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Starbucks contribui para plantio de mais de 20 milhões de pés de café na Colômbia

A Starbucks Coffee Company e a Federação Nacional dos Cafeicultores da Colômbia (FNC) anunciaram uma expansão de seu programa para apoiar os produtores de café colombianos no Starbucks C.A.F.E. Practices, que plantará mais 22 milhões de árvores no país.

Em 2020, por meio de um acordo, a Starbucks forneceu à FNC um investimento de US$ 3 milhões para apoiar um novo programa de renovação da safra de café, com o objetivo de distribuir 23 milhões de mudas de café até 2023.

No primeiro ano do programa, mais de 7 milhões de mudas de café foram distribuídas aos agricultores colombianos. Após esse sucesso, a expansão do projeto para 2022 agora inclui uma doação adicional de US$ 4,2 milhões para as árvores extras e o apoio aos agricultores com fertilizantes durante o estágio inicial de crescimento de cada árvore renovada.

Este programa se baseia em uma parceria de dez anos entre a Starbucks e a FNC, e visa ajudar mais de 12 mil agricultores que participam do C.A.F.E. “A serviço da aspiração da Starbucks de garantir um futuro sustentável do café para todos, temos o prazer de fortalecer nossa parceria com a FNC e aumentar nosso apoio aos cafeicultores locais por meio da expansão deste importante programa de renovação de árvores”, disse Tim Scharrer, diretor administrativo e vice-presidente de café e cacau da Starbucks.

Trabalhando lado a lado com os agricultores no campo, o Starbucks Farmer Support Center local e a FNC, por meio de sua divisão técnica e seu escritório na Europa, continuarão a supervisionar o projeto, que inclui assistência técnica, como treinamento virtual e visitas aos agricultores para plantio das mudas, bem como recomendações para renovação dos cafezais e verificação das árvores estabelecidas para o incentivo à adubação.

“Esses programas confirmam o grande compromisso da Starbucks com o bem-estar dos cafeicultores colombianos, a qualidade e a sustentabilidade da cafeicultura e a proteção ambiental. A Starbucks é um parceiro estratégico do café colombiano e da FNC”, comentou Roberto Vélez, CEO da FNC.

“À medida que expandimos nossa presença em toda a Colômbia e continuamos levando a experiência Starbucks a mais clientes, estamos muito orgulhosos do café arábica colombiano servido em nossos cafés”, destacou Francisco Tosso, diretor da Starbucks Colômbia.

TEXTO As informações são do Global Coffee Report / Tradução Juliana Santin • FOTO Café Editora

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Café, experiência e cultura local: Saiba mais sobre o COFFEA Trips!

Você já deve ter acompanhado as nossas viagens pelas fazendas do Brasil a fora, acredito que bateu uma vontade de conhecer, certo? Alguns lugares são difíceis de chegar e às vezes o contato para ir até o local é complexo, pensando nessas questões a jornalista Kelly Stein criou o COFFEA Trips. 

“A ideia surgiu de um interesse dos meus amigos nas minhas viagens, quando estava em alguma fazenda sempre vinha um comentário: nossa queria ir na mala com você. Assim, percebi o interesse e juntei a minha vontade de oferecer um roteiro seguro para mulheres que viajam sozinhas e também que atendam de forma respeitosa a comunidade LGBTQIA+, e nasceu o projeto”. 

Kelly conta que o lançamento foi em janeiro de 2020 e em março veio o primeiro lockdown e a descoberta do que seria o covid-19. “Havia investido todo dinheiro que tinha, pois minha ideia seria recuperar durante o período da colheita daquele ano, e veio o fechamento de tudo. Não fizemos os roteiros, mas pudemos amadurecer a empresa, treinar os representantes de cada estado e avaliar os produtos”, explica. 

A jornalista destaca que o COFFEA se propõe a oferecer rotas turísticas de uma forma diferente, “todos os roteiros tem um tema, é acompanhado de um historiador ou educador que poderá explicar os detalhes do local. O objetivo é levar a pessoa para perto do campo, fazer com que ela se reconecte com si mesma, aprenda sobre o café e participe de diferentes dinâmicas. O café é o protagonista e em volta dele criamos as experiências”, aponta. 

O projeto está espalhado nos seguintes estados: Bahia, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Pará, Rondônia e São Paulo, cada local conta com um representante que  entende de café ou de turismo e que auxilia Kelly na hora de formatar as experiências e adaptar de acordo com a cultura local. São passeios urbanos com visitas a pontos históricos do café, cafeterias e torrefações, pode ser de um dia ou de períodos mais longos. 

