Barista

Daniel Vaz é o novo Campeão Brasileiro de Barista!

Entre cuppings, degustações, troca de conhecimento e negócios fechados, a Semana Internacional do Café também foi palco do Campeonato Brasileiro de Barista, realizado pela Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA), em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil).

Na competição, 20 profissionais foram julgados por sua habilidade e por seu conhecimento no preparo e na apresentação de cafés espressos, bebidas com leite vaporizado e drinques de assinatura, assim como pelo conhecimento da indústria e dos produtos que utilizam. Depois de dois dias de classificatórias, os nomes dos seis finalistas foram divulgados: Maurício Maciel (MG), Tainá Luna (SP), Daniel Vaz (RJ), Hugo Silva (SP), Juliana Morgado (DF) e Marcondes Trindade (DF).

A final foi realizada no último dia de SIC, 10 de novembro. Depois das seis apresentações, foi divulgado o novo campeão brasileiro: Daniel Vaz, da Five Roasters, do Rio de Janeiro! “Eu acho que este é o título mais desejado do Brasil, a competição mais difícil, e eu estou muito feliz de ter conseguido conquistar na primeira vez. Este ano está sendo muito especial”, destacou o vencedor, que participou de quatro campeonatos recentemente e conseguiu uma boa colocação em todos: primeiro lugar na Copa Barista e no Brasileiro de Barista, e segundo lugar no Desafio Barista e no Brasileiro de Brewers, competição de cafés filtrados.

Agora, os próximos passos é lá fora, onde Daniel representará o Brasil no Mundial de Barista, que ocorrerá entre 1º e 4 de maio de 2024, na World of Coffee Busan, na Coreia do Sul. Os olhos estarão mais do que nunca voltados para o nosso País, uma vez que o atual campeão mundial da categoria é o brasileiro Boram Um. “A expectativa está altíssima porque o Boram colocou a régua lá em cima. Vou dedicar toda a minha energia pra manter esse título em casa”, disse.

Confira a ordem final de classificação:

Daniel Vaz @daniel_vaz
Marcondes Trindade @ondes27
Juliana Morgado @ju._morgado 
Tainá Luna @tainalunaa
Maurício Maciel @baristamaciel 
Hugo Silva @hugosilva.barista   

O campeão Daniel Vaz recebeu R$ 10 mil pelo título. O segundo lugar da competição, que ficou com Marcondes Trindade, da Acorde 27 Cafés Especiais, de Brasília (DF), recebeu R$ 3 mil. Já a terceira colocada, Juliana Morgado, da Studio Grão Coffee Roasters, também de Brasília, teve como prêmio R$ 2 mil.

“Isso significa não só um título, mas sim tudo que a gente sonha. Parece clichê, mas não é. Pra mim não existe sorte, existe dedicação. Transpiração vence talento”, comemorou Daniel.

TEXTO Gabriela Kaneto • FOTO NITRO/Semana Internacional do Café

Cafezal

Espírito Santo domina pódio do Coffee of The Year 2023!

Mais uma vez o Coffee of The Year trouxe muita alegria e emoção ao terceiro dia de Semana Internacional do Café! Neste ano, o concurso recebeu mais de 500 amostras vindas de diferentes regiões brasileiras, que foram divididas entre as categorias arábica e canéfora.

O Espírito Santo praticamente tomou conta dos cinco primeiros lugares do canéfora. O topo do pódio ficou com o produtor Wagner Gomes Lopes, do Sítio 3 Marias, de Alto Rio Novo (ES), Noroeste Espírito Santo.

Wagner Gomes Lopes, do Sítio 3 Marias, de Alto Rio Novo (ES), Noroeste Espírito Santo

Confira o anúncio final:

Wagner Gomes Lopes – Sítio 3 Marias – Alto Rio Novo (ES) – Noroeste do Espírito Santo
Lucilene de Jesus Maia Santos – Sítio N. S. Aparecida – Cacoal (RO) – Matas de Rondônia
Pedro Marcos Demartine Castro – Sítio Vista Alegre – Jerônimo Monteiro (ES) – Conilon Capixaba
Mauro Torres Ribeiro – Sítio Vale das Bençãos – Alegre (ES) – Caparaó
Adair Batista Borges – Fazenda Beija Flor – Alto Rio Novo (ES) – Conilon Capixaba

Já na categoria arábica, o troféu de melhor café foi para o já conhecido Sítio Cordilheiras do Caparaó, de Iúna (ES), com Deneval Miranda Vieira Júnior. O segundo lugar ficou com José Alexandre Lacerda, do Sítio Forquilha do Rio, Espera Feliz (MG), Caparaó. Na sequência, a produtora Ana Paula Sperandio Lima, do Sítio Condado da Montanha, de Marechal Floriano (ES), Montanhas do Espírito Santo, foi a terceira colocada.

