Coluna Café por Convidado Especial

Do campo à xícara, profissionais convidados refletem sobre o setor

Agricultura de precisão reúne técnicas sustentáveis

Produzir café não é tarefa fácil. Afinal, é um produto natural suscetível a inúmeras variáveis econômicas e climáticas. Diversas ferramentas, porém, têm sido desenvolvidas para auxiliar os produtores nesta questão, e a agricultura de precisão é uma delas. A agricultura de precisão é um conjunto de técnicas que buscam aumentar a sustentabilidade do sistema produtivo, ao reduzir desperdícios e minimizar os impactos negativos no meio ambiente.

No final da década de 2010, houve a transição para o que se convencionou chamar agricultura 4.0 ou agricultura digital. Para Marcelo Chan Fu Wei, doutorando em Engenharia de Sistemas Agrícolas na ESALQ e membro do Laboratório de Agricultura de Precisão – LAP em Piracicaba, a adoção de técnicas de agricultura de precisão (ou AP) é difundida em diversas culturas agrícolas, sobretudo no café, o que originou a expressão cafeicultura de precisão.

Quando detecta-se a necessidade de uma planta, como água ou fertilizantes, o produtor atende o talhão como um todo (talhão é uma unidade de cultivo, ou seja, área que foi dividida conforme suas características e peculiaridades em comum). “A agricultura de precisão entende que o desempenho das culturas não é uniforme no talhão”, explica Wei, referindo-se a fatores como manchas de solo, doenças, pragas ou plantas daninhas. “Assim, a AP propõe que o manejo seja feito conforme a demanda específica do local, em vez de aplicado uniformemente, como é feito na agricultura convencional”, explica. A cafeicultura de precisão, portanto, é um conjunto de técnicas adotadas para manejar o cafezal, considerando as suas variações – estas recebem o nome de variabilidade espacial.

A cafeicultura de precisão inclui desde a análise do solo até a colheita. A partir da análise de solo, diz o especialista, identificam-se regiões que necessitem de aplicações de insumos agrícolas, em maior ou menor grau. “Além disso, com os dados de produtividade, é possível obter mapas de dados detalhados que ajudam a otimizar o gerenciamento de recursos, bem como analisar a lucratividade do produtor”, acrescenta ele, referindo-se às técnicas e análises que identificam possíveis causas da heterogeneidade em um talhão para tomadas de decisão mais assertivas.

Desafios para os produtores

A variabilidade espacial nas áreas de cultivo brasileiras são muitas. A maturação uniforme dos frutos nem sempre acontece, devido principalmente à variabilidade climática (aumento das temperaturas, secas imprevisíveis e padrões de chuva irregulares), que gera floradas irregulares e acentuam diferentes maturações, prejudicando as tomadas de decisão no campo.

Essa desuniformidade desafia a determinação do início da colheita. A Fazenda Daterra, em Patrocínio (MG), [onde as colunistas trabalham] criou estratégias: há monitoramento da maturação dos frutos com mais assertividade por meio da subdivisão dos talhões em setores menores, categorizados de acordo com a variedade, o nível de maturação e a qualidade sensorial. As amostras de cada setor são colhidas periodicamente e, no período de colheita, cada setor é avaliado separadamente, até que o café atinja a porcentagem desejada de frutos maduros. A partir daí, a equipe de qualidade inicia a amostragem para avaliação sensorial de cada setor – afinal, o que interessa é o grão e não a fruta: muitas vezes a cereja pode parecer madura, mas os grãos dentro dela ainda não estão no ápice do sabor. Assim, se não estiverem prontos, as amostragens continuam até chegar no ponto certo.

Com isso, além de um mapa de maturação, é possível obter mapas de qualidade, que permitem separar os cafés em nível de talhão, de setor e até de linhas, para que se extraia a melhor qualidade de cada planta. Essas estratégias são aplicadas em diferentes níveis de complexidade e em áreas diversas.

Num mundo cujos recursos naturais estão cada vez mais escassos, a agricultura de precisão é uma opção eficiente e promissora para  aumentar rendimentos e otimizar insumos. Por meio dela, os produtores trabalham com tranquilidade para garantir, continuamente, uma boa xícara aos consumidores.

A reportagem, reeditada, foi publicada na Revista Espresso #78, e deve ser compreendida no contexto em que foi elaborada (entre dezembro de 2022 e fevereiro de 2023)

TEXTO Diulie Moreira é pesquisadora e Juliana Sorati é assessora de marketing na Daterra Coffees, em Patrocínio (MG) • ILUSTRAÇÃO Eduardo Nunes

Concentração da produção mundial de café: Por que vem ocorrendo e a dificuldade de ser revertida

Um comentário recorrente no Coffee Dinner & Forum da SCTA e na Conferência Mundial do Café da OIC, no mês passado, foi a concentração da produção de café no Brasil e no Vietnã. O que está por trás dessa concentração e há formas de revertê-la?