Próximos roteiros: 

Monte Alegre do Sul (SP) 

Feito em parceria com a Fazenda Cafezal em Flor e Fazenda Atalaia, em Monte Alegre do Sul (SP). A experiência que vai das 10h às 18h fica pertinho de São Paulo, 131 km da capital paulista. Inclui: visita em uma fazenda histórica de café e na produção de queijos finos; almoço; estacionamento; café e belezas naturais da região. Kelly é a guia dessa experiência e conta com especialistas como a mestre em História da Arte, Meiri Cardoso e a engenheira agrônoma, Daiani de Toledo.

Quando: 16 de abril
Valor:
R$ 377
Mais informações: http://coffeatrips.com.br/monte-alegre-do-sul-1-dia/

Santos (SP) 

A experiência que começa às 10h e vai até 18h fica pertinho de quem mora em São Paulo, 80 km de distância. Inclui: visita no Museu do Café e outros pontos históricos da cidade; almoço gastronomia portuguesa; degustação de café; centro histórico e cultura local. Conta com o historiador e guia de turismo, Mario Rodrigues.

Quando: 22 de abril
Valor:
R$ 240
Mais informações: http://coffeatrips.com.br/santos-alem-do-porto-1-dia/

Amazônia (RO)

A ideia é explorar, aprender, desconstruir imagens e conceitos pré-estabelecidos sobre cafés canéforas, sobre as pessoas da floresta, sobre os cidadãos de Rondônia. É uma oportunidade para mergulhar dentro da cultura local. Nessa experiência você: visitará quatro produtores de café especiais com perfis bem diferentes; aprenderá com povos originários (comunidade indígena) que produzem cafés especiais e sustentáveis; conhecerá uma estrutura tecnológica de manejo de café; irá degustar cafés e delícias da gastronomia local; resort com parque aquático, trilhas e muitas atrações, tudo isso em meio à floresta Amazônica. 

Quando: de 13 a 18 de junho
Valor:
a partir de R$ 4.833 (varia de acordo com o quarto escolhido – duplo, triplo ou quádruplo)
Mais informações: http://coffeatrips.com.br/rondonia/

TEXTO Natália Camoleze • FOTO Divulgação

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Exposição em São Paulo (SP) retrata o dia a dia das esposas dos catadores de café

Desde o dia 3 de abril, no Museu de Arte Sacra, na cidade de São Paulo (SP), está em cartaz a exposição “Viúvas de maridos vivos”, que retrata as mulheres que cuidam sozinhas da casa e do sustento dos filhos enquanto os maridos viajam em busca de trabalho em diferentes regiões do país.

As obras da mostra foram feitas pelas mãos do pintor e escultor Leandro Júnior de Souza, nascido na área rural do Vale do Jequitinhonha. Até os 12 anos de idade, o artista e seus quatro irmãos foram cuidados pela mãe, uma vez que o pai saía em busca de trabalho, sendo um deles na colheita do café. Essa rotina foi registrada por meio da pintura de 12 personagens, incluindo sua mãe.

Leandro também dedica uma de suas pinturas à padroeira do Quilombo Córrego de Cuba, no município de Chapada do Norte, onde nasceu. Foi neste local, atuando como voluntário com crianças em 2016, que o artista começou a extrair o barro para utilizar nas obras.

A exposição “Viúvas de maridos vivos” ficará disponível no Museu até o dia 5 de junho e pode ser visitada de terça a domingo, das 11h às 17h. Os ingressos custam R$ 6. Aos sábados a entrada é gratuita.

Mais informações: http://museuartesacra.org.br/

TEXTO Redação • FOTO Divulgação

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Cafeicultura do futuro: Conheça mais sobre a agricultura regenerativa

O café é a terceira cultura mais dependente de clima do mundo e o momento presente nos mostra que é preciso realizarmos novas atitudes para construirmos o que queremos hoje

Estrada da Catiara, Região do Pântano, Cerrado Mineiro. Distante 700 quilômetros de São Paulo, depois de meses e meses sem ir a uma região produtora mineira, aterrissamos em Uberlândia. Na estrada, cenas tristes de quilômetros de cafés queimados pela geada próximo à cidade de Patrocínio. Depois de receber muitas fotos e depoimentos de cafeicultores em grupos pelo Brasil, nada substitui a visita in loco e ver de perto tantas plantações atingidas pelas baixíssimas temperaturas nunca antes relatadas ali. A mudança é urgente e necessária. E é sobre isso que queremos falar.

Distante 200 quilômetros de Uberlândia, chegamos ao Pântano. Na estrada de terra, muita poeira e a falta de chuva deixam tudo mais seco e a visão por meio do para-brisa do carro um tanto quanto turva. Inevitável não imaginar os desbravadores produtores de café que há quarenta anos escolheram fincar raízes naquela região que não tinha, até então, história na produção do fruto.