Deneval Miranda Vieira Júnior, do Sítio Cordilheiras do Caparaó, Iúna (ES)

1º Deneval Miranda Vieira Jr – Sítio Cordilheiras do Caparaó – Iúna (ES) – Caparaó
2º José Alexandre Lacerda – Sítio Forquilha do Rio – Espera Feliz (MG) – Caparaó
3º Ana Paula Sperandio Lima – Sítio Condado da Montanha – Marechal Floriano (ES) – Montanhas do Espírito Santo
4º Eduardo Pinheiro Campos Filho – Fazenda São João Grande – Patos de Minas (MG) – Cerrado Mineiro
5º Cedro Fornari – Sítio Refúgio do Cedro – Iúna (ES) – Caparaó
6º Lucas Antonio Gonçalves Franco – Fazenda Laranjal – Botelhos (MG) – Região Vulcânica
7º Waldemar Ferreira de Paula Neto – Vista do Brigadeiro – Pedra Bonita (MG) – Matas de Minas
8º Maria Aparecida Barroso dos Santos – Sítio Vargem Grande – Alto Jequitibá (MG) – Caparaó
9º Valzilene Dutra Vieira – Sítio Cordilheiras do Caparaó – Iúna (ES) – Caparaó
10º Carlos Alberto Monteiro – Fazenda Harmonia – Alto Jequitibá (MG) – Caparaó

A Semana Internacional do Café aconteceu de 8 a 10 de novembro, no Expominas, em Belo Horizonte (MG).

TEXTO Gabriela Kaneto • FOTO NITRO/Semana Internacional do Café

Mercado

A nova geração dos cafés de qualidade

Segundo dia da SIC explora transformações, quebra de paradigmas e o novo momento dos cafés especiais brasileiros

Quebrar paradigmas. Ter governança. Construir a união. Valorizar a diversidade. Entoar várias vozes. Criar estratégias. Conectar a cadeia. E costurar tudo com dados produzidos pela ciência. O mundo dos cafés de qualidade está mudando. E rapidamente. 

A Semana Internacional do Café (SIC), em seu segundo (e penúltimo) dia de atividades, está sendo a vitrine dessas transformações. Transformações impulsionadas, de um lado, por uma lei da comunidade europeia ⎯- que consome mais de 50% do café brasileiro -⎯, que entra em vigor em 2024 e impacta, de modo importante, os países produtores de café em todo o planeta. De outro lado (que não é oposto, mas contíguo), o apoio da ciência brasileira. “Relacionar café e desmatamento é um equívoco”, alerta Vanusia Nogueira, diretora-executiva da Organização Internacional do Café (OIC), em palestra de abertura do Fórum da Cafeicultura Sustentável.

Vanusia Nogueira faz a abertura do Fórum Sustentável

Vanusia refere-se à lei elaborada pela União Europeia, que entra em vigor em 2 de janeiro de 2024. A lei, a ser seguida pelos 27 países integrantes, proíbe a importação de produtos provenientes de áreas de desmatamento e degradação florestal. Isso vale para a carne, a soja, o cacau e, entre outros, o café: verde, torrado e torrado e moído (você poderá conferir a reportagem completa na edição de dezembro da Espresso).

E qual é o equívoco de se conectar desmatamento e café? Felipe Nunes, no debate “Novo cenário de comercialização para os cafés no mundo”, indica a resposta: “Há dados confiáveis que mostram a queda no nível de desmatamento nas áreas cafeeiras”, explica o professor da Universidade Federal de Minas Gerais. Chamados nos momentos de crise como destaca o pesquisador (lembram da Covid-19?), os cientistas estão fornecendo dados robustos e conhecimento detalhado sobre os cafés especiais brasileiros. “Não tem nenhum país com a tecnologia e a sustentabilidade do Brasil”, garante Henrique Cambraia, presidente e cofundador da cooperativa Sancoffee (Campos das Vertentes, MG). 