Essa concentração pode ser explicada por pelo menos dois fatores que são comuns aos dois países: alta produtividade e alta porcentagem do preço de exportação FOB recebida pelos produtores. Há um conceito comum por trás desses dois fatores – ambiente facilitador favorável – que deveria ser buscado pelos países que querem aumentar sua participação no mercado para reverter esse processo. Uma vez que a tendência a médio prazo é de aumento do consumo mundial, haverá mercado para esta produção adicional.

Os cafeicultores vietnamitas e brasileiros recebem uma das porcentagens médias mais altas do preço de exportação FOB de qualquer país produtor. Suas porcentagens médias estão no mínimo 30% acima da média dos demais países e apenas um ou dois países se aproximam deste valor médio do Brasil e Vietnã.

Recebendo uma porcentagem do preço de exportação mais alta que seus concorrentes, os produtores brasileiros e vietnamitas tem melhores condições para produzir mais em uma mesma área e/ou plantar mais café e sua cafeicultura tende a atrair outras pessoas ao negócio. Porém, por que os produtores brasileiros e vietnamitas recebem uma das porcentagens médias dos preços de exportação mais altas do mundo?

Isso acontece principalmente porque o ambiente facilitador entre a porteira da fazenda e o porto é mais favorável nesses dois países. Este ambiente facilitador favorável é uma combinação de logística eficiente, mercado de café competitivo e eficiente, custos de transação baixos incluindo impostos e taxas, e outros fatores.

A produtividade média no Vietnã e no Brasil juntos é mais que o dobro da média do resto do mundo onde se produz café. As vantagens comparativas de produzir café nesses dois países vem de um ambiente facilitador diferente do acima e complementar, que inclui disponibilidade de tecnologia e serviços de treinamento e extensão, mercados eficientes para insumos e equipamentos, acesso a financiamento, e acesso ao mercado.

É a melhoria dos itens do ambiente facilitador citados acima que cria condições para os países produzirem mais café de uma maneira mais eficiente e os produtores ganharem mais dinheiro. Fácil de falar mas difícil de fazer! Os itens deste ambiente facilitador podem ser usados como uma lista ou “receita” do que pode ser necessário melhorar e para definir prioridades nos países que estão perdendo participação de mercado.

Isto tudo pode parecer óbvio, especialmente depois que se lê os parágrafos acima, mas explica por que projetos com cafeicultores em muitos países, que atingem suas metas, por exemplo, aumentar a produtividade, podem falhar em manter seus resultados após o término do projeto e também em disseminá-los e incorporá-los regional ou nacionalmente. É comum que esses projetos melhorem o ambiente facilitador para os produtores envolvidos, por exemplo: acesso à tecnologia, treinamento, equipamento, insumos e/ou mercados. No entanto, essas melhorias geralmente não permanecem após o fim do projeto. Além disso, os resultados do projeto e suas melhorias não são nem disseminados e nem incorporados na cafeicultura da própria região e em outros lugares do país. Assim, os resultados não são duráveis e o impacto não é nem regional nem nacional porque a melhoria do ambiente facilitador estava focada no projeto e apenas pelo período que ele durou.

A maior parte dos itens do ambiente facilitador listados acima depende muito do governo, por exemplo, logística, regime fiscal (impostos e taxas), competitividade dos mercados, financiamento, e acesso à tecnologia e treinamento (serviços públicos de extensão). O setor privado pode fazer sua parte com o acesso a insumos e equipamentos, treinamento e financiamento, mas dependerá de uma estrutura reguladora que permita isso, o que novamente depende do governo.

A menos que o setor cafeeiro nos países produtores que estão perdendo participação de mercado trabalhe conjuntamente com os respectivos governos para melhorar o ambiente facilitador, será difícil evitar que a concentração da produção continue. Embora o café seja um negócio privado, os casos do Brasil e do Vietnam mostram que o papel do governo na criação de um ambiente facilitador favorável é essencial para assegurar a competitividade do agronegócio café, sem mencionar a vontade política para apoiá-lo em períodos específicos. Pode valer a pena aprender como o Brasil e o Vietnã fizeram isso. A produção de café é muito diferente nos dois países, o que aumenta as oportunidades de aprendizagem.

TEXTO Carlos Henrique Jorge Brando

Opinião: Café fermentado, concursos de qualidade e preferência do consumidor

À medida que a produção de cafés fermentados aumenta, cresce também o debate sobre tê-los ou não em uma categoria diferente nos concursos de qualidade. O mesmo tipo de debate já aconteceu anteriormente, primeiro quando o Cereja Descascado (CD) foi introduzido no Brasil, nos anos 90, e posteriormente quando chegou aos outros países, onde é conhecido como “honey”.  

Atualmente, existem concursos que tratam os cafés processados por métodos diferentes – Natural, Cereja Descascado (CD)/Honey e Lavado – juntos ou separadamente. Como tratar os cafés fermentados? 

Apesar do que eu chamo de “um novo mundo do processamento”, com naturais sendo  produzidos em países tradicionalmente produtores de café lavado e vice-versa, e cafés  fermentados produzidos em todo lugar, há, ainda, em muitos países, um entendimento de que seus concursos de qualidade devem envolver principalmente cafés naturais ou lavados. Essa  imagem foi primeiro ameaçada com a chegada dos Cerejas Descascados (CDs)/Honeys, que hoje são tratados como uma categoria diferente em muitos concursos de qualidade no Brasil. 

A Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA) anunciou que o concurso brasileiro Cup of  Excellence 2023 terá três categorias: via seca, via úmida e experimental, esta última referindo-se a cafés fermentados. No entanto, este ainda é um assunto debatido em outros concursos brasileiros de qualidade, com uma divisão significativa que posiciona organizadores e provadores de café de ambos os lados. 

Com base na minha experiência de observar sessões de prova de café no exterior e no Brasil, e  de conversar com provadores e organizadores nesses lugares, estou mais alinhado com a ideia de ter cafés fermentados como uma categoria própria. Justifico essa opinião baseado na polarização entre “amantes” e “inimigos” dos cafés fermentados que tenho presenciado nesses eventos. Temo que esta polarização possa causar parcialidade na avaliação dos cafés por parte destes provadores em concursos que tenham vários tipos de processos juntos a ponto de suas avaliações serem consideradas “outliers” em casos extremos. 

Os concursos de qualidade são geralmente relacionados ao negócio de cafés especiais e os lotes ganhadores são vendidos principalmente como de origem única aos consumidores que são, antes de tudo, sensíveis às características da xícara, mas podem conhecer os métodos de processamento. Se as características da xícara vêm primeiro, e eu entendo, “de ouvir falar”, que os cafés fermentados têm aromas e sabores próprios, eles deveriam ser identificados como tal e tratados separadamente em concursos de qualidade. Se pode ser mais fácil para um consumidor “inexperiente” identificar um café fermentado que diferenciar entre naturais,  Cerejas Descascados (CDs)/Honeys e cafés lavados, há ainda uma razão mais forte para tratar  os cafés fermentados separadamente em um concurso de qualidade para evitar que a  fermentação oculte as características típicas de outros métodos e confundam o processo de  avaliação… e o consumidor de café especial! 

Extrapolando, hoje existe uma tendência de não esperar que robustas tenham o mesmo sabor que arábicas, ou que o café solúvel tenha o mesmo sabor que o café torrado e moído. Em outras palavras, eles deveriam ser tratados como produtos diferentes com suas próprias características específicas. Não deveriam os cafés fermentados serem tratados da mesma maneira?  

Finalmente, como leigo no assunto, minha pergunta que não quer calar é se alguns tipos de fermentação podem deixar arábicas e robustas parecidos na xícara. Esta pergunta é para os especialistas responderem… embora eu tenha presenciado isto em pelo menos uma sessão de prova de café com alguns deles. Se a resposta for sim, pelo menos em alguns casos, esta é, ainda, outra razão para considerar cafés fermentados uma categoria própria, tanto em concursos de qualidade, como na comunicação aos consumidores. 

TEXTO Carlos Brando

Mais do que entender de café especial, importa entender do que você gosta

Em um setor como o nosso, dependemos de clientes motivados a investir seu tempo e dinheiro em produtos e serviços que estão lá no topo da pirâmide de Maslow – aqueles considerados menos essenciais e que abandonamos quando o orçamento fica apertado. Por isso é mesmo um alívio poder falar com o consumidor sobre a alegria que é descobrir aromas e sabores e ouvir histórias sobre como aquele café chegou à xícara com mais leveza do que o contexto pandêmico permitia. 

O tempo que passamos em casa nos levou para a internet, onde aprendemos que dá pra comprar grão direto de produtores e torrefadores artesanais, montar um cantinho do café cheio de utensílios modernos e falar de café (quase) como um profissional para as visitas. Empurrados porta afora, ávidos por tomar cafés presenciais e acompanhados, os amantes da bebida trazem bagagem pesada para as cafeterias, investigam embalagens, entrevistam baristas e procuram nos cursos a confraternização com seus pares, até mais do que a validação dos seus conhecimentos.

O que muitos consumidores e uma parte significativa dos experts surgidos na pandemia não encontraram no Google é que o café especial é como um jovem entrando na vida adulta, a cada dia num caminho novo para revolucionar o mundo, a cada empreitada descobrindo que as suas verdades podem estar muito equivocadas e que provavelmente desprezou e perdeu seu grande amor porque ele não era o mais popular. Em poucos anos, o café especial foi desconstruído, reconstruído, questionado, relativizado. As histórias passaram a ter mais importância do que o conteúdo da xícara, o que foi ótimo para conseguirmos estourar essa bolha que distanciou nossas palavras sofisticadas do consumidor raiz. Só que, ao mesmo tempo, a reprodução de conhecimentos fragmentados e superficiais sobre o que é “café especial” passa a ser encarada como uma regra para “o que é melhor pra você”. Se o café tem 90 pontos SCA, se é de uma variedade exótica premiada, se a torra é clara, se é 100% arábica – “melhor pra você”. 

Comprar um café só porque um especialista diz que é o melhor não vai necessariamente te proporcionar cafés melhores. E essa conversa começa antes do conceito de café especial, na definição de o que você gosta e o que você quer, de verdade, encontrar na sua xícara? Mas a gente sabe dizer o que a gente quer?