Visitar o Cerrado Mineiro é ter a certeza de que o ser humano é capaz de se reinventar e criar novas formas de realizar o que tem paixão. Foi assim que o casal Gerson e Hercília Naimeg fez ao chegar à região, em 1981, vindos do Paraná, após as geadas terem atingido a plantação de café. Foram pioneiros e hoje a família tem 210 mil pés de café nas fazendas do Grupo Naimeg.

Gerson, José Aparecido, Mauro e Jorge Fernando, os Naimeg, estão sempre buscando todas as inovações no campo para melhorar as práticas regenerativas que ajudam também na qualidade do café

Fomos recebidos pela segunda geração, os filhos, José Aparecido, Jorge Fernando e a esposa, Natália, Gerson e Mauro, que atualmente são responsáveis pela produção. Após muitos quilômetros em estrada de terra, chegamos à Fazenda Pântano. Os Naimeg, como são conhecidos, têm uma enorme reputação pela conquista de dezenas de prêmios ao longo desses quarenta anos. O primeiro deles, conta José Aparecido, o filho mais velho, foi recebido em 1992, quando a torrefação illycaffè iniciava os concursos no Brasil: “Foi uma chancela muito grande, pois iniciou o reconhecimento do trabalho com qualidade aqui na região”. A conquista do primeiro lugar com o café natural foi o começo de uma história mais dedicada ao café especial e, com ele, vieram os investimentos nas propriedades. Em 2001, colocaram os primeiros terreiros suspensos e, alguns anos antes, já haviam começado a investir no café cereja descascado. Para Jorge Fernando, a parceria com microtorrefações, a visita às feiras de café desde 2011 e a avaliação do café por profissionais mudaram a forma deles de se relacionarem com o mercado. Os projetos são muitos e a família fala entusiasmada de todas as novidades: “O uso mais racional dos nutrientes gera uma planta mais saudável e que vai produzir um café de melhor qualidade”, reforça Jorge Fernando.

Protagonismo no campo

Para o cafeicultor, é preciso se reconhecer também como essa potência na produção de cafés especiais. Na maioria das vezes, esse alerta vem por meio de concursos e de profissionais de outras pontas do setor, como cooperativas, torrefadores, classificadores, baristas. Cada vez mais os cafeicultores se tornam protagonistas de suas histórias.

Conhecer produtores que se dedicam ao café especial e se preocupam com a qualidade do produto final é apaixonante. Famílias e colaboradores se integram com o objetivo de ter um resultado melhor, ano a ano. A cafeicultura, por ser uma empresa a céu aberto, exige centenas de manejos e mudanças constantes. Há alguns anos, a importância de olhar para o pilar da sustentabilidade com foco no tripé “social, ambiental e econômico” já é realidade para as propriedades que são referência no Brasil na exportação do fruto e fornecem a grandes marcas.

“Desenvolvemos diagnósticos para verificar a emissão de CO2 em cada propriedade. É um mercado forte que vai ganhar uma dimensão gigantesca” – Eduardo Estanti, Agrobiota

O aumento do consumo do café de qualidade em todo o mundo impactou direta e positivamente as lavouras pelo Brasil. O foco em oferecer bons produtos, com rastreabilidade desde o talhão em que foi colhido, o uso mais racional de nutrientes na planta, a condição essencial de cumprir com as leis trabalhistas, o cuidado no pós-colheita, a separação de lotes e outras centenas de cuidados tornou a atividade de produzir café um negócio custoso e que hoje busca encontrar o equilíbrio entre os gastos e o retorno no preço e na comercialização do café.

A preocupação com a conservação da atividade cafeeira em muitos países fez com que as grandes marcas começassem a olhar a importância do relacionamento direto com os produtores e do entendimento de que é necessário estar próximo para garantir um produto final de excelência em todos os quesitos, não somente o sensorial: “O relacionamento com os produtores é a base de tudo. O Cultivado com Respeito – que é o programa da Nestlé – tem dez anos e é o maior programa de sustentabilidade do mundo. Ele é baseado no relacionamento: você ir à fazenda, escutar o produtor, ajudar com questões mais complexas”, explica Taissara Martins, gerente de marketing e sustentabilidade de Nestlé. A empresa tem dentro do programa um total de 1.200 fazendas que a equipe visita anualmente.

Resolvemos então estar juntos em três dessas visitas para entender melhor os bastidores de um novo projeto que a Nestlé vem desenvolvendo com esses produtores. Para isso é preciso entender que, em 2019, a Nescafé – a marca mais valiosa da Nestlé – lançou o projeto Origens do Brasil. De um produto exclusivamente solúvel a marca aumentou o portfólio para o segmento de torrado e moído no Brasil.