 “O Brasil é o único país preparado para responder às leis europeias”, reforça a Gelkha Buitrago, diretora-adjunta da Plataforma Global do Café GTP, expert em sustentabilidade e, que, ao lado de Cambraia, participou da mesma rodada de conversa.

Marcos Mattos, Gelkha, Cambraia e Nunes discutem sustentabilidade

Paradigmas

Os estudos científicos sobre cafés de qualidade também vêm quebrando paradigmas. É o que mostrou o engenheiro agrônomo Flávio Borém, professor titular da Universidade Federal de Lavras e especialista em pós-colheita do café. Na palestra “Como o pós-colheita influencia a construção do perfil“, que proferiu no evento Intertorra, Borém redefiniu conceitos e reorganizou processos, fruto de anos de pesquisa científica. “Não é possível dizer que métodos de processamento definem perfis de café”, ensina. “É preciso padronizar variáveis para estudar outras.  Se quisermos falar do impacto dos métodos de processamento nos grãos, é preciso usar a mesma matéria-prima, que passou pelas mesmas operações”, explica ele, que acaba de lançar o livro Tecnologia pós-colheita e qualidade de cafés especiais, que trata extensamente do assunto.

As mudanças não surgem apenas no manejo dos grãos de qualidade. Segundo Vanusia, por conta da nova legislação da UE, voltada à sustentabilidade, os modelos de compra de café também vão mudar. “E a Europa é a ponta de lança dessa mudança”, prevê ela. E o Brasil? Para Vanusia, o país pode e deve criar seus próprios modelos de agricultura regenerativa -⎯ a grande saída para a sustentabilidade e o enfrentamento das mudanças climáticas.

A Serra de Mantiqueira já está repensando seu modelo de ação.  A estratégia é promover internamente os cafés, envolvendo os produtores de modo que eles entendam o potencial das Denominações de Origem, e tentar desburocratizar o processo de obtenção dos selos. “A estrutura precisa ficar mais ágil e produtiva”, avalia Alessandro Hervaz, produtor da Honey Coffee e presidente da Aprocam e Coopervass (Mantiqueira de Minas, MG) na palestra “Como as estratégias de origem contribuem para a governança, promoção e cesso ao mercado de café especial?”.

E as cafeterias e torrefações têm um papel importante e estratégico nessa união da cadeia, ao ajudar a promover as origens brasileiras. “Temos que ir além da qualidade sensorial da bebida”, avança Vinícius Estrela, diretor-executivo da Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA), no mesmo debate. “Temos que pensar em termos de região. Mais importante do que a qualidade do produto é a qualidade do conjunto de produtores daquela região”, afirma.

Outra região em alta em termos de qualidade é Matas de Rondônia, onde a cafeicultura encontra a Amazônia. “Uma das nossas estratégias é levar compradores para conhecer diretamente nossos produtores. Já recebemos visitantes de onze países”, comemora Poliana Perrut, cafeicultora e engenheira agrônoma. A outra estratégia, segundo ela, é a parceria dos cafeicultores com as instituições científicas, como a Embrapa Rondônia. 

Matas de Rondônia é outro exemplo de quebra de paradigmas na cafeicultura de qualidade brasileira. Numa apresentação dedicada aos cafés especiais da região Amazônica ⎯ leia-se, canéforas, variedade robusta ⎯  Juan Travain, sócio-proprietário da fazenda Selva Café (RO), apresentou os desenvolvimentos do pós-colheita, que, ao lado das características únicas da floresta, tem ajudado os produtores a produzirem qualidade.  “Essa safra é excepcional, tanto em produtividade quanto em qualidade”, comemora Travain. Houve um salto em comercialização, e os produtores foram bem remunerados por seus cafés. “Os cafés que apresentamos são fruto de muita ciência e dedicação”, arremata. 

TEXTO Cristiana Couto • FOTO NITRO/Semana Internacional do Café

Cafezal

Divulgadas as 65 amostras finalistas do Coffee of the Year 2023!

Entre cafés, conexões e muito conhecimento neste segundo dia de Semana Internacional do Café, foram divulgadas as 65 amostras finalistas do Coffee of the Year 2023! Este ano, o concurso recebeu mais de 500 amostras vindas de diferentes partes do Brasil, que foram analisadas por Q-Graders e R-Graders em sua primeira fase, e agora estão disponíveis para cupping durante os três dias de evento, em Belo Horizonte (MG).

Clique aqui e confira os nomes dos produtores, as fazendas e as regiões de cultivo dos cafés finalistas do COY.