Se você deseja tomar cafés melhores, a primeira “verdade” que precisa encarar é que a pontuação é um mero detalhe e não deve ser utilizada como critério de decisão de compra. A segunda é que ser um café 100% arábica não garante qualidade, e ainda te deixa distante de cafés extremamente interessantes não arábicas que podem, no fim da história, ser exatamente aquele grande amor que você desmereceu porque não era popular. 

Esse conhecimento é autonomia e libertação. Mais que entretenimento para a hora do café, adquirir repertório permite que o consumidor se aproprie da sua escolha e decida os rumos da sua apreciação, sem se sujeitar aos preconceitos de profissionais desatualizados e ao marketing sensacionalista de marcas que se apoiam no desconhecimento do consumidor. O café especial são muitos, e certamente um dia você vai deparar com aquele que preenche a sua lista de desejos. Não vai ser muito mais legal se você souber o que te encanta nele para encontrar outros por aí?

Aprender o que significa acidez, corpo, doçura e equilíbrio na bebida, utilizar o vocabulário técnico com propósito, identificando as características que te dão prazer, são ferramentas que o consumidor pode utilizar para fazer o que realmente importa: descrever as características do café que gosta e identificar, na oferta infinita do mercado, o(s) café(s) que mais te interessa(m).

TEXTO Helga Andrade - Educadora e consultora em serviço de cafés e curadora de experiências cafeinadas no Achega, em Belo Horizonte (MG) • FOTO Agência Ophelia

Micro lotes vieram para ficar: Oportunidades?

Há muitas definições sobre o conceito de micro lote e nenhum consenso ou acordo sobre uma ou uma combinação delas. Não há tampouco associação entre o tamanho do lote e o total de área da fazenda onde ele é produzido. Em outras palavras, há micro lotes vindo tanto de fazendas grandes quanto de pequenos produtores. As oportunidades estão aí para todos, mas elas podem não estar sendo totalmente exploradas pelos pequenos produtores, que são a maioria no Brasil.

Embora faça sentido assumir que pequenos produtores de café estão idealmente posicionados para produzir micro lotes, este pode não ser necessariamente o caso. Eles podem ter a mão de obra e o tempo para se dedicarem à produção de micro lotes de alta qualidade, mas eles podem não ter acesso suficiente à tecnologia, insumos, equipamento e ao próprio mercado do café. 

Como geralmente é o caso com a inovação em muitas áreas, há uma tendência para novos desenvolvimentos no café começarem com produtores maiores que têm maior acesso aos itens mencionados acima sem falar em economia de escala. Embora teoricamente pequenos produtores possam produzir pequenos lotes da mais alta qualidade, na prática é possível que eles tenham que se unir para acessar tecnologia para produzir de maneira mais eficiente – variedades, produtividade, qualidade, etc. – para processar micro lotes usando tecnologia sustentável de última geração, para avaliar a qualidade de seus cafés e para melhorar seu acesso aos mercados.

Até mesmo em países onde governos ou participantes na cadeia de suprimentos do café provêm assistência técnica, pode haver ganhos para que pequenos produtores se unam em associações ou cooperativas para processar, promover e vender seus cafés e principalmente seus micro lotes. Sustentabilidade e qualidade são parâmetros chaves dos micro lotes em quase todas as definições. Tecnologia moderna, que inclui agricultura regenerativa, é exigida para produzir de uma maneira sustentável, assim como equipamento moderno para processar de forma sustentável e para reter a qualidade intrínseca dos micro lotes. Provadores de café treinados são necessários para identificar e caracterizar a qualidade dos micro lotes a serem associados a seus “terroirs”. Unidos, os pequenos produtores podem produzir melhor e colocar os micro lotes em um mercado que é muito competitivo.  

Os micro lotes oferecem uma série de oportunidades para pequenos produtores de todos os tamanhos receberem preços mais altos por seus cafés, mas grandes produtores estão geralmente melhor preparados para tanto. Pequenos produtores podem compensar suas limitações trabalhando juntos e compartilhando instalações de processamento e um laboratório de avaliação de qualidade. Isto pode abrir caminho para que pequenos produtores se tornem mais ativos nas competições de qualidade de café, que podem ser um importante instrumento para promover seus “terroirs” e seus micro lotes.

Grandes e médios produtores podem também aumentar sua participação no mercado de micro lotes identificando “terroirs” específicos dentro de suas fazendas ou selecionando as melhores qualidades nos lotes maiores. Isto pode ser feito pela combinação de provas frequentes de amostras e processamento pós-colheita individualizado para enfatizar características sensoriais específicas.

O fornecimento de micro lotes corresponde ao ditado “o diabo está nos detalhes”, da escolha de variedades ao processamento pós-colheita, sem falar no fato que o próprio clima pode favorecer ou dificultar a produção de micro lotes de qualidade específica no mesmo “terroir” de um ano para outro. Isto levanta a questão da consistência da qualidade nos micro lotes ao longo do tempo. Para acessar e reter um mercado específico é esperado que, exceto por variações pequenas, os micro lotes retenham um perfil sensorial similar que possibilita que eles atraiam segmentos específicos de mercado e clientes ano a ano. Isto é ainda mais uma razão pela qual o diabo está realmente nos detalhes da cadeia de suprimento de micro lotes e seu mercado.    