“Queremos modelar a cafeicultura do futuro. O Brasil está liderando essa agenda. Como Nestlé, exportamos cafés para quarenta países: paladar consciente, sensorial exigente e sustentabilidade desde o nascimento” – Taissara Martins, Nescafé Origens do Brasil

De forma exclusiva, a Espresso teve acesso a um trabalho recente, mas que já vem dando frutos: o Projeto Regenerar. Hoje ele conta com as 35 fazendas fornecedoras que integram o Origens do Brasil, das regiões de Chapada Diamantina, Sul de Minas e Cerrado Mineiro.

A meta do projeto é, em 2022, essas propriedades serem 100% carbono neutro e se tornarem ‘fazendas-modelos’: “Temos que falar da produção, pois 80% da emissão de carbono na cadeia do café está nessa etapa. Não dá mais pra produzir do jeito que a gente produz até então”, analisa Taissara. Ela lembra que o Brasil está numa boa situação, se compararmos com outras realidades, “mas podemos ser bem melhores e devemos liderar isso”.

Cafeicultura do futuro no presente

Para pôr imediatamente em prática o projeto, a Nestlé buscou iniciar um diagnóstico das fazendas integrantes do Origens do Brasil. Thaisa Herzog, supervisora agrícola da Nestlé, explica durante as visitas que o trabalho começou neste ano com o levantamento minucioso das atividades e realidades de cada uma das propriedades. “Aqui no Cerrado Mineiro e no Sul de Minas, temos um perfil de fazendas maiores. Já na Chapada Diamantina, são produtores menores, então atendemos cada produtor por meio desse diagnóstico, seguido das recomendações para melhoria para alcançar a neutralidade de emissão de carbono.”

Para auxiliar nessa missão, a Nestlé tem a consultoria da empresa Agrobiota. Com visitas a cada uma das 35 fazendas, a equipe de engenheiros agrônomos deu início aos diagnósticos do ano agrícola de 2021. Segundo Eduardo Hilário Estanti, consultor da região que visitamos, a medição dessa forma detalhada é pioneira no café: “Usando uma ferramenta de inserção de dados fazemos o raio-X da propriedade. É muito interessante para os produtores compreenderem que é para otimizar todo o sistema e, com isso, evoluir todo o seu custo e benefício, diminuir gastos e viabilizar algumas técnicas para melhorar a emissão. É uma evolução que o mercado traz e é benéfica para todos”, reforça.

Um exemplo muito direto percebemos na Fazenda Pântano, de Wagner Ferrero. Lá tudo é mensurado, mas, ao receber o diagnóstico, o produtor pode ter acesso mais preciso aos gastos de combustível dos tratores, por exemplo. Na propriedade, 95% da colheita é mecanizada e a produção chega a 1.100 hectares de café. Wagner conta que é muito aberto a novidades e que é importante testar outras maneiras de fazer a cafeicultura. No local, uma grande área de compostagem prepara os adubos orgânicos e, próximo ao terreiro e ao benefício do café, é possível ver a área destinada à captação de água que, depois de tratada, volta para a irrigação, além do filtro para poluentes. A propriedade é certificada UTZ e Rainforest Alliance há mais de dez anos e comercializa cafés para países europeus, Estados Unidos e Austrália, entre outros.

Ferrero é daqueles filhos de italiano bem enfáticos quando o assunto é preservação: “Estamos aqui de passagem e temos de deixar a terra melhor para os nossos descendentes”. De um lado para o outro da fazenda, Ferrero se mostra entusiasmado com a redução da emissão de carbono: “Mas a agricultura regenerativa não é só sequestro de carbono, é outro meio de pensar”.

“Estamos produzindo 5 mil toneladas de composto orgânico para colocar nas lavouras e ao longo dos anos já plantamos 15 mil árvores de reflorestamento”, explica Ferrero

Pensar de outra forma já faz parte do DNA da família Velloso Heitor. Ao entrar na fazenda, já é possível perceber que há muito cuidado com a preservação do meio onde vivemos. “Meu pai era um conservacionista” explica Sheyla Velloso Heitor. O lugar onde não havia água no passado hoje abriga uma reserva com trilhas de árvores catalogadas e plantadas, uma a uma, por ela e Wilson Francisco de Brito. As 12 mil árvores tomaram lugar do que antes era um pasto: “Eu ando aqui hoje e não acredito que fui eu que comecei isso aqui”, revela Sheyla.

O nome Reserva Heitor veio depois, em 2017, com a consultoria do Sebrae Minas. “Há doze anos fazemos parte do Educampo, e é muito importante para desenvolver a gestão. O que mais gosto é a troca entre os produtores. Teve um encontro aqui na fazenda em que o produtor chegou, olhou e me falou: ‘Tive várias ideias para solucionar lá na minha fazenda’. Fiquei feliz de poder contribuir”, explica Marcus Heitor de Queiroz.