Dessas 65 amostras, 50 são da categoria arábica e 15 correspondem à categoria canéfora. Além dos cafés nas salas de cupping, as 10 mais bem pontuadas de arábica e as 5 de canéfora estão nas garrafas térmicas para voto às cegas do público. Basta provar cada garrafa e escolher o seu café favorito em cada categoria! 

O anúncio dos nomes e da ordem final de classificação, além da premiação dos melhores cafés arábica e canéfora, acontece no último dia de Semana Internacional do Café, às 15h, no Grande Auditório.

Serviço
Semana Internacional do Café 2023
Quando: 8 a 10 de novembro
Onde: Expominas – Belo Horizonte (MG)
Mais informações e credenciamento: www.semanainternacionaldocafe.com.br 

TEXTO Redação • FOTO NITRO/Semana Internacional do Café

Mercado

Primeiro dia da SIC discute temas de impacto na cadeia do café

Mudanças climáticas, sustentabilidade e união do setor permearam as falas dos palestrantes ontem no ExpoMinas, em Belo Horizonte 

“A origem do café é única, exclusiva”. A sentença, curta e impactante, proferida pela gerente de agronegócios do Sebrae Minas, Priscilla Lins, ilustra o tema da Semana Internacional do Café (SIC) deste ano e reforça a importância do território e seu saber-fazer no desenvolvimento dos cafés especiais.

Origens produtoras, resiliência às mudanças climáticas, rastreabilidade e gestão são alguns dos temas do momento no mundo dos grãos de qualidade. Assim, cientistas, produtores, torrefadores, traders, educadores e representantes de organizações de apoio à cafeicultura passaram o dia discutindo estes e outros assuntos a um público interessado (estima-se que 20 mil pessoas visitem o evento este ano), que não parava de chegar ao ExpoMinas, em Belo Horizonte, para o primeiro dia da SIC, que está em sua 11º edição.

Um dos primeiros convidados ouvidos foi Marcos Jank, professor-sênior de agronegócio do INSPER, de São Paulo. Em sua exposição sobre “Futuros e tendências do agronegócio: as oportunidades para o café“, que ofereceu uma visão global do agronegócio nas últimas décadas e nos principais países do mundo, Jank deixou claro que, em termos de café especial, o Brasil deve concentrar sua atenção na Ásia como mercado consumidor. “A China é o futuro do café”, sentenciou Jank, lembrando que, em parte expressiva do continente asiático, como o leste e o sudeste, a população e a renda estão aumentando.

Outra frase marcante de Priscilla Lins, que foi uma das palestrantes de “Origens produtoras e o novo cenário mundial“, painel que se seguiu à fala de Jank e contou com o colombiano Luiz Samper (diretor da consultoria em sustentabilidade 4.Brands), foi: “Sustentabilidade já é uma realidade, não apenas uma conversa de ambientalistas”.

Luiz Samper, Priscilla Lins e Marcos Jank discutem sustentabilidade

E, como é intrínseco a esse conceito, as dimensões não só ambientais, mas também sociais e econômicas da cafeicultura tiveram falas que reverberaram auditório afora e se reforçavam-se umas às outras. Em “Resiliência à mudança climática & prosperidade do produtor: o novo plano estratégico da plataforma rumo a 2030“, o diretor da Plataforma Brasil, braço da Plataforma Global do Café (GCP), Pedro Ronca, cravou: daqui a sete anos, o objetivo da GCP é manter e a ampliar a renda e o bem-estar de 95 mil cafeicultores de diversas regiões do país.

Ronca fechou o primeiro dia do evento explicando a nova estratégia da plataforma, que objetiva desenvolver a sustentabilidade e prosperidade dos pequenos produtores do café a partir de uma ação coletiva, cujo fundo criado para sua estruturação soma 1,5 milhão de dólares. O agrônomo, também produtor de café, detalhou o projeto ao lado de seus parceiros, representados por Natalia Carr, assessora técnica do Conselho Nacional do Café (CNC), Raquel Miranda, assessora técnica da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), e Silvia Pizzol, gestora de sustentabilidade do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé). Na concepção da GCP, renda e bem-estar do pequeno e médio produtor de café significam “ter uma boa qualidade de vida”.