TEXTO Carlos Brando

O que são os “cafés infusionados”, a nova (e polêmica) tendência do café

Quando falamos de café, falamos de muitas coisas, mas principalmente de sabor: logo nos pacotinhos de cafés especiais encontramos palavras como “chocolate” ou “caramelo”, uma infinidade de frutas, flores e os mais diversos alimentos. Essas são as famosas notas sensoriais. Um tomador de café mais experiente sabe que esses sabores são subjetivos: um café com notas de chocolate não tem nenhum aditivo de chocolate, mas algo em seu sabor nos remete ao chocolate e, assim, falamos sobre o café usando referências que todos conseguem entender. 

Muitas vezes, grãos da mesma região – ou até do mesmo produtor – apresentam notas sensoriais totalmente distintas. Muitos cafés de baixa qualidade possuem poucas notas sensoriais, ou quase nenhuma. Por que, então, alguns cafés conseguem apresentar tantas nuances de sabor e outros não? A resposta exigiria um texto inteiro, mas podemos resumir dizendo que a genética das plantas, os cuidados na lavoura e o processamento pós-colheita são os principais fatores que influenciam a riqueza de sabores e texturas que só um café especial pode oferecer. Tudo isso vindo direto da natureza!  

Nos últimos anos a cafeicultura tem se tornado cada vez mais científica e experimental: os produtores vêm aplicando técnicas de fermentação cada vez mais complexas, capazes de verdadeiramente transformar um café, aumentando atributos, como acidez e complexidade, em escalas surpreendentes. Muitas vezes essas fermentações agregam nítidos sabores de frutas e vinho, por exemplo, mesmo sem nenhuma fruta nem vinho envolvidos no processo. Mais recentemente, uma nova tendência tem atraído a atenção dos profissionais e fãs do café: são os cafés infusionados. Já ouviu falar? 

O que são “cafés infusionados”?

São aqueles que recebem a adição de especiarias, frutas ou outros ingredientes durante a fermentação dos grãos ainda lá na fazenda.

A novidade, entretanto, acabou virando polêmica. Mas qual o problema desse tipo de café? Nenhum, desde que estejam identificados os ingredientes, por uma questão de transparência e de segurança alimentar. A polêmica começou em 2018, quando alguns cafés com gosto muito intenso de canela começaram a aparecer nas competições mundiais de café, gerando suspeitas de aromatização. Os competidores, confiando nas informações passadas pelos produtores, garantiam que o sabor de canela vinha de uma fermentação especial com leveduras específicas. O burburinho na indústria começou e, desde então, diversos cafés assumidamente infusionados têm aparecido, enquanto outros geram apenas suspeitas de infusões com alimentos in natura ou óleos essenciais. Nesse caso, análises laboratoriais são capazes de diagnosticar se os grãos foram infusionados.

É importante destacar que cafés infusionados são diferentes de cafés saborizados. Os cafés saborizados são aqueles que recebem aromatizantes artificiais durante ou após o processo de torra do café. Normalmente esse processo é aplicado a cafés de baixa qualidade – com algumas exceções.

Muitos produtores vêm experimentando a adição de frutas, garapa ou mosto de fermentações diversas no processo de fermentação do café. Na maioria das vezes, as frutas e outros ingredientes agem apenas como doadores de enzimas e açúcares, e seu sabor não é diretamente transmitido ao grão. No caso das especiarias – como a canela, por exemplo –, a questão fica mais complexa, pois os grãos podem, sim, adquirir aquele sabor específico.

É importante destacar que nem sempre adicionar ingredientes ao produto pós-colheita caracteriza infusão: as famosas fermentações muitas vezes têm adição de leveduras, fungos ou outros microrganismos apenas para potencializar a ação enzimática.

Talvez esta seja a inauguração de um novo tipo de processamento de café, o Café Infusionado, que estará disponível nas gôndolas ao lado dos tradicionais naturais, despolpados, lavados e de fermentações diversas. O grande ponto do debate é a transparência: os compradores não pareciam tão incomodados quando produtores alegavam ter fermentado seus cafés com frutas e garapa. O problema começou quando os ingredientes adicionados passaram a ser utilizados em segredo, junto de narrativas não verdadeiras sobre a origem desses sabores.  

Assim como outros processos que vieram antes, os cafés infusionados vão encontrar defensores e detratores. Mas, antes disso, ainda precisamos responder a algumas perguntas: os critérios de avaliação de cafés que temos hoje se aplicam aos cafés infusionados? Esses cafés terão espaço em concursos e competições? Quais parâmetros constituem uma infusão? A tendência ainda é nova, está viva e aberta a discussão.