A família chegou à propriedade nos anos 1990. Quem conta a história é Mariana Heitor, filha dos produtores que, formada em Psicologia, morava em Brasília, onde nasceu. Em 2010, voltou para a fazenda, que fica próximo à cidade de Patos de Minas. O avô, Manoel, veio para a região do Cerrado Mineiro na década de 1970. Na Fazenda Chácara Colônia Agrícola moravam italianos e o português Manoel comprou deles, já preocupado em “cuidar dos animais”, segundo a neta. Mariana anda pela fazenda com orgulho, explicando cada etapa dessa nova fase de composto orgânico e de “reconstruir a vida no solo com as braquiárias nas entrelinhas do café”. Hoje são 131 hectares de café, com 11 variedades diferentes de café arábica e 86% da plantação irrigada com um sistema muito organizado que estão implantando para usar menos quantidade de água.

Wilson, orgulhoso de onde trabalha há 24 anos, fala que o “sonho dele era plantar”. Não só plantou como contribuiu para a criação de uma grande reserva, aonde, anualmente, há 13 anos, as escolas rurais da região levam as crianças para plantar mais de 100 mudas de novas árvores para celebrar o Dia da Árvore, em 21 de setembro. Embaixo dessas árvores ressurgiu a mina d’água da região, e é possível caminhar entre trepadeiras, bambuzais, árvores frutíferas e até paus-brasil. “Cresci com essa visão do meio ambiente”, diz Sheyla. Esperamos que mais crianças possam dar continuidade a esse legado e que o Regenerar seja possível hoje e sempre. A Reserva Heitor nos mostrou que o futuro é hoje.

Marcus, Sheyla, Mariana e Marina trabalham com respeito à natureza e fizeram “brotar” água com novas práticas agrícolas na Reserva Heitor

Agricultura Regenerativa

O que é?

O conceito foi elaborado pelo norte-americano Robert Rodale, nos anos 1990. De acordo com o site do Instituto Rodale, a prioridade número 1 na agricultura regenerativa é a saúde do solo, que está intrinsecamente ligada à saúde total de nosso sistema alimentar. Isso afeta da saúde das plantas ao bem-estar humano e ao futuro do nosso planeta.

Entre os pontos importantes, está o sequestro de carbono. E nesse ponto o Instituto Rodale também alerta que a solução para o aquecimento global está bem debaixo de nossos pés. Gases de efeito estufa – principalmente dióxido de carbono, mas também metano, ozônio e óxido nitroso – foram liberados do solo e da água para a atmosfera por processos naturais por milhões de anos. Precisamos de alguma quantidade desses gases, pois eles capturam a radiação solar e tornam nosso planeta habitável. As plantas e o carbono vivem em constante diálogo. Durante a fotossíntese, as plantas usam energia solar para extrair moléculas de carboidratos, ou açúcar, do dióxido de carbono.

Esses açúcares à base de carbono são expelidos das raízes da planta, alimentando bactérias e fungos no solo próximo. Por sua vez, esses microrganismos transformam simbioticamente os minerais do solo em nutrientes que alimentam as plantas e as ajudam a combater doenças e a pressão das pragas.

Durante essa troca, os açúcares que são consumidos pelas bactérias e fungos do solo são convertidos em materiais mais estáveis, ​​que retêm carbono no solo por décadas, até séculos. Solo mais saudável significa realmente um planeta mais saudável.

TEXTO Mariana Proença • FOTO Murilo Gharrber

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7º Fórum de Qualidade do Café acontece na Alta Mogiana

No dia 31 de março, às 9h, terá início o 7º Fórum de Qualidade do Café da Região da Alta Mogiana, no Hotel Dann Inn. O evento é gratuito e as inscrições podem ser feitas no site da associação.

Edgard Bressani, presidente da Associação dos Produtores de Cafés Especiais da Alta Mogiana (AMSC), declarou: “Este é um primeiro evento de uma série de ações que acontecerão este ano, culminando com o 20º Concurso de Qualidade de Café da Alta Mogiana, que tem várias fases e  encerra com a cerimônia de premiação em novembro deste ano. Será um evento marcante”.

O fórum contará com a presença de grandes nomes da cafeicultura nacional em palestra e painéis, trazendo temas bastante atuais e endereçados principalmente a produtores, agrônomos, técnicos agrícolas, torrefações, cafeterias, mestres de torra, baristas, classificadores de café, profissionais do setor, estudantes, apaixonados por café e outros.