E a chave para isso chama-se agricultura regenerativa que, entre tantas atitudes a serem tomadas, destaca a rotatividade de culturas. E, sobretudo, parcerias e união. “A maior ameaça para garantir renda e bem-estar talvez sejam as questões climáticas”, alerta Ronca. “E, para o protagonismo continuar, é necessária a unidade do setor, para alcançar mais produtores e ir mais longe”, reflete Silvia Pizzol.

Mas, ao lado dos grandes desafios da cadeia do café, a bebida tem seu lado descontraído, de alegria e entretenimento.

Antes mesmo da abertura oficial do evento, que aconteceu às 10 da manhã, palestras e cuppings já convocavam baristas e apreciadores de café a compartilhar conhecimentos, inovações e, claro, sabores muito especiais. A 5ª edição do evento Intertorra, que este ano acontece durante a SIC, abriu os trabalhos às 8h30 com falas sobre construção de perfil de torra, com a barista Isabela Raposeiras, proprietária da premiada cafeteria Coffee Lab (SP).

“Privilegiamos atividades sensoriais e teóricas, para ampliar o conhecimento sobre torra, tanto em nível prático quanto acadêmico”, explica Matheus Tinoco, idealizador do Intertorra. “Muitas das informações práticas passadas pela Isabela, por exemplo, foram confirmadas por dados científicos”, analisa ele, referindo-se à aula sobre química da torra, ministrada pela educadora Verônica Belchior, doutora em ciência de alimentos e Q-Grader. A prova de cafés incluiu uma comparação entre a mesma amostra com torra adequada e torra com defeitos.

E, como é de praxe, a SIC abrigou mais uma edição do Campeonato Brasileiro de Barista, que irá definir o campeão que seguirá para o mundial de 2024, em Seoul, na Coreia do Sul. Dinâmico, o evento contou com 10 baristas de sete estados. A segunda rodada eliminatória acontece hoje, com a apresentação de mais 10 participantes. A SIC, novamente, promete muitas emoções.

TEXTO Cristiana Couto • FOTO NITRO/Semana Internacional do Café

Barista

NotCo lança linha barista de leite vegetal

De olho no crescimento do consumo dos leites vegetais em cafeterias, a NotCo lançou duas novidades: o Clube Why Not Barista e o NotMilk Barista. O clube tem o objetivo estreitar o vínculo entre a empresa e os baristas por meio de um grupo que oferece experiências exclusivas e conhecimento especializado aos profissionais. Os convidados terão acesso a eventos de degustação, TNTs (competições de Latte Art) patrocinadas pela própria startup, uma newsletter mensal com conteúdos relacionados ao tema e surpresas que chegarão na casa dos participantes.

Já a expansão da linha NotMilk traz um produto com crema densa e consistente, espumação a quente e frio, sabor que não mascara o gosto do café e, de acordo com a marca, uma versatilidade que permite a utilização em diferentes preparos. 

Os dois lançamentos foram apresentados oficialmente em um evento exclusivo no Dela Café, em São Paulo, no mês de outubro. A Espresso pôde degustar o NotMilk em três tipos de bebidas (cappuccino, com matchá e uma bebida gelada) e, ainda, colocar a mão na massa e participar de um TNT para testar as habilidades e a consistência do produto.

De acordo com Vanessa Giangiacomo, Head de Marketing da NotCo, a ideia da apresentação era provar aos baristas que o leite vegetal pode ser um protagonista nos cardápios das cafeterias. “A degustação e o desafio de latte art foram amostras de que estamos do lado dessa classe de especialistas, seja estimulando o aprendizado de novas técnicas com o clube ou lançando novidades que supram as suas demandas”, diz. 

A executiva ainda reforça que o café é uma paixão nacional e, uma vez que o mercado plant-based está em crescimento constante, esses profissionais são essenciais para garantir um futuro inovador e delicioso ao público. “Eles são os tomadores de decisão no momento de criar opções à base de plantas maravilhosas e trazer uma boa diversidade de alternativas aos amantes dessa bebida tão querida no Brasil, além de ajudarem as pessoas a incluir produtos sem ingredientes de origem animal no dia a dia”, conclui.

TEXTO Redação • FOTO Divulgação

Mercado

Conheça os especialistas em café internacionais da SIC 2023

Neste ano, a Semana Internacional do Café privilegia o tema Origens Produtoras – uma visão de futuro para uma nova cadeia do café. Em torno dele, gravitam diversos especialistas, muitos vindos de outros países para compartilhar suas experiências locais.

