mais mulheres, principalmente no campo. “O café é uma linda desculpa para uma revolução”, reflete. “Estamos vivenciando essa transformação ao vermos as novas gerações de meninas buscando seu espaço, e as tantas mulheres que já estavam na roça se capacitando, melhorando sua produção e inspirando outras”, relata Aline. Além das cafeicultoras, conta, há um número crescente  de mulheres atuando como mestres de torra, baristas e provadoras. “Para quem tem dúvidas, nós estamos apenas começando”, provoca.

TEXTO Letícia Souza

Mercado

Mercado de cafés no Oriente Médio é tema de palestra em São Paulo

A cafeteria paulistana IL Barista cede seu espaço, no dia 12/3, para uma palestra sobre o mercado de cafés no Oriente Médio dada pela consultora Cleia Junqueira, da The Coffee Connoisseur Collective. A brasileira, que trabalha em torrefações de Dubai há mais de dez anos e já atuou como juíza em campeonatos internacionais e coordenou o Centro de Preparo de Café do Sindicafé-SP,  completa em 2025 duas décadas de trajetória no mercado cafeeiro.

Durante o bate-papo, a especialista apresenta assuntos como o aumento do consumo de café (especialmente solúvel) na região e as preferências do mercado local, além de temas como tecnologia, sustentabilidade, cafés engarrafados e cafeterias drive-thru e com robôs, entre outros.

As vagas são limitadas (30 lugares) e custam R$ 150. As inscrições devem ser feitas pelo telefone (11) 2538-1155. O evento conta com apoio institucional da Câmara de Dubai – Escritório de São Paulo e patrocínio da rede de cafeterias e microtorrefação IL Barista.

Serviço
“Tendências do mercado de café no Oriente Médio” (palestra)
Quando: 12/3
Horário: das 19h às 21h
Onde: Rua do Consórcio, 191 – Vila Nova Conceição – São Paulo (SP)

TEXTO Redação • FOTO Divulgação