Temas:

– Guerra, Covid e Geada – o futuro do café – Celso Vegro
– Mecanismos de proteção em preços e estratégias – Márcio José Marin, Ana Flavia Miranda e Laís Faleiros
– Transformação, produção de cafés especiais – Tuca Dias, Catarina Kim e Boram Um
– Variedade, condução, manejo e processos para cafés especiais – Gerson Giomo, Alessandro Guieiro, André Cunha e Jean Faleiros

“A região da Alta Mogiana tem mais de 200 anos de tradição na produção de excepcionais lotes de cafés especiais, que são comercializados e valorizados no Brasil e no exterior. Anualmente a associação participa de feiras aqui e em outros países, quando organiza sessões de prova de café, faz apresentações e divulga as marcas associadas e promove a IG – Indicação de Procedência da Alta Mogiana, que tem enorme importância e é um ‘asset’ da região. É preciso envolver cada vez mais pessoas para que o café especial seja cada vez mais inclusivo. Nossa missão é levar isso para um número maior de produtores e pessoas ligadas aos cafés especiais”, comenta  o presidente.

A evolução dos cafés especiais no mercado nacional e internacional, nos últimos anos, foi incrível e muitos novos negócios estão surgindo com a pandemia mostrando sinais de que já é possível retomar a vida, com os devidos cuidados. “Nossas cafeterias associadas já estão cheias de novo e as torrefações estão vendendo bem, mas ainda se reestruturando para absorver a alta de preço do café. Por sua vez, o produtor é quem está ainda está em um momento de incertezas devido à alta do custo de produção, com preços mais altos de insumos, como fertilizantes, combustível, e também pela volatilidade da bolsa e queda do dólar”, lembra o cafeólogo.

“O 7º Fórum de Qualidade do Café da Região da Alta Mogiana contará com a presença de nossas parceiras – as Cerejas do Café e de pessoas ligadas às empresas patrocinaram e apoiaram na divulgação do evento”, conclui Bressani.

Sobre a AMSC

Fundada em 2005, a AMSC é uma entidade sem fins lucrativos que busca representar com legitimidade os produtores de cafés especiais da Região da Alta Mogiana que buscam melhores possibilidades de venderem seus cafés de alta qualidade fora do sistema de commodities. Ao longo dos anos, tem orientado e conduzido os produtores associados a obter a excelência na produção e na qualidade. Anualmente realiza e participa de eventos, feiras e congressos no Brasil e no mundo, fortalecendo a exposição dos produtores e estreitando os laços entre compradores e consumidores finais. O calendário anual também é sempre recheado de ações visando a qualificação profissional por meio de cursos, treinamentos, palestras e muito mais. Além disso, parcerias com empresas de equipamentos, sistemas, torrefação, embalagem, tornam a cadeia produtiva dos associados dinâmica e forte.

Diretores Biênio 22/23

Diretor Presidente: Edgard Bressani
Diretor Vice-Presidente: André Luis da Cunha
Diretor Tesoureiro: Guilherme Dias de Sousa Alves
Diretor Secretário: Julio Aparecido da Silva Ferreira
1º Conselheiro Fiscal: Jean Vilhena Faleiros
2º Conselheiro Fiscal: José Domingos Cardoso Guasti
 Conselheiro Fiscal: Gustavo Leonel
1º Suplente: Bruna Moreira de Souza
2º Suplente: Augusto Jose Taveira Rodrigues Alves

TEXTO Redação • FOTO Lucas Albin/Agência Ophelia

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Pesquisa da Universidade do Café Brasil e illycaffè traz discussão sobre gênero na cafeicultura

A Universidade do Café Brasil, alinhada ao posicionamento da illycaffè, realiza há mais de duas décadas pesquisas de excelência, com definição de temas que sejam relevantes e agreguem valor para os participantes do agronegócio do café. Essa é a 16ª edição.

A inclusão de gênero, é um tema, que despertou a atenção da UDC Brasil e da illycaffè para a realização de uma pesquisa com enfoque na abordagem da questão do desequilíbrio de gênero na cafeicultura. A pesquisa realizada pela UDC apresenta um tema desafiante para o setor: Desequilíbrio de gênero no agronegócio café.

“Nos últimos anos, houve um expressivo aumento da mobilização e sensibilização de mulheres ligadas à cafeicultura no país, o que possibilitou maior acesso a informações, capacitação profissional e, inclusive, melhoria na qualidade do café.”, revela a Profa. Dra. Christiane Leles Rezende De Vita, da Universidade do Café Brasil e PENSA-Centro de Conhecimento em Agronegócios.