Da esquerda para a direita: Luis Samper, Miguel Gamboa e Gabriela Castro-Fontoura

Um dos destaques é o colombiano Luis Samper, diretor da 4.0 Brands, especialista em indicações geográficas. No primeiro dia do evento (8/11), durante o Seminário DNA Café, Samper discute o assunto na palestra “Origens produtoras e o novo cenário mundial” (confira a programação completa aqui).

Com larga experiência em certificações, o guatemalteco Miguel Gamboa, da Rainforest, marca presença no mesmo dia para falar, ao lado de Catalina Jaramilo, da Fairtrade Cone Sul, sobre como a certificação pode auxiliar a produção de cafés (sala conferência, 12h30 a 14h30).

Ainda no dia 8/11, a uruguaia Gabriela Castro-Fontoura, da startup neozelandesa Oritain, discorre sobre a Tecnologia Fingerprint, que determina a origem de cafés a partir de ciência forense. Já a hispano-brasileira Josiana Bernardes, instrutora da SCA Europe, apresenta os refinamentos na avaliação sensorial de cafés de qualidade no workshop “Novo Protocolo e Formulários de Avaliação do Valor do Café SCA”.

Da esquerda para a direita: Josiana Bernardes e Gelkha Buitrago

No dia 9/11 é a vez da expert em sustentabilidade Gelkha Buitrago, diretora-adjunta da Plataforma Global do Café (GCP), trazer, ao lado de outros convidados, uma análise da associação internacional – presente em nove países – do “Novo cenário de comercialização para os cafés no mundo” (sala conferência). O painel faz parte do Fórum de Agricultura Sustentável, que desde 2014 discute, na SIC, práticas, inovações e desafios da sustentabilidade na cafeicultura.

Perfis dos palestrantes internacionais

A economista uruguaia Gabriela Castro-Fontoura é diretora regional da startup neozelandesa Oritain para a América Latina, onde lidera a expansão em vários países da empresa, que aplica ciência forense para rastrear a origem de vários produtos, como café, cacau e carne, e evitar a circulação daqueles cuja origem seja ilegal. Influente na promoção dos negócios e práticas sustentáveis na região, Gabriela já deu suporte a mais de 100 empresas.

Com mestrado em Reengenharia e Comércio Internacional, o engenheiro industrial Miguel Gamboa, natural da Guatemala, iniciou carreira em uma exportadora de café. As duas décadas dedicadas ao programa de certificação UTZ KAPEH deram-lhe uma visão abrangente da produção e comercialização de café na América Latina. Com a fusão das certificadoras UTZ e Rainforest Alliance, tornou-se gerente representante do café para a América Latina do Rainforest Alliance e, desde 2022, ocupa o cargo de líder do setor cafeeiro.

Luis Samper tem mais de 25 anos de experiência em estratégias de propriedade intelectual, sustentabilidade e branding. Diretor da 4.0 Brands na Colômbia e gerente de Sustentabilidade da oriGIn, o economista colombiano, que é mestre em direito e autor de várias publicações, especializou-se em Indicações Geográficas. Entre seus trabalhos está a conquista do reconhecimento do Café da Colômbia como Indicação Geográfica Protegida na União Europeia e na Suíça.

A mestre em economia Gelkha Buitrago tem 20 anos de experiência em sustentabilidade. Como vice-diretora da Global Coffee Platform (GCP), orienta iniciativas como plataformas nacionais e programas de ação coletiva. Membro do Conselho Consultivo de Padrões do B Lab, já trabalhou na Fairtrade International e no Departamento Nacional de Planejamento na Colômbia, com programas sociais.

Com sólida formação em tecnologia de alimentos e nutrição, a brasileira com nacionalidade espanhola Josiana Bernardes é instrutora certificada pela Specialty Coffee Association Europe, e dá cursos e palestras em vários países. Sua experiência, ainda, inclui bebidas fermentadas, lácteas, chocolates e vinhos. É proprietária do Idcoffeelab.

Serviço
Semana Internacional do Café (SIC)
Onde: Expominas – Av. Amazonas, 6.200, Gameleira, Belo Horizonte (MG)
Quando: 8 a 10 de novembro, das 10h às 19h
Quanto: R$ 60 (pessoa física, para os três dias). Grátis para pessoas jurídicas, produtores e visitantes internacionais
Mais informações e credenciamento: www.semanainternacionaldocafe.com.br
#conectadospelocafé

TEXTO Redação

Mercado

5ª edição do Intertorra estreia na Semana Internacional do Café (SIC)

Foi ao torrar grãos no Museu do Café (Santos, SP) que, entre 2016 e 2017, Matheus Tinoco descobriu que, ao contrário do imaginado, profissionais de torra, aos quais recorria para entender melhor o processo, respondiam às mesmas perguntas de maneiras bem diferentes. Foi assim que nasceu o Intertorra, encontro de torradores brasileiros e cuja 5ª edição estreia na Semana Internacional do Café (SIC), que começa em Belo Horizonte (MG) em 8/11.