TEXTO Gabriel Agrelli Moreira - Gerente de desenvolvimento de mercado da Daterra - e Juliana Sorati - Assessora de marketing na Daterra Coffee

10 anos de governança da Plataforma Brasil comemorados na SIC

A governança em dois níveis da Plataforma Global do Café Brasil foi estabelecida há 10 anos. O Conselho Consultivo Nacional (CCN) é composto pelos diretores executivos das principais associações de café do país – CNC e CNA (produtores), Cecafé (exportadores), ABIC (torrefadores) e ABICS (indústrias de solúvel) e diretores da exportadora ofi e torrefadores JDE Peets e Nestlé. O Grupo de Trabalho Brasil (GTB) reúne representantes técnicos de cooperativas, dos serviços de extensão federal e estaduais, sistemas de certificação, times de sustentabilidade de traders/exportadores e da indústria, entre outros. 

O CCN, que opera no nível político e de liderança nacional, tem funções estratégicas e valida (ou não) as recomendações do GTB. Este último, que atua com base em sua experiência de campo, e sob a ótica dos produtores de café, projeta e propõe atividades para superar os desafios de sustentabilidade, cria pertencimento para as ações da Plataforma no país.

Essa estrutura inovadora de dois níveis do CCN-GTB desempenhou um papel importante para tornar a Plataforma Brasil e suas iniciativas uma das operações mais bem-sucedidas da Plataforma Global do Café no mundo. A governança é reconhecida por criar espaço para que as partes interessadas do agronegócio café discutam desafios comuns, compartilhem responsabilidades e criem soluções coletivas para questões complexas de sustentabilidade. 

As Iniciativas de Ação Coletiva (CAIs) da Plataforma – Uso Responsável de Agroquímicos e Bem-Estar Social –, financiadas por empresas de café, indústrias de agroquímicos, traders/exportadores e varejistas, têm serviços de extensão, cooperativas e exportadores como parceiros implementadores, que garantem que as práticas e resultados das Iniciativas, sejam incorporados às atividades cotidianas dos produtores para garantir impacto perene.

A iniciativa Uso Responsável de Agroquímicos aborda o uso adequado de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), o armazenamento adequado de defensivos, treinamentos em tecnologia de pulverização e o descarte adequado de embalagens vazias de agroquímicos. Os principais objetivos da iniciativa de Bem-Estar Social são melhorar as condições de vida e de trabalho dos cafeicultores e trabalhadores, conscientizar e promover educação sobre trabalho decente. Inclui também um estudo de renda de bem-estar (“living income”) nas regiões cafeeiras do Brasil, apresentado durante a Semana Internacional do Café (SIC), em Belo Horizonte, em novembro de 2022, e cujo relatório será divulgado em breve. Essas duas CAIs, que já captaram quase US$ 3 milhões e incluem 28 parceiros financiadores e implementadores, cobrem juntas as principais regiões produtoras de café do Brasil.

A Plataforma também tem atuado na implementação do Currículo de Sustentabilidade do Café (CSC), que desenvolveu em um processo coletivo “de baixo” para cima que envolveu atores relevantes de toda a cadeia produtiva do café. O CSC e seu aplicativo são usados para identificar lacunas de sustentabilidade, como as abordadas pelas iniciativas mencionadas acima. O CSC está agora ganhando importância adicional com o lançamento do Código de Referência de Sustentabilidade do Café (CSRC) e seu Mecanismo de Equivalência 2.0. A equivalência do Currículo com o Código (CSRC) abrirá oportunidades interessantes para a certificação de cafés sustentáveis por cooperativas e traders brasileiros.

Declarações e depoimentos de membros do Conselho Consultivo Nacional da Plataforma mencionam o alto nível de alinhamento desenvolvido pela governança ao longo dos anos e como ela tem apoiado as conquistas da Plataforma no Brasil. Uma reunião conjunta do CCN e do GTB foi realizada para comemorar o 10º aniversário da governança durante a SIC em BH. A Plataforma conseguiu desenvolver confiança e parcerias para destravar investimentos, criar sinergias entre os diferentes níveis da cadeia cafeeira e conectar empresas para atuar no cenário pré-competitivo. É notável ver como a maturidade da governança tem crescido continuamente durante os últimos 10 anos.

As conquistas deste 10º aniversário também demonstram que a Plataforma Global do Café Brasil pode ser considerada em vários aspectos como uma fonte de aprendizado para outras plataformas. Por exemplo, ela mostra a importância de um bom ambiente facilitador além da porteira (da fazenda), que a rentabilidade dos produtores é o primeiro passo para alcançar a sustentabilidade, que desafios sociais e ambientais permanecem devido a aspectos culturais, e que treinamentos periódicos e capacitações são necessários para melhorar a produção e a conscientização sobre temas importantes, de maneira contínua. 

TEXTO Pedro Ronca

Vietnã, Indonésia e Índia: Maravilhas econômicas, café robusta e o papel do solúvel

O artigo recente do Financial Times, “As Sete Maravilhas Econômicas de um Mundo Preocupado”, de Ruchir Sharma, chamou minha atenção porque três destas maravilhas econômicas e aquelas abordadas primeiro são produtoras relevantes de café robusta. O Vietnã é o maior produtor de robusta do mundo, a Indonésia vem em terceiro lugar e a Índia é um conhecido produtor de robusta lavado.