De acordo com a pesquisa, apesar dos avanços, a diferença de gênero ainda predomina nas regiões agrícolas do país, na qual os homens têm mais acesso à informação, à assistência técnica, linhas de créditos e, consequentemente, maior produtividade. leia mais…

TEXTO illycafé/ Redação • FOTO Divulgação

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Associação dos Produtores do Café da Região Vulcânica realiza 1º Encontro das Mulheres

Em 8 de março é comemorado o Dia Internacional da Mulher. Para celebrar a data, a Associação dos Produtores do Café da Região Vulcânica, ao lado da Prefeitura de Andradas, Sebrae e Instituto Federal do Sul de Minas, realiza o 1º Encontro das Mulheres do Café da Região Vulcânica, em Andradas (MG).

O objetivo é reunir as mulheres da Região Vulcânica dando visibilidade para elas, que estão mudando a forma de produção, comercialização, consumo e os relacionamos com o café. O evento contará com mulheres que são destaque no universo do café para comentar sobre o papel feminino, com o intuito de inspirar as cafeicultoras para participar, cada vez mais, das atividades dentro e fora de suas propriedades, além da troca de experiências.

Na ocasião, nossa diretora de conteúdo, Mariana Proença, estará presente na mediação do painel: “Mulheres da Região Vulcânica”. Confira a programação:

8h – Café de boas-vindas
8h30 – Abertura Oficial
9h – Palestra “Mulheres no Campo”, com Profª Danielle Baliza
10h – Palestra “Região Vulcânica”,com Ulisses Oliveira
10h30 – Palestra “Bourbon Specialty Coffees”, com Q-grader Jamaica Ribeiro
11h – Painel “Mulheres da Região Vulcânica”, mediadora Mariana Proença
12h – Almoço
13h30 – Workshop Confraria do Café
14h – Workshop “Mulheres Baristas”, com Keiko Sato
14h30 – Palestra “Torrefação de Café”, com Roberta Bazilli
15h – Palestra “SMC Cooxupé”, com Maria Dircéia
15h30 – Mesa Redonda “Mulheres da Região Vulcânica”, mediadora Vânia Marques
16h30 – Mesa Redonda “Mulheres de Andradas”, mediadora Daniele Baliza
17h – Encerramento

O evento é gratuito. Para participar, basta adquirir o ingresso no Sympla. O encontro conta com o apoio da Revista Espresso, Bourbon Specialty Coffee, Confraria do Café, SMC Specialty Coffees, Sindicato dos Produtores Rurais de Andradas e Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Andradas.

A Associação dos Produtores do Café da Região Vulcânica é uma organização sem fins lucrativos, formada por membros e parcerias voltadas ao desenvolvimento da cafeicultura regional, com objetivo de criar oportunidades reais e transformar a maneira de produção, comercialização e consumo dos cafés da região.

TEXTO Redação • FOTO Café Editora

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Agricultura regenerativa: Clube illy realiza live sobre prática aplicada na cafeicultura

No dia 8 de fevereiro, o Clube illy do Café promove uma live com o tema Agricultura Regenerativa: Oportunidade para a cafeicultura. O evento, on-line e gratuito, possui o intuito de promover o intercâmbio de experiências e ideias em relação à transformação do solo e do cultivo de café através das práticas da agricultura regenerativa.

A illy destaca que o princípio na agricultura regenerativa é a proteção e não o esgotamento de recursos naturais como o solo e a água, com o objetivo de criar um ambiente sustentável para o cultivo de alimentos. Uma das boas práticas é substituir os produtos químicos pelo uso dos biológicos, compostos por microrganismos como fungos e bactérias, que controlam doenças e pragas, além de contribuir com a manutenção do equilíbrio da biodiversidade, melhorando o bem-estar e saúde do solo, e mitigando os problemas climáticos.

Proteger o solo, gerar mais eficiência, qualidade, produtividade e sustentabilidade, são alguns dos temas que serão abordados durante a live, que contará com as participações de Dr. Antonio Guerra, chefe geral da Embrapa Café; Dr. Samuel Giordano, professor e diretor da Universidade do Café Brasil; e Ricardo Bartholo, produtor de café. A moderação do evento será realizada pelo agrônomo italiano da illycaffè, Luca Turello.

Serviço
Live “Agricultura Regenerativa: Oportunidade para a cafeicultura”
Quando: 8 de fevereiro
Horário:
das 18h às 19h30
Onde: Canal do Clube illy do Café no YouTube

TEXTO Redação • FOTO Agência Ophelia

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Há algo fermentado no reino dos cafés brasileiros

Fermentado e fermentando. A técnica cresceu muito nos últimos anos e traz oportunidades, desafios e riscos para todos os pontos da cadeia de café no Brasil

Fermentação de um black honey – Foto: Lucas Louzada

O processo de fermentação está em alta e não é só no café. Fala-se muito sobre a fermentação do pão, da cerveja, da kombucha, das conservas de alimentos, como os picles, por exemplo. No café, o processo de fermentação também não é novo. É tradicional de muitas regiões produtoras no mundo e já tem alguns anos que vem sendo usado e testado por produtores nacionais. Já falamos sobre o tema aqui na Espresso algumas vezes, e você pode conferir um bom resumo no boxe “O básico da fermentação”, nesta reportagem.