“Juntei vários profissionais gabaritados em um grupo de WhatsApp e comecei a colocar perguntas”, conta o mestre de torras, natural de Santos e que atualmente atua como consultor em cafés de qualidade. “Ao contrário do que eu esperava, as pessoas não se digladiaram, mas começaram a construir um conhecimento comum”, lembra ele.

O desenrolar das conversas culminou na 1ª edição do evento, com 133 participantes, conduzida pelo Instituto Federal Sul de Minas Gerais e com direito a certificado federal. A última edição, em 2022, atraiu 220 pessoas.

Com demanda crescente, este Intercâmbio de Torradores promete, nos dois primeiros dias da SIC, compartilhar conhecimento técnico e tecnológico por meio de workshops, palestras e cuppings. Entre os destaques da programação estão palestras como “A química da torra”, que conta com a participação da cientista e Q-Grader Verônica Belchior, e “A influência do pós-colheita na construção de um perfil sensorial”, ministrada pelo engenheiro agrônomo Flávio Borém, titular do departamento de engenharia agrícola da Universidade Federal de Lavras (UFLA). O recente incremento na produção de canéforas de qualidade também será discutida, e a palestra sobre o assunto fecha o evento.

“É um espaço em que o ‘grande’ e o ‘pequeno’ têm a mesma experiência”, analisa Matheus, que observa, também, diversidade de público nos encontros anuais, como donos de cafeterias, baristas e cafeicultores. Segundo ele, o evento contribui para um avanço no cenário de torrefação de cafés.

Garanta aqui sua vaga!
5ª edição do Intertorra na SIC
Quando: 8 e 9/11, das 8h30-13h30
Onde: Sala Intertorra (entrada foyer 1)
Quanto: R$ 350 (para os dois dias)

TEXTO Redação

Cafezal

Região de Campos Altos lança marca Território para seus cafés

Campos Altos (MG), região entre o Triângulo Mineiro e o Alto Paranaíba, lançou nesta quarta-feira (25) sua “Marca Território”. A Marca Território é uma estratégia de mercado para valorizar os terroirs e produtores de grãos de qualidade no Brasil e, consequentemente, atrair investimentos e novos negócios.

A Marca Território é uma iniciativa da Associação dos Cafeicultores de Campos Altos (ACCA) em parceria com o Sebrae Minas, que atua há duas décadas na região.

Embora relativamente pequena (são 9,1 mil hectares), Campos Altos contabiliza 15 milhões de pés de café que, anualmente, produzem cerca de 150 mil sacas (60 kg) do grão. Uma das características da área são as altas altitudes (a média, aqui, são 1.100 metros): cafés produzidos em regiões altas têm crescimento e maturação mais lentos e, assim como acontece com as uvas na produção dos vinhos, permite que os cafeicultores possam alcançar maior qualidade sensorial em seus frutos.

Ao mesmo tempo, há menor probabilidade de chuva, o que diminui a necessidade de irrigação das lavouras. Tudo isso somado possibilita custos de produção menores, além de seguir uma prática mais sustentável. “Nossa produção exige menos defensivos agrícolas e podas”, explica Heron Reger, presidente da Associação de Cafeicultores de Campos Altos (ACCA).

A construção da Marca Território, que envolveu pesquisas, treinamento, estudo da área e gestão de propriedades, entre outros fatores, é uma espécie de degrau para alcançar os próximos objetivos: conseguir as cobiçadas Indicações Geográficas concedidas pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI).

Serviço
Lançamento da Marca Território Café Região de Campos Altos
Quando: 25 de outubro, às 19h
Apoio: Sicoob Crediagro e Cooperativa Agropecuária de Campos Altos (CAPECA)

TEXTO Redação

Concentração da produção mundial de café: Por que vem ocorrendo e a dificuldade de ser revertida

Um comentário recorrente no Coffee Dinner & Forum da SCTA e na Conferência Mundial do Café da OIC, no mês passado, foi a concentração da produção de café no Brasil e no Vietnã. O que está por trás dessa concentração e há formas de revertê-la?