Juntos estes três países asiáticos respondem por quase dois-terços da produção de robusta e um-quarto de todo o café produzido do mundo. Eles também estão estrategicamente localizados para abastecer o que pode vir a ser o maior mercado de café do mundo, a própria Ásia, que hoje consome principalmente café solúvel, cuja matéria-prima básica são os grãos de robusta e conilon.

O Vietnã, um fornecedor enorme mas relativamente novo de café, passou de produção insignificante a líder mundial em menos de meio século: hoje é o maior produtor e exportador de robusta! O consumo local também está aumentando, impulsionado pela crescente cultura de café e pelo café solúvel. As indústrias de café solúvel estrangeiras e locais estão se expandindo não apenas para abastecer o mercado vietnamita, mas também e especialmente para exportar.

A Indonésia é única porque o consumo local de café está crescendo mais rápido do que a produção e, como resultado, as exportações estão estáveis ou em queda. O país é um grande exemplo de crescimento do consumo de café sem um programa institucional para promovê-lo. O café “três-em-um” – envelopes de dose única com café solúvel, leite não lácteo e açúcar –, as próprias marcas de café e as cafeterias estão fazendo isso. Apesar de ter um forte parque industrial de café solúvel, o país o importa também.

A Índia está aumentando sua produção de robusta em detrimento do Arábica. Isso não deve surpreender, considerando o enorme potencial do mercado indiano de café solúvel, que ainda é muito pequeno em relação ao tamanho da população do país. A Índia pode de fato se tornar um importador de produtos solúveis se o café ficar na moda, como aconteceu na China e na Indonésia. A Índia também é pioneira na produção e exportação de café robusta lavado.

Podem estes três países asiáticos produtores de robusta, que desafiam o pessimismo econômico predominante no mundo, como argumenta o artigo, se beneficiarem dessas condições e aumentarem sua produção de café, inclinando ainda mais a balança em favor do robusta e se tornarem uma ameaça para outras nações produtoras de café?

Um forte argumento a favor do aumento desta produção é a proximidade com a China, cuja taxa de crescimento do consumo de café provavelmente retornará aos altos níveis pré-pandemia mais cedo ou mais tarde. O Vietnã e a Índia compartilham fronteiras com a China e a Indonésia está mais próxima dela que a maioria dos outros países produtores de café. Esses três países podem eventualmente se tornar fontes importantes de abastecimento de café verde e solúvel para a China, devido às suas vantagens logísticas.

Este mesmo argumento pode se aplicar em resposta ao crescimento do consumo doméstico nestes países. Os casos de aumento de consumo na Indonésia e no Vietnã já foram mencionados acima e suas populações são grandes. País muçulmano mais populoso do mundo, a Indonésia tem 275 milhões de habitantes enquanto o Vietnã está prestes a alcançar 100 milhões. O consumo pode agora aumentar mais rapidamente na Índia, cuja população é enorme e sua economia é uma das que mais cresce no mundo.

A verdadeira questão é se esses três países podem expandir competitivamente suas produções de robusta, se têm culturas que competem pela mesma terra e oferecem retornos iguais ou melhores, e se há vontade política para fazê-lo. As estatísticas referentes às suas produções recentes não justificam o argumento de aumento da produção, mas os altos preços atuais podem mudar isso.

De qualquer forma, uma maior produção de robusta no Vietnã, Indonésia e Índia, que incentive o aumento do consumo de café na Ásia, pode ser benéfica para a produção de café em todo o mundo. A maior parte da produção exigida por esse consumo adicional poderá ter de ser originária da África e da América Latina e incluir o café Arábica. Há mais disponibilidade de terra para cultivar café e a evolução da preferência dos consumidores pode favorecer um maior uso de Arábica. Em resumo, o que pode acontecer com e ao café nas três maravilhas econômicas deste mundo pós-pandemia – Vietnã, Indonésia e Índia – pode ser benéfico para todo o mundo produtor de café e para sua cadeia de abastecimento.

Em paralelo a toda esta discussão sobre café robusta, que abordou também o café solúvel, é oportuno lembrar que há hoje em curso um reposicionamento destes dois produtos. Esta nova visão poderá aumentar seu consumo e demanda e quebrar paradigmas hoje estabelecidos sobre sua qualidade.

O reposicionamento do robusta está mais adiantado e é mais conhecido. O CQI criou o Q Robusta Grader faz alguns anos e está hoje empenhado em melhorar a qualidade do robusta e do conilon por meio do processamento pós-colheita. O CQI fez também uma sessão de degustação de cafés robustas e conilons especiais no evento World of Coffee em Milão que teve ampla repercussão devido à alta qualidade dos cafés.

Já no caso do café solúvel, está em vias de ser lançada pela ABICS  uma metodologia de análise sensorial que permitirá mostrar aos consumidores as diversas qualidades deste produto e como elas podem ser usadas para valorizar tanto o café solúvel em si como produtos nele baseados. O lançamento da nova metodologia, a ocorrer na Semana Internacional do Café, foi um dos temas do painel sobre inovação “Fora deste mundo!”, que ocorreu no concorrido evento anual da Associação Suíça de Comércio de Café (SCTA), também conhecido como Coffee Dinner Suíço, que aconteceu em Genebra na quinta e sexta-feiras da semana passada.