Com os bons resultados que os cafés fermentados brasileiros vêm obtendo nos últimos anos, era natural que o interesse se disseminasse, primeiro entre os produtores, passando pelas cafeterias, até chegar ao consumidor final. Os entusiastas do café – os coffee geek ou coffee lovers, se assim você preferir chamá-losbuscam essas opções, seja por iniciativa própria, seja por sugestão dos baristas. 

Café de safra

Uma das possibilidades que os cafés fermentados oferecem ao mercado brasileiro é a ampliação do repertório. Com a impossibilidade legal de importar grãos verdes de outros países produtores, que trariam características diferentes para ser exploradas na torra e na extração, experiências de processamento são uma alternativa possível e, até relativamente pouco tempo atrás, inexplorada.

O resultado, quando o processo é bem realizado, são cafés ainda mais únicos, que costumam ser comparados aos vinhos de safras especiais, que dificilmente terão uma garrafa com as mesmas características em anos posteriores. Isso abre uma possibilidade de mercado interessante, mas que deve ser encarada como uma opção a mais pelo produtor e não como uma alternativa para toda uma fazenda ou colheita. 

Um caso interessante é o das experiências de fermentação com cafés da espécie canéfora. Já há algum tempo os produtores localizados principalmente na região amazônica, em Rondônia, e no Espírito Santo vêm desenvolvendo os canéforas finos e quebrando o preconceito existente com relação às variedades não pertencentes à espécie arábica. Para cafés robusta e conilon, por exemplo, a fermentação é capaz de trazer para a xícara uma importante acidez, algo raro quando esses cafés passam pelos processamentos mais tradicionais.

Segurança alimentar 

Um dos pontos importantes levantados por todos os entrevistados é o fato de que a fermentação secundária ou induzida, assim como pode trazer e acentuar pontos fortes do café, pode originar sabores ruins e até toxinas não seguras para consumo. Nunca é demais lembrar: notas sensoriais químicas, medicinais, azedas e muito untuosas são sinais de que algo deu errado.  leia mais…

TEXTO Cintia Marcucci

Cafezal

“Os grãos brasileiros são reconhecidos entre os melhores do mundo. Estou orgulhoso disso”, destaca Andrea Illy

No dia 2 de dezembro, a illycaffè anunciou o vencedor do Prêmio Ernesto Illy Internacional 2021, que foi Jumboor Estate, na Índia, representado por B.M. Nachappa e eleito o “Melhor dos Melhores” (Best of the Best) por um painel independente de especialistas internacionais em gastronomia e café. Saiba mais sobre a premiação aqui.

A equipe da Espresso entrevistou o presidente da illycaffè, Andrea Illy, que destaca a homenagem que o Prêmio proporciona aos cafés premiados mundialmente, das origens mais selecionadas. “O ‘melhor dos melhores’ é selecionado por uma equipe super qualificada de provadores independentes, enquanto a ‘escolha popular’ é a preferida de milhares de apreciadores de café em todo o mundo. É difícil imaginar uma abordagem mais rigorosa e isso contribui para o prestígio do EIICA. Para os produtores, isso é um impulso de orgulho e motivação, e para a illycaffè é uma forma de elevar continuamente o padrão da qualidade sustentável”, aponta.

Para Andrea, esse ano o prêmio teve um ‘sabor’ particular com a vitória da Índia, que mostra qual é o potencial de modelo agrícola, baseado na agrossilvicultura, incentivando outros países a seguirem o exemplo. “Este é um país onde o café é cultivado à sombra de árvores altas, geralmente junto com outras culturas, como pimenta, baunilha, cardamomo e canela: é uma agricultura virtuosa. Quem sabe se o Prêmio Internacional de Café Ernesto Illy também se tornará uma fonte de inspiração para os melhores produtores do mundo?”, questiona Andrea.

Brasil

O País é o maior produtor de café do mundo e sua notoriedade mundial é indiscutível, aponta Andrea. “Um grande trabalho tem sido feito em relação ao café produzido há mais de 30 anos, quando meu pai Ernesto, a quem este reconhecimento é dedicado, lançou uma colaboração direta com cafeicultores e desenvolveu o Prêmio Brasil de Qualidade do Café para Espresso, para motivar cafeicultores a produzir alta qualidade. Até o início dos anos 1990, o Brasil produzia grandes quantidades de café, mas de baixa qualidade. De acordo com algumas das vozes mais autorizadas do setor cafeeiro, o prêmio se tornou leia mais…

TEXTO Natália Camoleze • FOTO Divulgação