Essa concentração pode ser explicada por pelo menos dois fatores que são comuns aos dois países: alta produtividade e alta porcentagem do preço de exportação FOB recebida pelos produtores. Há um conceito comum por trás desses dois fatores – ambiente facilitador favorável – que deveria ser buscado pelos países que querem aumentar sua participação no mercado para reverter esse processo. Uma vez que a tendência a médio prazo é de aumento do consumo mundial, haverá mercado para esta produção adicional.

Os cafeicultores vietnamitas e brasileiros recebem uma das porcentagens médias mais altas do preço de exportação FOB de qualquer país produtor. Suas porcentagens médias estão no mínimo 30% acima da média dos demais países e apenas um ou dois países se aproximam deste valor médio do Brasil e Vietnã.

Recebendo uma porcentagem do preço de exportação mais alta que seus concorrentes, os produtores brasileiros e vietnamitas tem melhores condições para produzir mais em uma mesma área e/ou plantar mais café e sua cafeicultura tende a atrair outras pessoas ao negócio. Porém, por que os produtores brasileiros e vietnamitas recebem uma das porcentagens médias dos preços de exportação mais altas do mundo?

Isso acontece principalmente porque o ambiente facilitador entre a porteira da fazenda e o porto é mais favorável nesses dois países. Este ambiente facilitador favorável é uma combinação de logística eficiente, mercado de café competitivo e eficiente, custos de transação baixos incluindo impostos e taxas, e outros fatores.

A produtividade média no Vietnã e no Brasil juntos é mais que o dobro da média do resto do mundo onde se produz café. As vantagens comparativas de produzir café nesses dois países vem de um ambiente facilitador diferente do acima e complementar, que inclui disponibilidade de tecnologia e serviços de treinamento e extensão, mercados eficientes para insumos e equipamentos, acesso a financiamento, e acesso ao mercado.

É a melhoria dos itens do ambiente facilitador citados acima que cria condições para os países produzirem mais café de uma maneira mais eficiente e os produtores ganharem mais dinheiro. Fácil de falar mas difícil de fazer! Os itens deste ambiente facilitador podem ser usados como uma lista ou “receita” do que pode ser necessário melhorar e para definir prioridades nos países que estão perdendo participação de mercado.

Isto tudo pode parecer óbvio, especialmente depois que se lê os parágrafos acima, mas explica por que projetos com cafeicultores em muitos países, que atingem suas metas, por exemplo, aumentar a produtividade, podem falhar em manter seus resultados após o término do projeto e também em disseminá-los e incorporá-los regional ou nacionalmente. É comum que esses projetos melhorem o ambiente facilitador para os produtores envolvidos, por exemplo: acesso à tecnologia, treinamento, equipamento, insumos e/ou mercados. No entanto, essas melhorias geralmente não permanecem após o fim do projeto. Além disso, os resultados do projeto e suas melhorias não são nem disseminados e nem incorporados na cafeicultura da própria região e em outros lugares do país. Assim, os resultados não são duráveis e o impacto não é nem regional nem nacional porque a melhoria do ambiente facilitador estava focada no projeto e apenas pelo período que ele durou.

A maior parte dos itens do ambiente facilitador listados acima depende muito do governo, por exemplo, logística, regime fiscal (impostos e taxas), competitividade dos mercados, financiamento, e acesso à tecnologia e treinamento (serviços públicos de extensão). O setor privado pode fazer sua parte com o acesso a insumos e equipamentos, treinamento e financiamento, mas dependerá de uma estrutura reguladora que permita isso, o que novamente depende do governo.

A menos que o setor cafeeiro nos países produtores que estão perdendo participação de mercado trabalhe conjuntamente com os respectivos governos para melhorar o ambiente facilitador, será difícil evitar que a concentração da produção continue. Embora o café seja um negócio privado, os casos do Brasil e do Vietnam mostram que o papel do governo na criação de um ambiente facilitador favorável é essencial para assegurar a competitividade do agronegócio café, sem mencionar a vontade política para apoiá-lo em períodos específicos. Pode valer a pena aprender como o Brasil e o Vietnã fizeram isso. A produção de café é muito diferente nos dois países, o que aumenta as oportunidades de aprendizagem.

TEXTO Carlos Henrique Jorge Brando
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