TEXTO Carlos Henrique Jorge Brando • FOTO Café Editora

Café, cafeína e saúde

O café é uma das bebidas mais consumidas no mundo, abrangendo praticamente todas as idades, principalmente a partir da adolescência. Por isso, tem sido amplamente estudado há anos por seus possíveis benefícios à saúde.

De vilão a protetor da saúde, não faz muito tempo, os médicos orientavam as pessoas a tomar menos café e até proibiam seu consumo por indivíduos que já tivessem doenças cardíacas, por considerarem maléficos os efeitos estimulantes da cafeína.

Quando se pensa em café, a maioria das pessoas o relaciona à cafeína, esquecendo-se das inúmeras outras substâncias presentes na bebida. É uma bebida rica em antioxidantes naturais (ácidos clorogênicos e polifenóis), contém magnésio, potássio e vitamina B3 (niacina). O principal componente psicoativo do café é, sem dúvida, a cafeína (1,3,7- trimetilxantina), que promove efeitos comportamentais notáveis como a melhora na performance cognitiva e psicomotora do indivíduo (melhoria do estado de alerta, da energia, da capacidade de concentração, do desempenho em tarefas simples, da vigilância auditiva, do tempo de retenção visual e diminuição da sonolência e do cansaço). Observa-se também os efeitos positivos da cafeína no processamento de informações, memória e raciocínio lógico.

As evidências científicas recentes também têm mostrado que o consumo moderado de café (3 xícaras de aproximadamente 50 ml por dia) poderia auxiliar a memória e evitar o declínio cognitivo. Tais efeitos se devem a cafeína que aumenta a serotonina e a acetilcolina, estimulando o cérebro e ajudando a estabilizar a barreira hematoencefálica. Ademais, os antioxidantes do café, como os polifenóis, também previnem as ações dos radicais livres nos tecidos, bem como o bloqueio dos vasos sanguíneos cerebrais. Igualmente, a atividade antioxidante mostra a redução do risco de desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis, como neoplasias malignas, modulação da glicose e metabolismo de gorduras.

Entretanto, sabe-se que doses elevadas de cafeína podem induzir efeitos negativos, tais como taquicardia, palpitações, tremores, dores de cabeça, náuseas e insônia. Há indivíduos que consomem café durante a noite e estimulam a vigília, o que não é recomendado, pois o sono desempenha um papel importante no aprendizado e na consolidação da memória. Assim como qualquer substância em excesso pode fazer mal, a cafeína também tem suas contraindicações.

Vale ressaltar que o café puro possui um baixíssimo valor energético e quando consumido de forma moderada, não engorda. Porém, deve-se ficar atento a quantidade de açúcar que se utiliza para adoçar a bebida. Outros acompanhamentos como mel, chantilly, chocolate, leite, óleo de coco e leite condensado também adicionam muitas calorias ao café e em excesso podem contribuir para o ganho de peso.

TEXTO Marcia Nacif, docente do curso de Nutrição da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM) • FOTO Esteban Benites

Café, paixão que nos une

Setembro foi muito especial para Nescafé! Ganhamos um prêmio relevante, o YouTube Works, que, em parceria com a Kantar, celebra campanhas inovadoras veiculadas na plataforma no último ano. Nescafé concorreu em duas categorias com #RespeitoAoTempo: The Unskippable, que premia campanhas envolventes a ponto de despertar nos usuários o desejo de ver o conteúdo todo, sem pular.

Confesso que havia receio em como as pessoas reagiriam a um conteúdo de 4 minutos mostrando o ritual do preparo do café coado ao som da música “Paciência”, do cantor Lenine. No entanto, as reações foram extraordinárias: quase 3 milhões de visualizações, com mais de 50% das pessoas assistindo até o final.

A outra categoria foi a Meeting the Moment, focada nas marcas que foram ágeis para reagir a um contexto. Esse reconhecimento é muito especial, já que o filme foi pensado na pandemia. Fico orgulhoso de ver nossa marca ressignificando o momento de preparo do café: faz dele uma pausa para relaxar e se inspirar.

Depois, recebemos a notícia que fomos indicados ao Effie, prêmio focado na efetividade de campanhas publicitárias. O case “Do Solúvel ao Premium” é um dos finalistas em Bebidas Não Alcoólicas, e mostra a evolução de Nescafé, marca inicialmente focada na praticidade, e que passou a enaltecer a importância do respeito ao tempo de toda a cadeia, do plantio à colheita, da torra ao preparo.

Por fim, para coroar todas essas conquistas, temos a grande celebração do Dia Internacional do Café. Deixo meu agradecimento a todos os entusiastas que fazem parte da incrível jornada de Nescafé, colaborando para gerar impacto positivo através de uma paixão em comum: café!

TEXTO Valdir Nascimento, Head de Marketing de Nescafé e Starbucks at Home na Nestlé • FOTO Nani Rodrigues